Morre aos 87 anos o ator britânico Terence Stamp, ícone do cinema e do “Swinging London”

17 agosto 2025 às 14h01

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O ator britânico Terence Stamp, um dos rostos mais emblemáticos da cena cultural do “Swinging London” nos anos 1960, morreu aos 87 anos, informou sua família neste domingo, 16, segundo a agência Reuters. A causa da morte não foi divulgada.
Stamp tornou-se mundialmente conhecido em 1962, ao viver o protagonista do drama “Billy Budd”, dirigido por Peter Ustinov, papel que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante. Era o início de uma carreira marcada por papéis intensos e por sua presença magnética nas telas. Durante a década de 1960, consolidou-se como um símbolo de sua geração em produções como “Longe da Multidão”, de John Schlesinger, e “Poor Cow”, primeiro longa de Ken Loach.
Nascido em 22 de julho de 1938 no East End de Londres, filho de um marinheiro mercante e de uma dona de casa, Stamp teve uma trajetória improvável: de origens humildes ao estrelato internacional. Fora das câmeras, também ganhou notoriedade pela vida pessoal. Viveu romances com ícones culturais como a modelo Jean Shrimpton e as atrizes Julie Christie e Brigitte Bardot, tornando-se uma figura central da efervescente Londres da época.
Nos anos 1970, passou por um período de afastamento do cinema, até retornar com força em 1978 no clássico “Superman”, como o vilão General Zod — papel que repetiria na sequência de 1980 e que o marcaria para sempre no imaginário popular. Décadas depois, voltaria ao universo do herói, desta vez como a voz de Jor-El, pai do Superman, na série de TV “Smallville”.
Versátil, Stamp mostrou amplitude artística ao interpretar personagens tão distintos quanto a drag queen Bernadette, no cult australiano “As Aventuras de Priscilla, Rainha do Deserto” (1994), e o empresário em “Wall Street” (1987). Também brilhou em “The Limey” (1999), de Steven Soderbergh, e em “The Adjustment Bureau” (2011), com Matt Damon e Emily Blunt.
Stamp foi casado apenas uma vez, em 2002, com a australiana Elizabeth O’Rourke, união que terminou em 2008. Nos primeiros anos de carreira, chegou a dividir apartamento com Michael Caine, seu amigo e colega de geração, de quem se afastou com o tempo.
A morte de Terence Stamp gerou comoção no meio artístico britânico e internacional. O British Film Institute (BFI) destacou em nota que o ator “encarnou a essência do cinema britânico moderno e abriu caminho para novas formas de interpretação”. Cineastas e colegas lembraram seu magnetismo. O diretor Steven Soderbergh o descreveu como “um intérprete de nuances raras, capaz de unir intensidade e fragilidade em cada papel”.
Ícone de uma geração e dono de uma trajetória artística marcada pela intensidade e pela diversidade, Terence Stamp deixa um legado singular no cinema mundial, lembrado tanto por sua presença como astro do “Swinging London” quanto por personagens que desafiaram convenções e conquistaram público em diferentes épocas.