Associação ligada a irmão de vereador de Aparecida é beneficiada com quase R$ 1 milhão em emenda

01 agosto 2025 às 08h27

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Das mais recentes emendas impositivas aprovadas para o empenho pela prefeitura de Goiânia, o repasse à uma organização social civil (OSC) salta aos olhos pelo tamanho elevado dos recursos pretendidos ante o pequeno porte da associação beneficiada.
Conforme a publicação de uma abertura de crédito suplementar no Diário Oficial do Município (DOM) desta última terça-feira, 29, a OSC Organização Cultural Garra (Garra) deve receber R$ 976.853,13 do vereador Henrique Alves (MDB). A associação, com sede no Setor Parque Eldorado Oeste, se identifica como uma organização sem fins lucrativos com foco em atividades esportivas para crianças. A entidade atende, em média, 50 crianças da região. A equipe de reportagem acompanhou o portal da transparência, mas não encontrou os empenhos; o pagamento deve ser feito nos próximos dias.
Segundo a apuração do Jornal Opção, a organização é presidida pelo empresário Wesley Costa Teodoro, irmão do vereador de Aparecida, Wegner Costa Teodoro (PDT). A associação já havia recebido verba pelas emendas de dois dos três vereadores citados anteriormente no exercício de 2024, contudo, o valor total dos repasses foi apenas de R$ 400 mil. O valor repassado em 2025 representa mais que o triplo do recebido no ano anterior.
Atualmente, a sede da companhia é situada na Avenida Gyn 20, no setor Parque Eldorado Oeste, no mesmo local em que se encontra outra empresa de Costa, a construtora Cedemp (Centro de desenvolvimento empresarial), que se identifica como empresa de consultoria e assessoria empresarial no registro do CNPJ. A equipe de reportagem visitou o local e encontrou o local trancado, por imagens adquiridas de dentro, é possível observar que o local não é utilizado para os atendimentos.

A equipe conversou com moradores das redondezas para entender o funcionamento da Garra. Os populares afirmaram que avistam pessoas entrarem na empresa durante a manhã, mas saem do local logo depois para retornar durante o final da tarde. Quando questionado sobre a atuação da organização na comunidade local, os moradores não sabiam da atividade ou se estava aberta.
Além disso, o Jornal Opção visitou o Residencial Betim Belchior — local onde foi informado que seria a atuação da organização. No condomínio, foi informado que a OSC funciona como uma escola de futebol gratuita para os moradores locais com horários de terça e quinta. Ainda foi informado que Wesley também seria proprietário de imóveis no condomínio, destinado para famílias de baixa renda.
Além do vereador Henrique Alves, outras duas emendas, que totalizam cerca de R$ 500 mil, estão em fase de análise para aprovação final do Paço, correspondendo a um repasse de R$ 200 mil do presidente da Casa, Romário Policarpo, e outra destinação de R$ 316.853,23 do ex-vereador Izídio Alves (DC).
Ao Jornal Opção, o vereador Henrique Alves afirmou que enviou os repasses para ajudar a estruturação da organização e confia na experiência da Garra pelo tempo de atuação, além disso, apontou que o Plano de Trabalho da OSC foi aprovado pela prefeitura, mas que o empenho deve ser fiscalizado. “O objetivo da emenda é justamente para incentivar esse projeto, para estruturar e tentar ampliar ele lá naquela região.”
A equipe de reportagem também conversou com Wesley, responsável pelo projeto social, que relatou ter solicitado a emenda parlamentar diretamente ao vereador com o objetivo de ampliar o número de crianças atendidas. Segundo ele, a meta é passar das atuais 50 para 200 crianças até o fim do ano, com a expansão do atendimento para os setores Itaipu e Noroeste, em Aparecida de Goiânia.
Além das atividades esportivas, Wesley explicou que o projeto também contempla ações educativas e culturais. Entre as propostas estão a realização de palestras com temas voltados à formação cidadã, bem como visitas a espaços simbólicos do futebol goiano, como o Estádio Serra Dourada.
O proprietário da organização ainda conta que faz atendimentos nas escolas municipais e conta com projeto sociais para a população, pela atuação de 15 pessoas que contribuem com a organização. “Eu pedi uma verba para alugar uns ônibus para a gente levar [as crianças] nos parques, principalmente lá no Serra Dourada, e também com palestras tanto da educação, o que a gente também tem foco na escolaridade.”
Quando questionado sobre a ausência de uma sede aberta ao público, Wesley afirma que não possui o atendimento da população por motivos financeiros. A equipe de reportagem ainda pediu o envio do Plano de Trabalho para a validação dos projetos junto ao repasse requerido, contudo, o documento não foi fornecido.
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