Nas comemorações dos 114 anos de Anápolis, o prefeito Roberto Naves recebeu líderes políticos nacionais, demonstrando prestígio político que podem influenciar na reaproximação do PP com governador Ronaldo Caiado

Frederico Jotabê e Marcos Aurélio Silva

Anápolis completou 114 anos no sábado, dia 31 de julho. A cidade que detém o segundo maior PIB do Estado se prepara para uma retomada econômica e segundo o prefeito Roberto Naves (PP), vai se consolidar como sendo a “locomotiva” para Goiás. Apesar dos impactos da pandemia, o gestor ressalta que a cidade tem o que comemorar.

Em razão de sua vocação industrial e econômica, Anápolis também sempre foi decisiva para os debates dos rumos políticos do Estado. A cidade já foi palco de embates que resultaram até com cassação de prefeito, mas hoje o município vive uma harmonia política, que se deve ao perfil de articulador de Roberto Naves. Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o prefeito aponta que já colocou em campo seu prestígio político para tentar uma reaproximação das lideranças de seu partido junto ao governador Ronaldo Caiado –  a quem ele já declarou apoio para reeleição em 2022. 

Marcos Aurélio Silva – Anápolis completa 114 anos. E uma pergunta que sempre é feita, mas não posso deixar de fazê-la ao senhor: os anapolinos têm o que comemorar neste aniversário? A cidade vive um bom momento?
Anápolis faz 114 anos e nós temos sim muitos motivos para comemorar. Nós sabemos que estamos passando por um momento difícil, um momento de pandemia em que perdemos várias vidas. Temos motivos para comemorar. Precisamos comemorar as vitórias da cidade. Anápolis é uma cidade que conseguiu receber as pessoas que foram repatriadas de Wuhan, fizemos um enfrentamento que serviu de exemplo no que se refere ao combate a Covid. Abrimos leitos de UTI, fizemos com que não houvesse falta de leitos em nenhum dia na cidade de Anápolis. Da mesma forma foi feito todos os investimentos necessários.

Ao mesmo tempo em que combatíamos a pandemia, nós cuidamos de outras áreas. No momento da pandemia, Anápolis foi a cidade que mais investiu em educação no Centro-Oeste brasileiro. No momento da pandemia, Anápolis foi a cidade que mais gerou emprego no Centro-Oeste em 2020, ficando na 11ª colocação no País. 

Temos motivos para comemorar sim. Claro que a comemoração é feita com respeito a dor de todos aqueles que perderam entes queridos. A luta contra a Covid continua. O trabalho em todas as áreas continua. Mas é preciso valorizar os feitos e vitórias de nossa cidade. 

Marcos Aurélio Silva – O senhor está no começo do segundo mandato à frente da Prefeitura de Anápolis. Já são 4 anos e meio. A população já enxerga uma marca de sua gestão? O que o senhor aponta como sendo o ponto forte de sua gestão?
É difícil falar do próprio governo. É difícil falar da gente mesmo, não é? Mas eu acho que a marca que ficou e que se consolida cada vez mais é de um governo realmente que pensa e cuida das pessoas. Foi isso que nós fizemos durante toda a pandemia. Somos um governo que pensa a cidade macro, ou seja, que procura olhar para os quatro cantos da cidade, e não só para os bairros mais nobres e área central.

Estava há pouco entregando o asfalto no Jardim Promissão. Um bairro em que o loteamento foi aprovado em 1955. Então estamos falando de 76 anos que as pessoas que ali estavam aguardam asfalto. Foi um investimento de R$15 milhões. Então acho que a marca que fica é de ser um governo que pensa e que tem prazer em cuidar das pessoas. 

