Coordenador da campanha do PMDB admite que a falta do apoio do empresário Júnior Friboi vai pesar para o partido na campanha pela sucessão estadual

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Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Político que amadureceu ainda bastante jovem no ofício, Barbosa Neto hoje está em posição de linha de frente da campanha da coligação Amor por Goiás (PMDB-DEM-SD-PCdoB-PRTB-PTN-PPL), responsável pelo programa de governo. Ele fala do passado, mostrando incômodo ao ser questionado sobre críticas que fazia a Iris Rezende, mas diz que seus cinco mandatos o fizeram amadurecer, razão pela qual hoje reconhece as qualidades do ex-prefeito e ex-governador.

Entre críticas ao governo atual, Barbosa Neto delineia de forma sumária algumas das propostas do PMDB, lembrando que ainda estão em processo de discussão e formatação. Na segurança pública, por exemplo, a meta é reduzir em 50% os índices de criminalidade. Na saúde, é construir hospitais regionais. Sobre ciência e tecnologia, o coordenador diz que com o PMDB todas as áreas do governo terão avanço com o que a tecnologia permite.

Patrícia Moraes Machado – O sr. foi candidato ao governo em 2006 e depois se afastou. O sr. chegou a desistir da política? Por que retornou agora?
A história é mais ampla. Comecei muito novo, como vereador em 1988. Fui deputado estadual, deputado federal por três vezes e candidato a governador. A partir daí fiz uma avaliação do quadro, presidi o PSB por alguns anos e retornei ao PMDB, onde hoje coordeno a campanha. A política tem altos e baixos. Passei por um momento de reflexão sobre participar ou não do processo político. Hoje estou satisfeito, empolgado, contribuindo com toda a experiência que adquiri para ajudar Iris Rezende como candidato a governador, na construção de um projeto que venha ao encontro da que quer a sociedade goiana.

Patrícia Moraes Machado – Por que o sr. deixou o PMDB em 2002?
Pensando em novas alternativas. Quis participar de outra forma, fui a PSB, assumi a presidência, fui pré-can­didato a prefeito de Goiânia, e nu­ma famigerada prévia com outro partido, esse projeto não consolidou. Terminei meu mandato de deputado e disputei o governo em 2006, com o PT na vice e o PCdoB na vaga ao Senado.

Elder Dias – Em 1996 o sr. tentou ser candidato a prefeito de Goiânia pelo PMDB, numa disputa interna com Luiz Bittencourt. Foi um processo tumultuado, com suspeita de adulteração na contagem dos votos, etc. Como se diz popularmente, puxaram o seu tapete no PMDB naquele momento?
Em toda disputa há um ganhador e um vencedor. Perdi aquela convenção por um voto. Mas isso faz parte do passado, não há ressentimento, Bittencourt é meu amigo. Importante hoje é contribuir com o momento atual. Todas essas experiências tiveram importância na minha vida, mas estamos em 2014, numa eleição disputadíssima entre as duas maiores lideranças de Goiás. Temos de focar nisso, olhar para frente, que é escolher qual o governo de Goiás nós queremos, qual modelo de governar nós queremos, se é continuidade ao que está aí ou um novo governo.

Patrícia Moraes Machado – Mas o próprio discurso de seu candidato, Iris Rezende, é de que não tem como traçar o futuro sem olhar o passado. Vocês querem o voto da nova geração, que não conhece a história e esses dados são importantes nesse sentido. Por exemplo, houve mesmo aquele “voto fantasma” na convenção em 96, em que eram 70 convencionais e apareceram 71 votos?
Se for para relembrarmos o passado, talvez mais traumática foi a postura do governador Marconi nas prévias do PSDB, ele interferiu no resultado. Em 96, disputei com Bitten­court e perdi por um voto no meu partido…

Patrícia Moraes Machado – Mas houve o tal voto fantasma?
Não , não existiu o voto fantasma. Houve um voto a favor dele (Luiz Bittencourt), que ganhou. Em 2004 houve uma prévia e eu perdi para o deputado Sandes Júnior. São momentos. Mas o meu sonho de ser prefeito é natural, é a cidade onde nasci, cresci, me fiz vereador, deputado estadual, onde fui mais votado em todas as minhas eleições. Na minha candidatura a governador foi aqui onde tive o maior porcentual de votos. Tenho orgulho do meu passado, tenho uma trajetória política …

Patrícia Moraes Machado – Por isso mesmo rememoramos, porque o sr. tem um trabalho e sempre acreditou que à frente da Prefeitura de Goiânia traria benefícios para a cidade. Antes, o sr. deixou o PMDB com o discurso de que Iris não deixava ninguém crescer no partido. Como o sr. explica isso e o fato de agora estar novamente no PMDB, trabalhando pela eleição de Iris Rezende?
Justifico de forma muito objetiva, existem duas lideranças em Goiás que estão disputando o governo no­vamente. Nosso passado tem importância e o que aconteceu foi público, a imprensa noticiou. Mas acho que neste momento Iris reúne as melhores condições, tem o oxigênio mais forte para governar Goiás. Os 16 anos do governo atual geraram cansaço na população. O que ocorreu no passado é importante para todos, mas não me cabe buscar no passado qualquer tipo de crítica ao meu candidato, pelo contrário. O meu processo de amadurecimento me fez voltar ao PMDB e dentro deste partido, onde construí uma carreira, procurar ajudar a ganhar a eleição.

Patrícia Moraes Machado – Então a sua opinião de que Iris Rezende não representava mais avanço para Goiás modificou?
Acho que hoje ele representa mais avanço que o atual governo.

Cezar Santos – Mudou Iris Rezende ou mudou Barbosa Neto?
Iris melhorou muito. As experiências nas últimas eleições o fizeram refletir muito, ele hoje é um homem maduro, determinado, com uma vitalidade que todos sabemos.

Iris Rezende melhorou muito. as experiências  nas últimas eleições o fizeram refletir, ele hoje é um homem maduro, com a vitalidade que todos sabem”
Iris Rezende melhorou muito

Cezar Santos – Mas ele não era assim antes quando o sr. o criticava? Passou a ser isso agora?
(Em tom irritado) Vocês não vão tirar de mim as críticas do passado. Só não sei por que vocês não fazem as mesmas perguntas ao governador Marconi Perillo.

Cezar Santos – O sr. é importante no contexto, tanto por estar na coordenação da campanha do PMDB quanto pelo passado de destaque que tem. Inevitavelmente, temos de puxar essas contradições, o eleitor pode tê-las como referência. Se fosse um “Zé Mané” sendo entrevistado, certamente não perguntaríamos sobre o passado.
Olha, cabe a mim defender as minhas convicções, que hoje estão focadas para contribuir no caminho de fazer Iris Rezende o governador de Goiás. Independentemente dos erros e acertos que tive na minha trajetória, da qual me orgulho muito. As minhas seis eleições me amadureceram muito e quero contribuir para um projeto. Não tenho dúvida de que a candidatura de Iris hoje é um avanço para Goiás.

