Para a arquiteta e professora da Pontifícia Católica de Goiás (PUC-GO), Maria Ester de Souza, a venda de áreas públicas municipais (APMs) não é a solução para Goiânia. Conforme a especialista no assunto, a negociação dos terrenos municipais não vão chegar perto de sanar os problemas financeiros da capital. Seriam apenas uma forma de favorecer o mercado financeiro e os grandes proprietários do município.

“Vender área pública é um negócio rentável apenas para quem compra”, afirma a assessora de Relações Institucionais do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO). “Para benefício da coisa pública, o necessário seria investir nestes espaços. Negociar as áreas públicas não é a solução para dívida pública, o certo renegociar o débito e buscar receita a partir de investimentos”, defende.

Por exemplo, a expectativa do Paço Municipal é buscar cerca de R$ 81 milhões com as vendas para tentar cobrir custos de R$ 342 milhões em precatórios. O valor seria quatro vezes o débito citado. Ester ainda acrescenta que não adianta negociar patrimônio municipal enquanto são gastos valores elevados na máquina pública, como no caso da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg).

Segundo informações da Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Comurg, somente a folha salarial da empresa pública batia R$ 40 milhões antes das investigações. A professora da PUC-Go aponta que o gasto mensal total chega a R$ 60 milhões. Ou seja, a venda das áreas públicas poderia financiar aproximadamente um mês de funcionamento da companhia goianiense.

Contrária a venda de áreas públicas em quase todos os casos em Goiânia, a única situação que a especialista considera normal as negociações seria na criação do município. “Um dos motivos para fazer esse movimento de doação é atrair pessoas para morarem na nova cidade. Agora Goiânia, com 90 anos, não há benefício em transformar as áreas públicas em espaços privados”, afirma.

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