Marcos Aurélio Silva – O momento econômico mundial exige muitas adaptações e uma atenção redobrada. Pelo potencial industrial de Anápolis e sua importância econômica para o Estado, o senhor vislumbra que a cidade pode sair a frente na retomada?
Anápolis já sai mais uma vez à frente. Anápolis é a grande locomotiva do Estado de Goiás e uma das locomotivas do País. Sai na frente. Para se ter noção tenho dados no que diz respeito a arrecadação, produção e a questão econômica do primeiro quadrimestre de 2021, nós conseguimos resgatar o que tínhamos no período de pré-pandemia. Então a expectativa é de que no segundo quadrimestre a gente consiga ter avanços e saldos positivos no que diz respeito a isso. Não é só geração de emprego, mas também a produção, arrecadação e tudo que para que possamos continuar executando as obras que a população tanto precisa. 

Frederico Jotabê – Essa marca de cuidar das pessoas é algo que o senhor pretende manter e investir para esse novo mandato?
Essa não é uma marca que foi pensada por marqueteiros. Não foi uma marca descrita em pesquisas. É uma marca que surgiu através da oportunidade que Deus deu, que foi de estar a frente de Anápolis em um momento de maior dificuldade da história da cidade, um momento de pandemia. Então quando se tem uma imagem que foi criada de forma espontânea acaba se tornando uma imagem muito forte. Então a ideia é dar prosseguimento e a gente siga fazendo aquilo que a gente gosta, que é cuidar das pessoas. Isso fortalece cada vez mais a imagem da população perante nosso governo. 

Marcos Aurélio Silva – Prefeito, na entrega da comenda Gomes de Souza Ramos, houve a presença de grandes líderes políticos do seu partido e de outros. De certa forma isso demonstra seu prestígio político. Como o senhor avalia isso?
É preciso que todos que nos acompanham lembrem que de cada R$100 reais arrecadados em impostos federais, R$70 ficam com o governo federal e R $20 com o governo do Estado. Então o município fica só com 10% do que é arrecadado O dinheiro está com o governo federal. 

“Vou usar todas ferramentas que eu tiver para ter o ministro Alexandre Baldy na chapa do governador Ronaldo Caiado”

Para a gente trazer benfeitorias e melhorar a vida das pessoas é preciso de dinheiro. É fazer investimentos. Esse relacionamento e a presença, tanto do Ciro Nogueira que é o ministro da Casa Civil, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, do presidente da Câmara, Arthur Lira e do ex-ministro Alexandre Baldy –  que é uma pessoa muito influente e que faz a interlocução muito bem feita -, acaba sendo importante para cidade de Anápolis. Isso demonstra que temos condições de realmente buscar recursos para serem aplicados na nossa cidade. 

Frederico Jotabê – Quanto a essas lideranças do PP que estiveram em Anápolis, vimos que o governador Ronaldo Caiado (DEM) também estava presente. Existe uma situação entre Caiado e o Baldy com relação a eleição do presidente da Câmara, que também envolveu o Arthur Lira. O senhor já se manifestou favorável a essa aliança DEM e Progressistas, mas o que é preciso fazer para que isso de fato ocorra e os traumas que ficaram no ano passado possam ser superados e a aliança vir a ocorrer?
Olha, o meu posicionamento é muito claro. Eu tenho candidato a governador, que é o Ronaldo Caiado, e para o Senado eu também tenho meu candidato que é o Alexandre Baldy. Isso faz parte da política. Veja só, eu sou um progressista e já tenho candidato a governador. Isso não pode gerar um mal-estar dentro do partido que seja irreversível. 

Naquele momento o Alexandre Baldy tinha um candidato para presidente da Câmara, que era o atual presidente, Arthur Lira. Isso gerou um mal-estar? Sim. Acabou que o Baldy deu uma entrevista e vez uma cobrança pública no que diz respeito ao posicionamento do governador. Mas acima de tudo são dois homens públicos que têm o único interesse, que é poder cuidar do povo goiano. Então isso já passou, foi lá atrás. 

