No balanço dos cem dias do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os comentaristas políticos da grande mídia, à exceção de um ou outro – como Reinaldo Azevedo, da Band/UOL –, pouco ressaltaram o que foi o maior feito de sua gestão até o momento: a reação assertiva contra a tentativa de golpe já no domingo seguinte a sua posse.

Ao optar por uma intervenção civil na segurança pública do Distrito Federal, em vez de usar o mecanismo da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), conferindo poder aos militares, Lula “passou a risca”, como quem diz: em meu governo, mando eu.

Talvez tenha sido, de fato, apenas uma tentativa desesperada de lunáticos achando-se “patriotas”. Mas talvez os anos passem e se descubram mais coisas sobre os “bastidores” do 8 de Janeiro. Talvez por trás de uma intentona aparentemente manca haja revelações mais complexas, que a história trará, pela inconfidência de um ou outro participante.

No momento, o que há de se falar, nos anos que virão, é que Lula salvou a democracia duas vezes em menos de três meses: a primeira, com sua vitória nas urnas que quebrou a perigosa sequência da extrema direita no poder; e a segunda, usando sua vivência política para reagir contra os golpistas tomando uma atitude na medida.