A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia destinou 23,5% dos recursos para a saúde pública no município. O relatório foi apresentado pelo secretário Durval Pedroso na manhã desta segunda-feira, 7. O documento, porém, mostra que nenhum recurso foi investido para alimentação e nutrição dos pacientes.

Além disso, como aponta a vereadora Kátia Maria (PT), que presidiu a Comissão de Saúde da Câmara, faltam recursos básicos em todas as unidades de saúde. “A população precisa acompanhar de forma transparente a administração desses recursos. É preciso que o atendimento chegue  na ponta, seja nas unidades básicas de saúde, nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nos Centros de Atenção Integral à Saúde (Cais)”, explicou.

A vereadora tem acompanhado de perto a situação, visitado as unidades e desde março deste ano expõe a dívida da Prefeitura com a Fundahc e a falta de condições de trabalho e insumos. Kátia denuncia que faltam insumos básicos, como gazes para curativos e alimentação básica. “Nos Caps, a comida é escassa, sem um centavo investido em alimentação”, completou Kátia.

Segundo Durval, muitos recursos foram investidos em campanhas de vacinação, reformas de unidades básicas e compra de equipamentos. Para a atenção básica e assistência hospitalar, foi investido abaixo do esperado. “Houve grande revitalização da estrutura física. São várias obras retomadas e mais de 40 unidades que sofreram intervenção”, explicou o secretário.

De acordo com o titular da saúde, a vacinação tem sido um dos maiores desafios. “No estado e no país inteiro, observamos uma queda muito grande nas coberturas vacinais e vemos o retorno de doenças que já haviam sido erradicadas”, completou.

Crise na saúde

A prestação de contas da SMS acontece em meio às denúncias de crise nas maternidades municipais. Diante da crise, a Prefeitura chegou a anunciar que trocaria a gestão das maternidades, depois recuou e, no fim de julho, anunciou a “transferência imediata” de R$ 10 milhões restantes de parcela em aberto para a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (Fundach/UFG), responsável pelas unidades.

“O diálogo com a fundação tem sido constante para que nenhum paciente deixe de ser atendido. As maternidades hoje demandam mais de 1000 partos por mês e é uma grande quantidade de pacientes que não são moradores de Goiânia, o que acaba sobrecarregando muito o município”, explicou Durval Pedroso.

Na última audiência de prestação de contas da Saúde, em abril deste ano, a vereadora Kátia criticou os baixos investimentos da Prefeitura na área. Segundo a parlamentar, Goiânia foi a capital brasileira que menos investiu em ações e serviços públicos de saúde, tendo aplicado apenas 16,14% da receita com impostos, ou 1,14% acima do mínimo exigido pela Constituição Federal.

Kátia Maria mostrou ainda que cerca de 79 ações não foram cumpridas, de um total de 133 previstas pela Secretaria em 2022. “O ano passado não foi um ano bom para a saúde”, alertou a vereadora. “Quase 60% das metas não foram cumpridas e eu espero que essa audiência pública sirva como uma correção. Que o que apontamos aqui sirva de parâmetro para que a secretaria mude os rumos da Saúde em Goiânia”, finalizou.