O físico italiano Giorgio Parisi, vencedor do Prémio Nobel de Física de 2021, defende que as pessoas cozinhem massas, como macarrão, com o fogão desligado após a água ser fervida. Isso permitiria consumir menos energia elétrica, o que pode ajudar na crise energética que acontece na Europa, causada pelo bloqueio de fornecimento de gás natural e petróleo russo, que será agravada durante o inverno.

De acordo com Parisi, assim que a água ferve, a massa deve ser adicionada e depois é necessário aguardar mais dois minutos antes de desligar o fogão, depois é só continuar cozinhando. Dessa forma, ele calcula que no mínimo foram economizados oito minutos de energia.

“O mais importante é manter a tampa, muito calor é perdido com a evaporação. Depois de ferver a massa, eu coloco o gás no mínimo, para que cozinhe sem consumir energia. Também é possível desligar o fogão, como sugerido na publicação de Alessandro Burisi Vici, que simplesmente compartilhei. Obviamente, se consome menos gás e a massa fica cozida igualmente”, explicou o cientista da Universidade Sapienza, localizada em Roma.

Entretanto, em seu país natal, a ideia não foi muito bem recebida, principalmente por alguns chefs de cozinha. Em entrevista para o jornal italiano A República, o autor e chef Antonello Colonna afirmou que o método estragaria a massa. “A solução dele não pode ser usada em restaurantes sofisticados, pois caso se cozinhe assim, a massa fica com uma textura borrachosa”, explicou o cozinheiro.

No mesmo sentido, o chef Luigi Pomata também aproveitou e alfinetou o laureado com o Nobel de Física: “Isso seria um desastre. Vamos deixar a cozinha para os chefs enquanto os físicos fazem experimentos em seu laboratório”.

Apesar da revolta na Itália, o debate não é novo no país, inclusive já levantado pela Unione Italiana Food no passado. Segundo a associação que representa os fabricantes de alimentos no país, desligar o fogo depois de dois minutos fervendo, com a tampa, pode economizar 47% das emissões de CO2 emitidas no processo. “Com um consumo médio de 23,5 quilos per capita em massas, cada italiano economizaria até 44,6 quilowatts-hora, 13,2 quilos de emissões de CO2 e 69 litros de água em um ano”, defendeu a associação alimentícia.