No dia 19 de maio estreou “X-Men – Apocalipse”. Dirigido por Bryan Singer, o sexto filme da saga dos mutantes traz para as telonas mais… do mesmo

Ana Amélia Ribeiro
Especial para o Jornal Opção

“A cronologia de vocês é uma bagunça”. Essa frase de Deadpool é a melhor maneira para começar esta crítica, além de ser o jeito mais honesto para definir a franquia X-Men nos cinemas. No dia 19 de maio estreou “X-Men – Apocalipse”. Dirigido por Bryan Singer, o sexto filme da saga dos mutantes traz para as telonas mais… do mesmo. Porém, antes de chegar ao ápice da crítica, vamos ao hercúleo trabalho de tentar explicar a cronologia.

Trilogia Original

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Primeira formação X-Men nos cinemas

X-Men – O filme (2000): a trilogia dos mutantes começou bem. Com roteiro de David Hayter e direção de Bryan Singer, o primeiro filme dos X-Men foi o pontapé para as grandes produções de heróis nos cinemas. Acredito que boa parte das pessoas que assistiram ao filme foram pensando no desenho animado dos anos 90, que passava aos sábados na TV Globinho, “X-Men: The Animated Series”, foram naquela expectativa de: “será que eles vão lutar contra os Sentinelas?”; “como será que eles vão adaptar os X-Men vs. Irmandade de Mutantes?”.

No filme aparecem os Sentinelas? Não. Aliás, demora muito para eles aparecerem de fato na franquia. No filme, adaptaram bem X-Men vs. Irmandade de Mutantes? Mais ou menos. O filme começa contando a história da Vampira – Anna Marie (Anna Paquin), uma mutante que tem como habilidade sugar os poderes, vitalidade e até a memória de outros seres vivos através do contato com a pele. Ela está fugindo de casa, e em um bar que tem um ringue de luta ela encontra um outro mutante: Logan Wolverine (Hugh Jackman), cujos poderes são fator cura, sentido animal aguçado além de ter as famosas garras de adamantium.

Resumindo de forma rápida, Logan se envolve numa briga de bar, Vampira grita para ele ter cuidado, depois o Wolverine resolve ir embora de lá, Vampira se esconde na parte do engate do trailer dele. No meio do caminho, ele descobre que ela está escondida ali e eles resolvem viajar juntos. No meio do caminho eles são atacados pelo Dentes de Sabre (Tyler Mane), arqui-inimigo do Wolverine, um mutante completamente animalesco que rosna a maior parte do tempo. Durante a batalha, eis que surge Tempestade – Ororo Munroe (Halle Barry) e Ciclope – Scott Summers (James Marsden) para ajudar a donzela em perigo Vampira que está presa pelo cinto de segurança no banco do passageiro do trailer, e Wolverine, que está inconsciente.

Logan e Vampira são levados para o Instituto Xavier para Estudos Avançados e lá conhecem Jean Grey – Fenix (Famke Janssen) e Professor Charles Xavier (Patrick Stewart). Na mansão, eles descobrem dois grupos de mutantes: os que querem uma convivência pacífica entre humanos e mutantes, os X-Men, liderados pelo Professor Xavier, e a Irmandade de Mutantes, que tem como líder Magneto – Erik Lehnsherr (Ian McKellen), que vê os humanos como seres inferiores, que nunca vão aceitar os mutantes.

Magneto cria uma máquina capaz de alterar a estrutura do DNA de humanos através de uma onda magnética e o Professor X acredita que ele está interessado em capturar Wolverine para realizar seu plano, mas descobre que o vilão está atrás, na verdade, de Vampira, pois ele está fraco e operar a máquina de mutação o levaria à morte. Vampira, por sua vez, está fugindo de novo, e os X-Men são enviados para encontrá-la.

Então, acontece a catastrófica batalha da Irmandade de Mutantes contra os X-Men, onde Vampira é capturada por Magneto e sua turma, mas, antes da fuga na frente da estação ferroviária, acontece o confronto telepático entre Professor X e Magneto num diálogo que tinha todos os elementos característicos da saga: os propósitos opostos, a preocupação com a causa mutante, o respeito mútuo, a decepção que um sente pelo outro e um duelo de superpoderes.

