“Fazer o isolamento social é a única maneira conhecida para controlar o vírus”

21 março 2021 às 00h01

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O professor e pesquisador da UFG, José Alexandre Filizola, avalia como assertiva a retomada do modelo de isolamento 14 por 14 decretado pelo governo do Estado
Com o aumento constante e acelerado dos casos de Covid e a ocupação de leitos de UTIs acima de 95%, o governador do Estado, Ronaldo Caiado (DEM), decretou na última terça-feira, 16, um novo decreto de restrições para Goiás. A medida, conhecida como 14 por 14, impõe a suspensão de atividades econômicas durante 14 dias seguidos de outros 14 dias de abertura. Esse ciclo, junto com a ampliação da testagem e rastreio dos focos da doença compõe um modelo apresentado por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) ainda em junho de 2020, e que chegou a ser implantado – mas como houve a redução dos casos foi substituído por outras medidas.
A medida é defendida pelos pesquisadores, em especial pelo professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG, José Alexandre Filizola Diniz Filho. Ele é doutorado em Ciências Biológicas e desde os primeiros casos da Covid está mobilizado junto ao Grupo de Modelagem da Expansão da doença em Goiás, trabalhando com as estimativas de avanço da pandemia no Estado e contribui para as ações de contenção do vírus.
Em entrevista ao Jornal Opção, o professor aponta que as medidas restritivas com foco no isolamento e no distanciamento social são os melhores caminhos que a ciência tem comprovado para o controle da Covid. “Não tenho dúvida de que funciona. Agora a dificuldade é a adesão da sociedade. Esse é um problema que os governantes estão buscando solucionar”, diz. “As autoridades estão cientes do tamanho do problema, e estão mostrando isso para as pessoas. A população precisa acreditar e entender realmente o que está acontecendo”, completa.
O Brasil precisa parar para conter a Covid?
A gente está em uma situação extremamente complicada. Agora nestas últimas semanas ficou claro que esta segunda onda é muito pior que a primeira por uma série de razões, mas principalmente por parece estar associada à chegada de variantes que são mais agressivas. De maneira geral as variações do novo coronavírus era uma coisa que já estava prevista desde o início da pandemia. Previsto no sentindo que é o curso normal de uma evolução da pandemia, ou seja, é a evolução do vírus. Ele se desenvolve e as variantes começam a aparecer e eventualmente aparece uma variante mais agressiva. E nós temos uma variante de Manaus, que foi detectada na primeira vez por lá, e que se espalhou pelo Brasil todo e que é bem mais agressiva, inclusive do que as outras variantes que já nos preocupavam – que são as variantes Inglesa e da África do Sul, principalmente. Está em uma situação extremamente complicada, porque a gente tá vendo os números de hospitalizações. São várias cidades entrando em colapso, inclusive aqui em Goiás.
Precisa fazer alguma coisa, quando você fecha tudo, um fechamento sério, as transmissões são interrompidas. Interrompe uma boa parte das cadeias de infecções. Agora a gente tem que lembrar que nunca se fez isso. Na realidade, a gente faz um fechamento, faz uma quarentena, regula um pouco, mas não é suficiente para controlar. Só que esta variante é mais agressiva no sentido de transmissão, no sentido de reinfecção e talvez, ainda tenha uma discussão sobre isso, mas tenha letalidade maior, ou, por exemplo, afete pessoas mais jovens. Isso é o que está se observando clinicamente. Então a gente vai ter que fazer alguma coisa para combater e controlar.
E seria então indicado realmente um lockdown?
Eu ouvi que a cidade de Ribeirão Preto vai fazer um lockdown, daqueles de fechar supermercado, ou seja, fechamento de serviços essenciais. A gente nunca fez isso, né?
Eu assistia live do governador (Ronaldo Caiado) que está voltando a aquela estrutura do 14 por 14 para tentar controlar um pouco. Agora o que a gente sabe é o seguinte: o lockdown vai funcionar não só pela questão do decreto. Eu acho que um ponto importante é a sociedade entender bem a realidade e o tamanho do problema.
