A Prefeitura de Goiânia está elaborando um novo plano para substituir o programa “Cidade Inteligente”, criado na gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (SD). Segundo o titular da Secretaria Municipal de Inovação, Tecnologia e Transformação Digital (SicTec), Fábio Christino, a expectativa é de que o projeto seja apresentado ainda neste semestre e comece a ser implementado já neste ano. A proposta nomeada como “Goiânia + digital” prevê uma execução gradual, com a consolidação das metas até o final de 2026.

Para isso, a SicTec elaborou um plano diretor de cidade inteligente para reestruturar o novo programa. Segundo dados da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o “Goiânia + digital” está previsto para ter uma mate financeira de R$ 54,2 milhões em 2026. Entre as iniciativas estão a criação de um centro de operações; a implementação de infraestrutura tecnológica e digital; a estruturação da Política Municipal de Inovação; e ações de fomento à economia criativa e à inovação social.

“O termo ‘cidade inteligente’ é muito amplo”, pontuou o titular da SicTec, em entrevista exclusiva ao Jornal Opção. “Essa questão não envolve só a transformação que a gente enxerga, como câmeras e outros dispositivos, mas principalmente a transformação digital. Na visão do prefeito, é uma cidade que tem obrigatoriedade de oferecer ao cidadão condições de melhorar financeiramente a vida e ter mais tempo para si, ou seja, melhorar sua remuneração e sua qualidade de vida”, explicou Christino.

Segundo o secretário, o novo projeto contará com 13 eixos temáticos próprios, além de outros 11 eixos previstos em um programa complementar de transformação digital. A matéria ainda inclui um chamamento público, que deve ser realizado em breve, para envolver a comunidade (pessoas físicas, jurídicas, sindicatos e associações) na elaboração. Ele explica que a lógica é “aproveitar o conhecimento de quem vive a cidade no dia a dia, sem reinventar a roda”.

O novo “Goiânia + Digital” tem como principais objetivos melhorar a qualidade de vida da população; ampliar os serviços públicos digitais, promovendo integração para facilitar o cotidiano; tornar a cidade preditiva e resiliente, capaz de antecipar e reagir a problemas como enchentes, falhas no trânsito e segurança pública; além de colocar o cidadão no centro das decisões, garantindo sua participação ativa na elaboração do plano.

Ações previstas

Entre as ações previstas está a ampliação do videomonitoramento urbano, com instalação de sensores e câmeras voltados à segurança e mobilidade. Um dos principais destaques é a criação do Centro de Inteligência e Gestão de Operações, inspirado no modelo do Rio de Janeiro. O local terá atuação integrada, abrangendo segurança, gestão de dados e operações diversas da cidade.

“No Rio, eles trabalham muito bem a centralização de dados e o planejamento de eventos de grande porte. Também utilizam tecnologias de monitoramento de campo e reconhecimento facial. Visitamos recentemente centros de referência e queremos trazer esse modelo para Goiânia, mas não apenas com foco na segurança”, explicou o secretário.

Na área administrativa, a prefeitura planeja a digitalização completa de documentos e sistemas, com a meta de atingir “zero papel” até 2026. Embora a digitalização já tenha começado, a conclusão do processo depende de novos contratos e licitações para integrar todos os setores. Além disso, testes com inteligência artificial estão em andamento em áreas como trânsito, limpeza urbana e infraestrutura, com foco na consulta de informações e na prestação de serviços ao cidadão.

O novo programa poderá embarcar parcerias público-privadas, como o próprio “Brilha Goiânia”, que começou com foco em iluminação pública, mas poderá incluir outras frentes como monitoramento. Outras PPPs ou modelos de contratação estão sendo estudados, mas ainda não há nenhuma definição. A questão deverá ser tratada pela Secretaria Municipal de Gestão, Negócios e Parcerias (Segenp).

Plano diretor

Christino explica que havia um plano diretor de tecnologia na gestão anterior, mas que o atual é mais abrangente e envolverá a participação da comunidade. “O prefeito tem uma visão de cidade inteligente diferente da do antecessor. Não posso falar muito sobre o que foi feito no passado, mas Sandro quer transformar Goiânia em referência mundial em atendimento e qualidade de vida, com foco em tecnologia e informação”, afirmou.

No entanto, o prefeito Sandro Mabel (UB) solicitou que fosse feito um novo documento a respeito: “Esse plano diretor é uma demanda direta do prefeito”.

“Recebemos uma prefeitura quebrada tecnologicamente; eu gosto de chamar de ‘calamidade tecnológica’ aqui na pasta. Por isso, todas as ações do primeiro semestre foram emergenciais, voltadas a sustentar os serviços funcionais. Agora, conseguimos traçar esse programa, um esboço para apresentar à comunidade e garantir sua participação na construção e finalização”, explicou o secretário.

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