Pode se dizer que esse conflito é a base da franquia nas telonas. Mas, indo direto ao ponto, o plano do Magneto dá errado e os X-Men salvam o dia. Os destaques desse filme são as cenas de luta da Mística (Rebecca Romijn). No filme ela é especialista em artes marciais e dá a maior surra no Wolverine.

X2 – X-Men (2003): a história dirigida por Bryan Singer é retomada do ponto exato em que parou no primeiro filme: Magneto é preso em uma prisão de plástico, Wolverine está no Canadá em busca de suas origens e o Professor X mantém a confiança que a coexistência pacífica entre mutantes e humanos é possível. Porém, essa causa se torna ainda mais desesperada quando o mutante Noturno – Kurt Wagner (Alan Cumming) tenta assassinar o presidente dos Estados Unidos.

Noturno
Noturno em cena de X-Men 2

Noturno sofreu uma lavagem cerebral e o responsável por isso foi o coronel William Stryker (Brian Cox foi o primeiro das três versões que o personagem teve ao longo da franquia), o militar responsável pelo programa Arma X, que pôs o metal adamantium no esqueleto de Wolverine. Stryker também faz lavagem cerebral em Magneto para questioná-lo sobre a localidade do Cérebro, máquina que o Professor X usa para aumentar o potencial dos seus poderes para encontrar outros mutantes.

Depois de conseguir que Erik explique tudo que ele sabe sobre a máquina e onde ela está, Stryker invade a Mansão X, com a ajuda da sua assistente Lady Letal (Kelly Hu), sequestra Xavier durante uma visita ao Magneto na prisão de plástico e força os X-Men a se juntarem com a Irmandade para tentar impedir o genocídio de mutantes planejado por Stryker.

Esse foi o arco principal do filme, que durante o desenrolar da história foi construindo um enredo secundário em torno de Jean Grey. Ela foi recrutada ainda na infância pelo Professor X e por Magneto, que perceberam que Jean era uma mutante nível Ômega que possui uma segunda personalidade instável e com poderes ilimitados. Durante as sessões com o Professor X, a outra personalidade de Jean se autodenomina Fênix, mas essa parte só vai ser melhor aprofundada no terceiro filme da franquia, encerrando a primeira trilogia.

Voltando ao X2, durante o longa Jean dá vários sinais de que a segunda personalidade está descontrolada, fazendo com que ela em alguns momentos tivesse visões e até mesmo perdendo o controle dos seus poderes. No final do filme, Jean tenta salvar os X-Men, mas acaba “morrendo”. Porém, percebe-se uma forma de pássaro de fogo no lago na última cena do filme, o que deixa subentendido que na próxima trama teríamos a Fênix.

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Fênix em cena de X-Men – O confronto final

X-Men – O confronto final (2006): o último filme da trilogia original não foi dirigido por Bryan Singer, que estava envolvido na produção de “Superman – O retorno”. Com a saída de Singer da direção do filme, foi cogitado para assumir o posto Matthew Vaughn, que, porém, desistiu por conta de um problema de calendário. Quem assumiu a encrenca do último filme da franquia foi Brett Ratner.

No filme, cientistas da empresa Worthington fabricam, a partir do sangue de uma criança mutante, Sanguessuga (Cameron Bright), uma “cura” para o gene x, que tira temporariamente os poderes de mutantes, fazendo-os humanos comuns novamente. Isso causa uma divisão de opiniões na comunidade mutante e leva Magneto a declarar guerra definitiva aos humanos, e a convocar para sua frente Jean Grey, que foi ressuscitada após ser possuída pela sua segunda personalidade, a Fênix. Para defender, mais uma vez, os humanos, os X-Men batalham contra a Irmandade uma última vez, enquanto tentam encontrar um jeito de deter a força da Fênix Negra.

O excesso de personagens em um filme de curta duração incomoda. Além disso, a necessidade de atenção repentina na Tempestade, que durante toda trilogia foi tratada como secundaria, tira espaço de dois outros que poderiam ter sido muito melhor trabalhados: o Anjo (Ben Foster) e o Ciclope, personagens que chamam atenção em suas cenas, mas não fazem nada de útil; um tremendo desperdício de potencial. Aliás, Ciclope e Tempestade são dois personagens que deveriam ter sido muito melhor aproveitados durante a franquia; Scott nunca foi um líder, e Ororo só conseguiu sua representatividade e eloquência no final.

