Com colaboração de Fabrício Vera e Giovanna Campos

A vereadora por Goiânia, Aava Santiago (PSDB), afirma que pretende alavancar a preservação do bioma do Cerrado na 30ª edição da Conferência das Partes (COP 30), em Belém (PA), entre os dias 10 e 21 de novembro. O evento reúne lideranças governamentais de diversos países para discutir e reafirmar acordos voltados à preservação ambiental e dos ecossistemas. Entre os principais temas previstos na agenda estão justiça climática, financiamento climático para países em desenvolvimento e redução de emissões de gases de efeito estufa.

Para Aava, o encontro deve incluir discussões sobre o bioma do Cerrado, uma vez que a Amazônia assume protagonismo ambientais — o que, segundo ela, enfraquece as políticas voltadas a outros biomas. “É muito importante que o mundo tenha essa atenção em relação à maior floresta do planeta. Entretanto, a gente permitiu que houvesse uma flexibilização de maneira muito brutal em relação às legislações de outros biomas”, afirma. 

Segundo a vereadora, isso ocorre pelo desmatamento legalizado promovido por estados na região do Cerrado, que promove a exploração predatória por extrativistas. Da mesma forma, relembra a importância da preservação do Cerrado como meio de garantir a existência da Amazônia. “Não existe Amazônia sem o Cerrado. A gente tem oito das 12 bacias hidrográficas que hidratam a Amazônia. Então, se a Amazônia organiza a Terra de modo que os outros biomas tenham longevidade, ela própria só tem longevidade se for mantida a água do Cerrado”, conta.  

O Brasil conseguiu avançar na redução dos números de desmatamentos na Amazônia, enquanto os números do Cerrado ainda são muito alarmantes. Por isso, a ideia é fazer com que a atenção ao Cerrado seja na mesma dimensão de importância para a vida na Terra que a Amazônia.

Fundo Cerrado

Como medida, a vereadora propõe a criação de uma bolsa de financiamento para a redução da degradação e a manutenção da preservação do Cerrado aos moldes do Fundo Amazônia, chamado de Fundo Cerrado. Vale lembrar que o Fundo Amazônia e o Fundo Clima são voltados ao financiamento de pesquisas e políticas públicas que promovem soluções práticas na redução do desmatamento ambiental. 

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Entrevista com a vereadora Aava Santiago | Foto: João Paulo Alexandre / Jornal Opção

Com isso, Aava afirma que pesquisas em curso da Universidade Federal de Goiás (UFG) poderiam se beneficiar com os recursos, como o desenvolvimento de plástico biodegradável, amido e combustível a partir da lobeira (um fruto do Cerrado). Ao mesmo tempo, a vereadora afirma que esta solução poderia garantir um fortalecimento da pesquisa nacional, ao passo que patentes de universidades brasileiras são “engavetadas a espera de investimento”.  

Se a gente falar da nossa sobrevivência a curto prazo, é fundamental preservar o Cerrado. Ano passado vimos a queimada na Chapada dos Veadeiros e o pico histórico de internação de crianças com problemas respiratórios. Goiás ficou três dias debaixo de fumaça. Isso aconteceu pouco meses depois do estado do Rio Grande do Sul ficar debaixo d’água. Não existe defesa da vida e da família sem a preservação de um dos nossos principais biomas, que é o Cerrado

Insustentabilidade econômica

Além do financiamento, a parlamentar discute a necessidade de existir uma rigidez na legislação voltado ao Cerrado, ao passo que aponta que a flexibilização ambiental no Rio Grande do Sul para aumentar o plantio de arroz foi um dos fatores que teria promovido o desastre climático de 2024. 

Além disso, critica a insustentabilidade econômica do modelo do agronegócio de grande acúmulo de capital a curto prazo — visto os subsídios destinado ao setor, como o Plano Safra de 2025 e 2026 no valor de R$ 600 bilhões. 

Subsidiar o setor do agronegócio as custas da destruição do Cerrado não se sustenta, porque o solo perde a sua capacidade de entregar, o gado morre no meio da queimada e a lavoura fica debaixo d’água se tiver uma enchente. Então, o agropecuário precisa compreender que eles estão patrocinando algo que vai voltar contra eles no futuro.

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