A Amazônia, reconhecida como a maior floresta tropical do mundo e essencial para a regulação do clima global, enfrentou a sua mais severa seca registrada em 2023. Os níveis dos rios no Estado do Amazonas atingiram números mínimos alarmantes e os impactos destas mudanças climáticas nos serviços ecossistêmicos geram incertezas para 2024, apesar das perspectivas otimistas.

Pensando nisso, Defesa Civil, Marinha, representantes do governo do Amazonas, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e as universidades Federal e Estadual do Amazonas (Ufam e UEA, respectivamente) se reuniram no seminário “Pré-Cheia: Análise e Prognóstico Hidrometeorológico 2024” do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) para discutir a previsão para o período.

As análises do Censipam indicam que, devido à seca severa em 2023, os níveis dos rios do Amazonas permanecem abaixo do esperado. A expectativa é de que uma cheia dentro da média em 2024 minimize impactos imediatos, mas somente após o enfraquecimento do El Niño, previsto para ocorrer entre abril e maio.

Seca histórica
Um recente estudo do Centro Científico da União Europeia revelou que, em 2023, os nove países da Bacia Amazônica enfrentaram os menores volumes de chuva em mais de 40 anos de julho a setembro. Essa condição impactou rios e biodiversidade, especialmente nas cabeceiras dos rios Solimões, Purus, Juruá e Madeira, do centro-sul do Amazonas até os países mais ao sul da floresta, como Peru e Bolívia.

As chuvas no Amazonas ficaram de 100 a 350 milímetros abaixo do normal, representando aproximadamente metade do esperado para a região. O impacto ambiental é evidente, com todos os 62 municípios do Estado em situação de emergência, afetando mais de 630 mil pessoas.

Além da escassez de chuvas, o estudo identificou uma série de ondas de calor recordes entre agosto e novembro, elevando as temperaturas de 2°C a 5°C acima da média histórica. Esses eventos têm ameaçado a vida selvagem, aumentado o risco de incêndios e causado níveis fluviais críticos, impactando a mobilidade nas comunidades ribeirinhas e o acesso a bens essenciais.

Fator El Niño

O El Niño deste ano influenciou bastante as condições meteorológicas e será lembrado como um dos cinco mais fortes registrados, embora não alcance a categoria de “Super El Niño”, como inicialmente divulgado. Para 2024, a expectativa é de normalidade, com o enfraquecimento do El Niño e o Oceano Pacífico assumindo a categoria “neutra” a partir de junho.

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