Cezar Santos – A Prefeitura de Goiâ­nia ainda está no seu horizonte?
Não está em debate isso, não voltei ao PMDB com esse propósito. Quero participar do processo político eleitoral deste ano. A partir daí o céu é o limite. Sempre fui um político ousado, fui o vereador mais jovem de Goiânia, fui o deputado estadual mais jovem de Goiás, fui deputado federal, presidente da Câmara, fui corregedor e outros cargos porque soube ocupar os espaços, e o espaço que está aberto agora é na contribuição para a alternância de poder em Goiás.

Frederico Vitor – Como presidente do PSB goiano o sr. recebeu o empresário Júnior Friboi, dizia-se até que o sr. era fiel escudeiro dele. Ele foi para o PMDB e tentou ser o candidato ao governo. Friboi seria melhor candidato que Iris neste momento?
Júnior se dedicou ao máximo que pôde em termos de candidatura a governo, não só no PSB, mas também no PMDB. Em determinado momento ele retirou sua candidatura, e o candidato hoje é Iris Rezende. Escrevi sobre isso, tínhamos de um lado um empresário, de uma das maiores empresas do mundo, e do outro lado um homem que foi governador, ministro por duas vezes, prefeito por três vezes, vereador, deputado estadual, senador. Eu defendia que os dois pudessem estar juntos. Propus a ambos que eles estivessem na chapa majoritária ao governo de Goiás. Isso porque um traria a experiência do setor privado, e outro traria toda sua experiência na vida pública, desde vereador até ministro da Justiça.

Cezar Santos – Foi o sr. que convidou Friboi para ingressar no PSB?
Sim, ao PSB sim.

Elder Dias – O sr. teve algum papel na aproximação de Júnior Friboi ao PMDB?
Não.

Patrícia Moraes Machado – Mas, com a ida de Friboi para o PMDB, logo depois, com a chegada de Vanderlan Cardoso, o sr. também deixou o PSB. Por que o sr. deixou o partido e foi para o PMDB?
Estávamos todos envolvidos em um projeto que foi migrado para o PMDB. A nova configuração no PSB gerou a impossibilidade de minha permanência e voltei ao partido no qual comecei minha carreira política.

Cezar Santos – O sr. não recebeu apoio de Vanderlan para continuar e ser candidato a deputado federal?
Nem cheguei a discutir isso, até porque a base do PSB naquele momento não apoiava Vanderlan. Como ocorreu para o PMDB, vários migraram para outros partidos, entre lideranças de Goiânia e do interior. Hoje, a configuração é que o PMDB tem uma candidatura própria, com Iris Rezende, e Vanderlan é o candidato do PSB. Mas, naquele momento, a configuração impossibilitou minha permanência no partido. Eu, por conhecer de perto a política goiana, tomei a decisão de me filiar ao PMDB.

Marcos Nunes Carreiro – Júnior Friboi chegou ao PMDB e conquistou o partido, não só na capital como no interior. Ao desistir de sua candidatura e divulgar uma carta, ele se mostrou magoado. Agora, ele tem dito que vai ficar fora da disputa eleitoral. Ou seja, não vai entrar na campanha de Iris e, segundo consta, tem conversado bastante com o governador Marconi Perillo. A falta do apoio de Júnior Friboi vai pesar para o PMDB?
Eu acredito que sim. Júnior Friboi está fora do Brasil no momento. O que sei é que praticamente todas as lideranças que estavam com Júnior agora estão engajadas na campanha de Iris – assim como eu, também Leandro Vilela [deputado federal], Daniel Vilela [deputado estadual], Eurípedes Pankão [ex-prefeito de Acreúna], o ex-prefeito de Damolândia [Wilson de Lima], Sandro Mabel [deputado federal], Maguito Vilela [prefeito de Aparecida de Goiânia], porque militam no PMDB. Respeito a decisão de Júnior e ele deixou claro que vai participar desta campanha como eleitor. Foi isso que ele publicou e assinou. Em quem ele vai votar, só ele pode dizer.

Praticamente todas as lideranças que  estavam com Júnior Friboi agora se mostram  engajadas na campanha de Iris Rezende”
Praticamente todas as lideranças que estavam com Júnior Friboi agora se mostram engajadas na campanha de Iris Rezende”

Patrícia Moraes Machado – Júnior Friboi foi tripudiado pelo grupo de Iris durante a pré-campanha e isso o fez retirar a pré-candidatura, que o sr. apoiava. Como o sr. avalia esse processo?
A política tem dois eleitores: um eleitor interno e um eleitor externo. Júnior avançou no eleitor interno e Iris manteve o eleitor externo. O ideal era que ambos estivessem juntos: Júnior, com pouco mais de 50 anos e Iris, com sua experiência e um processo político mais avançado, poderiam fazer uma composição. Essa era minha opinião e a manifestei interna e publicamente durante o processo do PMDB. O partido em Goiás tem uma história que se confunde com a história de Iris Rezende. Então, Júnior, em um determinado momento, passou a ser, com Iris, as duas maiores lideranças do partido. Se tivéssemos alguém com o perfil e a história no perfil privado como Júnior e outro com o perfil e a história de Iris no setor público, a chapa seria extremamente competitiva.
Patrícia Moraes Machado – Mas minha questão se refere a como o sr. avalia o processo de desgaste sofrido por Friboi dentro do partido, causado pelo grupo de Iris.
É uma disputa interna e isso é natural. O grupo de Júnior também trabalhava com o desgaste do pré-candidato Iris. Foi assim também quando eu disputei a candidatura à prefeitura com Luiz Bittencourt. As disputas internas têm esse preço.

Patrícia Moraes Machado – Ou seja, mais uma vez se comprova que Iris controla o partido. Seu projeto pessoal se sobrepõe aos demais?
E isso é natural, pela história dele. Quem do PMDB foi governador, prefeito, ministro, e tantas vezes?

Patrícia Moraes Machado – Isso não prejudica o partido?
Não acredito. A prova é que Iris, diante de todo esse quadro e com seu afastamento temporário, ainda se posicionava, pela opinião pública, como o candidato mais competitivo. O ideal seria estarmos ter todos juntos. A maioria, quase a totalidade das pessoas, está envolvida na campanha de Iris, em uma prova de que o compromisso é com o partido.

Patrícia Moraes Machado – Há muito tempo, seu trabalho é pela união da oposição, desde eleições passadas. Em 2006, quando Ma­guito Vilela disputou a eleição para o governo, o sr. também disputou, com a coligação PSB-PT-PCdoB. Na é­poca, Frederico Jayme, como disse aqui ao jornal, seria o candidato a vice de Maguito. Acon­teceram articulações e ele disse que teria a possibilidade de o sr. ser vice naquela chapa. Isso só não aconteceu porque Iris não teria aceitado a coligação com o PT. Houve mesmo essa tentativa de união da oposição em 2006? E se houve, por que não se efetivou?
Houve, não só por parte de Maguito, mas também do governador Alcides Rodrigues [então candidato à reeleição], houve o movimento de me chamar para ser seu vice – um esforço do deputado Sandro Mabel e do ex-prefeito de Aparecida Ademir Menezes. Mas meu propósito era, como se efetivou, ser candidato a governador.
Patrícia Moraes Machado – Mas por que a chapa Maguito–Barbosa não se efetivou?
Por que o PSB quis apresentar uma candidatura própria. Não foi por outro motivo a não ser um propósito nosso de ser candidato. Foi a única que perdi das seis eleições que disputei, mas me senti com o dever cumprido, por poder contribuir com o debate em uma campanha para governador.

Cezar Santos – Em que pese isso, seus números naquela eleição foram sofríveis. Fora de um partido estruturado o sr. acha que há possibilidade de algum candidato ter sucesso?
Creio que, em determinados momentos, o posicionamento de um político não se mostra só com a vitória. Naquela eleição, tive o dobro de votos, por exemplo, de De­móstenes Torres [então ainda senador e candidato ao governo pelo DEM]. Não considero, então, que foi sofrível. Foi um esforço recompensado, com um porcentual que julgamos satisfatório. Mos­tramos nossas propostas e não é à toa que neste momento estamos contribuindo na área de planejamento da campanha de Iris Re­zende, porque perceberam que, apesar de não termos conseguido mais, pela falta de um partido mais estruturado – e nisso você tem razão –, que tínhamos muito a acrescentar ao debate. Hoje eu pego toda aquela experiência e contribuo para que, agora em um partido estruturado, possamos apresentar a Goiás um projeto ousado para que um homem, que é ousado e tem vitalidade, possa chegar ao governo.

Patrícia Moraes Machado – Em uma avaliação pessoal, vejo que, em todos os caminhos que o sr. traçava, tinha alguém que o vetava. Quando parecia ser a sua vez, acontecia alguma coisa. O sr. se viu, nesses momentos, como uma ameaça maior a outros políticos?
Esse é o jogo, não só na política. Em um jornal, a forma com que ocorre uma disputa não é muito diferente do que há na atividade pública. Há sempre apoiadores e não apoiadores. Você tem razão em um aspecto, porque sempre fui um político independente e nem sempre isso é reconhecido como qualidade. Em todos os momentos de minha vida, enquanto estive participando, como estou hoje, tentei ousar. Na Câmara de Goiânia, como o mais novo vereador, me tornei relator da Lei Orgânica e líder do PMDB. Assim também foi na Assembleia e na Câmara dos Deputados, onde fui corregedor e vice-presidente. Perdi a disputa pela liderança do PMDB na Casa por um voto. Então, essa é minha trajetória e é com ela que pretendo contribuir para que possamos ter sucesso de forma efetiva, ao lado de nomes como Sandro Mabel, Samuel Belchior [deputado estadual e presidente do PMDB em Goiás], Mauro Miranda [ex-senador], Luiz Felipe [publicitário] e Filemon Pe­rei­ra [jornalista e assessor], para que Iris, Armando Vergílio (SD) e Ro­naldo Caiado (DEM) sejam, respectivamente, governador, vice-governador e senador por nosso Estado.

Patrícia Moraes Machado – Como está hoje sua relação com o ex-prefeito Nion Albernaz (PSDB)?
É uma pessoa por quem tenho admiração. Fui vereador quando ele era prefeito, mas não tenho mantido contato com ele, ultimamente.

Patrícia Moraes Machado – Ele o apoiou em sua pré-candidatura a prefeito em 2004.
Sim, me apoiou abertamente e, como eu, se sentiu também muito surpreso com os resultados daquela prévia.

Patrícia Moraes Machado – O que aconteceu naquela votação?
A Deus pertence.

Patrícia Moraes Machado – Mas o que aconteceu, de fato?
A Deus pertence.

Patrícia Moraes Machado – Que história foi aquela de uma “mala preta”? Houve isso?
Eu perdi as prévias. Achávamos que ganharíamos e perdemos.

Patrícia Moraes Machado – Houve alguma pressão do deputado Jovair Arantes (PTB), que teria falado nessa história de “mala preta”?
A disputa foi entre Sandes Jú­nior (PP) e eu. Em toda e qualquer disputa, quem ganha usa os instrumentos que quiser para isso. Eu perdi e Sandes ganhou. Cheguei para a disputa, acompanhado do professor Nion e da professora Raquel Teixeira [então deputada federal pelo PSDB], mas perdemos.

Patrícia Moraes Machado – A verdade é que o sr. dormiu candidato e acordou não candidato. Aí vieram as especulações, segundo as quais o deputado Jovair Arantes teria alertado para essa história da “mala preta” e da compra de correligionários. Com isso, sua candidatura foi retirada e Sandes se consolidou.
Jovair era do mesmo partido de hoje (PTB) e a disputa foi entre eu e San­des. Essas informações, portanto, não condizem com a realidade da­quele momento nem com o resultado.

Elder Dias – Marconi foi o único nome novo na política de uma geração. Hoje temos uma disputa em que, dos quatros nomes, três participaram do pleito em 2010. Como o PMDB está se preparando para viver sem Iris?
Se observado os quadros do PMDB há toda uma preparação. Temos Daniel Vilela, Wagner Si­queira, que é um jovem, um bom qua­dro e respeitado, o Bruno Pei­xo­to, o próprio Paulo Cezar Martins. Na Câmara Municipal de Goiânia temos os vereadores Denilson Trindade e Mizair Lemes Júnior. São todos de uma geração nova que chega efetivamente no processo político. Muito se cogitou que o atual governador não seria candidato de novo. Foram quatro eleições, será que já não está saturado? Ele não estaria preparando um jovem? Esse é o processo político, é natural. São quatro candidaturas e cada uma está em seu canto. As questões internas de cada são tratadas em determinado momento de forma avançada. O PMDB hoje tem quadros importantes que representam uma geração que tem todas as condições de dar continuidade ao futuro do partido, depois da eleição de Iris Rezende em 2014.

Patrícia Moraes Machado – Na sua candidatura ao governo em 2006 o seu mote era de que o goiano precisava pensar grande. O que seria pensar grande?
Eu queria propor ao povo goiano a possibilidade de embarcar no momento em que o Brasil vive. Nosso País, até décadas atrás, vivia muitas dificuldades sob o aspecto econômico. No final do governo Fernando Henrique (PSDB), o salário era 74 dólares. Hoje é de 360 dólares. A competitividade do País aumentou muito, igualmente a capacidade de arrecadação. Nós não precisávamos mais discutir coisas pequenas, e Goiás precisa se inserir nisso. Eu dizia da Ferrovia Norte-Sul, que está consolidada, o gasoduto Brasil-Bolívia, o alcoolduto Paulínia-Senador Canedo, e tudo isso ainda está em pauta. Governo que não planeja e que não tem visão de futuro acaba se enfronhando no dia a dia e não tem perspectiva macro. Estamos vendo aí o final de governo que demonstra claramente isso. Trago aquela experiência e o Iris tem esse perfil, de um político arrojado, na Prefeitura de Goiânia mostrou isso, foi bom gestor, bom político, um bom executor de obras, um bom executor de políticas públicas, foi um bom prefeito para o funcionalismo público. Em todos os eixos que se queira debater a última gestão de Iris é referência. Temos todas as condições de fazer Goiás avanças mais do que tem avançado nestes últimos anos.

Marcos Nunes Carreiro – Nos protestos do ano passado, o povo saiu às ruas pedindo renovação na política. Mas os candidatos mais experientes lideram a intenção de votos. O povo prefere a experiência à renovação?
Minha leitura sobre as manifestações é que foram por mais eficiência dos serviços públicos: saúde, segurança, houve até um comparativo ao padrão Fifa em todas as áreas. É esse o grande debate, ou seja, qual é o serviço público de saúde que tem sido oferecido ao povo goiano? Qual é o serviço público de segurança pública que está sendo oferecida ao povo goiano? Qual é o planejamento que este atual governo está propondo? Este debate está contemporâneo. Hoje a população está atenta. As redes sociais, e o Jornal Opção está nisso, colocaram a questão de forma diferenciada, horizontalizaram o debate. Hoje as redes sociais possibilitam que o cidadão converse com seus candidatos. Não é mais aquela verticalização de candidato no palanque e ele (eleitor) lá embaixo. O grande instrumento de mobilização das últimas eleições não foram os partidos políticos. Foi a capacidade de interlocução dos cidadãos por meio das redes sociais. A cada minuto, a cada segundo, há informações. Esse é o grande debate, não foi à toa que o governo não conseguiu os R$ 80 milhões no Tribunal de Justiça, as redes sociais tiveram papel nisso. O Ministério Público, e os órgãos reguladores estão atentos. Não foi à toa que muitas coisas que estão acontecendo em Goiás não passaram em branco. O Brasil e o mundo estão avançando. Nos Estados Unidos, Obama foi o símbolo de quem usou isso de forma efetiva no processo político eleitoral. Houve a horizontalização do debate.

Patrícia Moraes Machado – Mas o eleitor vota na renovação ou na experiência?
O eleitor vota de duas formas. Ou ele vota numa renovação com consistência, ou naquilo que ele conhece. Acho que o Iris é uma renovação com consistência.

Frederico Vitor – Iris Rezende, ao longo de seus 50 anos de vida pú­blica, tem condições e facilidade de se comunicar com o cidadão goiano por meio das mídias digitais?
Não tenho dúvida. Todos aqui instrumentalizam o debate por meio das redes sociais. E Iris, por intermédio de todos nós, vai fazer isso. É um processo de renovação. A equipe dele tem feito isso. Apesar de toda a estrutura de governo, a candidatura do PMDB tem ganhado corpo e crescido. E há tem instrumentos de monitoramento que apontam isso. Estamos satisfeitos com o debate nas redes sociais.

Cezar Santos – O sr. exaltou a gestão de Iris na Prefeitura de Goiânia, mas ele a entregou a Paulo Garcia, e depois pediu aos goianos que votassem no petista. A má gestão de Paulo Garcia em Goiânia não será um peso para a candidatura de Iris Rezende, que o patrocinou na prefeitura?
Iris foi um ótimo prefeito e será um extraordinário governador. Ele tem um jeito de administrar e Paulo tem outro, e na política há momento de altos e baixos. É preciso que o governo federal olhe mais atentamente para Goiâ­nia. Os municípios detêm apenas 13% da receita arrecadada. O go­verno de Goiás, o governo federal e a prefeitura devem ter de forma efetiva ações concretas na busca contínua da qualidade de vida da população. Não será este debate que vai fazer Iris ganhar ou perder votos, as pesquisas mostram is­so. Iris tem responsabilidade com Goiânia e irá ajudar a capital mui­to mais do que o atual governo.

Cezar Santos – Refaço a pergunta: como o sr. avalia a administração do prefeito Paulo Garcia?
Acho que ela vai melhorar muito com a gestão do Iris, porque o Paulo terá um parceiro no governo e não um adversário. Iris é um homem que tem amor por Goiânia, pois já foi prefeito três vezes e vai ajudar de forma efetiva e concreta.

Cezar Santos – O sr. fugiu da pergunta.
Não.

Cezar Santos – A pergunta foi: o que sr. acha da gestão de Goiânia atualmente.
Eu estou respondendo. Acho que ela vai melhorar muito com a elei­ção do Iris ao governo do Estado.

Marcos Nunes Carreiro – Isso significa, então, que a gestão de Goiânia está ruim?
Não. Independentemente de estar boa ou ruim, ela vai melhorar. Se ela está ruim, não é apenas uma questão de gestão. Agora, tenho certeza de que Iris tem um compromisso forte com Goiânia. Os nossos planos e debates demonstram claramente isso.

Frederico Vitor – Iris Rezende disse que, se eleito, irá dobrar o número de efetivos da Polícia Militar, que é de aproximadamente 13 mil. Como isso será feito?
O problema da segurança pública não pode ser desviado para uma questão nacional, pois outros Esta­dos avançaram muito mais que Goiás nessa área nos últimos anos. Rio de Janeiro, São Paulo, Pernam­bu­co, Ceará, etc. A média nacional é in­finitas vezes menor que o crescimento da criminalidade em Goiás. E isso é falta de homens qualificados nas ruas. E o governador Iris tomou a de­cisão de que, em seu governo, irá dobrar e qualificar o número de efetivos da polícia para melhorar a qualidade de vida dos goianos. Isso gerou um debate e, por isso, de forma irresponsável o governador Marconi a­nunciou um concurso para 6 mil cargos no governo. No apagar das luzes. Essa é uma demonstração clara de que a população recebeu como boa essa proposta do candidato Iris.

Elder Dias – Mas isso não é bom? Afinal, se Iris Rezende for eleito ele já contará com mais 6 mil servidores.
Não acredito que ninguém ache que faltando três meses para acabar o governo seja o momento adequado para abrir um concurso público.

Elder Dias – Não é o momento adequado para priorizar a segurança pública?
O momento adequado foi há três anos.

