Círculo dos Dias, de Ken Follett, narra a história da construção de Stonehenge
Redação
01 novembro 2025 às 21h00
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Mariza Santana
Stonehenge é uma estrutura antiga localizada no condado de Wiltshire, na Planície de Salisbury, Inglaterra. O monumento é composto por círculos concêntricos de enormes pedras, que chegam a medir 5 metros de altura e pesar 50 toneladas cada. Até os dias de atuais, Stonehenge intriga os visitantes e, principalmente, historiadores e cientistas. Todos se perguntam como os homens do Período Neolítico, ou seja, da Idade da Pedra, foram capazes de transportar pedras monumentais e colocá-las em forma concêntrica com a tecnologia e as ferramentas rudimentares as quais dispunham naquela época.
Teorias atuais apontam que Stonehenge era utilizado simultaneamente para observações astronômicas e celebrações religiosas. Conforme estudiosos, seus círculos mais antigos poderiam ser uma réplica de pedra de monumentos religiosos feitos com madeira, que eram mais comuns no Neolítico. O escritor britânico Ken Follett utilizou toda sua imaginação e criatividade, com base em consultas históricas, para escrever seu novo romance “Círculo de Dias” e elaborar a narrativa da construção de um dos monumentos mais intrigantes do mundo e que, com certeza, deveria estar incluído no rol das maravilhas do mundo antigo.
O autor recria a sociedade da Idade da Pedra e os habitantes da planície que se tornaria território da Inglaterra. No livro, há o grupo dos mineradores que escavam a terra em busca da pedra de sílex, utilizada pelos povos do Neolítico para a confecção de armas e instrumentos de corte. O grupo dos gadeiros criava principalmente bovinos para a alimentação da comunidade, além de suínos. Os lavradores aravam a terra para o plantio rudimentar do trigo. E os povos da mata viviam embrenhados na floresta, vivendo da coleta de frutos e da caça de cervos e pequenos animais.
Neste ambiente, Ken Follett coloca dois personagens principais que serão os grandes responsáveis pela construção do monumento de pedra. Seft é um talentoso mineiro, oriundo de um ambiente de violência doméstica, que deixa a família e se muda para a vila dos gadeiros, onde está localizado um monumento de madeira. No local, sacerdotisas promovem cerimônias religiosas para celebrar os solstícios de primavera, verão, outono e inverno. Esses eventos são também ocasiões para os habitantes da planície, de todas as atividades e povoados, se confraternizarem e efetuarem trocas de mercadorias, em um tipo de comércio primitivo.
Seft acaba desenvolvendo habilidades que lhe garantirão papel fundamental na busca de soluções tecnológicas para a retirada e o transporte das pedras de um local distante. Sua cunhada é a sacerdotisa Joia. Com seu carisma, energia e capacidade de liderança, ela vai inspirar centenas de voluntários a executar o árduo trabalho de deslocar as pedras imensas até o local do monumento para substituir a madeira por um material mais durável, que seguiria firme por séculos.
Nos romances de Ken Follett os personagens principais e seus desafios, que nesse caso são monumentais, enfrentam sempre um ou mais vilões, que são capazes de todas as maldades para atrapalhar os planos. Em “Círculo dos Dias”, o principal antagonista é Troon, o líder dos lavradores. Ele exerce o poder na sua comunidade com autoritarismo, violência e opressão, principalmente contra as mulheres. Querendo superar a vila dos gadeiros como polo de atração de visitantes, e com o apoio de seus seguidores, não hesita em praticar sabotagens e até promover uma guerra para atingir seus objetivos sórdidos.
O novo romance de Ken Follett mostra as comunidades humanas nos seus primórdios, mas já com características que perduram até hoje, a despeito de toda a modernidade e inovação tecnológica, como a competição entre povos, o autoritarismo, a ganância e a violência; que são enfrentados pelo espírito de união, liberdade de expressão e inteligência.
Ken Follett tem 76 anos de idade e é autor de thrillers e romances históricos. Nasceu em Cardiff, País de Gales, na Grã Bretanha. Um dos seus maiores sucessos editoriais foi o romance “Pilares da Terra”, que narra a construção de uma catedral medieval e inspirou uma série de TV com o mesmo nome. A trilogia “Século” — composta pelos livros “Queda de Gigantes”, “Inverno do Mundo” e “Eternidade por um fio” – conta história do século XX, do início da 1ª Guerra Mundial à eleição de Barack Obama nos Estados Unidos. “Século” teve resenha literária de minha autoria publicada pelo Jornal Opção em 2018 (https://tinyurl.com/ymm38nnv). O escritor já vendeu mais de 190 milhões de exemplares de suas obras em todo o mundo.
Mariza Santana é jornalista e crítica literária.
[Email: – [email protected]]
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