Conto: Que mais digo ao senhor?
30 julho 2023 às 00h00
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Miguel Jorge
Sabe o senhor, desde que cheguei a esta prisão, minha vida mudou. Já tinha mudado, mas na alma. Agora mudou no corpo. O senhor sabe, não deixei de ser homem, não, senhor. É que aqui as coisas se aprendem e se ensinam, e os mais espertos se arranjam. O sol não dá para todos. A lua, a gente nem vê mais. Só imagina. É preciso olhar a solidão de frente, porque senão ela entra goela abaixo, come o espírito da gente e Deus não acode. Dia desses, no pátio, pude reparar na brancura e no pretume daqueles corpos. A mesma coisa que não estivesse vendo nada. Um bando de bichos espichados ao sol, em volta do muro. Outros encolhidos nas pilhas de tijolos. Os mais perigosos se escondiam entre as árvores. Minha vida, o senhor sabe, sem sal nenhum. Sou sozinho, ninguém para conversar, expio minha própria culpa, fico somando a de todos aqueles homens brutos pela convivência. Histórias caminham depressa, tanto quanto ratos e baratas. O senhor sabe, estou catando coisas aqui, coisas ali, para tentar lhe dizer o que o meu peito esconde. Paciência, vou chegar lá. Sabe, os presos mais antigos, os que trucam e retrucam entre si, me davam avisos de que, cedo ou tarde, iria me engraçar com algum condenado, assassino ou ladrão. É a lei da cela. Por vezes me apontavam um tipo. Praga. Praguejavam contra minha recusa. Temia que isso fosse acontecer. Pois foi então, no pátio, num dia de tomar sol, que eu botei os olhos no 704. Não que ele tivesse jeito, isso não. A imagem dele era de gente que constrói. Pele bonita, novelada ao redor dos lábios, rijo de fala, de gestos, músculos. Nos olhamos poucas vezes, e palavras, se trocamos, foram duas ou três, nem mais. Mas a amizade veio chegando entre os poucos momentos de folga e continuava depois que a gente se apartava. No começo, a coisa era pouca, cheia de importunações no virar das horas. Depois é que veio a angústia do bem-querer, que era só meu. Um coração discordando do outro, uma voz não batendo com a outra. Nem sei se o senhor compreende, ou se já me culpa por mais isso.
O senhor já me vê de modo diferente, sem muitas afeições. Vejo isso nos seus olhos. Posso até estar enganado. O senhor é que vai me provar. Vou lhe contar que sou homem de muitas mulheres. Fodi todas que queriam e me desejavam, sem vacilação. Por todas as partes. Até no meio do pasto, que hora certa não tinha. As vacas berrando desconfiadas. Cheiro de estrume, moscas por perto. Formiga botando ácido no rabo da gente. Fui também com uma índia, na ponta do canavial. O vento soprando sacudido, as cobras se mexendo pelos cantos, e ela me dizendo para não ter medo, que era mulher dada a rezas, a feitiços e benzições. E me chamava de rambu-nirricam, dioraça, dionandu matan. Uarron-ron lubu. Gostava de estar assim no fuc-fuc de muitas horas, com presença de corpo, no arremate de surpresas, ainda mais se fosse mulher casada. Os chifrudos mandando a capangada no meu rastro, que nem fosse boi fugido da invernada. Veja, senhor, estou lhe mostrando o meu retrato por inteiro, e não é 3×4, é a alma, o corpo e os desejos de um homem, um homem mesmo, valente, com três mortes nas costas, que nunca poderia pensar numa coisa dessas. Por