Israel divulga vídeo da família de líder do Hamas com bolsa de luxo e ‘túnel VIP’ em Gaza
22 outubro 2024 às 07h47
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O Exército de Israel lançou uma ofensiva midiática contra Yahia Sinwar, ex-líder do Hamas, após sua morte em Gaza, com o objetivo de desgastar sua imagem. A campanha se concentra em um vídeo divulgado no último sábado, 19, em que a esposa de Sinwar, Samar Abou Zamar, aparece em um luxuoso “túnel VIP” subterrâneo, carregando uma bolsa Birkin. O modelo de alta costura, da renomada marca francesa Hermès, é estimado em cerca de US$ 32 mil (aproximadamente R$ 183,2 mil), e a gravação sugere que ela estava se escondendo com a família poucas horas antes do ataque do Hamas a Israel, ocorrido em 6 de outubro.
A gravação, segundo o Exército israelense, foi feita entre os dias 6 e 7 de outubro, nos momentos que antecederam o atentado em que militantes do Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas em território israelense. As autoridades de Israel responsabilizam Yahia Sinwar pela articulação intelectual desse ataque e, no vídeo, insinuam que o líder do Hamas estava preparando sua fuga e proteção pessoal, enquanto a população de Gaza sofria sem acesso a recursos básicos.
Além da bolsa Birkin, as imagens também mostram outros itens luxuosos, como colchões, televisores, cofres, alimentos e água armazenados em um abrigo antibombas subterrâneo — um contraste com as condições da população local.
O porta-voz do Exército israelense em árabe, Avichay Adraee, compartilhou o vídeo em sua conta no X (antigo Twitter), questionando de forma provocativa. “Será que a esposa de Sinwar entrou no túnel em 6 de outubro carregando uma bolsa Birkin estimada em cerca de US$ 32 mil, enquanto os moradores de Gaza não têm dinheiro suficiente nem para uma barraca?”. A crítica destaca o estilo de vida supostamente luxuoso de Sinwar e sua família, enquanto a população palestina enfrenta dificuldades extremas. Para Adraee, o vídeo evidencia o “amor especial de Yahya Sinwar e sua esposa pelo dinheiro”.
Porém, a campanha gerou reações mistas. Nas redes sociais, tanto internautas quanto veículos da mídia israelense e internacional questionaram a eficácia e relevância do ataque. Muitas críticas surgiram não apenas em perfis pessoais, mas também de figuras públicas e organizações. Mauricio Lapchik, da ONG israelense Paz Agora, expressou sua insatisfação no X, chamando a estratégia do governo de “opinião estúpida e irrelevante”.
Ele argumentou que, enquanto Sinwar é acusado de luxúria, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, vive há anos em um ambiente de ostentação, apesar dos sacrifícios dos jovens soldados israelenses que lutam e morrem todos os dias nos conflitos do país.
Além disso, a campanha midiática não teve o impacto esperado em setores da imprensa internacional, que apontaram o tom sensacionalista das alegações sobre a bolsa Birkin. A comparação entre o luxo aparente e a miséria generalizada de Gaza serviu mais para acirrar o debate sobre a liderança política e militar tanto do Hamas quanto do governo de Israel do que para desqualificar a imagem de Sinwar de maneira efetiva.
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