Com porta-malas cheio, Overfuzz faz em São Paulo turnê do disco de estreia
10 março 2016 às 02h53
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Depois do lançamento do álbum Bastard Sons of Rock ’n’ Roll, banda goiana encara a rodovia para divulgar primeiro trabalho de estúdio
Augusto Diniz
Um VW Space Cross branco, quatro pessoas, instrumentos, discos, material de divulgação e muita disposição. Foi assim que o vocalista e guitarrista Brunno Veiga, o baixista Bruno Andrade e o baterista Victor Moara, da banda Overfuzz, acompanhados de um fotógrafo, saíram de Goiânia em um carro no início da tarde de quarta-feira (9/3) para encarar uma agenda de oito compromissos no Estado de São Paulo entre os dias 10 e 20 de março.
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Depois do lançamento físico do álbum Bastard Sons of Rock ’n’ Roll no dia 27 de fevereiro, em um show que ganhou o nome de Overfest, em Goiânia, o trio parte para a primeira turnê nacional de divulgação do disco, o primeiro da carreira da banda. As 12 músicas, gravadas durante todo o mês de janeiro de 2015, somadas outras três viagens à cidade de Pirenópolis até julho para concluir as gravações, no estúdio Rocklab, tiveram a produção de Gustavo Vazquez.
Antes do processo de gravação do disco, que foi lançado virtualmente no final de 2015, os três se juntaram em novembro de 2014 para compor e trabalhar as músicas já usadas pela Overfuzz no palco desde o início do grupo, em 2010, quando “três moleques frequentadores da famosa cena goiana de rock independente” resolveram tocar, sem qualquer pretensão.
“A gente teve que reaprender a tocar as músicas já existentes. Foram repaginadas. Por outro lado, fizemos músicas novas”, descreveu como foi o processo de gravação do disco o vocalista e guitarrista Brunno Veiga. O objetivo, segundo o músico, era ter, no final das gravações, um álbum conceitual, sem intervalos entre as faixas, que fosse “interligado do início ao fim”, para que a pessoa que ouvisse pudesse “sentir a variação de climas”.
“Nossas influências estão no disco. Desde o Pink Floyd, que tem muita textura nas músicas, até um Motörhead, que é mais seco, passando pelo blues, que a gente também gosta muito.” A explicação dada pelo vocalista pode ser evidenciada nas mudanças sonoras que acontecem durante os 48 minutos de Bastard Sons of Rock ’n’ Roll.
Desde a primeira canção, que dá título ao disco, a variação é constante, passando pela agressividade da segunda faixa, Turning Your Beauty Into A Sickness, que ganhou clipe recentemente, até a suavidade e melodia, sem deixar de lado a veia roqueira dos garotos, em sons como Demon Eyes.
Assista ao clipe de Turning Your Beauty Into A Sickness, lançado em 31 de janeiro:
A viagem
Brunno contou que a preparação foi intensa. “Há uma semana estamos ensaiando freneticamente quase todos os dias para sair tudo perfeito.” Os dias anteriores à saída de Goiânia de carro foram de negociações. “Conseguimos fechar duas parcerias que são fundamentais para essa turnê acontecer, com a Harmonia Musical e a Cervejaria Astúria”, disse.
Parte do dinheiro levantado para a viagem vem da festa de lançamento do disco em versão física, a Overfest. “Era uma festa para comemorar o álbum físico, que a gente tocou com o Dry, mas serviu para ajudar com os custos da turnê”, explicou o vocalista.
Até lançamento de camiseta com estampa nova, que será vendida nos seis shows de São Paulo, a banda fez. O agenciamento da turnê ficou por conta da Dull Dog Conspiracy Records & Touring. “Nós também tínhamos alguns contatos lá. Já tocamos duas vezes em São Paulo e uma em Serrana.”
Agenda
Os shows no Estado de São Paulo começam nesta quinta-feira (10) na capital, com apresentação na Funhouse. De lá, na sexta-feira (11) o trio toca em Jaú, no General Bar.
Uma das partes consideradas mais importantes da viagem é a gravação, em São Paulo, no Converse Rubber Tracks Studio, na terça (15). O estúdio dos Estados Unidos, agora também na capital paulista, receberá os goianos para uma sessão a ser registrada no local.