Um decreto de lockdown tem este efeito de tentar fazer com que as pessoas entendam o problema, já que são as pessoas que estão transmitindo o vírus. Então a ideia é que as pessoas tem que entender é a seguinte: quando você faz um fechamento as pessoas precisam ficar o máximo possível em casa, tomar os cuidados, seguir os protocolos, usar máscara, fazer toda higienização e seguir as recomendações. Assim, rapidamente as cadeias de transmissão seriam controladas. Só que isso não acontece, por uma série de razões.
“Perdemos mais de 200 pessoas por Covid todos os dias e as pessoas naturalizam essas mortes”
Por outro lado, o que acontece além do lockdown, e que foi o que propusemos em julho (de 2020), na época em que o governo impôs esse decreto 14 por 14 – baseado na experiência de Rio Verde que foi bem sucedida e aparentemente continua sendo – é a ideia é tentar controlar um pouco a epidemia e dar um prazo de 15 dias fechado, para ver se a coisa dá uma diminuída. Claro, com a adesão das pessoas e com a compreensão. E a partir daí tem mais chance de efetuar um controle mais cirúrgico, dá para rastrear os casos, rastrear os contatos, saber quando uma pessoa ficou doente, com quem conversou, ir atrás dessa pessoa, tenta fazer com que essas pessoas façam testes, faz testagem em massa, isolar os contatos com os doentes. Desta forma diminuir a exposição geral de pessoas e assim uma diminuída, fazendo o acompanhamento mais fino, vamos dizer assim.
Vimos isso acontecer, por exemplo na Austrália e na Nova Zelândia. Mesmo quando teve esse início da segunda onda, eles foram atrás. Precisa fazer tudo isso ao mesmo tempo.
Isso precisaria de um investimento enorme, em termos de equipes de vigilância, e de testes.. Então se faz um lockdown. A gente faz isso aqui no Brasil quando a situação entra em colapso. Pode ver agora que 95% dos leitos estão ocupados.
Mesmo estando num momento em que o sistema de saúde está quase colapsado e com novas cepas circulando, o senhor ainda defende o modelo 14 por 14, que já tinha sido proposto no meio do ano passado?
A gente precisa fazer uma coisa. Qualquer coisa que faça com que as transmissões diminuam vai ser importante. O governador promulgou esse decreto de 14 por 14 em julho de 2020 e houve o fechamento dos comércios e depois abriu e não fechou mais. Então a gente sabe o resultado efetivo. O que temos de experiência com o 14 por 14 em Goiás é Rio Verde. Lá essa experiência foi boa, inclusive quando eles abriram mão e abandonaram o último ciclo do 14, a epidemia voltou a crescer lá, eles fecharam de novo.
Mas não é só fechar e abrir. Precisa manter uma vigilância de alto nível, com testagem, com acompanhamento e rastreamento dos casos. Todas as coisas ao mesmo tempo, que isso é muito importante. A gente tem que ver o comportamento da sociedade e como ela responde ao decreto. O decreto por si só é uma sinalização que é importante. A fala do Governador sobre o decreto é uma coisa que está faltando no Brasil, pois há descontrole geral, sem a sinalização do tamanho do problema. A gente vê todas as falas do governador mostrando o tamanho do problema. Então as autoridades estão cientes do tamanho do problema, e estão mostrando isso para as pessoas. A população precisa acreditar e entender realmente o que está acontecendo.
Essa demonstração do tamanho do problema é um ponto realmente importante do decreto, porque tem esse valor simbólico do interesse de mostrar às pessoas o tamanho do problema que a gente tá vivendo.
De forma prática, qual o resultado que esse modelo de isolamento 14 por 14 pode trazer?
Temos feito alguns modelos mais específicos em algumas cidades, mas a gente não tem uma avaliação de como vai ser esse tudo isso agora. Inclusive, porque tem muitos tipos de fatores envolvidos agora. Na realidade, muito do que vai acontecer nas próximas semanas é que depende de como está a situação da nova variante aqui em Goiás.
Tem outro grupo de pesquisa próximo ao nosso que está fazendo toda a parte de genômica do vírus, então logo teremos resultados para ser divulgado na mídia. A partir daí a gente vai ter uma ideia melhor. Temos muitas incertezas em relação a essa nova variante, além da questão de como a população vai agir à este decreto.
Temos muitas incertezas. Temos que ver o que vai acontecer agora com a velocidade que estamos crescendo e com o número de leitos ocupados. Não podemos esquecer de que o impacto de uma medida, como esta que estamos vendo agora, só aparece daqui a vinte ou trinta dias. Porque o número de pessoas que estão na UTI é muito alto e estas pessoas, que estão infectadas hoje e que ainda nem sabem, só vão precisar de um hospital daqui a uma semana. Elas vão ser afetadas pelo decreto, mas elas já foram contaminadas. Essa é uma das dificuldades que a gente tem inclusive até de convencer as pessoas de como é importante os decretos e que o impacto demora muito para aparecer, porque a dinâmica da doença é muito complexa. Uma pessoa vai demorar de quatro a seis dias para começar a desenvolver sintomas, depois alguns começam a se agravar, aí ela vai procurar o hospital, pode começar a piorar e de quinze a vinte dias que vai pra UTI, ou eventualmente, por exemplo, falecer. Então tem um percurso longo que leva tempo para fazer os exames e testes.
Acredito que o decreto de Goiânia vá mais ou menos duas semanas para ter reflexo. Mas não adianta ter um decreto se as pessoas não estão conscientes daquilo e não estão seguindo as regras. Tem um monte de festa clandestina, e as pessoas se tocando, quer dizer é difícil isso numa situação complexa como essa.
Acha que a adoção dessa restrição chega com algum atraso?
Eu bato na mesma tecla. Publicamos nossa Nota Técnica mostrando que o problema ia aparecer. A gente tinha mostrado o potencial de aumento, e esse problema ia começar aparecer no final de janeiro e iria estourar lá na frente. A gente tinha alertado, e até onde eu consegui perceber aqui em Goiânia, o pessoal tentou. Houve uma série de campanhas, tentativas de conscientizar a população, houve tentativa de impedir as festas de fim de ano… Mas na realidade a gente volta ao ponto inicial que é as pessoas não aderirem a isso. Num acredito que se tivesse um decreto restringindo no final do ano passado teria contido.
Se hoje as pessoas estão com dificuldades em acreditar e aderir ao isolamento, e temos visto isso em protestos que até fecharam rodovias, imagina isso em dezembro quando estávamos no mínimo em termos de novos casos e ocupação de leitos. Se fizerem um decreto imaginando que os casos iriam subir ninguém iria acreditar. As pessoas têm dificuldade de perceber uma projeção da doença para o futuro.
As autoridades tentaram. Eu tenho impressão que em Goiânia, onde acompanhamos mais de perto, houve tentativa de mostrar para as pessoas como a situação ainda precisava de cuidados. Em Goiânia já se notava uma tendência de aumento no mês de novembro, a velocidade estava acelerando. Mas em outros lugares do país já estava em alta, como Manaus e São Paulo, mas as pessoas não acreditavam, mesmo com os alertas na cidade e no Estado.
O governador citou no evento em que anunciou o novo decreto que no ano passado, quando os pesquisadores da UFG apontaram que os óbitos por Covid-19 chegariam a 8 mil, chegaram a ser hostilizados e até viraram motivo de piada. O que o senhor tem a dizer agora que já registraram 10 mil mortes?
Na realidade, o modelo que nós apresentamos em junho de 2020 e serviu de base para o decreto do governador gerou muita confusão. As pessoas focaram no cenário mais crítico que era de 10 mil mortes até final de agosto. Aquele era um cenário extremo, se ninguém fizesse nada. As pessoas focam naquilo, mas era o mais pessimista. A discussão mais detalhada está em cima de um modelo de 14 por 14 com um cenário em que não apontavam essa quantidade de mortos.
“Desde o começo da pandemia temos um problema muito sério porque o governo federal que deveria organizar, liderar e coordenar as ações, nunca fez isso”
Se olhar hoje para 31 de agosto, tínhamos mais de 4 mil óbitos. Então a gente não errou na verdade. A previsão era essa mesma. Só que as pessoas focaram no cenário extremo. Houve uma distorção da informação que a gente passou.
