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Na semana passada, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), articulou uma carreata-monstro para Iris Rezende.
Maguito Vilela quer calar de vez a voz da deputada Iris Araújo, que, volta e meia, diz para peemedebistas que o prefeito de Aparecida “é marconista de manhã, à tarde e à noite” e que só se torna irista na presença de Iris Rezende — o que seria “raro”.
Trata-se de uma injustiça: Maguito Vilela, embora tenha simpatia e respeito pelo governador Marconi Perillo, está mesmo trabalhando na campanha de Iris Rezende.
[caption id="attachment_18441" align="alignleft" width="300"] Agenor Mariano, vice-prefeito de Goiânia, do PMDB: “Antes Marconi Perillo dizia ‘o outro candidato’, agora tem de nominar Iris Rezende”[/caption]
O deputado federal Sandro Mabel não afastou Barbosa Neto da linha de frente da campanha de Iris Rezende para governador de Goiás. Barbosa, Samuel Belchior, Paulo Ortegal e Mabel — o núcleo duro da campanha — têm inclusive apresentado sugestões para o programa de televisão. Mas é fato que o comandante-chefe da campanha é mesmo Ronaldo Caiado e que o marqueteiro que está mandando é Jorcelino Braga, com Paulo Faria, publicitário e jornalista, e Pedro Novaes atuando como coadjuvantes. Mas Mabel, que está pagando o marketing com seus próprios recursos (consta que deve entre 500 mil e 1 milhão de reais para o marqueteiro Dimas Thomas; um aliado do deputado nega a dívida), e Barbosa não foram alijados. Todos dizem que, no segundo turno, com a família de Iris Rezende mais afastada — o “triunvirato de amadores”, Ana Paula-Iris Araújo-Frederico Peixoto levou um chega-pra-lá dos profissionais políticos —, Iris está ouvindo mais as orientações. Mabel e Barbosa estão conseguindo “acessá-lo”. Até o discreto Mauro Miranda, leitor de Montaigne e de fala baixa, tem sido ouvido. Ana Paula ficou com a missão de cuidar dos medicamentos de Iris e Frederico de pagar as contas de energia e água dos comitês e do escritório do candidato. Iris Araújo fica em casa, tuitando contra Júnior Friboi e, às vezes, estocando Maguito Vilela.
Nas conversas com aliados, Mabel, Barbosa Neto, Irondes Morais e Mauro Miranda, e até o iracundo Jorcelino Braga, admitem que Iris não tem chance de derrotar o governador Marconi Perillo. Mas querem dar um pouco mais de trabalho para o tucano-chefe.
Já o vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano (PMDB), afirma que Iris Rezende “é uma força da natureza”. Ele frisa que, aos 80 anos, o peemedebista-chefe tem a energia de um homem de 40 anos. “Como somos realistas, sabemos que não é fácil ‘virar’ e ganhar a eleição de um candidato com uma estrutura tão gigante quanto a de Marconi Perillo. Mas estamos lutando e podemos surpreender. O que é difícil não é impossível. Observe que com um pequeno desenho animado, o do Rei Mandão, nós conseguimos incomodar a campanha do tucano.”
Agenor Mariano diz que, ao encontrar aliados de Marconi na semana passada, percebeu que estavam com “ares preocupados”. “O semblante do pessoal está ‘carregado’ e não há mais aquele discurso de ‘já ganhamos’ e, por isso, ‘nem vamos discutir com Iris’. Com o nosso crescimento, a temperatura subiu e Iris começa a ser mais criticado. Antes diziam ‘o outro candidato’. O programa paz e amor de Marconi foi para o brejo, substituído por um ‘discurso de rua’.”
A indicação de Ronaldo Caiado para a Secretaria de Segurança pública é interpretada por Agenor como um ato de ousadia. “Quem está atrás nas pesquisas de intenção de voto tem de arriscar, e foi o que fizemos. A conclusão, diante do debate suscitado, é que nós mais ganhamos do que perdemos.”
[caption id="attachment_18436" align="alignleft" width="300"] José Paulo Loureiro: o golden boy é mencionado para a Sefaz e SSP[/caption]
Mesmo o governador Marconi Perillo pedindo para sua base não discutir secretariado no momento, os líderes dos partidos estão em campo discutindo a partilha de cargos. Alguns nomes são citados para 2 ou 3 cargos, o que indica sua força junto ao tucano-chefe.
