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Quem visita Aparecida de Goiânia fica com a impressão que o município “fechou” com o governador Marconi Perillo (PSDB). O prefeito Maguito Vilela apoia a candidatura de Iris Rezende, por lealdade ao PMDB e ao decano de quase 81 anos, mas não rejeita o tucano-chefe. Muitos aliados de Maguito estão na campanha e, democraticamente, como é de seu feitio, o prefeito não persegue ninguém.
O candidato do PT a governador de Goiás, Antônio Gomide, não “explodiu” na campanha deste ano. Porém, não por falta de qualidade, porque faz uma campanha propositiva, inteligente, com raros ataques aos adversários (a palavra ataques provavelmente deva ser substituída por críticas). O que ocorreu, então? Em algumas eleições, o eleitor não presta atenção no novo, concentrando-se na polarização entre dois candidatos — no caso o governador Marconi Perillo, do PSDB, e o ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende, do PMDB. Ao prestar atenção na polarização, os eleitores praticamente ignoraram Vanderlan Cardoso, candidato do PSB, e Gomide.
O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), é um político íntegro e tem projetos de qualidade, em várias áreas. Se conseguir sair do atual inferno astral, com ajustes que nem precisam ser muito grandes, retomará o caminho da boa administração. Mas, se não ajustar a máquina, em 2016, daqui a dois anos, terá dificuldade para lançar um candidato competitivo na capital. Para avalizar um postulante, e sobretudo para que seja observado e aceito pelos eleitores, precisa melhorar seus índices de aprovação. Fala-se que Paulo Garcia gostaria de lançar Adriana Accorsi ou Paulo de Tarso. O que for eleito deputado federal tem mais chance de ser candidato. Mas a alternativa que pode convencer o eleitor de Goiânia a continuar votando no PT pode ser a indicação do ex-reitor da Universidade Federal de Goiás Edward Madureira. Edward deixou o comando da UFG, há poucos meses, com a imagem de gestor eficiente. Na maior universidade do Estado, atuou como uma espécie de prefeito que fez obras, preocupou-se com o social e incentivou a educação e a pesquisa com interesse redobrado. Se eleito deputado federal, não será surpresa se o ex-reitor receber uma convocação para assumir o Ministério da Educação. Mas, se candidato a prefeito, talvez seja o único capaz de renovar a imagem do PT em Goiânia.
[caption id="attachment_16430" align="alignright" width="300"] Thiago Peixoto e Daniel Vilela: cotados para ser os mais bem votados[/caption]
O Jornal Opção, mais uma vez, ouviu líderes de vários partidos e pediu que definissem os 17 candidatos a deputado federal que têm mais chances de serem eleitos em 5 de outubro deste ano.
Embora seja uma listagem “refinada”, elaborada a partir de opiniões de políticos experimentados, é preciso que fique claro ao leitor-eleitor que não é produto de pesquisa. Assim, apurados os votos, como quase sempre acontece, há as surpresas de praxe. Por exemplo: o delegado Waldir Soares pode ter uma votação surpreendente e ser eleito — assim como pode decepcionar. A seguir, a lista, em ordem alfabética e por grupos políticos:
Base governista: 1 — Alexandre Baldy. 2 — Célio Silveira. 3 — Eurípedes Júnior. 4 — Flávia Morais. 5 — Giuseppe Vecci. 6 — Heuler Cruvinel; 7 — João Campos. 8 — Jovair Arantes. 9 — Magda Mofatto. 10 — Marcos Abrão. 11 — Thiago Peixoto. Disputam a possível última vaga: delegado Waldir Soares, Sandes Júnior, Roberto Balestra, Fábio Sousa, Antônio Faleiros e Gilvan Máximo.
Oposição: PMDB/SD — Daniel Vilela, Lucas Vergílio e Pedro Chaves (SD). Iris Araújo luta para conquistar a quarta vaga. PT: Olavo Noleto e Rubens Otoni. Edward Madureira tenta tomar a vaga “de” Noleto.