Quando o governador fez o anúncio de 14 por 14, nós estamos modelando no mês de junho, quando não tinha nem 400 mortos ainda. Então acertamos que o acréscimo foi 10 vezes maior em dois meses depois.
As ações de enfrentamento colocadas em prática no ano passado perderam adesão da população. As pessoas perderam o medo do vírus?
Estamos falando que tínhamos 400 mortes no meio do ano passado, em nosso estado, que foi quando houve a tentativa do 14 por 14, dentro da modelagem que fizemos. Estamos agora com mais de dez mil. Acho que não só em Goiás, como no Brasil e talvez até no mundo, a gente naturalizou a morte. Perdemos mais de 200 pessoas por Covid todos os dias e as pessoas naturalizam essas mortes. É um Boeing caindo toda semana e parece que tá tudo bem.
Eu acho que posso analisar com um pouco mais de cuidado. Quando eu tenho uma pandemia desse tipo, a gente tem um problema geral que é um vírus altamente transmissível com uma letalidade que não é muito alta, mas que como o vírus circula muito rápido, ele atinge muitas pessoas. Como consequência o número de hospitalização e óbitos é muito grande – isso no mundo todo. Como se resolve esse problema? Tem que fazer medidas de distanciamento, isolamento e o que foi feito até agora – com maior ou menor sucesso, mas foi feito. Os países que conseguiram fazer um bom lockdown, com um sistema sério e as pessoas entenderam e aderiram houve sucesso no controle da pandemia. Exemplos são Austrália, Nova Zelândia e alguns países da Ásia.
Não tenho dúvida de que funciona. Agora a dificuldade é a adesão da sociedade e o problema real que há na sociedade. As pessoas precisam continuar trabalhando. Nem todo trabalho permite que se trabalhe em home office ou com distanciamento. Então tem que se manter muitas atividades funcionando até que as coisas continuem acontecendo. Precisa ter o abastecimento e tratamento à saúde por exemplo.
O papel do governante é tentar achar o equilíbrio. Fazer o isolamento social é a única maneira conhecida para controlar o vírus, e aí tem o lockdown. O governador e prefeito precisa fazer esse balanço. Daí temos temos o outro lado da moeda, que é uma coisa típica e infelizmente uma coisa única no Brasil em 2020 e 2021, que é a política anticiência e negacionista, principalmente por parte do governo federal.
Desde o começo da pandemia temos um problema muito sério porque o governo federal que deveria organizar, liderar e coordenar as ações, nunca fez isso. Pelo contrário. Ele atrapalha. O que acontece é que a população adere essa ideia do governo federal e não acredita que existe pandemia, que isso é um complô que vira conspiração, e outra parte da sociedade fica confusa, não sabe o que ouve. A realidade é a frase da demissão do ex-ministro Mandetta, lá atrás: as pessoas não sabem se seguem o ministro da Saúde ou o presidente da República.
É muito difícil controlar uma pandemia, nesta situação caótica que temos no Brasil, colocando debates políticos ideológicos. Tem a ideologização da pandemia em um nível surreal.
Em relação ao primeiro problema, que é o equilíbrio em manter atividades e a pandemia, claro que é uma decisão política difícil. Vai fechar várias atividades. Eu até entenderia que alguns setores da sociedade fizessem essas manifestações. O problema é que quando a gente olha com mais cuidado essas manifestações, o pessoal que está pedindo a reabertura e também pedindo tratamento precoce, por exemplo, é uma coisa que a gente sabe que não funciona e não dá certo, inclusive já foi desconstruída centenas de vezes, mas o governo federal, na pessoa no presidente e do ministro da saúde continua falando essas bobagens.
As manifestações que aconteceram em Goiânia não são baseadas na necessidade de resolver um problema e colaborar para a solução. É um problema político ideológico que está colocando uma série de questões econômicas distorcidas sobre a pandemia na frente de um problema real. Tudo isso, quando se fala de controle da pandemia se torna muito complicado.
O senhor tem o que a dizer para os negacionistas?
