Em 1985, o Brasil estava prestes a rever um civil com a faixa presidencial no peito. Todo mundo queria Tancredo Neves subindo a rampa do Palácio do Planalto e colocando um ponto final nos 21 anos de ditadura militar. Pena que ele adoeceu um dia antes da posse. Apesar do fim dos governos autoritários, os instrumentos repressivos continuavam a todo o vapor. O SNI (Serviço Nacional de Informação) trabalhava normalmente enquanto a Nova República se preparava para a grande estreia.

Na mesma época, Goiânia se preparava para a primeira sucessão em sua Arquidiocese. Dom Fernando Gomes dos Santos, nosso primeiro Arcebispo, no dia 4 de abril de 1985, completava 75 anos e, de acordo com as regras da Igreja Católica, deveria se aposentar. Ele enviaria uma carta ao Papa João Paulo II apresentando sua renúncia e aguardar a escolha do seu sucessor. Os agentes do SNI estavam atentos à escolha do novo Arcebispo e produziam relatórios com os possíveis nomes como Padre José Pereira de Maria, reitor da Universidade Católica de Goiás (atual PUC-Goiás) e Dom Antônio Ribeiro de Oliveira, bispo de Ipameri, interior de Goiás.

Em um dos documentos do SNI, uma fonte de dentro da Arquidiocese de Goiânia informou que Dom Fernando estava bem de saúde e não pretendia se aposentar e isso foi interpretado como uma forma dele influenciar em sua sucessão. O interesse dos agentes era saber se o próximo Arcebispo de Goiânia seria alinhado com a esquerda ou seria conservador. Dom Fernando faleceu no dia 1 de junho de 1985 e o Papa João Paulo II escolheu Dom Antônio Ribeiro de Oliveira como seu sucessor.