Em sua 17° edição, dezenas de bandas, boa culinária e muita arte comprovam a eficiência goiana em ações artísticas e culturais

De 11 a 17 de maio, o festival ganha o Oscar Niemeyer e muitos outros centros culturais da capital goiana
De 11 a 17 de maio, o festival ganha o Oscar Niemeyer e muitos outros centros culturais da capital goiana

Yago Rodrigues Alvim

Já faz um tempo que, vivendo a capital goiana, dá para notar que há muitas ações bacanas se destacando e mais: se consolidando em território nacional e até internacional. Muitas coisas nascem de brincadeiras e, de tecla já gasta, nada se faz sozinho. Daí que, de “eu toco guitarra, você manda bem na bateria, bora fazer um som?” e de muitas outras ideias e convites, até mesmo de fazer uma balada, festa, um duo de dança, uma cena de teatro, algo assim, BOOM! Dá certo, as pessoas gostam da iniciativa e, então, só cresce cada vez mais. Tem sido assim para a galera que tem realizado o Bananada, um dos maiores festivais de música autoral do Brasil. E, ó, é galera. Sozinho mesmo, só a música do Caetano.

Trocadilhos à parte, é que Caetano abre a 17ª edição do festival que traz uma semana de muita arte, boa gastronomia e, claro, de dezenas de apresentações musicais. “Abraçaço” é só o primeiro show do Bananada 2015 que pediu certa licença aos skates e patins (não completa, pois rola esporte sim) para agitar o Centro Cultural Oscar Niemeyer de 11 a 17 de maio. Até Cae­tano aparecer no festival, muitos ossos foram caçados, descavados com afinco e roídos até… opa… até Caetano aparecer e mostrar que o Bananada não é só uma brincadeira ou um mero festival de rock. É festival de música autoral sim, do bom rock goiano e de muitos outros estilos musicais que somam às artes da gastronomia, das visualidades e de diversas outras ações para movimentar Goiânia –– em diversos sentidos, vale dizer.

Reprodução/Casa Coletiva
Fundador dA Construtora Música e Cultura Fabrício Nobre deu início ao Bananada por uma brincadeira de reunir os amigos músicos (Foto: Casa Coletiva)

O então integrante da banda goiana MQN, extinta em 2012, Fabrício Nobre começou o Bananada assim: de brincadeira. Na vontade pessoal de bolar um encontro em que eles, da banda, tocassem com outros grupos, foi aparecendo o festival. Hoje, a ansiedade do também fundador dA Construtora Música e Cultura, que assina a realização junto à Rede Brasil de Festivais Independentes, está para lá do estado de “roendo as unhas” por segunda, quando Caetano abre a edição. “Minha mãe vai ficar orgulhosa”.

Falando uma última vez de Cae­tano, é que ele representa para o festival um auge, pois é um dos maiores nomes da MPB. Então, voltamos ao assunto da brincadeira. Pode até ser mesmo que muitas coisas legais nasçam assim e, de pouco em pouco, se expandam, mas não continuam brincadeiras, como o setor empresarial, de financiamento, pode achar que seja.

Também não é segredo algum, e este tópico está para lá de gasto quando se fala em cultura ou arte, o buraco… cadê? Não tem nem sinal do fundo. Nas boas e claras palavras do DJ e fundador do pub El Club Lucas Manga, os canais de financiamento e investimento em cultura são muito mais estreitos e complicados, cuja linha e ordem de necessidades básicas não priorizam a cultura e a arte.

Foto: Foxes
DJ e fundador do pub El Club Lucas Manga fala sobre os canais de financiamento e investimento em cultura (Foto: Foxes) 

— As verbas são menores, a burocracia é muito maior e, no nosso caso da dita “cena underground goiana”, a grande maioria das pessoas tem feito acontecer com a própria grana. Fora o Bananada, o Vaca Amarela, o Release Alternativo e o Goiânia Noise, que sabem o caminhos das pedras e tem portfólio para captar verba, a grande maioria tem trabalhado com as próprias pernas, sem captar recurso algum. Justamente porque ainda fazemos parte de um meio que, burocraticamente falando, é marginalizado.

Viu? A coisa pode ser bem pior. Até para o Bananada, já consolidado, o caminho das pedras ainda é escorregadio. Segundo Fabrício Nobre, a edição passada, mesmo um sucesso, não reverteu lucro aos realizadores. Mas, bora lá, nada de desânimo. Os caras têm tentado por se sentirem incomodados, sentirem falta e quererem oferecer cultura e diversão em formas diferentes. Nisso, vêm as parcerias. Fabrício e Manga são parceiros desde 2010. Desde a 15ª edição, acontece o Bananada nas Casas. Neste ano, o El Club estará com o Lounge, para o backstage das bandas, e o bar de drinks na praça de eventos do Centro Cultural Oscar Niemeyer.

Arrematando tal tópico, fica a própria declaração de Fabrício que o suporte local, enquanto setores privados e até públicos, deveria ser melhor e maior. Os principais patrocinadores do Bananada são de marcas nacionais. “A galera tem um pouco de preconceito, acha que é um festival só de molecada e de rock. E, neste ano, resolvemos desenhar.” E desenharam bem. Um dos maiores nomes da MPB abre o festival que traz muitos outros nomes de peso.

O cantor Caetano Veloso abre a programação do Festival Bananada 2015 com o show “Abraçaço”
O cantor Caetano Veloso abre a programação do Festival Bananada 2015 com o show “Abraçaço”

A banda Pato Fu, o rapper Criolo, o lendário guitarrista J Mascis e os DJs Tropkillaz estão à frente das noites de sexta, sábado e domingo. Mas, espera aí, saca só quem mais aparece por ali: a goiana Boogarins, os americanos do Allah-Las, o grupo e a cantora de Cu­ritiba, Bonde do Rolê e Karol Conka; além de Hellbenders, Vivendo do Ócio e muitas outras bandas. Já foi di­to sobre o Bananada nas Casas do El Club; mas tem mais: a Roxy, a Diablo e o Centro Cultural da UFG também estão com programação.

Pedindo licença, agora, para fazer do último parágrafo, serviço: corre para o site, que lá tem todas as atrações, horários e valores dos ingressos, dentre outras informações sobre o evento que, além de ter patrocínio da Petro­brás e do Governo Federal, faz parte, agora, do circuito Skol Music. Sabe quem mais está por ali? O Lollapa­looza e o Meca, alguns dos festivais que são fonte de pesquisa de uma galera como Fabrício e Manga que esperam fazer da cidade centro de atrativos culturais e artísticos reais, além, é claro, de valorizados.