A Justiça Federal condenou um cidadão francês residente em Goiânia a três anos e oito meses de reclusão, além do pagamento de multa de 50 salários-mínimos, pelo crime de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico de drogas. Conforme investigação do Ministério Público Federal (MPF) – considerada na decisão do juiz federal substituto Eduardo Ribeiro de Oliveira, da 11ª Vara Federal de Goiânia –, o homem usava uma marmoraria para lavar dinheiro oriundo do tráfico internacional de drogas. Por não ser reincidente, a pena foi convertida em prestação de serviços à comunidade e pagamento de multa.

As investigações sobre o crime começaram depois que ele foi à Delegacia de Migração da Polícia Federal em Goiás para regularizar sua situação como residente no Brasil. No momento, a PF constatou que havia um mandado de prisão expedido na Itália e um pedido de extradição por associação ao tráfico, o que levou à prisão imediata do homem. No momento da detenção, ele estava com 40 mil € (cerca de R$ 202 mil) e R$ 6,3 mil em dinheiro.

De acordo com apuração dos agentes policiais, os valores entraram no Brasil sem declaração.

A partir da prisão, foram abertas novas investigações, que descobriram que o francês havia adquirido lote em condomínio fechado e constituído duas empresas – a marmoraria e um salão de beleza – para lavar os valores vindos do tráfico internacional de drogas.

No entanto, o valor dos patrimônios e o rendimento das empresas, foram entendidos pelo MPF como incompatíveis com o padrão de vida que o acusado e sua família mantinham. “Restou comprovado que o denunciado, de forma livre e consciente, ocultou e dissimulou a origem de bens e valores oriundos do tráfico internacional de drogas, realizou a conversão do dinheiro ilícito em ativos lícitos, mediante a aquisição de bens imóveis e operações envolvendo “laranjas”, bem como utilizou os valores oriundos da infração penal na atividade econômica”, alegou a procuradoria.

Em resposta, o acusado alegou falta de claridade nas acusações e pediu absolvição. O argumento de defesa apontou que o dinheiro utilizado no Brasil para adquirir as empresas e seus patrimônios foi enviado por sua família, que reside na Itália, e é proveniente da comercialização de pedras de mármore e similares na Europa e no Brasil.

Em agosto deste ano, o francês já havia sido preso Vitória (ES), flagrado com drogas em um carregamento de mármore que seria despachado do Brasil para a Itália. Durante o processo, testemunhas ouvidas apontaram que o empresário atuava no segmento de compra, importação e exportação de pedras, mas que a marmoraria teria feito apenas uma remessa para a Europa, sem conseguir comprovar outras negociações.