100 poemas de até 100 caracteres
06 fevereiro 2016 às 10h18

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Novamente, o Opção Cultural provocou 100 escritores, brasileiros e de outras partes do mundo, a criarem histórias curtinhas. Depois dos 100 contos, a vez agora é das poesias, versadas ou não, mas certamente memoráveis
Yago Rodrigues Alvim

Para dar o pontapé inicial, preambular pequenas poesias, perguntei-me, primeiramente, qual o menor poema do mundo. O brasileiro. E também qual o menor conto, novela, romance… Encontrei, depois de uma pesquisa rápida no Google, Oswald de Andrade, “Amor”. Curtinha, a poesia é /Humor/ e só. Recentemente, ainda que não seja o menor conto do mundo, li “Confissão” de Lygia Fagundes Telles, escritora recém-indicada ao Nobel de Literatura.
— Fui me confessar ao mar.
— O que ele disse?
— Nada
Valia muitíssimo contá-lo. De leituras já não tão frescas assim, acudi à memoria alguns telefonemas. Os tais “sapatinhos”, de que me esqueci, eram de Hemingway. Não dele, exatamente. “For sale: Baby shoes, never worn.” [“Vende-se: sapatinhos de bebê nunca usados”, em livre tradução]. Alguns estudiosos, atualmente, contestam sua autoria. Do telefone, veio ainda um mais curtinho, de Franz Kafka: “I am a cage, in search of a bird”; que ganhou a seguinte tradução para o português: “Uma gaiola saiu à procura de um pássaro”.
Pois bem, cá estavam algumas respostas. Mas não de todas as perguntas. Há pouco tempo, com a mais que ajuda do crítico literário Sérgio Tavares, do professor Augusto Rodrigues Niemar e do escritor Walacy Neto, reuni poesias de até 100 caracteres. O desafio estava vencido. Micropoemas ou micropoesias? Poemete? Augusto acudiu: “Inclassificados”. Ainda assim, poemas. Com toda sua poesia. Ei-los, então. Aproveite!
Os artistas
Os artistas são aqueles que veem
Chifre em cabeça de cavalo:
São deles os unicórnios.
ADRIANE GARCIA | BELO HORIZONTE-MG
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Caminho
Pássaro habitado por pássaros
voo
Sem pouso
ALBERTO BRESCIANI | BRASÍLIA-DF
Estupro
Permitiram ao estrangeiro estuprar-te
Arrancaram tuas entranhas
minério
sugaram a seiva
rios
Minas deflorada
sangra
ALDA SOARES STUTZ, 1979; ADAPTAÇÃO DENISE STUTZ | RIO DE JANEIRO-RJ
À bala
Se tudo der certo
Ainda morro de bala perdida
No centro da cidade
De cara lavada
Eu, meio, quase,
Eu.
ALEX ANDRADE | RIO DE JANEIRO-RJ
Estratigrafia
Veios de calcita irisam, rios lentos
na sólida rocha, sob terreno
tão árido e seco, outrora gelo.
ALEXANDRE GUARNIERI | RIO DE JANEIRO-RJ
O CRONÔMETRO
Ventre d’arame-farpado:
o tempo.
Rasgar-se, aprender, varar:
viver.
Ser de feridas, miro a idade em mim.
ALEXANDRE PILATI | BRASÍLIA-DF
Clarice me ensinou
Um bicho
é sempre
uma das formas
mais acessíveis
de gente
ALEXANDRE STAUT | SÃO PAULO-SP
O SOM DA FESTA RESSOOU
o som da festa ressoou
a cor da fresta arvorou
olho a madrugada serena
de onde venho
para onde voltarei
ANA ROSSI | BRASÍLIA-DF
Senhor
a noite se abre
e eu leio teu poema
Meus olhos nas estrelas
soletram teu amor
ANDERSON BRAGA HORTA | BRASÍLIA-DF
Lua estranha
escrevi o seu nome
num bodoque
e atirei o pássaro
vivo
rumo a tudo.
ANDRÉ DI BERNARDI | BELO HORIZONTE-MG
DENSIDADE
talvez sobre
só o que ficou sob.
