Voltam a circular denúncias de abandono em abrigo coordenado pela vereadora Lucíula

11 outubro 2022 às 16h18

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Nesta semana, voltaram a circular pela internet denúncias contra situações de abandono no abrigo Recanto dos Anjos Peludos, administrado pela vereadora Lucíula do Recanto. Originalmente postado em fevereiro deste ano, o vídeo apresenta imagens do local e acusa o abrigo de descaso e maus-tratos com os animais.
Entre as denúncias, estão a inserção de um cano instalado no muro, com abertura para o lado de fora e ligado a uma piscina suja. Além disso, o conteúdo apresenta imagens de cães feridos, magros e até mesmo mortos em conflitos com outros animais. Segundo a denúncia, as brigas ocorrem por disputa de alimento, gerando as fatalidades.
A vereadora responsável pelo abrigo, no entanto, respondeu ao Jornal Opção que as denúncias não procedem. “Esse cano, por exemplo, coloquei porque a prefeitura leva um caminhão pipa para mim. Só tenho uma cisterna para retirar água limpa e a piscina virou reservatório de água para coisas como lavar a chácara”, explica.
Sobre a situação dos animais, ela defende que abrigos lidam diariamente com problemas e cabe à população entender que o ambiente não é de conto de fadas. “Esteticamente falando, não é bonito. As pessoas têm que parar de achar que abrigo é hotel de luxo”, pontua. “Nós vivemos de prioridades para manter rotinas de higiene, de saúde. Eu sempre trabalhei com cachorros que ninguém quer, feridos, morrendo, magros, não são cães bonitos”, aponta.
Apesar das denúncias, a vereadora diz não se preocupar com esse tipo de acusação, pois não passam de movimentos políticos. Segundo ela, só depois que foi empossada como parlamentar é que passaram a procurar problemas no Recanto. “Antes, eu era um anjo, mas como teve gente que perdeu cargo levantando essa bandeira, gera muitos atritos”, defende. Ela, inclusive, diz que já houve investigações no local e a promotoria responsável não teria seguido adiante com as denúncias, pois não poderia cobrar medidas que não são praticadas pela gestão pública.
Legitimidade das denúncias
Para a vereadora, a dificuldade é uma realidade de todos os protetores e protetoras, não apenas de seu abrigo. Ela diz que funcionários e voluntários ligados à causa animal sofrem dificuldades psicológicas recorrentes, mas continuam fazendo os esforços de resgate, mesmo que a situação seja de precariedade. “É precário porque vivemos implorando e mendigando. Tenho que me virar para pegar dinheiro e fazer empréstimos. Aluguel de R$ 3 mil não espera, funcionário não espera. Clínica, se você não paga, não recebe mais seus animais, e é minha obrigação pagar”, pontua
Nesse contexto, ela reconhece que há coisas a melhorar, mas os críticos precisam entender todo o contexto para sustentar a legitimidade das denúncias, visto que a atuação dos abrigos oferece condição de recuperação e de liberdade para animais que, sem isso, estariam nas ruas sujeitos a muito mais riscos.
“A causa animal não é conto de fadas. É como entrar num hospital pública em decadência, mas com um médico lutando para oferecer tratamentos e medicamentos, mesmo numa condição horrível”, destaca. É assim, segundo ela, que se trabalha em abrigos de animais, em ambientes “feios e difíceis, mas que garantem que é possível salvar vários animais. Onde existir acúmulo de animais, vai existir problema, mas isso é resultado de políticas públicas ineficazes. É injusto cobrar de quem faz o que pode, de heróis.”
Políticas públicas
Exigindo mais posicionamento da gestão do prefeito Rogério Cruz diante da causa animal, Lucíula utilizou a tribuna da Câmara na manhã desta terça-feira, 11, para fazer pronunciamento incisivo. A vereadora lamentou a não liberação de R$ 1,5 milhão, antes previstos para a construção de um centro de saúde animal no município. “São mais de dois anos solicitando esse recurso e nada do prefeito tomar uma decisão. Tenho vergonha da administração dele. Ademais não toma nenhuma medida para o Hospital Veterinário, ampliação da vacinação, distribuição de medicamentos”, afirmou.
Ao Jornal Opção, ela pontuou que, em parceria com a Prefeitura e com a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), havia acordado a liberação de R$ 6,3 milhões para construção de hospital veterinário municipal, mas os recursos foram barrados sob alegação de “baixa arrecadação de impostos que impossibilitou levar adiante o projeto da OS, porque havia outras prioridades”.
Atribuindo o descaso com animais à gestão municipal, a vereadora garante que passa a adotar nova postura na Casa, para ser mais dura com as decisões sobre sua principal bandeira. “Sou uma vereadora da causa animal. Exijo respeito. Ele não vai calar a minha boca”, declarou.