“Morreu Zagallo” tem 13 letras e certamente é uma das formas com que não se gostaria de usar a conhecida brincadeira supersticiosa do Velho Lobo. Mas a expressão ganhou pé na realidade na noite desta sexta-feira, 5.

O único tetracampeão mundial de futebol, Mário Jorge Lobo Zagallo, morreu no Rio de Janeiro, aos 92 anos. A informação foi confirmada pela assessoria do ex-jogador (bicampeão do mundo em 1958 e 1966), ex-treinador (campeão em 1970) e ex-coordenador técnico (campeão em 1994, auxiliando Carlos Alberto Parreira).

A seguir, foi publicada uma nota de pesar nas redes sociais de Zagallo:

“É com enorme pesar que informamos o falecimento de nosso eterno tetracampeão mundial Mario Jorge Lobo Zagallo.

Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas.

Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você e pedimos ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande exemplo que você nos deixa.”

Zagallo praticamente apenas nasceu na alagoana Atalaia. Sua família foi para o Rio de Janeiro quando ele tinha 8 meses, morar na Tijuca, zona norte carioca. Como atleta, Zagallo passou pelas categorias de base do América, que tinha sede na Tijuca, antes de ir para o Flamengo.

Aos 18 anos, foi convocado para servir o Exército e deu início à sua relação com Copas do Mundo, exatamente no Maracanazo – fazia parte da equipe de segurança das arquibancadas do estádio quando o Brasil perdeu a final de 1950 para o Uruguai.

Profissional, foi ponta-esquerda tricampeão carioca pelo Flamengo, de 1953 a 1955. Em 1958, conquistou junto com a seleção brasileira a primeira Copa da história do País, fazendo gol na decisão contra a Suécia, vencida por 5 a 2.

Quatro anos depois, já campeão pelo Botafogo, foi bi no Chile como jogador da seleção brasileira. Em 1964, pendurou as chuteiras e, no clube da estrela solitária, começou a carreira de treinador. Foi chamado para dirigir o Braisl na Copa de 70 meses antes, assumindo o lugar de João Saldanha, que era “comunista” demais para o padrão do regime ditatorial da época. Acabou participando do comando da que foi considerada a melhor seleção de todos os tempos, tricampeã no México.

O tetra veio em 1994, nos Estados Unidos, como coordenador técnico de Carlos Alberto Parreira. Por pouco mais do que um Zidane, não foi penta: era o técnico da seleção que chegou à final da Copa de 1998, derrotada pela França do meia, que fez dois gols na fatídica final em que Ronaldo Fenômeno jogou após sofrer uma convulsão horas antes.

Em sua carreira como técnico, Zagallo treinou todos os grandes do Rio – Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense –, além do Bangu. Também passou pelo comando de seleções como a do Kuwait, dos Emirados Árabes e da Arábia Saudita – lá também dirigiu o Al Hilal, hoje time do craque e popstar Neymar Jr.