O mais leve
sempre sobe.
você
que nunca
soube.
ANDRE OVIEDO | SÃO PAULO-SP
Adultério
Na escuridão
o corpo nu cintilava
Uma constelação
acenando o caminho
sem volta de tudo
que não volta mais
ANDRÉ TIMM | CHAPECÓ-SC
BREVE
de que adiantou ser bela
suspirou a flor do Cerrado
(e o cosmo a fez estrela
da galáxia Agora)
ANGÉLICA TORRES | BRASÍLIA-DF
Soçobrando
Roupas de ontem
Juntou-se às velharias
e foi até o Exército da Salvação
saber se tinham interesse nela também
ANITA DEAK | SÃO PAULO-SP
voltei a fumar no instante em que te vi
ANNA LUÍSA BRAGA | GOIÂNIA-GO
À maneira de Xico Sá
No banheiro eu e tu.
escapuliu o sabonete:
Fizeste um haiku.
ANTÔNIO MARIANO | JOÃO PESSOA-PB
IR ALÉM
Ser
no que nunca fui,
estar
onde nunca estive,
Sair de si?
e não mais regressar.
ANTONIO MIRANDA | | BRASÍLIA-DF
No sonho
sentidos,
subida,
assombro e
saída.
Nem mais.
Sono-preguiça-soul.
susPIRO.
À vista:
— O sol!
BETINA RUIZ | GUIMARÃES, POR
Sentiu
por cima
a sensação
do que é ser:
abraçado.
O casaco ainda
morno.
Acabou de ser passado.
BOBBY BAQ | SÃO PAULO-SP
DO CONTRA
Coisa mais linda é ver uma mulher bêbada no samba mastigando um espetinho de contrafilé.
BRUNO BRUM | SÃO PAULO-SP
TRAVESSEIRO DE MACELA
O besouro
e o moribundo breakdance
no chão
após a pancada
na alvenaria oca.
eu
depois
de você.
CARLA ANDRADE | BRASÍLIA-DF
lembrar, um segundo
no amor
nenhuma experiência até o momento atingiu a nobreza do exemplo
[absoluto
CAROLINE RODRIGUES | SÃO PAULO-SP
Mesmice
Estou oca.
Melhor louca
que assim pouca.
CELINA PORTOCARRERO | RIO DE JANEIRO-RJ
Varal
Tem dias que não acho onde descer meus pés
Não encontro sequer um colchão
Estico-me na madrugada
Me transformo
Num varal
CLAUDIA NINA | RIO DE JANEIRO-RJ
Alquimia
Combino palavras com muito silêncio.
Poucas palavras.
As palavras que gritam.
CLAUDIO PARREIRA | SÃO PAULO-SP
Conclusão
tem dia que não
vai
tem dia que não
sai
tem dia que não
é
tem dia que não
tem
tem dia que
tende a
adiar
CRISTINA JUDAR | SÃO PAULO-SP
Sangue e simulacro
abre a mínima escotilha
e sai pra dentro da palavra
DANIEL FARIA | BRASÍLIA-DF
Função soneca
De dez em dez (licor
de sono) em sentinela
até o sol se pôr
(pela última outra vez)
no protetor de tela
DIEGO GRANDO | PORTO ALEGRE-RS
A chave mestra
Às vezes
Quando o problema
bate à minha porta
eu tento consertar o mundo
usando uma chave de fenda
DIEGO MORAES | MANAUS-AM
DE TRÊS DEDOS
Geometrias rasuradas
nos gramados
da memória.
Uma coruja sobre
um ângulo reto.
O gol vazio e quieto.
EDSON CRUZ | SÃO PAULO-SP
A estética da fome
admirar o prato limpo
depois de lamber os dedos.
ELLEN MARIA | SANTOS-SP
Tudo que não falseio é invenção.