dentro, eu até lutei. Tinha medo que os outros pensassem errado de mim. Que descobrissem o que se passava comigo. Eu seria obrigado a matar mais um ou dois. Viajava muito por essas idéias. Mas por mais que fosse durão, meu peito apertava, tinha fogo por dentro, ficava que nem fera enjaulada. E não é pra dizer que ele é bonito. Não, senhor, não é. Um condenado como eu, nem sei ao certo que crime cometeu. Às vezes, quando tiro um cochilo, sonho que estou no campo preparando o chão pra o plantio, meu coração se alegra, pois minha mulher vem chegando, dando a impressão de menina nova. Depois eu acordo e no meio da noite só vejo fumaça, neblina e escuridão. Fico louco de tristeza. Vou continuar com a minha história, não se preocupe. Havia um sofrimento, uma parecença com Cristo ou São José, no rosto, na barba e nos olhos dele. Tinha também aquele ar perdido, distante. Bateram muito nele, eu sei. Por uma semana, passou a pão e água, o senhor sabe. De nada reclamou. Aquele que mais parecia um santo estava sendo o demônio da minha vida. Duro mesmo de amaciar. Homem que não se pode segurar pelo braço. Daqueles que não se afrouxavam por nada, que se preocupa só com sua vida. Eu não tirava ele da cabeça. Chegava, escutava, indagava dos fatos. Muitos maldavam das minhas interrogações. Outros, por não me quererem bem mesmo, zombavam de mim, de jeito debochado. Eu agüentava, não abria a boca. O que haveria de fazer? Cheios de afeto eram os meus sentimentos, que me bastavam. Queria ele junto de mim, na mesa, no pátio, em todos os lugares. Mas nada dizia para que as zombarias não aumentassem. Para que não atirassem pedras pesadas na minha cara. Tinha receio de que ele se afastasse sem dizer palavra. Guardei essa emoção de bem-querer por muito tempo. Por que isso estava acontecendo comigo? Não vou ser eu quem vai responder. O senhor sabe, aqui todo mundo tem um bem ou um mal querer. Morte e amor andam de calcanhar junto, e um pode tropeçar no outro. Melhor ter um bem-querer, que faz bem para a alma carente de aquecimento. Fosse um dia me lavar com ele naquele rio, depois que todos os outros tivessem se afastado, nem sei para que lado olharia, se para ele, se para o coração disparado. Era como se apanhasse de relho no escuro, sem saber que parte do corpo doía mais. Não, eu não estou tomando seu tempo com bobagens. Estou mais é deixando escapar as coisas guardadas no peito, se o senhor tiver um pouco mais de cuidado para me ouvir, se não rir dos meus apegos, se não espalhar boatos por aí. Faça de conta que é conversa de confissão, tudo muito sagrado. Aqui nós precisamos de ter uma felicidade, por mais pequena, senão a noite não passa e as sombras nos arrastam para o lado do demônio. Os pensamentos se soltam perigosos. Sinto vergonha de estar me expondo assim, diante do senhor, que parece arregalar os olhos, para ver mais claro. O que fazer? Só ao senhor posso confiar o meu segredo. Já passei madrugadas acordado, de perder conta. Tenho duas prisões, uma para o corpo e outra para a alma. Sabe, dei-lhe até alguns presentes, só por dar, para agrado dele: cigarros, pente, canivete, um anel que eu mesmo fiz dum caroço de jatobá, uma carteira de couro, que era pra ele guardar documentos, lembranças boas de mim. Sou homem, o senhor sabe, forte e decidido.
Desaforo e maus tratos não aceito e nem levo para casa. Já deixei alguns na saudade por causa desse meu jeito. E nunca me aconteceu na vida uma viagem dessas. Tantas vias retas para se amar e eu fui logo entrando numa curva perigosa dessas. É como estar solto no mundo e todos os demais contra. A gente tem que virar herói, comer do amargoso. Eu sempre soube dar meia-volta na vida e me safar de tudo, com sabedoria. Mas agora não. Agora o mundo ficou diferente, se perdeu ou se alargou um pouco. Tem certas coisas que a gente não consegue esconder, por mais que faça força. No ímpeto desse momento, eu queria era estar com ele naquela solitária. Ele não fala nada, eu sei. Não reclama, por isso sofre mais. Vai sair de lá mais santo do que quando entrou. Não sei por que o atazanam tanto. Ele cada vez mais se fecha nos pensamentos lá dele. Aqui, eu sei, nós sabemos, reinam os crimes de criminosos dos mais pesados. A sem-vergonhice, a malandragem, a droga, a fornicação sincera, ou aquela que é só para curtir com os desejos. Conveniente é não se saber de nada. Mas, esses aí que falam com voz fina, cheios de denguices, eu nem olho, que não são do meu agrado. Homem tem que ser homem, sem afetações de fêmea. Mas o que o senhor está atento para saber é de mim. Conferindo tento por tento, as minhas palavras. Não precisa dizer nada, que eu sei. Dá pra perceber, mesmo que, no princípio, o senhor se mostrasse desinteressado. Agora não. O senhor me olha de modo diferente. Santo eu não sou. Nem árvore, nem pedra, nem edifício. Assentam-me bem os desejos da carne. Ficar parado, só vigiando, cria lodo, e o lodo cria bichos nos miolos. Se não se fica atento, pode até endoidecer de vez. Se estou falando devagar, é de propósito, porque essas coisas exigem cuidado, e não se fala tudo de uma só vez. Daqui a pouco ficará pensando que não estou bom do juízo. Pode até achar que é por causa de bebida. Já faz um tempo que não coloco álcool na boca e nem provo de mulher rapariga. Então, é por causa dessas mazelas da alma e do espírito, que andam soltas dentro de mim, cavalgando que nem cavalo bravo, vai ver, acenderam o fogo da carne. Sabe, acho que penso nele porque penso. Sem culpa, sem pecado nenhum, desses que a igreja bota na cabeça da gente. Não tem outro jeito e não adianta remar contra. Sem-vergonhice de homem barbado, até podem pensar e dizer, eu vou me calar. Na verdade é muito mais do que isso. É uma coisa que estala aqui dentro da gente e a gente escuta. Não tem macieza de voz, não. É tudo muito forte, muito bruto. Não sei onde vou buscar palavras para falar com ele. Burro não sou. Sei ler e escrever, direitinho. Talvez por isso ele me escuta. Gosto dele assim como é. Um gostar que vem fino, furtado, do meio para dentro do peito. Ele soube bem depressa que dei um jeito dele ficar comigo na mesma cela. A gente tem que se virar, dar um jeito em tudo. Até na sorte. O dinheiro ajuda. Tenho algum comigo. O senhor sabe, a gente só furta do homem, que de Deus é impossível. E ele eu queria, nem que fosse no furtado. Então, foi que ele me encarou. Encarou o meu desejo enrodilhado. Notei aquele olhar de desconfiança, ainda fazia mais segredo de suas palavras, pensando talvez que o vigiasse. Que queria saber mais de sua vida. Pois não queria. Não queria nada. Aceitei aquele desafio como provação. Foi então que ele ficou me espiando meio sem jeito, sem querer espiar. Uma outra noite, nem sei bem por quê, resolveu destravar a língua. Falava demais, como se o não-falar o arrebentasse por dentro. Fiquei sabendo muito e mais de sua vida. O crime cometido por ele não é igual aos nossos, gente comum. Então, tudo não tinha resposta e tudo era segredo. Até o sol queimava diferente a pele de seu corpo. O meu corpo sucumbia, suado, e já nem podia mais me esconder. A vida tinha um outro lado. Achava de não sair