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Um terremoto de magnitude 8,8 registrado no dia 29 de julho ao largo da Península de Kamchatka, no extremo leste da Rússia, gerou ondas de tsunami em diversas partes do Pacífico, mas os efeitos foram significativamente menos destrutivos do que o temido inicialmente. O fenômeno mobilizou alertas e evacuações em países como Japão, Estados Unidos e ilhas do Pacífico, mas o impacto ficou restrito a pequenas inundações costeiras e ondas de altura moderada.

O tremor ocorreu em uma zona de subducção, onde a placa do Pacífico se move sob a placa de Okhotsk, a cerca de 21 quilômetros de profundidade. A região de Kamchatka é conhecida por sua intensa atividade sísmica e vulcânica, sendo considerada uma das áreas mais propensas a terremotos no planeta. A movimentação tectônica naquele ponto tem características propícias para megaterremotos, como o ângulo raso da falha e a taxa elevada de subducção (cerca de 75 milímetros por ano).

Apesar da magnitude elevada e da liberação considerável de energia, o terremoto não resultou em tsunamis catastróficos como os observados no Japão em 2011 ou no Oceano Índico em 2004. Segundo especialistas, isso se deve ao fato de que a ruptura não afetou todo o fundo do mar, elemento essencial para a formação de grandes ondas. O movimento da falha foi menos eficiente em deslocar grandes volumes de água.

As ondas mais significativas atingiram a própria costa russa, com registros de 3 a 5 metros na cidade de Severo-Kurilsk. Em outras localidades, como Havaí e Califórnia, as ondas não ultrapassaram 1,5 metro. Ainda assim, medidas de precaução foram adotadas em várias regiões do Pacífico, com emissão de alertas e evacuações preventivas.

A forma das linhas costeiras também influencia a severidade de um tsunami. Costas com baías estreitas ou penínsulas podem intensificar o impacto das ondas, enquanto costas mais abertas tendem a dissipar a energia. No caso do atual evento, as formações geográficas e o padrão de ruptura contribuíram para limitar os efeitos à distância.

Além disso, o vulcão Klyuchevskoy, considerado o maior ativo do Hemisfério Norte, entrou em erupção horas após o tremor. Ainda não se sabe se há relação direta entre os dois eventos, segundo especialistas do Serviço Geológico dos EUA.

Desde o terremoto principal, mais de 20 tremores secundários foram registrados, incluindo um de magnitude 6,9. O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) estima uma chance de 60% de novos abalos superiores a 7,0 na região nos próximos dias, embora a probabilidade de ocorrer um terremoto maior que o principal seja considerada baixa, cerca de 5%.

A atividade sísmica recente reforça o alerta para os riscos permanentes nas zonas de subducção, que concentram alguns dos mais poderosos terremotos da história. O evento de Kamchatka, embora não tenha causado destruição em larga escala, serve como lembrete do potencial geológico da região.

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