Eis aqui o filho por quem orei

27 junho 2025 às 22h14

COMPARTILHAR
Nessa semana eu tive uma crise de choro. Exausta. Um turbilhão de coisas acontecendo e Matheus em claro, demorando horas pra dormir, chorando metade do dia. Um dente nascendo, rotinas mudando e Cecília com crise de asma na madrugada. Eu sem dormir, trabalhando quando eles dormem. No fim de tudo: insônia pra fechar com chave de ouro. Kadu dividindo as tarefas, os cuidados, o balançar do menino, as louças na pia e as roupas no varal. Num abraço, eu desabei e ele me disse assim: a gente rezou tanto pra que o Matheus viesse. Eu sei que não tá fácil, mas calma.
Na quarta-feira, fomos convidados pro encerramento da catequese e o Kadu não podia ir, mas eu fui com os meninos. Depois de um longo dia de trabalho, improvisamos um lanche e fomos. Teve um teatro e uma dinâmica. Nos entregaram bonecos de papel e pediram pra que a gente escrevesse os nomes dos nossos filhos. A passagem da Bíblia, que eu não conhecia, era 1 Samuel, 1:27 “Eis aqui o filho por quem orei”
A catequista pediu pra que a gente fechasse os olhos e pedisse sabedoria, paciência e fé pra cuidar dos nossos filhos. E pediu para que a gente repetisse a frase: “Eis aqui o filho por quem orei”. E foi aí que eu chorei e chorei. Eu orei a vida toda pela Cecília, desde quando eu era criança e brincava de boneca. Queria ser mãe de uma menina. Depois que ela veio, passei 9 anos rezando por outro filho. Eu queria muitas coisas profissionais e pessoais mas eu sempre soube, sempre, que a maior missão da minha vida era a maternidade.
E pra cada pessoa a maternidade tem um jeito, um peso, e eu escolhi uma maternidade que é difícil. Eu sabia disso. Amamentar em livre demanda, criar com apego, fazer home office. Não é romantizando, eu sei o peso de cada escolha e sei também do que eu não abro mão. Se eu tivesse grana, muito mais do que eu tenho, jamais queria uma babá, eu queria alguém pra me ajudar na limpeza da casa, na roupa, queria nunca mais trabalhar, mas queria poder brincar com as crianças o dia todo. Sem WhatsApp, sem boletos.
Tem mãe que sente a grande necessidade de trabalhar, sair de casa e pra cuidar também precisa se sentir útil fora. Eu entendo, já senti isso algumas vezes, mas no fim, o que eu mais queria era não ter que terceirizar os filhos. Eu amo ser a motorista, fazer o lanche, arrumar o penteado, organizar as roupas, estudar pra prova.
Eu falo muito com Deus. Acho que a maternidade envolve uma coisa divina independente do que cada um acredita. Criar um ser humano é a coisa mais difícil que eu já tentei. É é também divino poder ver o mundo através de uma criança. É, Deus. Eu orei demais pra ter o que tenho por aqui. Só eu sei quanto choro eu chorei ansiosa pelas coisas no meu tempo.
Tem mais boleto chegando, uma dose de cansado misturada com amor transbordando e de vez em quando eu me esqueço que no barco que eu sinto a água entrar e me desespero, Jesus dorme tranquilo.