do lugar, de ficar no meu canto, meio abobalhado, perdido nos tormentos que ele me passava. Então, ele puxou o retrato de uma mulher e me mostrou. É minha noiva, falou. Minha companheira dos dias e das noites. Bonita mulher, não tinha como negar. Acho que os seios dela, as curvas do corpo, da bunda, não saíam de sua memória. Ficou assim, espiando o retrato por mais de dez minutos, pedindo para eu olhar e admirar também. Pois olhei e me interessei pela beleza dela. Era como se ele dissesse: olhe para ela e olhe para você. A diferença era tanta que meu rosto se cobria de vergonha. A desvantagem estava comigo. Aí eu apanhei o retrato da minha mulher. Uma morena sacudida, com cheiro de mato, seios pesados, os cabelos pretos escorridos, os olhos transbordando rios e matas verdes. Bonita mulher, ele falou. Eu olhava a dele e ele a minha. Depois ele começou a rir. Riu muito. Eu, por minha vez, ria também, de acordo com ele, sem procurar o motivo da graça. Rimos até ele ter um acesso de tosse. Depois limpamos o riso e ele voltou ao que era. A noite bulia com os nervos da gente, fazia calor. Mais ainda no meu corpo. Eu olhava para ele com vontade de bater a cabeça e dizer que sim, que não podia esconder por muito tempo mais o meu bem-querer. Acendi um cigarro para ele e outro para mim. Não falamos mais. Só as baforadas falavam. Demos um tempo, um espiando o cigarro do outro se acender e se apagar. Como dizer para ele? Como não dizer? Fazer um gesto, espichar a mão para tocá-lo no braço, eu já fizera. Na perna? Não. Os toques de mão, assim de leve, às vezes, quando se queria mostrar um antigo ferimento, uma cicatriz. Convinha guardar distância. Pudor. Batia o coração, preso e descompassado. O senhor sabe o que é coragem? Não estou falando dessas de pegar boi pelo rabo, de bater com onça de frente, não, senhor. Falo de outra, dessa de ser macho, de não desistir de ser e de ser atacado pelo demônio. Quanto mais eu pensava nisso, mais me causava uma dor na boca do estômago. Eu já nem queria comer. Emagrecia. Medo? Claro. O medo dos olhos dele não entenderem o que os meus queriam dizer. O medo que o coração pudesse sair para fora, despertar, mostrar as suas razões… o cigarro ajudava. Mal apagava um, acendia outro. Agradecia com um sorriso. Com uma boa palavra. Os meus dedos tocavam de leve nos dedos dele. Assim é que se fazia. Não podia mostrar a minha estima de uma vez só. Sabedoria se aprende com o tempo. A gente passava tudo a limpo. As histórias, os acontecimentos do dia. Fugir da prisão, eu não fugia. Nem carecia. Só se ele quisesse. Se um morresse, o outro morreria também. Foi então, no meio de uma dessas conversas, como se quisesse deixar uma folga na cama, que ele se afastou para um lado. O da parede. O outro ficou vazio, como se apanhado em surpresa. E era como se dissesse: Por que não vem? Cabem dois. Vem logo. Tremedeira nas pernas. Bom que ele não via. A cama ficou lá, larga de um lado. A chama do cigarro acendendo e apagando. As minhas mãos calosas suando barato. E aquilo foi aumentando. Dei uns suspiros, assim meio desconsolados. Ele quieto, testando a minha coragem. Dizia nada, não. Mas a cama falava por nós dois. O vazio que não se preenchia. Por que a natureza providenciava aquelas coisas? Botava a gente em provação? Feito um bicho que sai da sua toca para entrar em outra, saí da minha e escorreguei para a dele. Assim devagar, camaleão mudando de cor, cobra de pele. Ele abaixou os braços e amparou a minha cabeça. Afundou os dedos nos meus cabelos. Devia ser mesmo outro homem que estava ali, daquele jeito, não eu. Mas estava e continuava. A boca emitia ruídos pequenos, aflitos, de uma aflição de liberdade, alívio, quase de reza, perdão. Não me furtei em reconhecer as espertezas daquele corpo não diferente do meu. O calor já não era tanto e a noite ganhara encanto.