Outros mutantes, como Homem de Gelo (Shawn Ashmore), Vampira e Colossus (Daniel Cudmore) também ficam devendo. Kitty Pryde (Ellen Page, que aliás é sua terceira versão) tem uma cena boa. O Fera (Kelsey Grammer) tem certa relevância na trama — o antigo X-Men assume uma secretaria de assuntos mutantes no governo e é o primeiro a se deparar com a grande ameaça do filme, a “cura” mutante. E o Fanático (Vinnie Jones) é um alívio cômico de meia tonelada que funciona muito bem nas telas.

Como sempre, é claro, Wolverine e Jean Grey são os principais da franquia. Fênix, mesmo que seja poderosíssima e personagem central do roteiro, fica claro que ela não é capaz de enfrentar Wolverine quando o assunto é popularidade. Enquanto ele ocupa praticamente cada quadro da fita, ela só ganha exposição de verdade quando está ao seu lado.

O filme é um desfecho muito ruim e fraco para a trilogia original, deixando muitos “furos” para serem consertados na segunda trilogia. Por exemplo, a “morte” do Professor Xavier, que na cena pós-credito mostra sua consciência assumindo outro corpo por conta de um experimento da Drª Moira McTaggert (Olivia Williams) não é explicada em nenhum dos filmes.

Filmes Solo – Wolverine

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Wolverine – Origens apresentou novos personagens

X-Men Origens – Wolverine (2009): o filme foi dirigido por Gavin Hood e apresenta novamente Hugh Jackman como Wolverine. O longa é um spin-off, focando no personagem antes e depois do adamantium ser colado em seu esqueleto pelo vilão já conhecido William Stryker (Danny Huston), em sua versão “mais jovem”, vamos por assim dizer. O filme também revela Victor Creed/Dentes de Sabre (agora interpretado por Liev Schreiber) como o seu meio-irmão. A película também introduz Gambit (Taylor Kitsch) e Deadpool (Ryan Reynolds) para a série. Também mostra a origem do personagem Scott Summers – Ciclope (Tim Pocock) e o Professor X (Patrick Stewart) andando.

É um filme que dispensa diálogo, mostra um Logan fazendo pose antes de lutar e rosnando. O que mais é preciso dizer sobre esse filme? A primeira metade do filme é boa. A coisa começa a desandar no embate de Wolverine com o Agente Zero (Daniel Henney) que é uma boa briga, mas daí em diante, especialmente no ato final, a coisa muda. Personagens demais em cena fazem com que haja a repetição dos erros do terceiro X-Men — a pirotecnia fala mais alto. Além disso, preciso ser enfática: EU PREFIRO NÃO COMENTAR SOBRE A PRIMEIRA VERSÃO DE DEADPOOL.

Enfim, como definir esse primeiro filme solo do Wolverine: fraco! É um filme feito para expandir a história e só serviu para a FOX não perder os direitos dos mutantes.

Wolverine – Imortal (2013): dessa vez a história de Wolverine se passa no Japão. O filme foi dirigido por James Mangold com inspiração na saga japonesa de Wolverine escrita por Frank Miller e Chris Claremont. Na cronologia, os eventos são depois de “O Conflito Final”, com Jean Grey morta e os X-Men em sua maioria separados. Logan está isolado no Canadá assombrado por ter causado a morte de Jean, mas decide ir para o Japão quando um empresário que havia salvo na Segunda Guerra Mundial pede para ver o mutante mais uma vez.

É mais uma história do Logan que não há muito o que dizer. Mais uma vez, um arco que poderia ser muito bem aproveitado no cinema ficou preso na mesmice. Wolverine sonhando com a finada Jean Grey (mais uma vez vivida por Famke Janssen), Wolverine se apaixona pela Mariko (Tao Okamoto), Viper (Svetlana Khodchenkova) e Yashida (Hal Yamanouchi) tentando roubar os poderes do Wolverine…

Basicamente, o filme é isso. O que o deixa interessante é o final, quando aparece Professor X — sim, o próprio, depois de ser desintegrado e transferir sua mente para um outro corpo, além de que Magneto recuperou seus poderes. Como isso aconteceu? MISTÉRIO! São coisas não explicadas e que ficam subentendidas no final de “O Confronto Final”. Entretanto, aparece um comercial interessante na TV sobre as Industrias Trask, deixando um gancho para o segundo filme do reboot de “X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido”. Vale lembrar que o primeiro filme da segunda trilogia “X-Men: Primeira Classe” foi lançado em 2011, antes do segundo filme do Wolverine.

Segunda Trilogia – Reboot

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“Primeira Classe”, o primeiro filme da segunda trilogia de X-Men

X-Men – Primeira Classe (2011):   o filme é estrelado por James McAvoy como o jovem Professor X, Michael Fassbender como Erik Lehnsherr, que se torna Magneto, e Jennifer Lawrence como Raven Darkholme, a Mística. Os vilões do filme são o Clube do Inferno, Sebastian Shaw (Kevin Bacon), Emma Frost (January Jones), Azazel (Jason Flemyng), Janos Quested – Riptide (Álex González). O filme é dirigido por Matthew Vaughn, que também escreveu o roteiro final com sua parceira Jane Goldman.

O filme é uma pré-sequência mostrando como Xavier e Erik se conheceram durante a Crise dos mísseis de Cuba em 1962. A relação entre os dois é a mola central e serve de condução para toda a história: o conflito iniciado por Sebastian Shaw na intenção de causar a Terceira Guerra Mundial, abrindo espaço para os mutantes dominarem a civilização destruída. O filme também mostra a suposta formação original de alunos do Instituto Xavier para Estudos Avançados, entre eles estão: Alex Summers (Lucas Till), Banshee (Caleb Landry Jones), Darwin (Edi Gathegicomo), e as versões jovens de Fera (Nicholas Hoult) e da agente da CIA Moira McTaggert, (Rose Byrne).

A química perfeita entre McAvoy e Fassbender é a cereja do bolo. Eles conseguem construir ao longo do filme a mesma sintonia que existe entre Patrick Stewart e Ian McKellen na trilogia original. “Primeira Classe” não é apenas um ótimo filme, como também é o melhor até agora sobre o grupo dos mutantes. A direção de arte é competente com bons efeitos especiais e até os figurinos são caprichados, apresentando a equipe pela primeira vez no cinema com seus clássicos uniformes originais, e, com exceção da maquiagem da Mística, o filme é visualmente impecável.

O resultado é um filme aclamado pelos fãs não só das histórias em quadrinhos como dos próprios filmes, com uma série de referências aos longas comandados por Bryan Singer (aqui apenas produtor). Matthew Vaughn construiu relações, evidenciou conflitos, mostrou a evolução dos personagens como nenhum outro filme da franquia até o momento.

X-Men – Dias de um Futuro Esquecido (2014): é agora que a cronologia começa a desandar, não que a ordem dos outros filmes não seja confusa. É nesse ponto que Bryan Singer retoma a direção dos filmes e o carrinho da montanha russa que é o X-Men começa a descer ladeira abaixo e sem freio. Bryan, ao invés de dar continuidade ao reboot iniciado por Vaugh, resolve consertar os erros e furos dos roteiros passados. Aí eu te pergunto meu caro leitor: por que o Singer fez isso? Porque ele é megalomaníaco!

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Apenas a presença de Bolívar Trask permite, enfim, a apresentação das Sentinelas na franquia

“Dias de um Futuro Esquecido” tinha que corrigir a linha do tempo, porém piorou a situação. O filme tem as duas gerações de X-Men (a clássica e a de “Primeira Classe”), que são reunidas nesses dois momentos temporais, juntando elencos e ignorando os eventos que seriam inexplicáveis, como as cenas pós-créditos de “X-Men 3” e “X-Men: Origens – Wolverine”, já mencionadas aqui.

No futuro, os mutantes são caçados impiedosamente pelos Sentinelas, gigantescos robôs criados por Bolívar Trask (Peter Dinklage) — que finalmente aparecem na franquia. Os poucos sobreviventes precisam viver escondidos, caso contrário serão também mortos. Entre eles estão o Professor X (Patrick Stewart), Magneto (Ian McKellen), Tempestade (Halle Berry), Wolverine (Hugh Jackman), Homem de Gelo (Shawn Ashmore), Colossus (Daniel Cudmore), Blink (Fan Bingbing), Apache (BooBoo Stewart), Mancha Solar (Adan Canto), Bishop (Omar Sy) e Kitty Pride (Ellen Page), que buscam um meio de evitar que os mutantes sejam aniquilados.

