Mariza Santana

O escritor britânico Ken Follett é um escritor de sucesso que tem uma vasta e variada produção. Alguns de seus livros deram origem a produções audiovisuais de sucesso. Sua obra “Pilares da Terra”, que relata a história da construção de uma igreja medieval, foi transformada em série de TV. A trilogia “Século”, que conta os principais eventos do século XX, misturando personagens fictícios e personalidades, é um deleite para os leitores que gostam de romance histórico. E esses são só alguns exemplos.

A versatilidade e a qualidade da prosa de Ken Follett são novamente comprovadas no livro “As Espiãs do Dia D”, um romance de suspense e ação baseado em uma história real, ocorrida no final da 2ª Guerra Mundial na Europa, poucos dias antes do chamado Dia D. Os nazistas mantinham em Sainte-Cecile, cidade localizada no Norte da França ocupada, uma central telefônica importante, instalada em um antigo castelo. A missão da major britânica Felicity Clairity, chamada de Flick, era destruir esse estratégico espaço de comunicações dos alemães, para facilitar o sucesso da invasão das tropas aliadas por meio do Canal da Mancha.

Ken Follett: o escritor que já vendeu mais de 160 milhões de exemplares | Foto: Sextante/Jake Curtis/Divulgação

A primeira tentativa, realizada com o apoio de integrantes da Resistência Francesa local, foi um fiasco, causando tortura e mortes dos combatentes civis envolvidos na missão. Mas a espiã não se intimidou, e colocou em plano uma estratégia arriscada: entrar no covil dos inimigos nazistas com um grupo de mulheres disfarçadas de faxineiras. A missão era colocar explosivos no porão do castelo, onde ficava o coração da central de comunicações nazista. Afinal, nada pode ser mais invisível e livre de suspeita do que mulheres simples que cuidam da limpeza.

Mas para complicar, a experiente espiã britânica tinha contra si o exíguo tempo para a realizar a tarefa. Estava tudo pronto para a invasão da Normandia, o chamado Dia D, faltavam apenas alguns dias, sendo que a data precisa era segredo absoluto. Como, então, recrutar e treinar na Grã-Bretanha, em curto espaço de tempo, um grupo de mulheres que fossem corajosas e fluentes no francês, além de contar no grupo com uma especialista em explosivos e outra em telefonia?

Trecho inicial do romance As Espiãs do Dia

Outro fator tornou a missão ainda mais difícil. Dieter Frank, assessor do marechal de campo nazista do Norte da África, Erwin Rommel, um feroz torturador e especialista em segurança, se coloca no encalce de Flick e suas comparsas. A leitura dos capítulos é eletrizante. A protagonista vai colocando seu plano em ação e enfrentando todos os obstáculos que aparecem, inclusive a prisão de seu marido, integrante da Resistência Francesa. Sim, neste livro de ação de Ken Follett, onde qualquer distração pode significar a morte para os personagens, tem espaço também para alguns momentos românticos, que ajudam a suavizar a narrativa.

O livro “As Espiãs do Dia D” mostra que pessoas comuns podem se tornar heróis do dia para a noite, dependendo das circunstâncias. E, certamente, o período da 2ª Guerra Mundial contou com a participação de inúmeros homens e mulheres corajosos, cidadãos civis que lutaram contra a ocupação alemã na França na clandestinidade. As histórias de alguns deles chegaram até as novas gerações, outras ficaram esquecidas nas brumas do tempo. Ainda bem que Ken Follett conseguiu resgatar para seus leitores essa história, pois a obra literária nos faz lembrar o quanto é importante lutar contra a tirania e pela liberdade.

As obras de Ken Follett já venderam mais de 160 milhões de exemplares em todo o mundo. O autor mora na Inglaterra, com sua mulher Barbara Follett. Seu último livro lançado é “Armadura da Luz”, obra novamente ambientada em Kingsbridge, no final do século XVIII e início do século XIX, quando Napoleão Bonaparte inicia sua trajetória militar que iria ter impactos em todo o mundo. Outra boa opção de leitura.

Mariza Santana é jornalista e crítica literária.