Conheça 23 curiosidades sobre São Jorge, festejado neste domingo

Há 15 anos, todo dia 23 de abril é comemorado o feriado de São Jorge no Estado do Rio de Janeiro. Na capital, o Santo Guerreiro é tão popular – ou mais – quanto o padroeiro até da cidade, São Sebastião, e é reverenciado por sua história, ficção e devoção como padroeiro de países, tempos e combatentes.

O portal de notícias G1 compilou 23 curiosidades sobre São Jorge, o Santo Guerreiro, e Ogum, o orixá associado a ele.

1- A história de Jorge antes de se tornar santo é pouco conhecida, mas de acordo com historiadores, acredita-se que ele tenha nascido por volta do ano 280 na Capadócia, atual Turquia, e foi martirizado em 23 de abril de 303 na cidade de Lida , hoje em dia localizado em Israel;

2- Jorge ingressou no Exército do Império Romano e foi rapidamente promovido a capitão. Sua habilidade e lealdade o levaram a ascender a tribuno, até que acabou integrando a guarda pessoal de Diocleciano;

3- Diocleciano era um imperador romano pagão que ordenou a execução de cristãos. Jorge, que era cristão, se revoltou e em sua audiência com o imperador, declarou sua fé em Cristo. Como resultado, ele foi preso, torturado e finalmente decapitado;

4- Sua força e coragem alcançaram-se lendárias e determinaram-se por toda a Europa. Nos séculos 6 e 7, os padres já mencionaram sua história. Jorge tornou-se uma referência para os mártires cristãos;

5- Jorge também se tornou um símbolo de exércitos e conquistas em diversas regiões, como na Espanha (em batalhas contra os mouros), Portugal (em conflitos contra os espanhóis) e Inglaterra (em confrontos contra vikings e franceses);

6- A lenda do dragão é uma das histórias associadas a São Jorge, mas ela surgiu quase mil anos depois de sua morte. Segundo a lenda, uma cidade na Líbia sofria com a presença de uma criatura terrível que vivia em um pântano e exigia o sacrifício de jovens e animais para ser saciada. Quando a princesa da cidade foi escolhida como próxima vítima, São Jorge apareceu e matou o dragão, salvando a princesa e a cidade;

7- De acordo com outra versão dessa história, a batalha entre São Jorge e o dragão do pântano foi tão intensa que se estendeu pelo firmamento, alcançando a Lua. Diz-se que as crateras na superfície lunar são vestígios da luta épica entre o santo e o dragão;

8- A inspiração em batalhas europeias levou Jorge a ser reconhecido como padroeiro de Portugal e da Inglaterra. Em Portugal, ele é venerado como santo desde 1385, quando, segundo a crença popular, intercedeu a favor do país contra o Reino de Castela. Como uma referência à sua proteção, as ruínas do Castelo de São Jorge são uma atração turística em Lisboa, situadas no topo de uma colina;

9- O rei Eduardo III proclamou São Jorge como padroeiro da Inglaterra em 1350. A bandeira inglesa tem uma cruz vermelha sobre fundo branco, que representa o santo. Já a Union Jack, bandeira do Reino Unido, é uma combinação das cruzes de São Jorge, São Eduardo (patrono da Escócia) e São Davi (padroeiro do País de Gales);

10- Portanto, é importante lembrar que São Jorge é o padroeiro da seleção inglesa. Então, é preciso ter cuidado ao apelar para o santo;

11- A Capela de São Jorge, localizada no Castelo de Windsor, é o local onde uma família real britânica realiza a maioria de seus serviços funerários. É um lugar histórico, onde a rainha Elizabeth II viveu e agora está enterrada;

12- Meghan e Harry realizaram seu casamento na Capela de São Jorge, em 2018, tornando a igreja um local simbólico para o casal. Apesar de terem se afastado da realeza, a cerimônia sagrada foi abençoada pelo padroeiro, São Jorge;

13- São Jorge é um santo cultuado pelo Corinthians e pela Gaviões da Fiel, sendo o Parque São Jorge um exemplo de local que homenageia o padroeiro;

14- Outro fato interessante sobre a Inglaterra é que a lenda diz que William Shakespeare nasceu e morreu em 23 de abril. O dramaturgo também incluiu o santo padroeiro em suas obras. Em “Henry V”, William descreve um grito de guerra contra os franceses: “Deus para Harry, Inglaterra e São Jorge!”;

15- Jorge também foi adotado pelos ferreiros, cuteleiros e barbeiros da Irmandade de São Jorge de Lisboa, fundada no século 14. No Brasil, o culto a São Jorge cresceu significativamente com a vinda da Corte para o Rio de Janeiro, principalmente porque era D. João VI devoto do santo. Assim, a tradição do patrono dos ferreiros foi mantida e difundida no país;

16- Na tradição religiosa nagô e iorubá, o orixá Ogum é venerado pelos ferreiros e guerreiros. Com a diáspora africana e a chegada dos escravos no Brasil, conheceu semelhanças entre a figura do orixá e de São Jorge, patrono dos ferreiros e soldados. Essa convergência religiosa levou ao sincretismo, que é a mistura de elementos de diferentes tradições religiosas;

17- Segundo Leonel Monteiro, presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia, os escravizados foram forçados a abandonar suas tradições religiosas e adotar a fé católica. No entanto, muitos continuarão a cultivar suas denominações africanas de forma disfarçada, durante celebrações de santos católicos. O sincretismo religioso que ocorreu no Brasil é uma consequência da escravidão e do racismo religioso que os africanos e seus descendentes preservaram ao longo da história;

18- O professor e historiador Luiz Antônio Simas tem uma opinião diferente. Para ele, a conexão entre Ogum e São Jorge se dá por meio da metalurgia e dos cultos secretos dos iniciados nos mistérios do ferro e das lâminas dos cutelos, fazedores de faca. Ele acredita que essa conexão pode perfeitamente ser o elo que une o santo e o orixá;

19- O historiador e pai de santo Guilherme Watanabe também destaca que o sincretismo religioso entre as religiões africanas e os santos católicos não surgiu apenas com a diáspora africana. Segundo ele, “alguns reinos da África Central foram reinos católicos que incorporaram a religião cristã”;

20- Em 9 de maio de 1969, o Vaticano retirou São Jorge do calendário litúrgico oficial da Igreja Católica, o que causou confusão em muitas pessoas, que acharam que o santo havia sido “cassado”. Na verdade, a mudança foi apenas uma reorganização do calendário, e a celebração de São Jorge passou a ser uma “memória facultativa”, ou seja, uma festa que pode ser celebrada pelos fiéis, mas não é obrigatória;

21- Após a retirada de São Jorge do santoral oficial da Igreja Católica em 1969, muitos padres retiraram as imagens da santa das igrejas, o que gerou descontentamento popular. Com o tempo, a figura de São Jorge foi sendo gradativamente reintegrada aos altares e, atualmente, ele é um dos santos mais populares em todo o mundo;

22- São Jorge foi um dos muitos santos celebrados pelo Papa João Paulo II durante as celebrações do Jubileu em 2000. Isso foi interpretado por alguns observadores como uma espécie de reabilitação oficial do santo;

23- Independentemente da celebração ter sido mudada pela Igreja Católica, São Jorge continua sendo considerado em Roma como o “padroeiro dos cavaleiros, soldados, escoteiros, esgrimistas e arqueiros”. Além disso, o santo é lembrado em diversas festividades pelo mundo, inclusive no carnaval, como aconteceu no último desfile da Vila Isabel na Sapucaí.