Em uma área que abrange cerca de 1,4 mil hectares próximo à Chapada dos Veadeiros, a multinacional Aclara diz ao Jornal Opção que inicia as atividades em Goiás destacando-se por sua abordagem inovadora e sustentável na extração e processamento de terras raras, elementos essenciais para a fabricação de diversos produtos de alta tecnologia renovável. Terras raras são um conjunto de minerais essenciais para a produção de aparelhos eletrônicos e outras tecnologias cada vez mais utilizadas no dia a dia, como veículos elétricos, turbinas eólicas, drones, smartphones e dispositivos médicos.

O CEO da Aclara Resources, Ramón Barúa, explica que a empresa está focada na extração de minerais de maneira sustentável. “A recuperação de terras raras é totalmente compatível com a tecnologia de processamento patenteada e demonstrada com sucesso em escala piloto pela Aclara, projetada para minimizar o custo e fortalecer a pegada ambiental”. Barúa explica que o depósito superficial significa que não serão necessárias escavações profundas.

“Nosso grande desejo é poder contribuir com o desenvolvimento dessa região tão acolhedora, impulsionando a economia local, gerando empregos e promovendo práticas sustentáveis em conjunto com a comunidade”, pontua o CEO que completa: “A Aclara está trabalhando na exploração de um projeto com muito potencial em Goiás”. O recurso mineral inferido inicial para o Projeto é estimado em 168 Mt com um grau de 1.510 ppm de óxido de terras raras total (“TREO”) e 477 ppm de óxido de terras raras dessorvível (“DREO”). O valor médio do retorno líquido da fundição (“NSR”) do recurso é de US$ 32,3/t ao usar um valor de corte de US$ 7,4/t.

Segundo Ramón Barúa, a campanha inicial de exploração (que aconteceu entre fevereiro e agosto de 2023) resultou em 238 furos como parte de um trabalho de reconhecimento que cobriu os 1.400 hectares dentro do Módulo Carina. “Isso contribuirá para definirmos uma estimativa inaugural de recursos com a dimensão necessária para suportar um novo módulo de produção, além de fornecer a orientação para futuras campanhas de perfuração de circulação reversa, para avaliar completamente o potencial do ativo tanto lateralmente, como em profundidade”.

Segundo a empresa, a extração de minerais é feita de maneira sustentável. | Foto: Divulgação

O que são as Terras Raras

As principais espécies minerais que contêm terras-raras são monazita, bastnaesita, xenotima (ou xenotímio) e argilas portadoras de terras-raras adsorvidos sob forma iônica. Essas argilas, exploradas apenas na China, e a xenotima são as principais fontes de terras raras pesados. A monazita e a bastnaesita são também importantes fontes de terras-raras, principalmente leves.

Os minerais terras raras são considerados todos aqueles que possuem utilidade como matéria-prima para a indústria produzir uma série de materiais distintos, sendo compostos por 17 diferentes elementos químicos que fazem parte da família dos lantanídeos, adicionando também o ítrio e o escândio. O depósito contém uma quantidade significativa de disprósio (Dy), térbio (Tb), neodímio (Nd) e praseodímio (Pr).

Grandes depósitos de bastnaesita são encontrados na China e nos Estados Unidos. No Brasil, Austrália, Índia, África do Sul, Tailândia e Sri Lanka, os elementos terras-raras ocorrem em monazita e em areias com outros minerais pesados. Também é importante destacar a ocorrência, no Brasil, de importantes concentrações de terras-raras na monazita, encontrada tanto em depósitos do tipo placer5 quanto em carbonatitos, e na xenotima.

A cadeia produtiva dos terras-raras pode ser decomposta em várias etapas. Inicialmente, extrai-se o minério que contém esses elementos. Após extraído, o minério é triturado e moído. Em seguida, em geral por um processo de flotação7 , obtém-se o minério concentrado que contém terras-raras. Depois da concentração, ocorre a separação dos diferentes óxidos de terras-raras.

Após o processamento primário, os óxidos são refinados e convertidos em metais, que depois são combinados com outros metais para se produzir as ligas contendo terras-raras. Essas ligas são usadas em centenas de aplicação, principalmente na área de alta tecnologia. A Figura 1.1 ilustra a cadeia produtiva dos elementos terras-raras.