Elder Dias – É preciso lembrar que o efetivo ainda é o mesmo de 1998. Ou seja, é preciso aumentar e o concurso visa essa questão.
Olha o elogio para o PMDB. O efetivo é o mesmo de 1998. Isso é uma irresponsabilidade dos governos que assumiram o Estado desde então.

Elder Dias – Mas o sr. participou do governo Alcides Rodrigues entre 2006 e 2010. Marconi foi padrinho da candidatura de Alcides, mas não participou da gestão. Assim, o sr. também não faz parte desse fracasso na segurança pública?
O governador Marconi Pe­rillo não aumentou o quantitativo das polícias no Estado em nenhum dos seus governos. Perdeu a autoridade com o envolvimento com o crime. Essas são as realidades.

Cezar Santos – O sr. diz que o governador se envolveu com o crime. Pode explicar melhor?
Todas as capas de todas as revistas e jornais do Brasil mostraram o envolvimento do governo de Goiás com setores do crime. Isso é público e notório. Essa questão criou dificuldades na gestão do governo estadual e a Justiça há de julgar isso de forma efetiva.
Cezar Santos – Como governador, o histórico de Iris Rezende não é favorável à segurança pública. No período de seu governo, por exemplo, houve investimento de 6,2% no setor. Marconi Perillo investiu 8,6%. Isso não mostra que quando tinha condições de fazer, Iris não fez?
Iris irá fazer em seu governo. Não tenha dúvidas. O atual governo não fez e não tem autoridade sobre as políticas de segurança pública. Fora isso, aumentou a criminalidade em Goiás muito mais do que a média nacional e não aumentou o quantitativo de efetivos nas polícias. E Iris já anunciou, para que não haja dúvidas, de que irá dobrar esse número, qualificar e equipar as polícias, além de utilizar das ferramentas tecnológicas para melhorar a questão.

Cezar Santos – Sobre resolver problemas, Iris Rezende disse uma vez que iria resolver o problema do transporte público em Goiânia em seis meses. O sr. acreditou nisso?
(risos) Eu acho que não se pode dizer que há uma área em Goiânia arrumada. Quando assumiu a prefeitura, Iris colocou centenas de ônibus novos na rua e reformou terminais. Agora, a questão dos transportes é, realmente, uma questão nacional. Transporte precisa ser inserido em políticas públicas. Não pode mais ser deixado no debate iniciativa privada-cidadão. Em todos os lugares do mundo que há transporte público de qualidade, o governo, seja ele municipal, estadual ou federal, está ativa e financeiramente participando.

Iris colocou centenas de ônibus novos na  rua e reformou terminais. Agora, o problema do transporte é, realmente, uma questão nacional”
Iris colocou centenas de ônibus novos na rua e reformou terminais. Agora, o problema do transporte é, realmente, uma questão nacional”

Cezar Santos – Mas dizer que irá resolver em seis meses não é uma bravata?
Não. Foi uma determinação. Todos os eixos em que Iris se propôs a atuar, ele consolidou. Um dos grandes problemas do transporte público é a velocidade dos ônibus. O trânsito é um dos grandes gargalos do transporte público. E Iris foi o primeiro prefeito a criar dois viadutos para resolver o problema do trânsito. Se vocês compararem o Terminal Bandeiras com os que ainda não foram concluídos, verão a diferença. A frota de ônibus de Goiânia passou a ser a mais nova e foi a primeira a dar acessibilidade a deficientes físicos. Agora, o debate é: a segurança pública em Goiás é uma das piores do Brasil. Isso não é bravata. São números. A Secretaria de Segurança Pública chegou a proibir a divulgação de dados à população. Por quê?

Elder Dias – Eu não consigo acreditar quando se diz que resolverá o problema da segurança pública com a contratação de funcionários ou que o transporte coletivo terá solução em seis meses. Gostaria que o sr. apresentasse propostas concretas e dissesse quem está na equipe do PMDB para tratar tecnicamente dessas questões.
Primeiro, a política é exercida por aqueles que querem participar da política. Ser PhD, ou não, em determinada área não resolverá os problemas. Sobre segurança, não podemos desviar o assunto. Outros Estados, independentemente de Sorbonne, Harvard ou PUC, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Mato Grosso, todo eles melhoraram a segurança pública. Goiás não. Piorou muito.

Cezar Santos – Até o Distrito Federal melhorou?
Todos. A média nacional é muito menor do que Goiás. Contra números não há argumento. O número de vagas nos presídios goianos, os índices de criminalidade, seja homicídio doloso ou culposo, qualquer que seja, nós estamos capenga. E, para isso, o PMDB tem um projeto com metas. A modernidade nos propiciou trabalhar com indicadores. Iris reduzirá em 50% a criminalidade em Goiás. Ou seja, fará o inverso do que aconteceu nos últimos anos. A criminalidade aumentou, nós diminuiremos. Aqui, no Jornal Opção, qual a profissão de vocês?

Patrícia Moraes Machado – No Jornal Opção só trabalham jornalistas.
Não tem nenhum sociólogo, para trabalhar determinados assuntos?

Patrícia Moraes Machado – Que argumento é esse?
Hoje, nos reuniremos, para um debate sobre saúde, com 100 pessoas. Entre eles médicos, enfermeiros, biomédicos, usuários, para construir uma proposta efetiva de política pública de saúde. Na semana que vem estaremos com os prefeitos. Há um calendário, distribuído em quatro eixos. Não tenha dúvidas: Iris apresentará a Goiás propostas fundamentadas. A experiência nos diz e as pesquisas demonstram que quando Iris propõe não é de forma irresponsável. Há um histórico de concretizações. Há quatro anos, vocês leram as propostas do governador Marconi?

Elder Dias – Li as propostas de todos os candidatos e aponto as mesmas inconsistências.
Ele cumpriu?

Ele cumpriu parte. Um jornal diário trouxe, no final de fevereiro, uma página inteira (de ação) desastrosa e irresponsável nas áreas de segurança, saúde, educação. Fala de segurança pública, hoje, como se os últimos três anos e sete meses fossem de outro governo. O que existe é uma blindagem por volume de propaganda jamais visto. Não é crítica, é fato. A tecnologia nos permite ter transparência. Quanto o governo gastou? O que daria para fazer, com essa quantia, pela segurança? E ainda saúde, habitação, saneamento? Na Celg.

Cezar Santos – A meta de Iris é reduzir em 50% a criminalidade. Não é pouco ousada? Por que não 55% ou 60%, ou 80%?
Quanto esse governo diminuiu?

Cezar Santos – Estamos tratando do PMDB, cuja campanha o sr. coordena.
Não, estamos tratando do Estado de Goiás.

Cezar Santos – Então por que não 70% de redução nos índices?
Porque é uma meta responsável e ousada, que significa dezenas de vezes mais o que esse governo fez. Eu não direi como, pois em determinado momento nosso candidato dirá. A meta é ousada.

