A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que repassou todo o dinheiro faltante à Fundação de Apoio ao Hospital das Clinicas (Fundahc) e que a crise das maternidades em Goiânia chegou ao fim. Segundo pasta, não há mais nenhuma dívida sobre pagamento de fornecedor e nem sobre a folha de pagamento dos funcionários. De acordo com a Saúde, os valores restantes dos débitos são de fundo rescisório e não interfere no funcionamento das maternidades.

O novo secretário de saúde de Goiânia, Wilson Pollara, assumiu a pasta no dia 3 de outubro e informou que repassou R$ 13 milhões para a Fundahc. Como o valor total dos débitos era de R$ 43.347.902,315, os cerca de 30 milhões restantes seriam desse fundo rescisório, mas interlocutores afirmam que a SMS fará auditoria desses valores. Mesmo com os débitos “praticamente quitados”, os funcionários continuam relatando problemas estruturais e falta de insumos.

Conhecido como Alonso da Maternidade, o administrativo da Maternidade Nascer Cidadão disse ao Jornal Opção que a prefeitura pagou algumas parcelas para custear as despesas mensais, mas há débitos existentes há mais de anos. “Falta o recurso porque, veja bem, para chegar numa situação dessa faltava repasses de mais de quatro meses e chegou em um colapso. O que foi pago foi somente para manter as maternidades funcionando, mas  alguns fornecedores ainda não receberam, como a segurança e a limpeza”, contou. 

Segundo Alonso, a situação na Nascer cidadão ainda é a menos crítica das três maternidades. No Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara e no Hospital e Maternidade Dona Íris, ainda faltam insumos básicos, como alimentação, luvas, gazes, sashas, dentre outros equipamentos para os profissionais. Dona Olinda trabalha na Dona Íris e informou à reportagem que esse mês os funcionários receberam normalmente. “Vamos ver o mês que vem”, comentou. 

O administrativo da Nascer Cidadão explicou que a maternidade foi construída há mais de 23 anos e ela está obsoleta. “Então precisa de uma ampliação na estrutura e já existe um projeto para isso, mas o prefeito e o secretário estão segurando o projeto. Está tudo arrumadinho para a reforma, mas falta a liberação de alguma coisa da construção”, explicou ele. Ao longa de sua história, a maternidade realizou mais de 68.500 partos, 470 mil atendimentos emergenciais, 313 mil atendimentos ambulatoriais, 139 mil ultrassonografias e 364 mil exames de análises clínicas.

Alonso criticou ainda a privatização dos serviços e o uso de Organizações Sociais de Saúde (OSS) para gestão de unidades. “O antigo secretário queria tirar a fundação (Fundahc) da gestão para colocar uma OS, o que facilita o trabalho deles. Como já pagam os estudos para fazer OS nos carros, nas UPA’s, querem também nas maternidades”, explicou.

Segundo ele, essa rotatividade constante prejudica a continuidade das políticas públicas e a execução dos projetos. A saúde é um direito humano fundamental e não pode ser negligenciada pelo poder público. “A atenção primária está péssima, sem estrutura, sem os equipamentos necessários, não tem CCH, não tem CIPA, não tem nada. Com OSS na gestão, a situação pode piorar”, concluiu.

Maternidade Nascer Cidadão

A unidade abriga o Banco de Leite Humano, que pasteuriza e entrega leite materno recebido por doação para alimentar recém-nascidos internados nas Unidades de Tratamento Intenviso (UTIs) Neonatais das Maternidades Dona Íris e Célia Câmara. Em um mês, mais de 100 bebês são beneficiados com este trabalho. O banco também auxilia mães a amamentarem, com cerca de 750 atendimentos mensais.

A Nascer Cidadão possui o título de Hospital Amigo da Mulher e da Criança; prêmio de Maternidade Segura pelo Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e adota as recomendações do Método Canguru, que estimulam o fortalecimento do vínculo mãe-bebê e a amamentação desde a primeira hora de vida.

É uma das duas únicas maternidades de baixo risco 100% Sistema Único de Saúde (SUS) certificadas pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), seguindo critérios rigorosos para a prestação de um serviço de qualidade.

Resposta da Fundahc

A Fundahc/UFG, fundação gestora das maternidades públicas municipais de Goiânia, esclarece que as falas apresentadas pelo servidor da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) lotado na Maternidade Nascer Cidadão (MNC) na matéria “Funcionários da saúde municipal relatam problemas estruturais” são pessoais, não oficiais da instituição ou das unidades de saúde.

A fundação reforça que os atendimentos na MNC, no Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC) e no Hospital e Maternidade Dona Íris (HMDI) estão normalizados e que o diálogo com a SMS está fluido. Tanto Fundahc/UFG quanto secretaria atuam para oferecer uma assistência cada vez mais humanizada e de qualidade aos pacientes.