A Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) está sendo denunciada em mais um caso de funcionário que recebe, mas não presta serviços aos goianos. Dessa vez trata-se de Cairo Santos Macedo Junior, lotado na Diretoria Administrativa, com cargo de assessor nível IV. Segundo denúncias apuradas pelo Jornal Opção, apesar de constar na folha de pagamento de Setembro da Casa com remuneração bruta de R$ 3.754, o suspeito trabalha como massagista em Lisboa (Portugal).

De acordo com informações recebidas pela equipe de redação do Jornal Opção, o suspeito teria sido indicado pelo presidente da Casa, deputado Lissauer Vieira (PSD), a pedido do pai do rapaz, que é radialista em Rio Verde.

No processo de apuração, a equipe verificou que as redes sociais do suspeito dão conta que ele mora em Lisboa e o número disponibilizado para atendimento de sessão de massagem aponta que é de lá também. Pelas redes sociais, ele também expõe conteúdos sensuais.

A equipe entrou em contato com o homem, por aplicativo de mensagens, se passando por cliente para marcar uma sessão de massagem com ele. O suspeito respondeu que não vem no Brasil desde fevereiro deste ano e que não teria previsão de retorno. Logo após responder o primeiro contato, no entanto, Cairo Santos apagou todas as mensagens e bloqueou o número da reportagem.

Esclarecimentos

Por telefone, em um primeiro momento, o presidente Lissauer negou que o rapaz trabalha com ele: “Não sei quem é”. Na segunda ligação, ressaltando que não estava na Casa, afirmou que determinou uma investigação do caso. “Já pedi para levantar todas as informações”. Questionado se ele saberia que o homem mora em Portugal, Lissauer logo respondeu: “Pode ser que ele tenha sido exonerado”.

A reportagem apurou, de acordo com informações do Portal da Transparência, que o suspeito foi admitido no dia 1º de junho de 2020 e o último salário recebido pela Alego foi de setembro deste ano.

O Jornal Opção entrou em contato duas vezes com o diretor de Gestão de Pessoas da Assembleia Legislativa de Goiás, Tasso Honorato Reis Júnior, por telefone. Na primeira vez ele disse que encaminharia os dados do servidor. Passada uma hora e 34 minutos, a equipe retornou, porém não foi atendida a ligação.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Casa esclarece que não tinha conhecimento que Cairo Santos Macedo Junior havia mudado de domicílio, uma vez que é obrigação funcional do servidor comunicar a alteração do endereço onde possa ser encontrado. A Assembleia Legislativa foi informada do fato por reportagem da imprensa goiana.

“Devido à pandemia de covid-19, em março de 2020, a partir do Ato próprio, foi estabelecido o regime de trabalho por home office, que tem sido mantido em algumas situações. Cairo trabalhou nesse formato, exercendo suas atividades na área administrativa da Casa, e somente no dia 25 de outubro de 2022 enviou um documento com pedido de exoneração. O servidor foi exonerado no dia 1º de novembro. Ao tomar conhecimento do caso, a Alego imediatamente instaurou um processo administrativo para apurar os fatos”, explica.

*Matéria atualizada em 21 de novembro de 2022 às 17h56 para acréscimo de nota da assessoria de imprensa da Alego