Patrícia Moraes Machado – Como se chegará a esse índice, repetindo a pergunta do Cezar que o sr. ainda não respondeu?
A minha resposta é clara: vamos. E, aí, vem as propostas, com metas e indicadores. Não dá para ficar com discursos vazios. São metas e estão aqui. Meta é redução. Qual a proposta? Aumentar o dobrar o quantitativo, qualificar, armar, usar equipamentos.

Patrícia Moraes Machado – Mas isso é o óbvio.
Mas não foi feito.

Patrícia Moraes Machado – E devido a isso, se chega a 50%?
A grande dificuldade é fazer o óbvio.

Patrícia Moraes Machado – Todos os candidatos, independentemente do nome, falam essas mesmas palavras, frases de efeito. Se a meta é 50% pressupõe-se que foi feito um cálculo. Como se fez esse zcálculo. Dizer vamos aumentar o número de polícias e armamentos e isso vai reduzir a criminalidade?
Não. Existe algo distinto. Qual foi, nesses últimos quatro anos, o porcentual de aumento da criminalidade? Pesquisem, se a Secretaria de Segurança permitir. Portanto, vocês verão que é uma meta ousada e está detalhada no nosso plano. Nos próximos dias o apresentaremos em programas eleitorais, no rádio e na televisão, em entrevistas, nos discursos, na militância, como será feito isso.

Patrícia Moraes Machado – E já se sabe como será feito?
Sabemos, mas estamos aprimorando, pois é preciso envolver a sociedade. Como o Elder bem disse, é preciso envolver mais pessoas.

Patrícia Moraes Machado – Certamente o eleitor quer que esses números, essa metas, venham com propostas. Como vocês justificam esse número ou meta como o sr. diz? O que se vende é que logo quando Iris for eleito governador de Goiás, o Estado será o paraíso. Como?
Quais são os mecanismos? Aumentar o número de celas. Precisamos acabar com a impunidade.

Patrícia Moraes Machado – Impunidade há em todo Brasil.
Ok. Mas em Goiás a impunidade é maior. O que complica é que nós somos a nona economia e estamos muito atrás em segurança pública, em criminalidade, impunidade, números de mandatos de prisão.

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Patrícia Moraes Machado – Me desculpe, mas novamente o sr. está apontando e não justificando a proposta de governo de vocês. A ideia de trazer os coordenadores de campanha para entrevistá-los é para que vocês, que estão fundamentando um projeto de governo, nos mostrem e decifrem essas propostas. Está vago.

Não está vago. O número de 50% é objetivo, concreto, um dado. Nos últimos anos, aumentou quanto? Nós diminuiremos 50%. No momento, preciso que você entenda e, experiente no jornalismo, entenderá que as propostas estão sendo aprofundadas, ouvindo pessoas, com todo um cronograma que continua em prática.

Patrícia Moraes Machado – Então não se faz a partir do momento que a pessoa decide se candidatar a governador?
Não, você colhe informações, cria metodologias, apresenta as diretrizes ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Patrícia Moraes Machado – Quem se dispõe a disputar o governo do Estado já não teria que ter esses estudos e experiências em relação ao Estado que ela pretende governar? Ou isso só acontece no momento que é escolhido como candidato?
Não. O PMDB tem todas as informações. Porém, governo nenhum no Brasil e no mundo dá certo se não tiver interatividade, cumplicidade, consentimento com a sociedade, e isso se faz na campanha. Levam-se as diretrizes, consolidam-se algumas, aprimoram-se outras, agregam-se novas. É o que estamos fazendo, um diagnóstico. Nós temos uma proposta de intervenção na realidade atual e estamos em processo de debate até o dia 20 de agosto. Esse debate se faz no sentido de aperfeiçoar e consolidar as informações.

Patrícia Moraes Machado – Portanto, as propostas apresentadas ao TRE podem sofrer alteração?
Com certeza, são diretrizes, como as de todos os partidos. Mas, antes do registro, houve discussões. O PMDB e a Fundação Ulysses Guimarães ouviram todos no processo de segmentação dessas propostas, desses diagnósticos. A partir daí, vieram as diretrizes e em cima delas a consolidação de um plano.

Patrícia Moraes Machado – O PMDB vai fazer essa defesa, mas tinha três deputados federais. Como esses deputados do partido atuaram em benefícios da segurança pública, no Estado de Goiás?
A política de segurança pública é ditada pelo governador. Ele foi atrás ou não dos deputados da sua base? Quantos têm a base do governador? O PMDB só tem três. Ele tem dez e esses dez fizeram o quê pela segurança pública? Não é esse o debate, e sim que está ruim, ineficiente. O governador não fez, e se quer dizer que é culpa dos deputados?

Patrícia Moraes Machado – Não, o sr. está invertendo a pergunta.
Não, a sra. que está mudando o viés.

Patrícia Moraes Machado – O sr. já foi deputado. Deputado de oposição ao governo não trabalha para o Estado?
Quais deputados? E os três senadores, eles apoiam esse governo? Eu estou dizendo que o governador não priorizou a segurança pública na relação com os deputados. Ele tem a maioria dos deputados federais, tem a totalidade dos senadores.

Patrícia Moraes Machado – Sendo assim, os deputados da oposição não existem?
A maioria é da situação. Por que não falar da maioria? Reitero, quem dita a política de segurança pública para Goiás é o governador. Ele em algum momento pediu a sua bancada, que tem a maioria esmagadora da sua base de governo, investimentos na segurança?

Patrícia Moraes Machado – Mas os outros deputados federais não têm ideias, não tomam iniciativa?
Então, a culpa é dos três?

Patrícia Moraes Machado – Não é questão de colocar culpa, e sim de dizer que eles poderiam ter feito.
Se faz aquilo que o governador pediu. Eu fui deputado três vezes e o atual governador foi deputado federal. O gestor reúne com sua bancada e apresenta quais áreas precisa de investimentos.

Patrícia Moraes Machado – Não adianta ser deputado federal de oposição do partido do governo, não se faz nada?
Adianta e muito.

Patrícia Moraes Machado – E o que se faz, então?
Faz aquilo que o deputado julgue ser o mais importante.

Cezar Santos – O deputado Sandro Mabel esteve no Jornal Opção há poucos dias e disse que o programa do PMDB, do qual o sr. é coordenador, é uma maravilha. O sr. já falou sobre a meta de redução em 50% da criminalidade. Qual seria a proposta para a área de saúde?
A proposta básica na saúde é criar unidades hospitalares regionais. Goiânia está congestionada. A política da ambulância impera em Goiás. Qualquer problema de saúde no interior é transferido para capital. Prioritariamente, a construção dessas unidades de forma adequada e para atender, regionalmente, a população em sua origem para que possamos avançar. Esse é o primeiro passo.

Cezar Santos – Isso está sendo feito pelo governo atual.
Que bom. Nós faremos mais.

