Título de Cidadão Goianiense de secretário executivo da SMS seria votado na Câmara no mesmo dia da prisão dele
27 novembro 2024 às 11h21
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Os vereadores votariam na sessão desta terça-feira, 27, o Título de Cidadão Goianiense para Quesede Ayres Henrique, secretário executivo da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), preso nesta manhã em operação do Ministério Público de Goiás (MP-GO). A homenagem havia sido proposta pelo vereador Markim Goyá (PRD), mas foi retirada.
Prevista para ter sido votada ontem, terça-feira, 26, a matéria não entrou em votação por falta de quórum. No dia seguinte, após as notícias da operação circularem pelo Parlamento, os representantes da Casa cobraram a retirada do item da pauta. Imediatamente, o autor acatou os pedidos e pediu pela remoção do projeto.
O Jornal Opção tentou conversar com o vereador Markim Goyá (PRD) durante a sessão sobre o título de homenagem, mas ele alegou que não estava se sentido bem e preferiu não comentar mais a respeito. Apenas reforçou que retirou a matéria de pauta após o pedido de outros parlamentares da Câmara Municipal de Goiânia.
Um dos vereadores que cobrou a remoção do item foi Sargento Novandir. Ele conta que tentou pedir vistas do projeto ontem, mas não foi adiante após a matéria não ser votada por falta de quórum. No entanto, o seu plano era pedir hoje, após os anúncios de prisão dele, além do secretário municipal de saúde, Wilson Pollara, e o diretor financeiro Bruno Vianna Primo.
“Pedi para o vereador retirar de pauta esse Título de Cidadão Goaniense e ele acatou e já tirou de pauta”, contou Novandir. “Tendo em visto o absurdo que está acontecendo, nesta manhã, com o secretário de Saúde, o secretário executivo e diretor financeiro presos. Temos que reavaliar para quem nós vamos damos essa homenagem porque é uma questão importante”, destacou.
O parlamentar também aproveitou para cobrar a finalização da obra da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Guanabara. Além de criticar o pedido do vereador Thialu Guiotti (Avante) para remanejamento do empréstimo de R$ 710 para redirecionar recursos para a SMS, por conta das prisões de hoje. No entanto, a possibilidade já foi negada pela Secretaria Municipal de Finanças (SMS).
Além de Novandir, os vereadores do Partido dos Trabalhadores (PT), Kátia Maria e Fabrício Rosa, também comentaram sobre a operação. Durante a sessão da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR), a vereadora ainda fez o anúncio das prisões para os colegas de comissão.
“Temos denunciado há algum tempo a questão das UTIs, inclusive com uma diligência no mês de maio, anunciamos a gravidade administrativa e entregamos um relatório ao Ministério Público. Foi apresentado na prestação de contas que já foram gastos R$ 1,5 bilhão em saúde até o mês de agosto, ou seja o problema não é financeiro, mas é de gestão. Eles não conseguiram esclarecer para onde foi esse valor na prestação de contas”, afirma a presidente da Comissão de Saúde da Casa.
Rosa também aproveitou para realizar acusações contra Pollara. “Esse secretário deveria estar preso há muito tempo por tudo que fez contra a Goiânia e todos os indícios de corrupção e articulação para interesse próprio. Há suspeitas de que ele seja dono de organizações sociais ou próximo a organizações sociais que lucram com o recurso público da capital”, denuncia.
Ao mesmo tempo, ele também criticou o projeto do título de homenagem para Quesede. “O mais absurdo é que querem conferir esse título para um secretário executivo da saúde que acaba de ser preso. Essa pauta já foi abordada várias vezes e clamamos à Casa para não conferir o título porque a maior honorária de um cidadão aqui na cidade iria para alguém que está preso”, conta.
Outras homenagens
Além do Título de Cidadão Goianiense que seria votado, Quesede recebeu o Diploma de Honra ao Mérito na Sessão Especial em Homenagem aos Trabalhadores da Saúde, homenagem proposta pelo vereador Leandro Sena (SD), realizada em abril.
No mesmo mês, o secretário Wilson Pollara também recebeu o Título de Cidadão Goianiense, proposto pelo vereador Denício Trindade (UB). O vereador Dr. Gian (MDB) também havia proposto um projeto semelhante.