O próspero município de Morrinhos, mas com um eleitorado relativamente reduzido, pode perder a chance de eleger um deputado estadual. Porque os partidos lançaram candidatos em excesso. Eis os nomes: 1 — Paulinho do Helenês, do PDT. O vereador tem o apoio do pai, o ex-governador Helenês Cândido, e do prefeito Rogério Troncoso. Deve ter uma votação no município, mas, como provavelmente terá poucos votos fora da cidade, terá dificuldade para se eleger. 2 — Crysthiane Stella Rabelo, do PP. A dentista Crysthiane Rabelo foi vereadora e tem prestígio na cidade. Falta-lhe, porém, estrutura. 3 — Walkíria Helena, do PSC. A professora Walkíria já foi vereadora. É consistente, mas a chapa da qual participa é frágil. 4 — Rui Pipa, do PHS. O ambulante Rui Pipa é extremamente popular. Mas o PHS não tem condições de fornecer-lhe a estrutura adequada. Tende a ser bem votado, mas possivelmente não será eleito. Talvez por falta de quociente eleitoral. 5 — Everton Jabuti, PC do B. O servidor público é atuante, mas não tem estrutura para enfrentar pesos pesados como Paulinho do Helenês e Marquinho do Privê. 6 — Joaquim Sabará, PSDB. O servidor público é respeitado na cidade, mas tem pouca chance de ser eleito. 7 — Oberdan Mendonça, Solidariedade. O presidente da Câmara conseguiu montar uma estrutura razoável, mas tem poucas chance de se eleger. Falta-lhe estrutura e capilaridade eleitoral. 8 — Marquinho do Privê, PSDB. O empresário de Caldas Novas integra a legião estrangeira que invadiu a cidade. Deve ser eleito deputado e acredita-se que terá uma votação razoável em Morrinhos. Mas vai se eleger, provavelmente, com os votos de Caldas e outros municípios. Morrinhos é importante para ele, mas não é o centro de sua campanha. 9 — Afrêni Gonçalves, PSDB. Tem ligações históricas com Morrinhos, numa campanha obteve o apoio do prefeito Rogério Troncoso, e tem a simpatia do governador Marconi Perillo. 10 — Chiquinho Oliveira, PHS. Com amplo apoio em outras regiões, e com ajuda direta do governador Marconi Perillo, Chiquinho Oliveira tem chance de ser eleito deputado. O que é mais provável que vai ocorrer é que os candidatos que pescarem voto no município — casos de Privê, Afrêni e Chiquinho — sejam eleitos, mas certamente contribuirão para derrotar os candidatos locais.
Hoje, pode-se dizer que Maguito Vilela, um gestor moderno e avesso a ódios e rancores, tem mais sintonia com o espírito pacifista do governador Marconi do que com o espírito “cangaceiro” de Iris Rezende. Não que Iris seja cangaceiro — pelo contrário, é um político civilizado —, mas está extremamente agressivo na campanha.

[caption id="attachment_16426" align="alignleft" width="285"] Foto: Reprodução[/caption]
Iris Rezende e Iris Araújo estão preparando a filha Ana Paula Rezende para ser a sucessora política do casal.
Se disputar a Prefeitura de Senador Canedo, em 2016, e perder, Ana Paula deverá ser candidata a deputada federal em 2018. Dinâmica, articulada e arrojada, a jovem tomou gosto pela política.
Em 2018, quando completará 75 anos, Iris Araújo deverá abandonar a política — abrindo espaço para Ana Paula. O grupo irista não quer ficar sem uma pessoa da família na política.
O deputado Daniel Vilela, se eleito deputado federal, vai pleitear a presidência regional do PMDB. Provavelmente, vai disputar o comando do partido com Iris Araújo, em dezembro deste ano. Daniel Vilela representa a renovação e a eficiência. A egocêntrica Iris Araújo representa o velho e a incapacidade de agregar e compartilhar.
O governador Marconi Perillo e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil-Goiás, Henrique Tibúrcio, ambos do PSDB, estão cada vez mais próximos. Talvez já seja possível dizer que são amigos e confidentes. Marconi aprecia a retidão moral e a competência de Tibúrcio. E o presidente da OAB aprecia a capacidade administrativa do tucano-chefe e sua capacidade de liderar equipes para fazer obras para melhorar a qualidade de vida dos goianos. O tucano prepara voos políticos, bem altos, para Tibúrcio. Em 2016, o jovem tucano tanto pode ser candidato a prefeito de Goiânia quanto a vice do mais provável candidato — o presidente da Agetop, Jayme Rincon. A política é uma obra aberta para o presidente da Ordem.
Ele é elogiado por Fernando Henrique Cardoso, Aécio Neves e Marconi Perillo. Mas seus admiradores não estão apenas no campo político: celebridades como o cantor Leonardo e o piloto Felipe Massa também apareceram nesta campanha eleitoral para lhe desejar sucesso no novo desafio. Pessoas menos famosas, como irmã Rita, administradora da Santa Casa de Anápolis, e o ex-presidente do Goiás Esporte Clube, Raimundo Queiroz, também não se cansam de tecer elogios sobre ele. Trata-se de Alexandre Baldy, ex-secretário de Indústria e Comércio e candidato a deputado federal pelo PSDB. Ele teve passagem brilhante pela secretaria entre 2011 e 2013: a atração recorde de mais de R$ 31 bilhões de reais em investimentos para Goiás, nos últimos anos, teve o seu dedo e o de sua equipe. Entretanto, o que essas pessoas estão elogiando não é exatamente o ex-titular da SIC, mas o cidadão Alexandre Baldy, um jovem e bem-sucedido empresário, que não se cansa de fazer amigos e expandir suas relações. E que, por isso, é uma das principais apostas políticas de Goiás na atualidade.

[gallery type="slideshow" ids="16417,16415"] A primeira coisa a se levar em conta, quando se fala em Alexandre Baldy, é que ele está inserido em um dos maiores grupos empresariais do país. Seu sogro, Marcelo Limírio, fundou a NeoQuímica e fez dela a terceira maior indústria farmacêutica do Brasil. Baldy casou-se muito cedo com Luana Limírio, antes mesmo de a empresa do sogro tornar-se um império. Mais que isso, o genro teve participação direta. Ajudou e aprendeu os caminhos que propiciaram o enorme crescimento da indústria.

[caption id="attachment_16418" align="alignleft" width="620"] Alexandre Baldy em uma de suas caminhadas da campanha eleitoral: amor ao próximo foi aprendido em casa, com o pai, Joel Sant'Anna[/caption]
Mas falar de Alexandre Baldy e só focar no ramo familiar de sua mulher, talvez o mais vistoso, seria cometer uma injustiça com sua biografia. Ele teve em casa o exemplo de um dos maiores filantropos que Goiás já conheceu, o seu pai, Joel Sant’Anna Braga.
O doutor Joel, como todos o conhecem, é procurador do Estado aposentado e fundador de alguns dos trabalhos sociais mais consistentes para a juventude.
A especialidade do doutor Joel é o trabalho incansável de recuperação e integração de menores em situação de risco. Ajudou várias instituições e fundou abrigos para receber esses jovens. No início dos anos 1990, era o braço direito do Poder Público na área social e ajudou a criar uma das maiores referências nacionais no segmento, a Fundação Pró-Jovem, transformada hoje em Fundação Pró-Cerrado.
Se, com Marcelo Limírio, Baldy conheceu o mundo dos negócios, aprendendo a identificar oportunidades para planejar e executar bons empreendimentos, com o pai, doutor Joel, o aprendizado foi um pouco diferente. Aprendeu que ajudar o próximo é uma missão imposta a cada um que vem a esse mundo. Alexandre Baldy é a síntese dessas duas ideias. Segundo ele, o melhor trabalho social é o emprego, mas a filantropia também pode realizar milagres.
Um bom exemplo é o que aconteceu na ampliação da Santa Casa de Anápolis. No ano passado, irmã Rita procurou Alexandre Baldy para pedir uma ajuda na obra. Segundo ela, o jovem acreditou no projeto desde o primeiro momento. Foi atrás de amigos empresários e, em poucos dias, conseguiu reunir todo o recurso necessário para ampliar a unidade de saúde. Hoje, a Santa Casa conta com mais 45 leitos para atendimento de idosos, pacientes com câncer e politraumatizados. Não é por caso, portanto, que pesquisas internas apontam que ele deve ser o mais votado de Anápolis, também levando em conta que sua família é muito admirada na cidade.
Raimundo Queiroz, um dos mais vitoriosos ex-dirigentes do Goiás, também tem histórias pessoais para contar sobre Baldy. Por oito anos, o jovem empresário jogou como goleiro nas categorias de base do time esmeraldino. Segundo Queiroz, desde aquela época já era possível perceber a determinação e a seriedade com que Baldy costuma encarar seus desafios. Foi essa seriedade que o levou a se dedicar ao mundo dos negócios. No final de 2010, estava concentrado na missão de dirigir a indústria Línea. Já tinha até montado um apartamento em São Paulo para focar melhor nesse projeto. Foi quando Marconi Perillo teve a ideia de chamá-lo para comandar a Secretaria de Indústria e Comércio. A tacada inesperada do governador tucano tem uma explicação: ele queria sangue novo em seu terceiro mandato. Baldy conta que foi uma decisão difícil, pensada profundamente com o apoio de familiares e amigos. Mas optou por ficar em Goiás: “Sempre quis fazer algo maior para o coletivo e essa era uma oportunidade única. Além disso, é uma área na qual, mesmo com 30 anos de idade na época, eu já tinha amplo domínio e plena certeza de que poderia ajudar. Não tive como recusar. Convenci minha família e comecei a formar nossa equipe”. O resto é história — contada, inclusive, pelos R$ 31 bilhões de investimento e mais de 210 mil empregos gerados em menos de quatro anos. A outra história começa a ser contada agora, com sua candidatura a deputado federal. “Tudo o que fizemos em Goiás pode se desmanchar no ar, se o Congresso Nacional aprovar alguma lei que barre nossa política de incentivos. Por isso, sou candidato. Porque preciso defender o nosso desenvolvimento”. Conhecendo sua história e sua determinação pessoal, é possível apostar que este desafio eleitoral é apenas o primeiro de muitos que estão em seu futuro.
Mesmo com escassa estrutura, Almir Luiz, candidato a deputado federal, com base política em Morrinhos, faz uma campanha dinâmica e propositiva. No município, enfrenta a estrutura de Célio Silveira, do PSDB, que conta com o apoio do prefeito Rogério Troncoso (PTB). Mas desanima. Almir Luiz tem como projeto revitalizar o centro antigo de Morrinhos, com o consequente tombamento de aproximadamente 40 casas. “As casas estão sendo derrubadas e, com isso, se perde parte da história arquitetônica da cidade. Eu também quero criar pontos de cultura. Morrinhos, afinal, já foi chamada de a ‘Atenas de Goiás’. Proponho mais incentivo ao turismo, pois a cidade faz parte do circuito das águas. É preciso colocar Morrinhos no circuito cultural do Estado.”
Um veterano peemedebista lembra que o símbolo de Iris Rezende era a pá do pedreiro. O objetivo era mostrar-se como um político da construção. Já, na campanha deste ano, Iris mudou tudo e trocou a pá por uma marreta — sugerindo que se tornou um político especialista em destruição.