Ditadura Militar no centro das telas do Museu Antropológico da UFG

21 março 2015 às 09h27

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Com exibições de filmes e debates, a 4° edição da Mostra tem como objetivo ampliar a participação social no espaço acadêmico

Yago Rodrigues Alvim
1) Ele, o campeão carioca de boxe da década de 50, que virou herói ao se tornar um dos principais guerrilheiros do país: Osvaldo Orlando da Costa, ou simplesmente Osvaldão, comandante na Guerrilha do Araguaia. 2) Ela, Iara Iavelberg, teve suas memórias investigadas pela sobrinha Mariana Pamplona. Viveu sequestros, ações armadas, viveu até o suicídio — justificativa atribuída pela ditadura. 3) Ao fundo, a música, o futebol, a política em meio à opressão e à censura; uma força para mudar a história do país. São esses os três motes por quais repórteres, professores e historiadores trilharão a Mostra “Cinema pela Verdade”.
Em sua quarta edição, a Mostra escolheu filmes que se movem sobre a temática da ditadura civil-militar brasileira. O primeiro é “Osvaldão” (2014), de Vandré Fernandes, Ana Petta, Fábio Bardella e André Lorenz Michiles, um documentário sobre a vida do guerrilheiro. “Em Busca de Iara” (2013), de Flávio Frederico, conta a história da companheira de Carlos Lamarca, capitão do Exército que desertou e acabou se tornando um dos comandantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Por fim, “Democracia em Preto e Branco” (2014), de Pedro Asbeg, traz o contexto cultural que o país viveu em meio às década de 60, 70 e 80.
O acadêmico de História da Universidade Federal de Goiás (UFG) Túlio Henrique Queiroz é, em Goiás, o agente mobilizador da 4° edição da Mostra, que exibe sessões em todos os Estados e no Distrito Federal. E para ampliar a participação social no espaço acadêmico, haverá ainda, após as exibições, debates com especialistas. Tudo aberto ao público.
A Mostra começa na terça-feira, 24, com a projeção de “Osvaldão” no Auditório do Museu Antropológico da UFG, situado no Setor Universitário. O professor Romualdo Pessoa, que é inclusive um dos entrevistados do filme, e a professora de História da Arte e do Cinema, Ana Lúcia Vilela, guiarão o debate.
No dia seguinte — quarta-feira, 25 — o filme de Flávio Frederico dá continuidade à Mostra e tem como convidados o repórter investigativo e autor de diversos livros sobre ditadura, Renato Dias, e a professora de História da Arte da UFG, Alcilene Cavalcante. No último dia, quinta-feira, 26, “Democracia em Preto e Branco” ganha as telas do Museu. O historiador e integrante do Grupo de Estudos de História e Futebol, da UFG, Tiago Zancope, fecha o ciclo de debates ao lado do professor da Faculdade de Ciências Sociais, Glauber de Lima.
“Cinema pela Verdade” é promovido pelo Instituto Cultura em Movimento (ICEM), com patrocínio do BNDES e apoio da Comissão da Anistia do Ministério da Justiça. Nas edições anteriores, mais de 54.728 pessoas compareceram as mais de 623 sessões, exibidas por todas as 27 unidades da Federação.
Essa edição teve inicio com a capacitação de 27 universitários que, como Túlio, assistiram aos filmes selecionados em um hotel fazenda em Paulo de Frontin, município do Rio de Janeiro. Lá, eles desenvolveram projetos para cada cidade e discutiram a temática com diretores, membros da Comissão de Anistia, pedagogos e professores de teatro.
Neste ano, a capital goiana dá a largada à Mostra que revê as marcas dos 20 anos de ditadura no Brasil. No próximo mês, “Cinema pela Verdade” traz mais sessões e convida, desde já, a todos que queiram debater esse período histórico e, assim, extrair lições para o futuro.