Vídeo revela seca preocupante no Rio do Peixe; Delegado Luziano aponta causas
03 novembro 2025 às 18h08

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O Rio do Peixe, um dos principais afluentes d’água do Rio Araguaia, está enfrentando uma das maiores secas já registradas. Imagens aéreas feitas neste domingo, 2, revelaram que o leito do Rio praticamente secou, em pleno início da Piracema, período crítico para a reprodução dos peixes.
Em um entrevista exclusiva com o Jornal Oção, o delegado Luziano Carvalho, titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), não poupou palavras ao descrever a gravidade da situação. “A seca está cada vez pior por causa de questões como aquecimento global, claro, mas também pela falta de respeito de muitos fazendeiros que drenam a água do rio. Fora que tem uns que desmatam próximo das margens”, apontou.
O delegado explicou que o problema, muitas vezes, não é o que acontece em um ponto específico do rio, mas ações que ocorrem em outros pontos que acabam corroborando para o resultado como se pode ver no vídeo. “São vários fatores que se somam: desmatamento, drenagem ilegal de áreas brejosas, captação excessiva de água para irrigação sem sistemas adequados de armazenamento. Tudo isso contribui para a escassez hídrica que estamos vendo agora”, disse.
Além disso, a Piracema começou, mas não tem água suficiente para os peixes subirem os rios e desovarem. “É como se estivéssemos tentando preservar a vida aquática sem oferecer o mínimo necessário: água”, afirmou.
O delegado também chamou atenção para a destruição das chamadas áreas de “mundu”, regiões brejosas que funcionam como reservatórios naturais de água da chuva. “Essas áreas são fundamentais para liberar água na época da seca. Quando são drenadas, a água da chuva não infiltra mais, ela escorre e vai embora. É uma ação suicida contra o meio ambiente”, alertou.
Além do Rio do Peixe, outros rios como o Tesoura e o próprio Araguaia estão sofrendo com a diminuição da vazão. “Depois de Luiz Alves, o Araguaia já não suporta mais. São muitos drenos e pivôs centrais retirando água sem controle. A gente vê o rio abaixar de uma vez, e os impactos são imediatos”, disse Luziano.
A Piracema, que começou em 1º de novembro e vai até 28 de fevereiro, é o período em que os peixes sobem os rios para se reproduzir. Sem água suficiente, esse ciclo natural está comprometido. “É como se estivéssemos tentando proteger os peixes, mas tirando deles a chance de sobreviver. A natureza tem limites, e esses limites estão sendo ignorados”, lamentou o delegado.
Luziano Carvalho afirmou que ao seu ver não é somente leis que resolvem esse problema. “Não é por leis que vamos resolver isso. É por respeito à natureza. Enquanto não houver equilíbrio entre o econômico e o ambiental, não vamos chegar a lugar nenhum”, concluiu o delegado.
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