Lista dos mais cotados: Sefaz: José Taveira, José Paulo Loureiro, Jayme Rincon; Saúde: Halim Girade, José Taveira; Casa Civil/Articulação Institucional (ou Governo): Eduardo Machado, Vilmar Rocha, Joaquim Mesquita, Henrique Tibúrcio; Educação: Raquel Teixeira, Edward Madureira, Vilmar Rocha; Cidadania e Trabalho: Flávia Morais, Virmondes Cruvinel Filho, Henrique Arantes, Tales Barreto; Agricultura: Roberto Balestra, Heuler Cruvinel, José Mário Schreiner, Robledo Rezende; Gestão e Planejamento: Igor Montenegro, Leonardo Vilela, Marcos Abrão, Jean Carlo; Segurança Pública: Frederico Jayme, José Paulo Loureiro, Henrique Tibúrcio, Waldir Soares, João Campos; Detran: João Furtado; Saneago: Júlio Vaz; Agetop: Jayme Rincon; Agecom: Orion Andrade, Sandes Júnior; chefe de gabinete: Joaquim de Castro; Meio Ambiente: Jaqueline Vieira; Cultura: Nasr Chaul, Aguinaldo Coelho, Fernando Cupertino, Décio Coutinho; Infraestrutura: Danilo de Freitas; Indústria e Comércio: Alexandre Baldy; Cidades: Roberto Balestra; Agel: Júnior Vieira.
[caption id="attachment_18439" align="alignleft" width="240"] Armando Vergílio , deputado, quer ser governador de Goiás pelo menos por dois anos[/caption]
Uma coisa ninguém pode negar: com quase 81 anos, tomando cerca de 20 medicamentos por dia, Iris Rezende é um autêntico guerreiro. É fato que, enquanto Marconi Perillo visita 25 cidades e conversa com centenas de pessoas por dia, o peemedebista-chefe visita três municípios, evita ficar no sol muito tempo — senão fica tonto —, e fala com algumas dezenas de indivíduos. Mas é mesmo um resistente. Os peemedebistas não gostaram de saber, porém que, se eleito, Iris vai governar apenas dois anos — abrindo espaço para o vice, Armando Vergílio, governar mais dois anos. Foi o compromisso assumido para o presidente do Solidariedade aceitar ser seu vice.
Peemedebistas ficam preocupados porque, como não tem o hábito de terminar seus mandatos, como aconteceu com a Prefeitura de Goiânia, quando Iris passou o bastão para Paulo Garcia, o peemedebista sempre se desgasta. No poder, o prefeito Paulo Garcia, do PT, não tem feito uma administração arrojada. Tanto que, na campanha, Iris o tem mantido afastado para não se queimar.
O irismo sustenta que, pelo menos na eleição de 2010, Iris Rezende foi traído, olimpicamente, pelo prefeito Antônio Gomide, que teria fingido apoiá-lo, mas “moitou” e teria feito uma campanha de araque. “Esperamos que, este ano, Gomide não nos traia pela segunda vez. A gente sabe que ele está fazendo jogo duplo. Garante que está apoiando Iris, mas mandou seu ex-vice, o prefeito João Gomes, do PT, apoiar Marconi Perillo”, critica um peemedebista dos mais iristas. “Como é que pode o vice não apoiar Iris. Tem alguma coisa muito estranha.”
Ao nomear Olavo Noleto (PT) para sua chefia de gabinete, o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), começa a acertar a mão.
Porque Olavo Noleto, além de diplomata nato e de ter experiência política e administrativa, mantém contatos privilegiados no primeiro escalão e nos escalões inferiores, mas decisivos, em Brasília.
Como Iris Rezende pretende expulsar Júnior Friboi do PMDB, logo depois das eleições, apresentando-o como um político “infiel”, por não tê-lo apoiado para governador de Goiás, a queda de braço pelo comando do PMDB em dezembro se dará entre as forças do maguitismo e do irismo. O prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, não aprecia confrontos, mas avalia que seu grupo, com um deputado federal eleito e um prefeito, tem o direito de indicar o presidente do PMDB. Leandro Vilela é cotado para presidir o PMDB, porém, como é um nome contestado pelo irismo, o candidato a presidente pode ser Maguito Vilela. O irismo pode bancar tanto Iris Rezende quanto Iris Araújo para dirigir o partido. Mas um nome pode conquistar o apoio dos dois grupos. O deputado estadual eleito Adib Elias não desagrada o irismo e o maguitismo. Em Catalão, Adib deu a vitória para Iris Rezende e milhares de votos para Daniel Vilela. Mas integrantes do PMDB temem que Adib Elias tenha o mandato cassado e desgaste ainda mais o partido.
Um peemedebista lamentava na semana passada: “O serial killer Tiago Henrique matou 39 pessoas e enterrou de vez a candidatura de Iris Rezende”. Segundo o peemedebista, se não fosse a revelação do serial killer, a escolha de Ronaldo Caiado para secretário de Segurança Pública, no caso de vitória de Iris Rezende, teria obtido muito mais impacto. “A prisão do serial killer sepultou, de vez, a campanha de Iris Rezende”, admite. “Mas não vamos entregar os pontos.”