É difícil dizer alguma coisa. Essas pessoas acreditam no que querem. É um problema geral da nossa sociedade na pós-modernidade, só ficou mais visível agora por conta da pandemia, mais no brasil, quando comparado com outros lugares do mundo. Isso faz parte do contexto que a gente está vivendo, das bolhas criadas pelas redes sociais. Qualquer argumento que você use, as pessoas acham que está querendo derrubar o governo. As pessoas têm uma visão distorcida da evidência. Estamos com 10 mil mortos em Goiás, olha a forma da curva, e a pessoa diz que não é isso, que as vítimas morreriam de qualquer maneira. Tem um monte de histórias que as pessoas contam para se enganar.
“Mas não é só fechar e abrir. Precisa manter uma vigilância de alto nível, com testagem, com acompanhamento e rastreamento dos casos”
Num tem muito o que falar. Tem desde argumentos de que existe o tratamento precoce, até argumento que a pandemia não existe, que foi uma invenção para colapsar a economia mundial, para derrubar o presidente do Brasil. Então é difícil de falar. Lidar com negacionista é difícil.
O sr. acredita que tantas pessoas tiveram uma reação negativa após a apresentação das projeções de avanço da Covid-19 em Goiás no ano passado por conta desse negacionismo?
Eu quero crer que na época foi um mal entendido e que falta de confiança das pessoas nas projeções. Por todas as razões que já discutimos. As pessoas podem ter se assustado naquela época porque tínhamos 400 mortes. E depois de 3 ou 4 meses, com cidade fechada e quarentena, as pessoas não entenderam que num cenário extremo chegariam aqueles números. Eu quero crer que foi isso há época.
Depois as coisas começaram a se complicar, porque até o próprio governo federal não tinha um discurso negacionista tão forte. Mas depois as pessoas foram assimilando esse discurso para justificar e não ter fechamento.
No começo da pandemia os cientistas foram valorizados por uns e atacados por outros. Como o senhor acredita que está a imagem da classe neste momento, principalmente com a chegada das vacinas que foi a principal demonstração do esforço da ciência no mundo?
Na verdade, muitos dos problemas que estamos vendo em relação à pandemia foram amplificados. Quando o governo Bolsonaro assumiu, começamos a ver claramente um ataque à ciência de forma geral, pelas pessoas que estavam sendo colocadas nos ministérios. As universidades foram alvos de ataques pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, por exemplo. Uma série de cortes e ataques pessoais até. Começou a haver um descrédito da ciência muito grande no Brasil já em 2019. Esse movimento é uma anticiência, especificamente na minha área que é evolução, os grupos fundamentalistas religiosos dizendo que não acreditam em evolução, por exemplo.
Quando chegou a pandemia, a gente viu que quem reagiu e respondeu a pandemia de forma científica foram as universidades públicas, que estavam sendo atacadas. Quem reagiu foram os órgãos públicos do próprio governo, Fiocruz Butantã e universidades públicas. Quantas universidades privadas estão fazendo pesquisas e tentando colaborar para mitigar os efeitos da pandemia? Essa era a grande invocação do ministro Weintraub.
Eu acho que por um lado, se pegar na ponta do lápis, as pesquisas científicas são feitas nas universidades públicas. Então responderam e isso aumentou a visibilidade das universidades no Brasil. Acho que foi bom neste sentido, mas para os negacionistas tanto faz. Eles continuam achando que nas universidades só há privilégios, e não adianta mostrar o contrário. Mas a população, de maneira geral, passou a ter uma visão maior. Para uma pessoa minimamente atenta ao que se está discutindo, vai entender que a universidade não é aquele lugar que o ex-ministro Abraham Weintraub estava atacando no ano passado.
Quais os projetos que você está trabalhando e que estão em desenvolvimento hoje na UFG?
A gente continua monitorando e apoiando as secretarias municipal e estadual de Saúde, ajudando e calculando as estatísticas do mapa de risco, passou toda a maneira de calcular que tínhamos divulgado em setembro na Nota Técnica. Continua trabalhando nessa direção.
Temos um projeto grande do CNPq que é coordenado pela professora Cristiana Toscano, que está fazendo uma série de trabalhos que começa a aparecer agora, ligadas a educação e reabertura de escolas, efeitos da vacinação… Tudo isso vai começar a ser divulgado. Continuamos trabalhando na Covid.