Morre aos 90 anos o cineasta britânico Peter Watkins, vencedor do Oscar por “The War Game”
01 novembro 2025 às 12h14

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O cineasta britânico Peter Watkins, vencedor do Oscar de melhor documentário por “The War Game” (O Jogo da Guerra), morreu na última quinta-feira, 30, aos 90 anos, em um hospital na cidade de Bourganeuf, próxima a Felletin, na França, onde vivia há cerca de 25 anos.
Em comunicado, a família informou que “o mundo do cinema perde uma de suas vozes mais incisivas, inventivas e inclassificáveis”. A nota agradece ainda “a todos que o apoiaram ao longo dessa longa e, por vezes, solitária luta”.
O jornal português Público descreveu Watkins como “um dos grandes cineastas desconhecidos”, destacando sua contribuição para abolir as fronteiras entre ficção e documentário.
Nascido em 1935, nos arredores de Londres, Watkins começou a filmar após cumprir o serviço militar obrigatório. Em 1962, passou a colaborar com a BBC, depois de dirigir curtas como “Forgotten Faces” (Rostos Esquecidos), sobre a revolta húngara de 1956 contra o domínio soviético.
Ganhou notoriedade com o docudrama “Culloden”, que retrata rebeliões na Inglaterra do século XVIII e se destacou por misturar realismo, linguagem jornalística e atores não profissionais.
Em seguida, dirigiu “The War Game” (1965), sobre os impactos de um ataque nuclear hipotético ao Reino Unido. A BBC cancelou sua exibição na época, alegando que o filme era “excessivamente perturbador”. Apesar disso, a produção conquistou o Oscar de melhor documentário e foi amplamente elogiada pela crítica internacional. O longa só foi exibido pela TV britânica em 1985, no 40º aniversário do bombardeio de Hiroshima.
Após divergências com a BBC, Watkins passou a trabalhar fora do Reino Unido. Dirigiu produções de grande fôlego, como “Edvard Munch” (sobre o pintor norueguês), “The Freethinker” (sobre o dramaturgo sueco August Strindberg) e “The Commune” (A Comuna, 2000), sobre o movimento dos trabalhadores parisienses de 1871, exibido no Museu d’Orsay, em Paris.
Peter Watkins foi casado duas vezes e deixa dois filhos, Patrick e Gérard.