ERIVELTO CARVALHO | BRASÍLIA-DF
que a beira
dos olhos
é a bocarra
sombria
e insuspeita
da fossa
de mindanao
EUGÊNIA FRAIETTA | GOIÂNIA-GO
universidade indígena
só os índios nos ensinarão
a ver através
do olho do furacão
FABIANO CALIXTO | SÃO PAULO-SP
se o poema
revela ou
atiça
evoco o avesso
que
deixa para outros
a dúvida
se tudo e nada
cabem ali
FÁTIMA BUENO | BRASÍLIA-DF
Bisturi
como uma
estrela cadente louca
minha língua-poema
rasgou o céu da tua boca
FELIPE PAULUK | LONDRINA-PR
Traí-a com
Outra. A ou-
Tra. A morta.
A displicentemente
Retraída.
FRANCISCO K | BRASÍLIA-DF
Tutano
Só sabem do teu esboço
desferido a esmo.
Teu cerne, medula e osso
só diz respeito a ti mesmo.
FRED GIRAUTA | RIO DE JANEIRO-RJ
FISSÕES
feridas desta cor
do quase-branco
do pardo-ermo
rumar até o escuro
cor exposta
ao branco explícita
GERALDO LIMA | BRASÍLIA-DF
Quero sexo direito
bem feito
que penetre fundo
meu peito.
GIOVANNI VENTURINI | SÃO PAULO-SP
mau tempo
estreitas gotas acalmaram-se
no afago de frágeis costelas.
como a erva daninha, nasceu assim
o amor.
HELLEN LOPES DE CARVALHO | GOIÂNIA-GO
Três redondilhas e um big bang
na ampulheta sobre o espelho
eu sonhei que era o universo
expandindo – e te abraçava
HENRIQUE RODRIGUES | RIO DE JANEIRO-RJ
DO ESTATUTO DO SONHO
cada sonho sonhado
é único e verdadeiro
interrompido acaba
o novo começa de novo
ad libitum
HENRYK SIEWIERSKI | BRASÍLIA-DF
Peregrino
Me movo entre déjà-vus.
Minha memória é confusa,
mas já começo a me lembrar
do futuro.
JOÃO PAULO PARISIO | RECIFE-PE
INGULAR
Eu arranquei a letra _ do meu computador,
agora nenhum texto vai er mai obre nó doi
JOÃO TURCHI | SÃO PAULO-SP
HERANÇA
pulsa no meu pulso
o sangue áspero
do meu pai
no meu peito pula um coração
que herdei
do meu velho pai
JOILSON PORTOCALVO | BRASÍLIA-DF
Sete Mitos VII
Vida é Odisseia.
Ulisses galopa aqui,
em minhas artérias.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO | FAZENDA PEDRA SÓ-BA
ARTE DE AMAR
Amor sem instrutor
Amor sem professor
Amar é coisa de amador
JOSÉ SANTOS | SÃO PAULO-SP
todas as vezes
em que me disse
“eu te amo”
fazia uma pergunta
e não uma afirmação.
KAIO BRUNO DIAS | GOIÂNIA-GO
Breviário da perda
Todas essas coisas,
bondes e amores,
havemos de perdê-las cada vez menos pálidos.
Com mais critério.
KATIA BORGES | SALVADOR-BA
MOVIMIENTO PERPETUO
a Augusto Monterroso
y
quiero mudar
estilos y razones
demudar
estilos y razones
y
pasados los años
passados los años
rayuelas
LARCO A. LOPES | GRANADA, ESP
GARATUJAS
Lavremos com tinta
estas paredes rabiscáveis
onde cada camada
é uma vida inteira
LEMUEL GANDARA | BRASÍLIA-DF
Choro que sou
Sonho o azul de mim,
distante do mar…
No centro:
crio casa,
mergulho dentro
(olho corre rios)
LUANA BORGES | GOIÂNIA-GO
Meus oito anos
AURORA DA MINHA VIDA
ORA IDA
OS ANOS TRAZEM AIS
LUCI COLLIN | CURITIBA-PR
Simples constatação
Filosofei
a vida toda
Pra constatar
Minha ignorância.
Sísifo fui.
No topo, vi
O recomeço.
Sísifo, morro.
LÚCIA BETTENCOURT | RIO DE JANEIRO-RJ
Natalka
Eu me sinto tão ridículo
ao escrever
poemas pra você que
finjo até fazer cover
de e. e. cummings.
