O coordenador da Câmara de Engenharia Civil do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO), Ricardo Barbosa Ferreira, afirmou, nesta sexta-feira, 15/, que o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) acerta ao determinar a retirada das placas de material de alumínio composto (ACM) do Viaduto João Alves de Queiroz, nas avenidas T-63 e 85.

Para o coordenador da Câmara de Engenharia Civil do Crea-GO, há possibilidade de que as placas tenham sido responsáveis pelo aumento da propagação das chamas no local no início da manhã desta sexta-feira, 15. O especialista ressaltou que o município aplica corretamente o protocolo de intervenção após o incêndio.

“Desde 2019, temos solicitado a remoção desse material nos relatórios. A prefeitura já sinalizou que vai rever a instalação desse ACM. Ele não contribui do ponto de vista da segurança, atrapalha a durabilidade e a funcionalidade fica comprometida. Hoje, muito em função do desempenho do ACM, o viaduto está interditado, ou seja, a funcionalidade dele para a população não é cumprida”, disse Ricardo Barbosa Ferreira.

O conselheiro do Crea-GO explicou que uma estrutura como um viaduto precisa conter três requisitos fundamentais: segurança, durabilidade e funcionalidade. De acordo com o especialista, o ACM não é indicado por interferir nessas áreas.

“O ACM nesse tipo de estrutura afeta a segurança. É recorrente a quebra das placas que, ao atingirem um pedestre, um motociclista, podem trazer consequências muito graves. Segundo ponto, é o que vimos hoje. No caso de um incêndio, é um sanduíche que tem plástico, se constitui material combustível e propaga chamas. Afeta a funcionalidade porque impede a visualização da estrutura real. Isso atrapalha a inspeção do profissional técnico”, avaliou.

O prefeito Rogério Cruz (Republicanos) afirmou que o município já tem projeto que propõe retirada das placas de ACM, que serão substituídas por artes urbanas. “Todos conhecem os problemas que elas causam. Antes do incidente, nós já tínhamos placas caindo, com o vento ou até mesmo a trepidação do trânsito. Já era projeto nosso a retirada, e implantar arte urbana nos viadutos”, disse.

Protocolo

Ricardo Barbosa Ferreira avaliou que a Prefeitura de Goiânia aplica corretamente o protocolo de intervenção após o incêndio. Segundo ele, a interdição tem o objetivo de resguardar a integridade dos usuários da estrutura.

“Neste momento do acidente, temos um protocolo de intervenção. Você tem que fazer o contingenciamento. Isso está sendo seguido, primeiro interditar, resguardar a integridade física dos usuários. Segundo passo é fazer uma inspeção extraordinária. Os engenheiros da Seinfra conhecem o protocolo, e o estão cumprindo. A estrutura vai ser limpa, vistoriada. Vão ser avaliadas as questões técnicas, para se chegar a uma decisão final se vai liberar para tráfego”, informou.

Danos

Apesar disso, o prefeito Rogério Cruz, durante visita ao local, revelou que as avaliações preliminares não indicam danos à construção. Após as primeiras análises, a principal preocupação é garantir segurança aos usuários no local e “por isso, aguardamos o relatório concreto que aponte o estado real das estruturas”, apontou o prefeito. A expectativa é de que a análise dos danos do incêndio seja finalizada ainda durante o final de semana, para que as equipes técnicas possam dar sequência nas ações de liberação do tráfego e modificações necessárias na estrutura.

O secretário municipal de Infraestrutura, Everton Schmaltz, também esteve presente no local e explicou que as primeiras análises não indicam infiltração na estrutura. A princípio, dois pilares foram atingidos pelas chamas e sofreram apenas danos superficiais, especialmente na pintura. “Porém, é preciso aguardar as análises técnicas, como ensaios de integridade, para termos uma conclusão acertada”, esclareceu.