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O cineasta Silvio Tendler, considerado um dos maiores documentaristas do Brasil, morreu nesta sexta-feira, 5, aos 75 anos, vítima de infecção generalizada. Ele enfrentava há dez anos uma neuropatia diabética, doença causada por complicações da diabetes.

Ao longo de mais de cinco décadas de carreira, Tendler produziu e dirigiu mais de 70 filmes — entre curtas, médias e longas — além de 12 séries. Entre suas obras mais emblemáticas estão “Jango” (1984) e “Encontro com Milton Santos: O Mundo Global Visto do Lado de Cá” (2006).

Conhecido como “o cineasta dos vencidos” ou “o cineasta dos sonhos interrompidos”, dedicou sua filmografia a personagens que marcaram a história brasileira, como Castro Alves, Juscelino Kubitschek, Carlos Marighella, Oswaldo Cruz, Leonel Brizola e Tancredo Neves. Suas produções, vistas por milhões de espectadores, se tornaram referência de popularização do documentário no país.

Trajetória

Nascido no Rio de Janeiro em 12 de março de 1950, Tendler iniciou sua militância cultural cedo, tornando-se presidente da Federação de Cineclubes do Rio em 1968. No mesmo ano, realizou seu primeiro documentário, sobre a Revolta da Chibata, que acabou destruído pela ditadura militar.

No início dos anos 1970, viveu no Chile, onde trabalhou na Chilefilms e registrou a experiência do governo Salvador Allende. Depois, mudou-se para a França, onde se especializou em Cinema Documental aplicado às Ciências Sociais.

De volta ao Brasil em 1976, iniciou a produção de “Os Anos JK – Uma Trajetória Política”, primeiro longa-metragem de sua carreira. No ano seguinte, criou o curso pioneiro de Cinema e História na PUC-Rio, instituição na qual lecionou por mais de 40 anos.

Reconhecimento

Entre as homenagens recebidas, estão a Medalha Juscelino Kubitschek (2003) e a condecoração na Ordem de Rio Branco, em 2006, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reconhecimento ao mérito cinematográfico.

Em 2012, sofreu uma grave doença que o deixou tetraplégico, mas conseguiu recuperar parte dos movimentos após cirurgia na medula.

Silvio Tendler deixa um legado marcado pela união entre cinema, história e política, com produções que deram voz a personagens e movimentos muitas vezes silenciados pela história oficial.

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