Sudão mergulha no caos: guerra civil se transforma em genocídio; veja vídeo
30 outubro 2025 às 16h20

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O Sudão está sangrando. Nos últimos três dias, mais de quatro mil civis foram assassinados em ataques brutais que deixaram rastros captados por satélites, mostrando enormes poças de sangue em contraste com a areia do deserto do Saara. Desde o começo desta semana, atrocidades motivadas por uma limpeza étnica com requintes de crueldade ocorrem na cidade de El Fasher, na região de Darfur do Norte.
El Fasher, último reduto significativo do exército sudanês, foi abandonada pelas forças governamentais à própria sorte. A cidade estava cercada por grupos rebeldes islâmicos há um ano e meio. Na terça-feira (28), paramilitares tomaram o controle total de El Fasher e, imediatamente, iniciaram o genocídio da população cristã local.

As imagens que chegam do Sudão são fortes e desumanas. Em apenas 48 horas, mulheres, crianças e famílias inteiras foram cruelmente eliminadas. Por toda a cidade, há mulheres enforcadas em árvores junto de seus filhos. Valas com dezenas de corpos se espalham por cada esquina de El Fasher, que se transformou no palco principal do terror islâmico que, há dois anos, devasta o Sudão.
Na noite de ontem, as Forças de Apoio Rápido (RSF) assassinaram 460 pessoas — entre pacientes e equipe médica — no principal hospital da cidade. A Rede de Médicos do Sudão, que monitora a guerra civil desde 2023, afirmou que a RSF matou “a sangue-frio” todas as pessoas encontradas dentro do Hospital Saudita. As atrocidades contra a população civil de El Fasher são tantas que até mesmo o líder dos rebeldes islâmicos, general Mohammed Gola, reconheceu que o grupo que ele comanda provocou uma catástrofe na cidade.
A guerra civil no Sudão teve início em abril de 2023, entre o Exército Regular Sudanês (SAF) e a Força Paramilitar (RSF), que disputam o controle do país — especialmente da capital Cartum e da região de Darfur, onde fica El Fasher. Dois anos de conflito foram suficientes para devastar o país, levando a ONU a classificar a situação como a pior crise humanitária do planeta.
A Agência das Nações Unidas para Refugiados estima que cerca de 35 mil pessoas fugiram da região de Darfur desde o último domingo. Testemunhas relataram à agência Associated Press que os combatentes vão de casa em casa — a pé, montados em camelos ou em veículos — e disparam contra civis. O cheiro da morte se espalhou por El Fasher.
A OMS, a ONU, a União Europeia e outros países denunciaram a brutalidade da RSF e o caráter étnico dos ataques contra civis. A Cruz Vermelha declarou estar profundamente chocada com a violência crescente no Sudão, provocada por rebeldes islâmicos que infligem à população de El Fasher — e de todo o país — desespero e imenso sofrimento.
De acordo com dados da ONU, mais de 30 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária urgente em todo o Sudão. Quase 25 milhões enfrentam insegurança alimentar severa, e pelo menos um milhão de sudaneses estão em situação de fome extrema. Não há mais hospitais — todos foram destruídos — e o sistema nacional de saúde entrou em colapso. Doenças como malária e cólera se espalham rapidamente. Milhões de sudaneses estão deslocados dentro do próprio país, enquanto outros milhões buscam refúgio em nações vizinhas.
O Sudão, neste momento, é o inferno na Terra.
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