LUCIANO RAMOS MENDES | CURITIBA-PR
Fosse mais um dia
além, fosse mais um dia
o olhar pela janela vazia
aberta, alma que recebe
e nada tem por oferecer
MARCELO ADIFA | SOROCABA-SP
O Homem nu
Aqui só há uma espécie de desesperado,
o que morre de tédio.
MARCIA BARBIERI | SÃO PAULO-SP
XAMÃ
Sou a força, encantaria
Do amanhã.
Trouxe a noite, chamei o dia
Por Iurya eu sou Xamã
MÁRCIA WAYNA KAMBEBA | ETNIA KAMBEBA, PARÁ
Título para um poema que não existe
é a luz que
ensina sobre
o tempo
em uma casa
naufragada
no quintal
dos fundos
MÁRCIO-ANDRÉ | BUDAPESTE, HU
Vento
O vento é uma criança
que não se cansa
de brincar.
quando cresce,
perde toda a magia:
vira vendaval.
MARCO CREMASCO | CAMPINAS-SP
Sonata ao silêncio de um gato
A unha não rasura mais o assoalho até a rua: flutua. Desnuda a casa, o coalho resmunga: textura.
MARCOS MESSERSCHMIDT | PORTO ALEGRE-RS
Aniversário
É dada a luz
Agora vá!
Nascer é todo dia.
MARIA BALÉ | SÃO PAULO-SP
Tentativa
Deitei sobre o nosso suor
Vi teu corpo em mil homens
Mas coração partido
Não cola com porra
MÁRIO BRAZ MANZI MUNIZ | GOIÂNIA-GO
Vida
punhado de casos
acasalados pelo acaso
MATHEUS ARCARO | RIBEIRÃO PRETO-SP
Estudo para uma queda
O ESPAÇO
rasurar chuva
O CORPO
esboçar instinto
de
iminência
O SALTO
traçar reta
a entrega
ao
absoluto
MAURÍCIO DE ALMEIDA | BRASÍLIA-DF
Sem título
no alto da árvore
folhas e galhos retorcidos
ela e ele dançavam.
pas de deux.
MICHELINY VERUNSCHK | SÃO PAULO-SP
Sonho
O mar
na solidão do quarto.
Minha coragem
acorda
o convite selvagem do ar:
de novo.
Respiro.
MOEMA VILELA | PORTO ALEGRE-RS
NÚMEROS
Dez mil crianças
refugiadas
desapareceram
em caminhos
sem chegada.
Contar até dez mil
entre pausas
é quase nada.
MONIQUE REVILLION | PORTO ALEGRE-RS
ENVELHECER
Olhar sisudo vê
Pedaços de madeira pelo chão.
(mais bagunça pra guardar.)
Fosse um bom pedaço de tempo antes
Era casinha pra montar.
NARA VIDAL | TUNBRIDGE WELLS, UK
MICRO-SONETO
quando
as luzes se apagam
começa o dia
aquando, da rua,
luzes acendem-se
a noite, esplanada,
sinicia.
NIEMAR | BRASÍLIA-DF
ANA LÍDIA
nossa primeira santa
faz milagres
este poema
escrito
em menos
de um minuto
NICOLAS BEHR | BRASÍLIA-DF
outra variação, outra
em te sonhar fiquei tão santa
que agora pra me comer
só de joelhos.
NINA RIZZI | FORTALEZA-CE
OLHAR
Tudo o que sei de ti
Cabe dentro dos teus olhos
Teu olhar é um livro aberto
NOÉLIA RIBEIRO | BRASÍLIA-DF
SINOPSE DOS INCLUÍDOS
EXTREMA-UNÇÃO
SCRIPT
STATUS
STRESS
SUB
PAULINO JÚNIOR | FLORIANÓPOLIS-SC
aquela sensação de vazio
dentro de mim tinha nome
era mesmo fome
de você
PAULO LIMA | GOIÂNIA-GO
Um dia após o outro é apenas
um dia após o outro apenas
PAULO PANIAGO | BRASÍLIA-DF
rio chamado sexo e rio chamado lacre
saliva ali (em nós) remédio
olho tédio que é praia
varrida para ser desfeita
pelo açúcar – que te avisa
PAULO SCOTT | RIO DE JANEIRO-RJ
Num instante, de repente
Por mais que tente
Por mais que breve
Talvez, nem mesmo o poema
Se c_mpl_t_
R. CHAUL | GOIÂNIA-GO
Quarteto de cordas
Começa o último movimento
O som de uma corda que arrebenta
Não do cello,
nem dos outros instrumentos.