Marcos Nunes – Há levantamento de quais regiões e quantos hospitais serão necessários?
Nós temos um levantamento prévio. Na segunda-feira nos reuniremos com um grupo de secretários municipais de Saúde e consolidaremos esse número. No planejamento dividimos o Estado em dez regiões. Portanto, essas unidades devem ser adotadas a estimular os consórcios regionais de saúde entre os municípios. Veremos se a média é alta, a complexidade, quais exames laboratoriais que serão implantados nas regiões, por exemplo. Tudo isso faz parte de uma ação integrada de política pública de saúde com as diversas áreas que estamos construindo.

Patrícia Moraes Machado – Mais alguma proposta na saúde?
Vários desdobramentos disso. Mas, basicamente, é isso e precisamos ter mais médicos, mais profissionais.

Elder Dias – O PMDB continuará com o sistema das organizações sociais (OSs) nas unidades hospitalares?
Há muitas dúvidas sobre a lisura dessa relação. O modelo de autonomia das unidades, buscado pelas OSs, o governador Iris adotará. Isso foi feito, recentemente, por esse governo e precisamos comparar, pois são 27 Estados da Federação. Outros já avançaram muito mais, repito. Qual o conceito da OS? É dar autonomia. Porém, essa autonomia foi dada com o espírito privado. Ou seja, o Hugo aumentou o número de pessoas ou diminuiu? Melhorou o atendimento ou piorou? Me­lhorou para mais pessoas ou para poucas? Esse debate não é sobre manter ou não a OS. Ela não salva nada. A origem é eficiência, transparência, lisura com a universalização do atendimento e proporcionar saúde.

Cezar Santos – Como o programa do PMDB contempla a área de ciência e tecnologia?
Ciência e tecnologia, hoje, é um instrumento extremamente eficiente em todos os setores da vida. Citando apenas dois exemplos, o Iris quando prefeito criou o Teleconsulta e o Telematrícula. Ele eliminou vários problemas e criou uma realidade própria. Existem softwares, por exemplo, que permitem a gerência de hospitais através de vídeos, teleconferências. Todas as áreas do governo terão avanço com o que a tecnologia nos permite. Saúde, segurança, gestão, educação. É possível aprimorar, dar transparência, eficiência a todas as áreas com a política estadual de ciência e tecnologia.

Marcos Nunes Carreiro – Sobre energia, o plano de governo propõe aumentar 30% o nível da capacidade de transmissão e distribuição da energia elétrica do Estado até 2018. Ações que permitem o resgate da capacidade de fornecimento de energia elétrica e saneamento. Como e quais serão essas ações que resultam nessas metas?
O problema, hoje, não é na geração de energia elétrica. Nós estamos com sobra até, na geração. O problema é transmissão e distribuição. Muito pouco ou quase nada foi investido. Isso só tem uma fórmula: um novo modelo de gestão para Celg. A Celg precisa ser dada, de volta, aos goianos. Ou seja, precisamos ter autoridade. Tenho um vínculo forte com Itaberaí, meu pai é de lá, minha mãe mora na cidade. Todos os produtores de Itaberaí precisam de geradores de energia. A energia cai. Muitas indústrias deixam de vir para Goiás por intranquilidade. Não há possibilidade de crescimento econômico sem energia elétrica. Aliás, um dos indicadores do desenvolvimento econômico é geração e consumo de energia. Do ponto de vista de infraestrutura, essa é uma prioridade do governador Iris. Estão detalhados os instrumentos que o setor de energia elétrica exige e qual será o investimento em transmissão e distribuição para enfrentar os problemas existentes. O atual governo, no apagar das luzes, tenta consolidar um acordo que ele mesmo negou há quatro anos.

Cezar Santos – A Celg está com a Eletrobrás. Então, se eleito, a partir de janeiro o PMDB iniciará um processo para desmanchar o acordo com o governo federal?
O atual governo está construindo um acordo muito pior que há quatro anos. No ano passado a Celg pagou 50 milhões em multa.

Cezar Santos – Mas só falta repassar as ações que estão em negociação, o que deve sair nos próximos dias.
É uma gestão compartilhada e cuja gestão que tem o comando de Goiás deveria ter cumprido o plano de metas, mas não cumpriu. Foi uma multa por má gestão e esse descumprimento, tudo isso, poderia ter sido prevenido há quatro anos sem perda do controle. Agora, o porcentual de transferência está aumentando por menos recursos. O candidato Iris defende que não se faça isso no processo político, assim como o atual governador fez há quatro anos, pedindo que esse acordo tivesse uma ampla discussão com a sociedade. Não pode ser feito para resolver um problema de governo. A Celg e energia elétrica são problemas de Estado.

Cezar Santos – Falando em prejuízo, o PMDB articulará uma negociação para reduzir o que a Celg obrigatoriamente paga a Cachoeira Dourada pela energia gerada, num acordo altamente danoso a ela quando a usina foi vendida?
Se isso for importante para o fortalecimento, sim.

Patrícia Moraes Machado – O sr. disse que o problema em Goiás está na transmissão e não na geração. Como assim se, para transmitir você precisa comprar energia?

Ok. Mas como é o processo de energia? Você gera energia, distribui e transmite. Não adianta ter um altíssimo volume de geração se essa energia não chega à ponta. Hoje, estamos gerando energia e ela não chega à ponta.

Patrícia Moraes Machado – Nós não geramos energia.
Gera. Goiás gera e sobra energia.

Patrícia Moraes Machado – Nós compramos.
Goiás, assim como outros Estados, alguns muitos habitados e outros não, gera energia e não distribui. Portanto, não há problema de geração de energia e sim de transmissão e distribuição.

Patrícia Moraes Machado – Barbosa, nós compramos energia mais cara e isso não tem como esconder.
A geração de Goiás pode ser vendida para o Ceará. Esse é um mercado e não é ditado por regras.

Patrícia Moraes Machado – Não estou falando que é ditado por regras.
Você está dizendo que Goiás compra energia mais cara. Goiás pode comprar de outras geradoras e até fora do Estado.

Cezar Santos – Quando Cachoeira Dourada foi vendida por Maguito Vilela, estabeleceu-se um contrato que determinava que Goiás, a Celg, compraria energia acima do preço do mercado. Isso perdura até hoje.
E o atual governo não questionou sobre isso?

Cezar Santos – Minha pergunta é se o PMDB no governo trabalhará para desmanchar um contrato que ele fez, altamente danoso para o Estado?
Iris construiu Cachoeira Dou­rada. Qual a usina que esse atual governo construiu?

Elder Dias – Mas Cachoeira Dourada é da década de 1950.
Ok. Mas qual usina foi construída?

Patrícia Moraes Machado – Iris construiu Cachoeira Dourada?
Foi, o Iris a construiu.