O meio encontrado é enviar a consciência de Wolverine em uma viagem no tempo, rumo aos anos 1973. Lá, ela ocupa o corpo do Wolverine da época, que ainda não tinha as garras de adamantium, e procura os ainda jovens Xavier (James McAvoy), que havia perdido a fé na causa pela qual lutava e em si mesmo, e Magneto (Michael Fassbender) que estava preso por matar JFK. Juntos, eles têm que impedir que este futuro trágico para os mutantes se torne realidade. E como esse trio da pesada altera a linha do tempo impedindo o futuro catastrófico? Evitando que a Mística mate Bolívar Trask com sua maquiagem horrorosa durante uma reunião de líderes das Nações Unidas! Mais uma vez o filme peca no visual da Raven.

O filme tem mais reviravoltas que partida de Yu-Gi-Oh e Magic juntas. A princípio tinham que evitar que a Mística assassinasse o Trask, mas, mesmo os mutantes controlando a situação, os militares conseguem uma amostra do DNA da Mística, que por sua vez foi baleada pelo Magneto que surtou novamente com a ideia de hegemonia mutante. Depois da confusão na reunião das Nações Unidas, Trask consegue a autorização para criar as primeiras versões dos Sentinelas. Magneto, com esboço dos planos de Trask, observa que os robôs gigantes não são feitos de metal, então, durante o transporte dos Sentinelas até a Casa Branca para a apresentação dos grandes protetores contra a ameaça mutante, Magneto utiliza os trilhos do trem para injetar metal nos robôs gigantes fazendo assim com que ele tenha o controle dos mesmos.

Magneto chega à reunião em grande estilo, jogando um estádio de baseball no meio da parada, mostrando que os robôs gigantes de Trask não poderia parar os mutantes. Durante a sequência, Magneto faz discurso de vilão, Mística faz discurso de anti-herói e Xavier faz discurso mostrando que Bryan Singer é um diretor de bons diálogos. E no meio de tanta verborragia aonde está o Wolverine? No fundo do lago, porque o Magneto o prendeu em barras de ferro e jogou ele lá, deixando um furo de roteiro para o próximo filme, pois quem resgata Wolverine no fundo do lago é a Mística disfarçada de Stryker.

Com toda essa confusão, o projeto Sentinela é abortado, o futuro trágico para os mutantes é evitado, anulando os acontecimentos dos filmes da trilogia X-Men original, e os dois filmes do Wolverine. Ciclope e Jean Grey não morreram, Vampira não busca a cura para mutação… Porém, é difícil esquecer tudo que aconteceu em “X3” e aquele Deadpool terrível de Wolverine Origens.

Queria fazer um adendo sobre a melhor cena do filme, a parte da fuga do Magneto da prisão, onde o Mercúrio (Evan Peters) surpreendentemente rouba a cena em uma das sequências mais inspiradas do longa. Essa cena vale o filme todo.

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Apocalypse foi bem interpretado por Oscar Isaac, em contraste com a Mística de Jennifer Lawrence, que mais uma vez deixou a desejar

Agora, podemos falar de “X-Men – Apocalipse (2016)”: depois de 16 anos entre erros e acertos, X-Men traz mais do mesmo em um filme em que podia fazer tudo diferente. É pouco tempo e muita trama para tirar aquela sensação de “entregaram tudo nos trailers”. Por mais que eu só tenha visto os trailers e spots de TV após assistir os filmes, essa frase foi uma unanimidade entre meus amigos fãs de X-Men. Foram tantas cenas cortadas em uma trama onde tudo acontecia muito rápido e onde erros de continuidade são tão gritantes que você sai do cinema com o sentimento de que acabou de assistir mais do mesmo.

O filme se passa em 1983, 20 anos depois de “Primeira Classe” e parece que os personagens principais não envelheceram, muito menos que amadureceram depois de todos os acontecimentos. É um bom filme de promessas não cumpridas. Prometeram uma Jubileu (Lana Condor) que fizesse justiça à personagem dos quadrinhos, que foi tão negligenciada na primeira trilogia dos X-Men. Prometeram uma Tempestade (Alexandra Shipp) e Psylocke (Olivia Munn) poderosas. Prometeram uma relação mãe e filho entre Mística e Noturno (Kodi Smit-McPhee). Prometeram uma cena no shopping com os jovens mutantes interagindo e tentando conviver pacificamente com os humanos. Porém, nada disso aconteceu.

