Vereadores criticam cortes na Comurg e comentam sobre exonerações de comissionados
17 outubro 2024 às 12h49
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O único vereador que é servidor da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Izídio Alves (DC), considera “precipitada” a decisão de retirar as gratificações dos funcionários efetivos. Segundo o parlamentar disse ao Jornal Opção, a medida serve apenas para prejudicar os trabalhadores do “baixo escalão”. Além de sugerir outras formas para poder cortar gastos. Em nota, a Comurg informou que “passa por um processo de reestruturação de todas as Diretorias” (veja ao final na íntegra).
Alves defende antes do corte de gratificações dos efetivos que ocorra exonerações no quadro de servidores comissionados. “Acredito que o trabalhador que é pequeno precisa ter a sua gratificação, ele está na função dele há 10, 15 ou até 20 anos ganhando a gratificação. Agora, por quê remover isso? Corta os comissionados primeiro”, questiona.
Segundo o vereador, a exoneração de servidores comissionados ainda seria uma forma de “aliviar” a situação financeira da empresa pública. “Tenho certeza que se retirar os comissionados, uma grande despesa do município será removida. Agora, o efetivo que está lá há décadas na chuva ou debaixo de sol quente não pode ser penalizado”, justifica.
Para o vereador Paulo Magalhães (UB), a prioridade nos cortes deveria ser entre os “supersalários” da companhia. Segundo a investigação da Comissão de Especial de Inquérito (CEI) da Comurg, certas gratificações chegavam em cinco dígitos mensais. Por exemplo, familiares do ex-presidente Alisson Borges, pai e o sogro, recebiam mais de R$ 20 mil em bônus por mês porque estavam em cargos de alto escalão dentro da companhia.
“Haviam comentários de que essas gratificações elevadas durariam até depois das eleições”, ressalta Magalhães, em conversa com o Jornal Opção. “Deveriam ter removido as gratificações elevadas de funcionários do alto escalão antes dos concursados. Aquilo virou um antro de picaretagem e roubalheira com um preço alto para Goiânia”, acrescenta.
“Mal necessário”
Para o ex-presidente da CEI da Comurg, Ronilson Reis (Solidariedade), o corte de gratificações é um “mal necessário” para o prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) conseguir fechar as contas até o final do mandato. O vereador também ressaltou que essa não será a única medida que o Paço Municipal irá tomar para garantir o equilíbrio fiscal.
“Isso daqui é o fim da festa”, pontua Reis. “Eu sei que muitos ficam chateados, mas isso daqui é corte de gastos. O prefeito precisa fechar as contas, caso contrário ele vai responder por improbidade administrativa. Ele vai agir com a ‘mão de ferro’ para poder fechar as contas, podemos considerar isso como um ‘mal necessário’”, relata o parlamentar.
Reis ainda conta que metade dos cargos comissionados da Comurg também devem ser cortados. “Estou sabendo que 50% dos comissionados estão sendo cortados, uma situação triste”, aponta. Fontes ouvidas pelo Jornal Opção relatam que esse processo já iniciou no Paço Municipal em outras pastas também, mas não há registros no Diário Oficial do Município (DOM).
“Pedalada de pagamento”
Segundo o vereador Lucas Kitão (UB), o corte de gratificações de servidores sem alterar a função dos servidores é uma medida que no máximo ganha tempo. “Essas pessoas vão trabalhar até o final da gestão e ainda vão poder processar a própria Comurg no futuro cobrando esses valores. Então, isso foi uma ‘pedalada administrativa’ que vai sobrar para o próximo gestor de Goiânia”, explica.
Nota na íntegra
A Companhia de Urbanização de Goiânia esclarece que passa por um processo de reestruturação de todas as Diretorias, tendo em vista a finalização do período de transição, referente aos serviços que foram terceirizados.
Todas as medidas a serem adotadas respeitarão os princípios constitucionais da Administração Pública.
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