Patrícia Moraes Machado – Por que vendeu Corumbá?
Ele não vendeu Corumbá. Em determinado momento, construía Corumbá ou Cachoeira e lá tinha um custo menor de investimento com maior geração. Por isso foi construída Cachoeira Dourada.

Marcos Nunes Carreiro – Há proposta para construir novas hidrelétricas?
Não há problema de geração. Não é esse o debate. Goiás tem superávit de fornecimento de energia. O que precisamos é fazê-la chegar a ponta, com redes de transmissão e distribuição.

Marcos Nunes Carreiro – Isso esbarrará em um problema federal, pois as linhas de transmissão são integradas no Brasil. É de responsabilidade do Ministério de Minas e Energia. Nos últimos anos, se contratou um serviço para modernizar e reformar as indústrias do Estado, mas esbarrou em um problema com o governo federal, que é a questão da responsabilidade ambiental, uma questão mais burocrática. O governo do PMDB irá trabalhar em parceria com o governo federal para resolver essas questões?
Eu não disse isso. Se for por esse argumento, todas as políticas estão sob a política federal. Quem dita a política de segurança pública, de saúde, de educação, o modelo de gestão pública é a legislação federal. No caso da energia, a Anel [Agência Nacional de Anergia Elétrica], que também é federal. O nosso problema é que não tivemos investimento. A Celg precisava investir R$ 250 milhões ao ano e não investiu, o que gerou um gargalo enorme, além de multas e reclamações. Ontem, o Jornal Hoje mostrou um casal que ganhou R$ 40 mil em multa, pois no casamento acabou a energia na cidade. Isso é o cotidiano. Goiás é o paraíso da venda de geradores, pois cai a energia. Repito, a legislação é federal, ainda assim outros Es­ta­dos melhoraram muito, porque in­vestiram, tiveram metas, foram dedicados, com boa gestão. A ques­tão da Celg não foi definida. Está esse debate até hoje, porque há falta de credibilidade e atitude. Procura-se R$ 1,9 bilhão para po­der repassar um porcentual para consolidar um modelo de entrega que em três anos e sete meses não foi consolidado. A verdade é essa. Pura, simples e concreta.

Elder Dias – O sr. avaliaria que a Celg, em algum momento, já foi bem administrada?
Eu avalio. Nós vivemos, sem medo de errar, o pior momento da central elétrica. Qualquer especialista da Celg e dirá isso. Por acúmulos e desvios, eu posso até concordar com o sr. Porém, deixaram chegar a esse patamar que está, efetivamente, preocupante.

Cezar Santos – Estudos mostram que o pior passo foi a venda de Cachoeira Dourada.
Eu não concordo com isso. Estudos de quem?
Cezar Santos – Estudos, inclusive, de uma CPI na Assembleia Legislativa. A própria presidente Dilma Rousseff falou isso, certamente embasada em dados do governo federal. E foi o PMDB, seu partido, que vendeu Ca­choeira Dourada.
É muito fácil remeter a 1998 e dizer que esse é o problema de Goiás. De lá para cá, por que não se refez contrato ou não investiu em transmissão, em distribuição? Olhe bem os patrocínios que a Celg fez nos últimos anos, olhe se é política de investimento em geração, transmissão e distribuição?

Patrícia Moraes Machado – O PMDB tem projetos de investimento em energia alternativa?
Vários, até mesmo com bagaço de cana e outros projetos alternativos. Isso dentro do projeto de governo. Por que não tem energia alternativa? É porque não tem energia elétrica na ponta. Setores da mineração reclamam muito, porque não investem e não têm energia suficiente. Olhar pelo retrovisor é importante, mais ainda é olhar no para-brisa. E isso significa retomar a Celg e fazer com que ela seja um instrumento indutor de desenvolvimento econômico em Goiás. Essa é a proposta clara de Iris Rezende Machado.

Elder Dias – O índice do Ideb em Goiás subiu de 16° para o 5° lu­gar no governo do Marconi. Co­mo o sr. avalia isso e qual será o pro­jeto do PMDB para a educação?
A educação é o eixo central de todas as outras áreas. É necessária uma educação de qualidade com professores qualificados, bem remunerados, respeitados. Há, ainda, um sentido muito mais amplo. A escola de tempo integral é para preparar os jovens para o mercado de trabalho, para conscientizá-los ao não uso de drogas, para induzi-los e estimulá-los à prática de esporte, para fortalecer o processo de aculturamento da sociedade goiana. Daquilo que foi proposto, nada foi feito por esse governo. Os índices de Goiás avançaram, porque a nossa base era muito negativa. Bem como o índice econômico. Se diz que Goiás cresce acima da média nacional, mas cresce menos que a média do Centro-Oeste. Quando bem interessa é a nível nacional, quando não é a nível estadual. A educação profissionalizante é o eixo forte do governo do Iris. A educação contribui com algo que estamos muito preocupados, pois afasta os jovens das drogas, auxilia em outro problema da sociedade goiana. Portanto, educação é a mola disso tudo e preparará o jovem para isso, seja na área profissional, seja na saúde, na segurança, seja no desenvolvimento econômico. Um processo permanente de acompanhamento.

Patrícia Moraes Machado – Obje­tivamente, qual a proposta de Iris?
A proposta é simples: fazer com que nossas escolas avancem a serem de tempo integral, que sejam, efetivamente, instrumentos para a profissionalização e que possamos remunerar os professores, como Iris fez em Goiânia, 20% acima do piso nacional. Com essas etapas vamos melhorar não só os indicadores, e sim a instrumentalização desse jovem para seu futuro.

Frederico Vitor – O que mais está contemplado no plano do PMDB para governar o Estado?
São quatro eixos de intervenção no plano. O primeiro é o desenvolvimento institucional e reforma do Estado. A última reforma foi na década de 1960 — pequenas reformas feitas depois não atendem o modelo moderno e para isso é preciso autoridade e transparência, não se pode ter compromisso com grupos. Segundo, depois de reformar o modelo, investir em uma política de infraestrutura. Todos os eixos, na verdade, focados no desenvolvimento, seja ele institucional, reforma do Estado, infraestrutura com sustentabilidade. Por fim, os outros dois pontos, que são desenvolvimento econômico e social, com qualidade de vida. Quatro eixos claros de desenvolvimento, para que possamos de forma integrada com esses quatro eixos, ter metas mobilizadoras, indicadores de acompanhamento, para que o Iris demonstre à sociedade, nos próximos quatro anos, que sua experiência e vitalidade, além do apoio dos partidos e sua presença na política nacional, servem e contribuem com instrumentos para consolidarmos essa política. Além, é claro, de alguns princípios como descentralização, transparência, eficiência e outros beneficiando o mais simples cidadão ao mais graduado profissionalmente, de forma a contemplarmos as demandas de Goiás. l