Depois… Depois, ele tirou um retrato da carteira e me mostrou um moleque de olhos arregalados, profundos. Tenho o retrato comigo, pensando que a gente poderia ter se encontrado por aqueles lugares, brincando nos campos, como todos os meninos fazem. O senhor conversa com retrato? Pois eu converso. Cuido do meu corpo, mais agora. Limpo a cara com gilete. Aparo as unhas com tesoura ou canivete. Faço força para agradar. Pois olha, já falei e vou repetir. O que eu tenho no meio das pernas só foi regalo de mulheres de boa vida, de má fama. Das vezes que chegava no bordel de Maria Bentinha, a festa estava armada. Levava duas, até três para o quarto. E elas se entendiam com o peso do meu corpo, me rendiam entre as suas pernas. Não tinha escapatória. A noite era do amor. O amor que a gente faz com braveza de garanhão. Se falo isso, é para o senhor não pensar que sou um qualquer, desses que se viram por aí. Isso não. Há uma diferença. Foi uma coisa estranha o que aconteceu. Bateu forte o gostar. Nunca em minha vida havia pensado em tais coisas. Posso até jurar. E mangava dos que tinham esses ideais por sina. Mas a coisa aconteceu, sem que a gente contribuísse. A primeira vez fiquei tão sem jeito que nem sabia por onde começar. Se abria ou se fechava as mãos. Se tirava ou não tirava a roupa. Se tapava os olhos para não ver o que queria ver. Depois fui me acostumando. Aqui a gente se acostuma. Ou se vive ou se fica de barriga vazia. O meu coração e o dele batiam juntos. Mas agora a gente está apartado. Levaram ele. Castigo de quinze dias. O motivo, não sei. Denúncia, vingança ou falação de delator. Que inveja e maldade campeiam juntas, por todos os lados. Perdi o sono e tenho sonhos loucos. Alguém andou espalhando que não estou bom do juízo. Tenho medo de que me levem para o pavilhão 9. Não peço que o senhor seja um amigo, isso não, que é pedir o impossível. Amizade não se compra. Peço apenas um favor. Um favor que vou pagar com dinheiro, cigarro, droga, o que o senhor desejar. E, se possível, longe da vista dos outros. O bom a gente guarda pra sempre e não deixa mofar. Mas se não tiver jeito, que os olhos daqui enxergam longe, mesmo atrás das grades, espero que pelo menos respeitem os meus sentimentos, guardando silêncio. Porque nesse corredor tudo acaba se tornando comum, pelo jeito natural mesmo, pela força das armas ou pelo peso do dinheiro. Sabe, eu vou lhe deixar. Não se impaciente mais. Eu queria mesmo é que o senhor levasse esse cordão para ele, naquela cela, a última do corredor. Basta levar lá, que ele sabe para que é. A essa hora, tenho certeza, ele está excitado, pensando em mim. O senhor deve acreditar. Meu coração e o dele batendo juntos, a gente se sabe assim. Veja, senhor carcereiro. Essa ponta do cordão, feita em laço, ele vai colocar lá nele. Essa outra ponta fica comigo, que é para eu fazer os movimentos de puxar para cima e para baixo, do jeito que só a gente sabe. Meus pensamentos se cumprindo no corpo dele, num vaivém auxiliado pelo cordão. É o que de melhor se pode fazer. Fico assim, a boca ressecada, os olhos fechados, a alma e os sentidos lá com ele. Quando ele gemer de lá, eu gemerei de cá. Tudo na mesma hora exata. Poderemos até chamar pelo nome um do outro. Eu vou escorar na parede ou rolar pelo chão, feito bicho. Depois de um tempo, vem o alívio para cima de nós e poderemos dormir e sonhar sonhos bons. O senhor vai fazer isso por mim, senhor carcereiro, não vai? Eu sei que vai. Pode deixar que eu pago. Dinheiro, droga, cigarros, o que o senhor quiser e desejar.
Miguel Jorge é escritor e crítico literário.