Depois, os garotos seguem na quarta-feira (16) para tocar no Espaço do Som Rock Bar, em Itapetininga, e de lá vão, na outra quinta (17), participar de gravação para o Locomotiva Festival, de Piracicaba, onde se apresentam no dia 18, no Casarão Music Studio.
No sábado (19) é a vez de Serrana, onde a Overfuzz faz show em um lugar com nome curioso: Centro de Cultura e Ativismo Caipira (CECAC). A turnê será encerrada no O Hierofante, de Ribeirão Preto, em 20 de março (domingo). Sobre o show em Serrana, Brunno afirmou que “o pessoal está bem ansioso” para ver os goianos ao vivo.
O recurso para gravar o disco veio do Programa Estadual de Incentivo à Cultura, mais conhecido pelo nome de Lei Goyazes, captado em 2014. Por falar em dinheiro, a viabilidade da turnê foi uma preocupação do trio, que planejou as datas dos shows junto com a Dull Dog pensando em rotas, dias para fazer as gravações e chegar às cidades agendadas de carro.
Brunno disse que os três têm consciência de que é uma turnê com objetivo de divulgar o disco novo, sem qualquer pretensão de voltar com muita grana. “Não dá pra tirar muito. Pelo estilo do nosso som, fazemos o planejamento para financeiramente não tomar ré (levar prejuízo).”
Atitude no palco
Para o vocalista, a Overfuzz tem um diferencial que atrai o público e pode ser um chamariz nessa turnê em solo paulista: a vibração no palco. Ele explica que, além da preocupação com a execução bem feita das músicas, os três se dedicam a dar à plateia um bom espetáculo visual. “O pessoal não está acostumado com um show preocupado em entreter o público como a gente faz”, descreveu.
Uma das coisas mais interessantes dos shows da Overfuzz é a participação do baterista, que sobe na bateria, faz caretas e atrai a atenção de quem vai às apresentações da banda. “O Victor é meio indígena, ele é bem artístico no palco. Ele leva as raízes dele e sempre gostou de performance. Ele gosta muito de Queen. Quer uma banda mais performática ao vivo do que o Queen?”, exemplificou Brunno.
Toda a vibração e performance no palco não atrapalham os músicos a tocarem as músicas, segundo o vocalista. Ele disse que, especificamente no caso do baterista, há uma segurança tremenda do músico, que é descrito como “de uma técnica absurda”, que consegue equilibrar a parte artística no palco com uma bateria bem tocada.
Distância a percorrer
Da última quarta-feira (9) até o final da turnê, o VW Space Cross branco vai rodar muito em rodovias e ruas das cidades de São Paulo, Jaú, São Paulo de novo, Itapetininga, Piracicaba, Serrana e Ribeirão Preto. Mesmo com todo o planejamento, Brunno disse não ter ideia de quantos quilômetros a banda vai percorrer para cumprir toda a agenda.
O Jornal Opção resolveu calcular, de forma aproximada, quantos quilômetros a Overfuzz vai percorrer de carro em 12 dias, se a volta a Goiânia acontecer no dia 21. De Goiânia a São Paulo são 902 quilômetros. Da capital paulista até Jaú outros 313. Para voltar a São Paulo os mesmos 313. Vão mais 173 quilômetros até Itapetininga, somados a mais 119 até Piracicaba.
De lá para Serrana coloque na conta 205 quilômetros. De Serrana a Ribeirão Preto, mais perto, 25. E a viagem termina com 599 quilômetros na volta a Goiânia.
Por baixo, sem contar trechos percorridos nas cidades dos shows e gravações, os três músicos e o fotógrafo vão trazer na bagagem, além da experiência e lembrança dos shows e gravações, contatos, amigos, público novo e trabalho divulgado, 2.649 quilômetros rodados e muitas horas de viagem no Space Cross branco carregado de instrumentos e material de divulgação, que a banda espera vender grande parte por lá.
Ouça o disco Bastard Sons of Rock ‘n’ Roll, motivo da turnê do Overfuzz em São Paulo: