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A série literária Esse Goyaz profundo…, que se dedica a revelar a história intelectual e cultural de Goiás, ganha dois volumes que aprofundam o olhar sobre o estado sob diferentes perspectivas. De um lado, os viajantes, pesquisadores e estudiosos que registraram o interior brasileiro nos séculos passados; de outro, as mulheres que, desde o século XIX, encontraram na palavra escrita uma forma de expressão e resistência.

Volume II da série “Esse Goyaz Profundo” | Foto: Reprodução

Idealizada pelos autores Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado, Maria Narcisa de Abreu Cordeiro Pires e Maria Paula Fleury Araújo Meireles Lewergger, a coletânea chega ao Volume II, intitulado Os viajantes, estudiosos e pesquisadores da terra goiana, e ao Volume VII, que analisa a produção literária feminina em Goiás.

Ambos os volumes trazem o selo 2025 de Bento Curado e apresentam capa assinada pela artista Lizenor Meireles Lewergger, com projeto editorial de Paulo José Americo Rolim.

O olhar sobre o “Goyaz profundo”

O Volume II da série revisita a literatura informativa e a produção dos viajantes que, nos primórdios do século XIX, se aventuraram pelo então desconhecido Oeste brasileiro. A obra mostra como Goiás era descrito por figuras como Olavo Bilac e Manuel Bonfim, que viam a região como uma “terra indômita, selvagem, inexplorada”.

Os autores reúnem registros de viajantes e estudiosos — muitos deles estrangeiros — que, movidos pela curiosidade científica, documentaram as grandezas e dificuldades da antiga Província de Goyaz.

O Cerrado surge como personagem central: um “entre-lugar” de passagem e permanência, berço de riquezas naturais e culturais que formam a identidade goiana. “É nesse espaço de contrastes, entre o sertão profundo e as terras civilizadas, que se molda a alma goiana”, destacam os organizadores na introdução da obra.

Mulheres que escreveram Goiás

Já o sétimo volume da série é inteiramente dedicado à literatura feminina goiana. O estudo realiza um rastreamento histórico diacrônico, mostrando como as mulheres conquistaram seu espaço na literatura local e nacional.

A pesquisa identifica que a produção feminina teve início nos albores do século XIX, impulsionada pelo surgimento da imprensa em 1830, e começou com a poesia. A partir do século XX, as escritoras goianas ampliaram seu alcance, explorando todos os estilos literários e abordando temas de forte cunho regionalista e histórico.

Os autores analisam uma ampla variedade de gêneros — poesia lírica e sentimental, contos regionais, crônicas jornalísticas e romances históricos, especialmente os que emergem a partir dos anos 1950.
“A mulher intelectual em Goiás passou de uma voz tímida a protagonista de uma literatura que reflete o território, o tempo e a transformação social”, sintetiza o texto de apresentação.

Entre memória e identidade

A série Esse Goyaz profundo… reafirma a importância de preservar a memória literária e cultural do Estado. Em seus volumes, as obras discutem a formação da identidade goiana, o papel da história literária regional e o desafio de registrar o que o tempo ameaça apagar.

Entre os nomes estudados, figuram Gilberto Mendonça Teles, Nelly Alves de Almeida, Modesto Gomes, Álvaro Catelan, Augusto Goyano e José Fernandes, autores fundamentais para o entendimento da literatura goiana.

Com linguagem acessível e pesquisa detalhada, os livros contribuem para o fortalecimento da crítica literária regional e ampliam o diálogo entre passado e presente, entre o sertão e a cidade, entre o feminino e o universal. O livro pode ser encontrado na Amazon.

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