Nas várias conversas com o governador Marconi Perillo, Aécio Neves tem afirmado que o PT é um adversário temível, porque não se entrega, e que a batalha vai ser travada na unha. Ele tem sugerido também que, além de um ministro, o tucano-chefe de Goiás poderá indicar vários diretores. Marconi não declinou nomes. Mas é quase certo que o competente Horário Santos, hoje a alma do Detran, irá para a cúpula do Denatran. Gilvane Felipe, ex-comandante-chefe do Sebrae Goiás, poderá ir para o Sebrae nacional. Seus nomes começam a aparecer nas listas locais e nacionais. Eduardo Machado é cotado para assumir o comando da Sudeco, mas na cota do PHS nacional.
Se eleito presidente da República, Aécio Neves (PSDB) poderá levar 2 goianos para o seu ministério. O senador eleito Ronaldo Caiado iria na cota nacional do DEM. O governador Marconi Perillo (PSDB), pode indicar um ministro, mas Aécio gostaria de vê-lo no governo, possivelmente como ministro dos Transportes. Porém, o tucano-chefe tem dito, quando as sondagens são feitas, que pretende governar Goiás nos próximos quatro anos. Permanecendo no governo, se for reeleito, Marconi tende a indicar Vilmar Rocha (PSD) para algum ministério ou uma diretoria importante. O nome do vice-governador José Eliton tem sido aventado para o Ministério da Justiça. O economista Giuseppe Vecci, embora queira passar pela experiência da Câmara dos Deputados, também tem sido citado.
Na eleição para prefeito de Rio Verde em 2016, a diferença pode ser a presença ativa de Júnior Friboi. É provável que o empresário atue no município, bancando uma aliança ampla entre Paulo do Valle, Karlos Cabral e Leonardo Veloso. O projeto do friboizismo é o seguinte: o médico Paulo do Valle, do PMDB, para prefeito e o deputado estadual não reeleito Karlos Cabral, do PT, na vice. Leonardo Veloso (PRTB), político jovem e articulado, seria candidato a vereador. Aposta-se que se o PMDB bancar Paulo do Valle e o PT lançar Karlos Cabral, numa cidade que não tem segundo turno, a situação mais uma vez vai eleger o prefeito de Rio Verde. Fácil, fácil. Sem choro nem vela. Porém, com estrutura política e financeira, o friboizismo avalia que poderá derrotar o candidato do prefeito Juraci Martins (PSD), possivelmente o deputado federal, Heuler Cruvinel (PSD), que mostrou força ao ser reeleito com uma votação expressiva.
O prefeito de Anápolis, João Gomes, do PT, começa a cair nas graças da população do município. Comenta-se que é proativo, não perde tempo com questiúnculas e gosta de trabalhar. Politicamente, João Gomes tem sugerido que não vai carregar a alça do caixão de Iris Rezende, do PMDB. Vai deixar isto para aqueles que acham que têm mas no fundo não têm expertise política alguma. Embora não esteja fazendo campanha aberta para o governador Marconi Perillo, o prefeito João Gomes vota no tucano-chefe e autorizou seus auxiliares a apoiá-lo. Acrescente-se que João Gomes é amigo de Marconi há vários anos. Ao apoiar Marconi e se postar contra Iris Rezende, João Gomes está, na verdade, ficando ao lado de Anápolis, que tem um contencioso histórico com o irismo, que sempre boicotou a cidade. A perseguição começou devido a Henrique Santillo e se estendeu a outros políticos e empresários locais. Anápolis, do ponto de vista de Iris Rezende, é o funcionalismo público das cidades, quer dizer, detestável. Em época de eleição, evidentemente, o peemedebista-chefe visita a município, diz que o ama, mas, passada a campanha, desaparece. Se for colocado num bairro de Anápolis, sozinho, Iris Rezende não consegue voltar para casa. Terá de telefonar para alguém buscá-lo. O peemedebista-chefe não conhece nada da cidade.
O peemedebista-chefe Iris Rezende não esconde de ninguém que tem certa repulsa pelo PT, sobretudo o PT de Lula, Dilma Rousseff, Rubens Otoni e Antônio Gomide. Ele só gosta mesmo do PT do prefeito Paulo Garcia, porque este se submete ao seu controle. Iris Rezende, que nunca foi de esquerda, sente-se incomodado na presença dos radicais do PT. Avalia-os como chato-boys.
Nos bastidores, com sua astúcia habitual, Iris Rezende, talvez para agradar Ronaldo Caiado (DEM), tem liberado alguns aliados para apoiar o candidato do PSDB a presidente da República, Aécio Neves. O ex-senador Mauro Miranda, homem inteligente e diplomático, é eleitor de carteirinha de Aécio Neves. Assim como Sandro Mabel.
Iris Rezende é tremendamente subserviente aos políticos nacionais. Quando conversa com o vice-presidente da República, Michel Temer, por exemplo, é “sim, senhor” para cá e “sim, senhor” para lá. Contra políticos de Goiás, Iris Rezende é um verdadeiro serial killer: passa o trator mesmo ou puxa o tapete. Diante de um grandão nacional, fica cheio de salamaleques.