Aos 99 anos, Mirta Baravalle, uma das fundadoras e figuras das Mães e Avós da Plaza de Mayo, faleceu sem realizar conhecer seu neto, nascido em cativeiro. A ativista, que dedicou décadas à busca de justiça e à luta pelos direitos humanos, deixou um legado para o movimento das mães argentinas, que protestaram contra o desaparecimento de seus filhos durante o regime militar. A informação foi confirmada pelo jornal argentino Página 12.

Baravalle iniciou sua militância nos anos 1970, quando a Argentina vivia sob um regime opressor. Ela era mãe de Ana Maria Macoñón, uma jovem desaparecida enquanto estava grávida. Como tantas outras mães, Mirta buscava respostas sobre o paradeiro da filha e do neto, nascido em cativeiro. Ao longo dos anos, o desaparecimento de Ana e de outros milhares se transformou em uma ferida aberta no país, dando origem às Mães da Plaza de Mayo, movimento que se consolidou como um símbolo de resistência.

A trajetória de Mirta Baravalle

Mirta Baravalle e outras mães, como Azucena Villaflor de De Vinci e Haydée García Buelas, reuniram-se pela primeira vez na praça em Buenos Aires, em 1977, com lenços brancos na cabeça. Essas mulheres estavam determinadas a cobrar respostas sobre o paradeiro dos filhos e filhas, questionando as práticas da ditadura militar, que governou a Argentina entre 1976 e 1983.

O trabalho das Avós da Plaza de Mayo trouxe resultados: centenas de netos foram localizados e restituídos a seus verdadeiros parentes ao longo dos anos. Porém, o próprio neto de Mirta Baravalle, nascido enquanto sua filha estava em cativeiro, nunca foi encontrado.

Entre 1976 e 1983, estima-se que cerca de 30 mil pessoas foram sequestradas, torturadas e mortas durante a ditadura militar argentina. Muitos dos desaparecidos foram jogados em fossas comuns, outros foram atirados ao mar, e poucos registros documentaram o destino dessas vítimas. As Mães da Plaza de Mayo emergiram como uma busca por respostas.

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