O filme animação “Balada para Raposo Tenório”, realizado por cineastas goianos, é uma espécie de faroeste e tem lançamento nesta sexta-feira, 26, às 19h no Coletivo Centopeia, setor sul da capital. A exibição comemora a 16º edição do Dia Internacional da Animação de Goiânia. Para participar basta chegar, é gratuito. 

A história do filme começa em 2013, quando Samuel Peregrino, diretor e roteirista do curta, morou por um tempo no estado de Tocantins. Lá ficou sabendo de uma história que envolveu uma investida de indígenas da região do arraial de Bom Jesus do Pontal, no século 19, contra garimpeiros e faisqueiros (bandeirantes que estabeleciam primeiro contato com povos originários). A história real envolve a revolta dos indígenas na região da cidade de Porto Nacional, Ribeirão Matança, em relação ao garimpo de ouro e também em respostas de sequestros de crianças nativas.   

O roteiro foi inspirado nessa história em conjunto com um conto escrito pelo criador. De início, a ideia era para ser executada em live action, quando atores reais interpretam os personagem. Por fim, decidiu executar como animação. A narrativa do filme desenvolve a história de Raposo Tenório, um bandeirante que consegue sobreviver a um ataque de nativos da etnia Xerentes. 

O processo de produção do filme foi realizado, durante dois anos e meio, de maneira remota por conta da pandemia de Covid-19.  O filme se assemelha a uma musical, com a presença da voz da cantora Milla Tuli que interpretou o poema “Nau Catrineta” do livro Romanceiro do português João Baptista de Almeida Garrett. A trilha sonora original do filme foi composta pelo músico e produtor Arlam Júnior. As dublagens são feitas pelos atores Nival Correia, Tiago Rener e o jornalista e produtor cultural Carlos Brandão. 

Processo de produção dos personagens pelo Animatriz Studio

A gente faz um resgate histórico da região Norte de Goiás, que hoje é o Tocantins. Até hoje as pessoas do Sul e até mesmo da região Centro-Oeste, não conhecem bem o que rolou nessa época que era só um estado. Capitania de Goyazes, né? Baseado em pesquisas, a gente mostra que o bandeirante real não foi aquela imagem paulista de bota de couro. Mostramos que a influência indígena criou um mestiço. Além de retratar a guerra por território que existiu por muito tempo  

Samuel Peregrino, diretor e roteirista
Samuel Peregrino, diretor e roteirista e Rildo Farias, diretor de animação

A direção de animação do filme foi realizada por Rildo Farias, da Animatrix Studio de Goiânia. O projeto é feito em 2D, de forma manual, sem uso de programas de computador e inteligência artificial. O filme contou com a colaboração de alunos da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás. Através de uma oficina que durou cerca de 45 dias,  no Laboratório de Tecnologia da Informação e Mídias Educacionais, foi promovido um treinamento onde capacitou os estudantes a criarem uma cena importante do curta.

Nosso contato era estabelecido toda manhã na universidade e explicava sobre técnicas, processos. Eles reproduziam, criavam sob minha orientação. A cena que eles criaram é um flashback, um momento de lembrança. Pelo processo ser aberto em relação com os estudantes, houve necessidade, em alguns momentos, de mudar um pouco o traço. No geral o trabalho dos alunos foi excepcional.

Rildo Farias, diretor de animação 

O projeto foi financiado pelo Fundo de Arte e Cultura (FAC) de Goiás e reuniu no total uma equipe de 15 pessoas trabalhando. Confira o teaser do filme abaixo. 

Teaser do curta Balada para Raposo Tenório

Serviço

Data: 26/7/24 (sexta-feira)

Horário: 19h

Local: Coletivo Centopeia – Entrada na Praça Wilton Valente Chaves: Avenida Cora Coralina, n. 140, Setor Sul, Goiânia.