Depoimento: o GEN (Grupo de Escritores Novos) e o modernismo
04 junho 2023 às 00h00
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Maria Helena Chein
Tenho retrocedido em mim, sempre que desejo ouvir incoerências, saber dos despropósitos e lembrar-me dos amarelos, vermelhos e azuis de minha vida.
O GEN (Grupo de Escritores Novos), em minha lembrança, era vermelho. Intenso, marcante, fazia-me vibrar em dissonâncias e acertos nas questões relacionadas com o sensível e a criatividade. Ele já existia, quando cheguei. Era aquele grupo de jovens turbulentos — porque inteligentes e dinâmicos — que se recolhiam para estudar e produzir, e se encontrar nas reuniões semanais. Então, entre risos e sorrisos, debulhávamos nossas verdades em forma de poemas. O lírico e o social entrincheiravam-se nas muitas emoções e tomavam as mais variadas formas para serem julgadas, após a leitura atenta de todos. Aquele era um momento de dentro e de fora, de densidade e difusão. Na mente de cada um, a palavra surgia como a força impulsionadora que se interpunha entre o real e o imaginado e daí resultava a classificação do texto em bom ou ruim, original ou repetitivo. E permanecíamos leais na análise, direcionados por nossos elementos pessoais que nos caracterizavam como agressivos ou implacáveis ou ainda condescendentes. Afinal, tentávamos acertar os passos, enquanto perseguíamos o modelo de nossa linguagem, do estilo e da própria crença que nos levava a realizar sempre.
Nas reuniões, fazíamos palestras para o próprio grupo, estudando autores significativos, que muito acrescentariam ao nosso mundo complexo de tensões e fé. Lembro-me de que minha primeira fala foi sobre Graciliano Ramos e Dalton Trevisan, um paralelo entre ambos, como contistas. A segunda, sobre o Regionalismo. Valeram-me bastante, pois procurei fazer um trabalho compatível com as exigências do Grupo, que batalhava o crescimento, tanto na parte do conhecimento, quanto na produção de textos.
Quem aprende, quer compartilhar. E saíamos a repartir o que havíamos conseguido, declamando poemas em reuniões, fazendo palestras em escolas, viajando para cidades do interior, com aquela enorme vontade de sermos ouvidos. E também de ouvir. Os mestres de então, professores e escritores da terra, passavam-nos lições valiosas. A experiência, a cultura de tantos nos fortaleciam, e os solicitávamos sempre. Eles nos atendiam. Quantas vezes convidávamos escritores de outros Estados e, quando aqui chegavam, os contatos se estabeleciam, nosso entusiasmo crescia. Se muito deixavam, outro tanto levavam, em forma de vibração positiva e vontade de produzirem mais.
Cada um de nós já se sentia capaz de se entregar ao processo literário e suas implicações, como escrever e publicar um livro. Predispusemo-nos aos desafios, aceitando e trabalhando nossos limites.
O Grupo de Escritores Novos pulsou forte em minha memória, e dele guardo os pesos e medidas de todos os companheiros, amigos e criadores de ficção e poesia. O que nos uniu foi o profundo amor pela arte e pela humanidade. (Extraído do livro “Poemas GEN 30 Anos”)
A Literatura Goiana era nitidamente regionalista antes do GEN, com seus grandes nomes: Hugo de Carvalho Ramos, Bernardo Élis, Carmo Bernardes, Bariani Ortencio, Eli Brasiliense, José J. Veiga, Ursulino Leão, autores de obras singulares. Tem-se como Regionalismo a literatura feita com a linguagem, a paisagem, usos e costumes da região. Antes de tudo, o homem está ligado à terra que o recebeu e lhe fornece meios de sobrevivência física, econômica, emocional, artística, espiritual, com sua superabundância e sua permanência, apesar dos desmandos contra si e das terríveis catástrofes. Consciente do poder de imaginar, prever, o escritor recria a terra, o homem, seus conflitos e apaziguamentos. Excelentes obras surgiram e foram estudadas, filmadas, discutidas: “Tropas e Boiadas”, “Veranico de Janeiro”, “Jurubatuba”, “Vão dos Angicos”, “Pium”, “A Hora dos Ruminantes” e “Maya”, de nossos autores citados.
1963, o surgimento do GEN: “Seis Janelas”
Então, em 1963, surgiu, em Goiás, um grupo de jovens desejosos de ler, estudar, e produzir poesia. Esse era o objetivo comum, que se ampliou em discussões sobre a Literatura nacional, a forma e o conteúdo, técnicas para elaboração de textos, a procura de caminhos para a ampliação e renovação do que aqui se fazia em. Havia uma grande vontade de pesquisar, a vontade de fazer. Tudo já foi feito, diriam. Mas acreditavam nas possibilidades. A imaginação, a inteligência não têm limites, daí a busca do que é válido, mesmo esbarrando-se nos senões. Válido, no plano literário e em outros planos, é tudo que tem valor, e valor é sinônimo de substancialidade, essencialidade.
… No princípio, eram seis jovens que se reuniam para discutir poesia: Geraldo Coelho Vaz, Aldair da Silveira Aires, Yêda Schmaltz, Edir Guerra Malagoni, Ciro Palmerston Muniz e Tancredo Araújo. Foram os fundadores do Grupo, com o nome de “Seis Janelas”. Um dos seus propósitos era a publicação de um livro, com esse nome, sugerido pelo professor Ático Vilas-Boas da Mota. Luiz Fernando Valladares Borges entrou para o Grupo. Depois, juntaram-se a ele, Emílio Vieira, Natal Neves, Clarice Dias, Miguel Jorge e Maria da Cunha Moraes. No dia 9 de agosto de 1963, oficializaram a criação do GEN-Grupo de Escritores Novos — cujo primeiro presidente foi Aldair da Silveira Aires. Bernardo Élis, escolhido como Patrono. O nome GEN, com o significado etimológico de origem, matriz, foi sugerido por Luiz Fernando Valladares. O divisor de águas entre o Regionalismo e o Modernismo, em Goiás, acabava de nascer.
Naquele alvorecer constante de ideias, textos, encontros, somaram-se ao grupo outros jovens desejosos de ver, ouvir, aprender, discutir literatura em suas vastas proporções. A relação completa dos 22 integrantes do GEN, em ordem alfabética, está na contracapa do “Poemas GEN 30 Anos”: Aldair da Silveira Aires, Célio Slywitch, Ciro Palmerston Muniz, Edir Guerra Malagoni, Eduardo Jordão, Emílio Vieira, Geraldo Coelho Vaz, Heleno Godoy, José Ferreira da Silva, Luís Araújo Pereira, Luiz Fernando Valladares, Maria da Cunha Moraes, Maria Evangelina, Maria Helena Chein, Maria Luzia Sisterolli, Marietta Telles Machado, Miguel Jorge, Natal Neves, Reinaldo Barbalho, Rosemary da Costa Ramos, Tancredo Araújo, Yêda Schmaltz.
Locais onde se reuniam: no início, na Biblioteca do Sesc, depois, no Conservatório de Música, por último, na sede da UBE (União Brasileira de Escritores), a convite do então presidente, escritor Bariani Ortencio. O Grupo encontrava-se no Anjo Azul, bar situado no Lago das Rosas, para interpretação de poemas, quando Clarice Dias, sempre de preto, declamava em espanhol e, no término, jogava-se ao chão, para os aplausos de todos os presentes. Não raro, convidados especiais participavam das reuniões, como o professor Ático Vilas Boas e Monsenhor Primo Vieira, que escrevia poemas sacros. Segundo Yêda Schmaltz, os maiores incentivadores e promotores do grupo foram o professor Ático Villas Boas, o professor Colemar Natal e Silva (Reitor da UFG), professor Jerônimo Geraldo de Queiroz (Reitor da UFG) e Domiciano de Faria (secretário de Cultura), entre outros nomes importantes.
O GEN recebeu o Troféu “Os melhores de 63” (Revista Oásis e CERNE), realizou Seminários, Concursos Literários, Curso de Iniciação à Arte Poética e ainda a Primeira Semana Goiana de Poesia Moderna, da qual se publicou uma Antologia. Foram editadas duas revistas, em 1966 e 1967.
Foram presidentes: Aldair da Silveira Aires, Ciro Palmerston, Luiz Fernando Valladares, Miguel Jorge e Heleno Godoy.
O livro “Poemas GEN 30 Anos” (organizado por Heleno Godoy, Miguel Jorge, Reinaldo Barbalho), Editora Kelps, traz os depoimentos e a antologia dos seus membros, constituindo-se um documentário excelente para pesquisa. O livro é dedicado a Marietta Telles Machado e a Reinaldo Barbalho, que haviam partido, mas a dedicatória “permanecem conosco” mostra nosso sentimento de grande afeto.
… As declarações, observâncias, aplausos de vários escritores, poetas, ensaístas são pontos relevantes que distinguem o trabalho do grupo como sério e renovador, com as características das novas propostas modernistas. O que lhes importava era a obra bem-nascida, trabalhada, sem a preocupação de dirigir sua literatura para o engajamento social, porque havia o risco de se tornarem panfletários, repórteres, quando seu grande compromisso era com o texto, com a criação. Testemunhavam sua época através de um trabalho criativo, em termos de linguagem, técnica e conteúdo. Contar uma história e escrever um poema pode ser para muitos, mas saber fazê-lo requer disposição e conhecimento do que se quer falar e como falar.
… Nessa época, a escritora Aída Félix de Sousa fez-me uma série de perguntas sobre Literatura e, entre elas, o que eu pensava sobre a relação homem-terra e o regionalismo artístico. Respondi-lhe que, antes de tudo, o homem está ligado a terra, e que procurava soluções para seus problemas até mesmo fora daqui, por isso as viagens espaciais, o boom da época. Eu não era ligada ao regionalismo, mas o respeitava como criação artística, como interpretação de uma realidade, e o Brasil tem dado verdadeiras excelências no campo regional. Contudo, se fosse para eu escolher entre um conto regionalista bom e um conto psicológico bom, ficaria com o último.
Outra pergunta de Aída foi pela minha preferência pelos temas e soluções líricas, ao que lhe respondi: soaria mal e pedante, eu dizer que sou o protótipo do lirismo. Mas é a verdade. Não consigo me afastar de minha própria sensibilidade. E o amor é a minha consciência. Sinto-me sempre amando. Daí a causa e a consequência líricas do que escrevo. Fugir do lirismo seria fugir de mim mesma. E veio o questionamento da escritora ‘quem sobreviverá na Literatura?’ Todos aqueles que têm talento, capacidade de trabalho e uma vontade muito grande de continuar na luta. O ato da criação machuca, dói e para isso temos que usar um remédio, então é escrever, ler, estudar, reinventar. Escrever para viver.
O GEN vivia intensamente o momento do Modernismo, cujas características coadunavam com seu espírito de renovação e a vontade grande de se fazer ouvir, de se fazer entender. Na Poesia, adotavam o verso livre e a problemática da atualidade e, não raro, envolviam-se com a vanguarda, procurando a consolidação do pensamento poético através de uma forma nova, de conteúdo novo, para um mundo que quer a reformulação de caminhos e um acerto de fins. Trabalhavam com sinceridade e essa sinceridade era arma para emulações, às vezes combativas, mas sempre de caráter evolucional. O tempo requeria luta, dinamização, e não podiam deixar a poesia passar em “doce acalento de um rio”, sem tentar modificá-la, depois de compreendê-la, ajustá-la, depois de vencê-la. O poeta pode transmitir a realidade à realidade, através da estrutura técnico-formal, sem impedir o lirismo, sem murar o necessitável sentimento humano. Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles foram importantes guias, ao lado de muitos poetas estrangeiros, um Fernando Pessoa, Pablo Neruda, Walt Whitman. Os rumos abriam-se para a Instauração Práxis, com Mário Chamie; o Concretismo, com Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari; e para o Poema Processo, com Wlademir Dias Pino, Moacyr Cirne, Neide de Sá e Álvaro de Sá.