As cenas da Jubileu foram cortadas porque o filme ficou longo demais, Tempestade e Psylocke só têm as cenas empolgantes que aparecem nos trailers, não há nem comentário sobre relação mãe e filho entre Mística e Noturno, e resumiram a cena do shopping em alguns segundos. Tudo isso por quê? Porque Bryan Singer e os outros roteiristas não arriscam em desenvolver os novos elementos da trama e preferem apostar em cenas repetidas. Por exemplo, o diálogo entre Charles Xavier e Magneto no final do filme é o mesmo diálogo do encerramento do primeiro filme feito há 16 anos. Não que isso seja ruim, porém cansa a repetição. Há pouca criatividade em personagens que já são bem desenvolvidos.

Outro ponto fraco da trama é a Mística com todos os seus discursos clichês dignos de Katniss Everdeen (de “Jogos Vorazes”) e com a imagem da Jennifer Lawrence se sobrepondo à personagem mutante. Desde o primeiro filme, é evidente que ela só está ali porque é uma atriz pop do cinema atual; se não fosse, não seria escalada para um papel tão importante quanto o da Mística, mas seria, no máximo, uma boa Vampira adaptada do desenho dos anos 90 “X-Men: The Animated Series”. A Mística deveria ser interpretada pela Eva Green (de “Penny Dreadful”), que saberia trabalhar o lado femme fatale da Raven. Ver a personagem da Jennifer Lawrence sendo líder e inspiração para jovens mutantes dá um nervoso, pois é uma personagem mal interpretada.

En Sabah Nur (Oscar Isaac) é a representação da falta de vontade no trabalho de caracterização do personagem; é um vilão que começa bem, se desenvolve mais ou menos e tem um final frustrante e clichê, mas, no geral, é um bom antagonista bem interpretado. Quando o personagem está no seu monólogo e diz a frase: “das cinzas do mundo deles, nós construiremos um mundo melhor!” bate aquela nostalgia do desenho dos anos 90, pois essa frase é retirada dali. Foi fanservice? Foi, e foi bom?! Não tanto quanto a aparência fiel da Jubileu, mas foi bom.

E mais uma vez o personagem Anjo (Ben Hardy) tem o potencial desperdiçado em um filme dos X-Men. Na cena em que é recrutado por En Sabah Nur e começa a tocar “The Four Horsemen”, do Metallica, você pensa que ele é um personagem que tem tudo para ser, mas não é e por conta do erro comum de todo filme dos X-Men: muitos personagens e pouco tempo para desenvolver cada um na trama.

O filme, apesar de tudo isso, se desenvolve bem. As cenas do Mercúrio (Evan Peters) como sempre são excepcionais — apesar de ter se passado 10 anos desde “Dias de um Futuro Esquecido”, ele não envelheceu nada; uma explicação para isso deve ser sua mutação, já que a super velocidade retarda o envelhecimento do personagem, talvez. As sequências que envolvem Jean Grey (Sophie Turner) e Ciclope (Tye Sheridan) mostram um desenvolvimento muito rápido desses personagens, apresentando um Scott Summers líder, quando não tem a cena roubada pela Jennifer Lawrence, e uma Jean Grey aprendendo a controlar a personalidade da Fênix, quando não está protagonizando cenas estranhas com o Wolverine.

Os filmes da franquia X-Men são bons, quando são avaliados individualmente, mas quando se trata do conjunto da obra é uma saga muito fraca, que deixa a desejar em vários momentos e existem muitos furos no roteiro que não são explicados, como no final de “Dias de um Futuro Esquecido” quando a Mística disfarçada de Stryker resgata o Wolverine no fundo do lago. Não há nenhuma explicação ou menção disso no filme novo. Ou o fato do Logan ter perdido as garras de adamantium no filme “Wolverine – Imortal”, mas nas cenas do futuro da segunda trilogia, que é uma sequência do filme dele, as garras de adamatium reaparecem. Não explicam, também, como Magneto recupera os poderes no final de “X3”, nem como o Professor X transfere sua consciência depois da desintegração.

É tudo muito confuso e espero que os próximos filmes como “X-Force”, “Novos Mutantes” e “Wolverine 3” não insistam nos mesmos erros e construam um novo enredo e uma nova fase para os filmes de mutante. Afinal, depois de 16 anos, é hora de mudar.

 

Ana Amélia Ribeiro, jornalista, fã incondicional de quadrinhos, DCnauta, Marvete e muito apaixonada pela Turma da Mônica.