RAFAEL GALLO | BAURU-SP
MADRUGOU, MANO
Nóis tá tudo na missão
Acorda cedo
não dorme no ponto não
Arregaça a manga
simbora atrás do cifrão
RAFAEL GANDARA | APARECIDA DE GOIÂNIA-GO
Verborragia
Envelheço dois verbos a cada dia;
Minha morte sem significados.
RAIMUNDO NETO | SÃO PAULO-SP
Descontentamento web 3.0
Um grão de conquistas
Num deserto de desejos
RAPHAEL ROCHA | BRASÍLIA-DF
Foz
Quando o nó
(Desfeito)
Vira dó
RENATO TARDIVO | SÃO PAULO-SP
CASCA DE NOZ
ofélia cortando espelho
corpo-discurso:
fascinação e feitiço
eco rebatendo voz
nós:
porta secreta
ROBERTO MEDINA | BRASÍLIA-DF
Depois das duas
O saldo da noite
ramalhete de tulipas
vazias de chope.
ROBERTO MENEZES | JOÃO PESSOA-PB
Na corda bamba
Somos acrobatas nesse fio tênue
entre o chegar e partir:
Viveramar é criminoso,
porém a alma é grande.
RONALDO CAGIANO | SÃO PAULO-SP
O corpo
veste
o olho
nu
SAMUEL LUIS BORGES | SÃO PAULO-SP
Laura
Se vens depois de mim
não caberias a ti que eu existisse
Mas esse eu que hoje existe
não existiria antes de você
SÉRGIO TAVARES | NITERÓI-RJ
Não uma supernova
esse poema é só
uma estrela morta
coberta com lençol branco
e gente em volta
falando bem feito
quem mandou não ter rima
SHEYLA SMANIOTO | SÃO PAULO-SP
Do começo da escrita
Caneta em punho, a linha da testa salta para o papel, rende-se a outras linhas, mais dispersas.
SUSANA FUENTES | RIO DE JANEIRO-RJ
HAMLET – VI ATO
sempre pronto
embora sempre preparado
pronto
embora
pra sempre
palavras palavras palavras
T. S. BERLIM | ITATIAIA-GO
Terráqueos
Enterrados no descaso
desta Terra,
nesta terra
floresce
nosso caso
THIAGO MOURÃO | SALVADOR-BA
Partiu
correr atrás da vida, que ela é breve, um sopro
pode ser (que) leve.
VANESSA MARANHA | FRANCA-SP
o asco causa
caos e caso
soca às ocas
partes do dia
como saco
o asco no casco
dos meus pés
de cavalo.
WALACY NETO | GOIÂNIA-GO
[dente-de-leão]
[o seu maior gesto de carinho foi
rasgar-me a carne voar leve
como um dente-de-leão]
WELL SOUZA | SÃO PAULO-SP
Bilhete para João
A boca molda a palavra em suspensão minéria, morta matéria, arranjada na lei mosaica, exigindo o não.
WESLEY PERES | CATALÃO-GO
A noite é uma criança
Desde que você se foi a noite tem chorado nos meus braços.
WILSON GORJ | APARECIDA-SP
O quarto
Sob um teto empanzinado de borrões
Ela me descobre
Essa voz, uma migalha insondável, diz:
Basta.
WHISNER FRAGA | SÃO PAULO-SP
Passei a língua no céu da boca
E percebi que tinha uma imensidão
Dentro de mim
YAGO RODRIGUES ALVIM | GOIÂNIA, GO
Bônus
Sou sua.
Sou só.
Sua.
LARISSA MUNDIM | GOIÂNIA-GO
Post ATUALIZADO em 10 de Fevereiro de 2016, às 10h31.