Mas de início, o conto foi a maior referência. Autores brasileiros e os de várias outras nacionalidades enriqueceram seu conhecimento e possibilitaram novas incursões em seus textos. Distanciavam-se do Regionalismo pelo desejo de uma revisão crítica da Literatura feita em Goiás. Sartre, Camus, Kafka, Alain Robbe-Grillet ao lado de grandes nomes de nossas Letras, como Clarice Lispector, Nélida Piñon, Raduan Nassar foram leituras escolhidas, entre muitas outras. Tratando-se do conto, houve a divisão clara entre o tradicional e o moderno. De forma quase didática, podemos exemplificar:
Conto Tradicional:
Traz uma história pronta.
Há começo, meio e fim.
Personagens: uma única célula principal, os outros gravitam em volta. Salienta a forma física.
Não há o clima psicológico.
Técnica da narrativa linear.
O tempo e o espaço são importantes.
Conto Moderno:
Aborda o psicológico do personagem.
O leitor é coautor, tira conclusões.
Não há ordem na trama, de começo, meio e fim.
Não há preocupação com o tempo e o espaço.
Focalizaram em suas escrituras, novos recursos, entre eles, a corrente de consciência, monólogo interior, descontinuidade de tempo, pluralidade cênica, fusão de planos mentais. A ensaísta Vera Maria Tietzmann, no prefácio do livro “Antologia do Conto Goiano II” (sob sua organização e da professora Maria Zaíra Turchi), observou que “a preocupação com a forma, surpreendente e inovadora, é, pois, característica dos escritores pertencentes ao GEN ou que demonstraram afinidade com seus princípios e valores. Termina o prefácio, dizendo que A leitura dos 47 contos reunidos nesta Antologia proporciona um panorama amplo da ficção que se faz hoje em nosso Estado, uma ficção múltipla, variada, que abriga o tradicional e o moderno, o regional e o universal, o rural e o urbano, o realista e o psicológico, o alegórico e o fantástico”.
O professor Jerônimo Geraldo de Queiroz escreveu na orelha do livro “Poemas GEN 30 anos”: “Como vocês enriqueceram a literatura brasileira feita em Goiás! Na temática, na invenção, na elaboração, na estilística, nas figuras de palavras e de pensamento, nas mensagens estéticas e sociais. Aperceberam-se de que a vida, em movimento transformador, produz necessidades crescentes, solicitando que também a língua se transforme”. Aliás, o professor Jerônimo lembrou-se da questão linguística, porque uma das preocupações do movimento modernista foi a valorização da língua portuguesa falada no Brasil, no sentido de uma “linguagem brasileira”. Mas vejamos, o Português culto do Brasil é quase igual ao Português culto de Portugal. As diferenças maiores estão na linguagem do dia a dia, com as variantes geográficas e regionais, e também socioeconômicas. Em seus trabalhos, os escritores se aproximaram da linguagem coloquial, subjetiva, crítica, irônica, rompendo com os padrões estéticos vigentes.
A professora e ensaísta, Moema de Castro Silva e Olival, em sua obra “GEN – Um Sopro de Renovação em Goiás”, afirmou: “Foi, sem dúvida, um divisor de águas, na vida literária em Goiás, um vento promissor: Conhecer, discutir, confrontar para “renovar”. O quê? Como? Isto se veria depois. No ato de desestabilizar, rompantes juvenis, julgamentos apressados, por vezes, provocam dissenções, mas na peneirada do joio e do trigo, somou o trigo. O resultado foi positivo”.
No momento em que escritores de todo o Brasil dedicavam-se às escolhas de novos caminhos ou à permanência do que vinha sendo feito, os genianos punham-se a par do movimento modernista, pelo estudo e análise de toda essa estruturação, e partiam para a elaboração de textos poéticos e em prosa. Wania de Sousa Majadas, também professora e ensaísta, na orelha do livro da professora Moema, propõe a seguinte reflexão: Negar o GEN e suas realizações é negar a evolução da própria cultura em nosso Estado. E mais adiante: Foi uma tarefa difícil desses escritores, afinal estavam abrindo mão da segurança do que já estava pronto, do empírico e investiram no sacrifício e no risco.
