A quantidade de vereadoras mulheres na Câmara Municipal de Goiânia pode cair de cinco para duas, no melhor cenário, após o período eleitoral de 2022, caso as parlamentares que desejam se candidatar tenham sucesso nas urnas. O dado foi constatado após pesquisa do Jornal Opção no portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde observa que três dos cinco suplentes diretos para substituir cada uma das quatro parlamentares, caso eleitas, são homens.

Atualmente, a Câmara de Goiânia conta com cinco vereadoras: Aava Santiago (PSDB), Gabriela Rodart (PTB), Leia Klebia (PSC), Lucíula do Recanto (PSD) e Sabrina Garcêz (Republicanos). As cadeiras de Gabriela Rodart e Sabrina Garcêz, no entanto, pertentem respectivamente ao Democracia Cristã (DC) e ao PSD, partidos que elegeram as parlamentares. Na análise dos suplentes, então, apenas PSC e PSD possuem mulheres como primeira suplente: a Pastora Sarah Mendes (PSC) e a ex-vereadora de Goiânia Priscila Tejota (PSD). Entre as duas, no entanto, apenas Tejota teria chance de assumir pós-eleições, visto que Klebia já afirmou e reforçou que não tem interesse em disputar o pleito de 2022, sendo a única certeza de representatividade feminina a permanecer na Casa.

Já confirmadas como pré-candidatas, Garcêz, Aava e Rodart almejam uma cadeira na Câmara dos Deputados, enquanto a vereadora Lucíula do Recanto busca uma das 41 vagas da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego). Caso tenham sucesso e sejam eleitas, os suplentes convocados do PSD são Priscila Tejota e o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Newton Moraes, pré-candidato a deputado estadual. O próximo da lista do partido é Maurílio Diogo. Caso as parlamentares do PSDB e do ex-DC sejam lançadas como candidatas no pleito deste ano e sejam eleitas, ambos os primeiros suplentes a substituí-las serão homens. No caso de Aava, seria convocado William do Armazém (PSDB), e de Gabriela, Márcio do Carmo (DC).

Representatividade

Apesar de reconhecer a importância de expandir a bancada feminina em outras casas legislativas, a vereadora Lucíula do Recanto avalia que o desfalque que a Câmara Municipal pode sofrer prejudica a representatividade feminina na política goianiense. “Se todas forem eleitas, eu vejo como tristeza. É um desfalque muito grande”, comenta a vereadora. Ela destaca que o risco da casa voltar a ser dominada por homens retrata pouca efetividade do discurso que prega a necessidade de mais mulheres na política. “Na prática não é isso. É ruim para o incentivo, mas a questão delas é complicada em virtude das múltiplas tarefas desenvolvidas: mãe, esposa, trabalhadora. Eu vejo a diferença que fazemos ali dentro”, lamenta ao Jornal Opção.

A vereadora Sabrina Garcez também reconhece o possível dano, mas destaca o papel legislativo delas no alcance do cargo em outras esferas políticas. “Para a Câmara e os debates, é muito ruim porque vamos diminuir a bancada e a representatividade feminina, caso todas sejam eleitas. Por outro lado, se todas as vereadoras que são pré-candidatas ganharem, também vai haver uma ascensão das mulheres. Com isso, demonstra uma confiança dos eleitores no trabalho que nós fizemos”, pontuou.

Atualmente, na Câmara, outras suplentes mulheres incluem a presidente estadual do PT, Kátia Maria, – que assumiria em uma eventual saída do vereador Mauro Rubem – e a cientista política Ludmilla Rosa, na fila do Avante.