Caça de javalis é suspensa e Ibama transfere responsabilidade de licença para Exército

27 agosto 2023 às 13h00


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O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) decidiu suspender temporariamente todas as licenças anteriormente emitidas para a caça de javalis e outras espécies exóticas como medida preventiva no Brasil. O comunicado divulgado no Sistema de Informação de Manejo de Fauna (Simaf) do órgão, na semana passada, informa que, a partir de agora, as autorizações para a caça serão concedidas pelo Exército. Por isso, as emissões foram bloqueadas até que os procedimentos sejam reajustados.
“Considerando a edição do Decreto 11.615, de 21 de julho de 2023, que determina que a caça excepcional para controle de fauna invasoras somente será autorizada pelo Comando do Exército, suspendemos preventivamente as autorizações de manejo em vida livre nas modalidades de caça ativa, ceva ou espera emitidas pelo Simaf, até que se proceda às adequações necessárias”, cita trecho da nota do Ibama.
A Sociedade Rural Brasileira (SRB) expressou preocupação com a suspensão das autorizações. A entidade fez um apelo ao Ministério da Agricultura e outras autoridades para que a burocracia não colocasse em risco o status sanitário do país. A entidade solicita uma resolução rápida para o impasse no controle das espécies exóticas.
“Destacamos ainda os sérios riscos sanitários que o javali representa para a pecuária nacional, ainda mais neste momento em que avança pelo país a retirada da vacinação contra a febre aftosa. É de conhecimento de todos que os javalis e os javaporcos são reservatórios de várias doenças, como a Peste Suína Clássica, a doença de Aujeszky e a Febre Aftosa”, ressaltou, por comunicado, a SRB.
Mortes acidentais
Desde a autorização de caça a animais exóticos no Brasil, mais de dez caçadores morreram baleados acidentalmente. Nos últimos cinco anos, ao menos 13 óbitos foram registrados em decorrência da atividade, considerada esportiva. Em Goiás, no mês de maio deste ano, um homem de 29 anos foi atingido com um tiro em uma fazenda no distrito de Santo Antônio do Rio Verde, em Catalão, no sudeste de Goiás. No mesmo mês, outro caçador de 31 anos foi alvejado, em um safári dentro de uma fazenda em Serranópolis, no Sudoeste de Goiás.
Vale destacar que todos os incidentes possuem o mesmo padrão e ocorreram a partir de 2019, quando as caçadas passaram a ser permitidas pelos órgãos ambientais. A justificativa é o controle de espécies invasoras. E, paralela a isso, há uma movimentação de um negócio de venda de armas e munições.
O cadastramento de locais para a prática, como de fazendas, era feito pela Confederação de Tiro e Caça do Brasil (CTCB). Em uma comunidade no seu site, a instituição pede que os membros indiquem as propriedades com animais que possam ser abatidos.