O GEN redescobriu Cora Coralina. Toda a história de desvelo e admiração por essa ilustre mulher está no grandioso livro de Luiz Fernando Valladares Borges, “Encontros com Cora Coralina de Goyaz”, de 673 páginas, editado pela Kelps. Um documentário importante para a Literatura e a História, minuciosamente pesquisado. Tudo que se quer saber sobre Cora, sua vida, poesia, prosa, seus doces, homenagens, premiações, depoimentos, e mais, sobre as festas, o folclore e acontecimentos da época, na cidade de Goiás, encontra-se no livro. A propósito, Luiz Fernando sugeriu ao Grupo que convidasse Cora Coralina para ingressar no GEN, mostrando assim, que o Grupo não desrespeitava o passado e seus reais valores. O convite foi feito na casa de Cora, ao que ela respondeu: “Aceito, sou do GEN… e eu mereço”.
… O escritor Bernardo Élis assim se manifestou em Poemas GEN 30 anos: “O grupo promovia encontros e discussões, procurando entrar em contato com os artistas mais velhos e polemizavam ferozmente os novos postulados artísticos. Foi na verdade um grupo atuante, crítico e que tratava com seriedade ou profissionalismo o labor literário, o que é hoje compreensível, pois a partir de tal época a arte começou a render pagamento em Goiás, coisa que não aconteceu com a minha geração e as gerações que me antecederam. E mais adiante: Nesse ambiente eu tive a honra de ser convidado para ser o patrono do grupo nascente. E com muita alegria aceitei o convite tão honroso e carinhoso”.
Miguel Jorge atestou no citado livro: “Aspirávamos a um sentimento de união, de trabalho, dos traços essenciais do que seria a “nova literatura” que buscávamos. Em nossas cabeças iluminadas por um ideal, pela vontade de vencer, havia apenas a beleza una das palavras e da luta para domá-las, colocando-as à frente de todos. Tudo isso valia por um manifesto que jamais foi escrito ou intencionado”. Lembrou-se do escritor mineiro Fábio Lucas que achava o GEN dinâmico, sério, que dava força e vida não só aos seus atos, como aos personagens e histórias que criava. Esteve em Goiânia e viu de perto a movimentação do Grupo e, de longe, acompanhava suas produções e criações.
Heleno Godoy, no final do seu depoimento, em “Poemas GEN 30 Anos”: “Não me arrependo de ter, em junho de 1967, proposto, posto em votação e obtido o acordo dos genianos para extinguir o GEN. A ‘coisa’ já tinha acontecido, a vida já ia a meio caminho e, por certo, o GEN não tinha por vocação virar uma academia […]. Se fizemos bem? Sobrevivemos! E isso, certamente, não é pouco! O GEN de que me lembro foi isso: um ato de criação e de amor. E o fim ainda não chegou! Nem acho que chegará”.
Os tempos agora são outros. Outros caminhos, cismas, pensamentos, buscas, conceitos e lembranças que persistem. Aquele grupo de pouco mais que adolescentes perpetua-se em minha memória com as falas e sorrisos, a generosidade distribuída e a seriedade de quem se arroja para o que der e vier. Não havia medo, nem distinção de credos, nem inveja latente, mas um companheirismo que salvava qualquer polêmica, discussão e incompreensões. Um grande amor nos aproximava, conduzindo-nos para os caminhos que cada um escolhia. Muitos já não estão entre nós, e peço licença para que, em nome do meu querido Reinaldo Barbalho, eu preste uma homenagem a todos, com a minha saudade.
Maria Helena Chein é escritora.
Ajudaram-me nessas reminiscências
Poemas GEN 30 Anos. Heleno Godoy, Miguel Jorge, Reinaldo Barbalho, Editora Kelps, Goiânia, 1994.
GEN Um Sopro de Renovação em Goiás. Moema de Castro e Silva Olival, Editora Kelps. Goiânia, 2000.
Antologia do Conto Goiano. Volume II. Vera Maria Tietzmann Silva, Darcy França Denófrio, Maria Zaira Turchi, Editora Kelps, Goiânia, 3ª Edição, 2013.
Encontros com Cora Coralina de Goyaz. Luiz Fernando Valladares, Editora Kelps, Goiânia, 2016.