O progressista chega com uma força muito grande agora para as eleições de 2022. E quando falo com força grande eu estou me referindo a força do governo federal, uma força realmente da máquina pública para poder transformar a vida dos goianos. O governador Ronaldo Caiado vem fazendo um trabalho realmente brilhando à frente do governo do Estado. E o PP chega para poder estar auxiliando e ajudando. O ministro Ciro Nogueira colocou a disposição o Ministério da Casa Civil para que o governador possa levar as demandas do Estado até ele e dessa forma a gente possa conseguir mais investimento, mais obras e poder cuidar mais dos goianos. 

Eu vejo duas pessoas maduras. O presidente do meu partido, o Alexandre Baldy, é uma pessoa madura, testada nas urnas e testada administrativamente. O governador Ronaldo Caiado da mesma forma. E política se faz assim. Em determinados  momentos você pode ter opiniões diferentes e em seguida pode ter convergências. Eu acho que o momento é de convergência.

Frederico Jotabê – Desde sua primeira eleição a Prefeitura de Anápolis se nota uma característica que é o pragmatismo. O senhor fez a campanha de 2016 tanto criticando o PT, quanto também o PSDB, lá na frente o senhor compôs com o PSDB e indicou para a gestão o secretário de Indústria e Comércio, depois se aproximou de Anápolis… Se vier uma situação que o PP não conseguir compor com o DEM, até por conta de interesses políticos de cada um, como fica o senhor que tem essa característica pragmática?
Essa característica pragmática está em cima de uma coisa que eu não abro mão. Palavra dada tem que ser cumprida. Independente do posicionamento do partido, eu vou respeitar sempre, eu tenho um candidato a governador e tenho um candidato ao Senado. Isso só vai mudar se o Ronaldo não for candidato ao governo ou se o Baldy não for candidato ao Senado. Os dois sendo candidatos, independente de estarem juntos ou não, esses serão os candidatos do prefeito Roberto Naves. 

Te respondo o porquê. Eu represento a cidade de Anápolis, então eu preciso pensar na cidade. É bom para Anápolis o governador Ronaldo Caiado, que tem estabelecido uma parceria importante com a cidade e Baldy senador para poder fazer a ponte para poder trazer recursos. 

Vou trabalhar até o último momento para que essa parceria possa acontecer. Acredito muito nesta parceria. O governador Ronaldo Caiado na hora que tiver que sentar para decidir como vai ser a chapa, ele vai levar em consideração muitas coisas, como qual o partido tem o maior tempo de televisão, maior densidade eleitoral e maior poder de fogo dentro do governo federal para poder ajudar o Estado de Goiás. É o Progressista.

Eu disse que o casamento vai ser em outubro do ano que vem. O noivo já está escolhido, que é o governador Ronaldo Caiado. Muitos artistas estão sendo convidados para a festa, mas a noiva é o Progressista e não adianta brigar contra. Isso aconteceu com outros partidos em outros tempos. Hoje o PP é o maior do Brasil e neste caminhar vai ser o partido que vai ajudar o presidente Bolsonaro, a ajudar acima de tudo os governantes a cuidar das pessoas. É isso que queremos. Eu sou pragmático e cumpro o que falo. Tenho candidato a governador e tenho candidato ao Senado. Vocês podem ter certeza vou brigar e usar todas ferramentas que eu tiver para que a gente possa ter o ministro Alexandre Baldy na chapa do governador Ronaldo Caiado. Se isso não acontecer eu lamento muito e vida que segue. Eu vou continuar defendendo a cidade de Anápolis e a cidade de Anápolis quer os dois.

Marcos Aurélio Silva – E como que o senhor avalia a possibilidade do presidente Bolsonaro e todo o clã se filiar ao PP? O senhor vê com bons olhos?
Com ótimos olhos. O presidente da República é um presidente que tem um carinho muito grande por Anápolis. Na história desse País é um presidente que em curto prazo de tempo mais veio a nossa cidade e mais investiu em nossa cidade. Vejo com ótimos olhos, vejo como possibilidade e oportunidade. Tendo um presidente dentro do meu partido, vamos conseguir trabalhar ainda mais para o Estado de Goiás e para que Anápolis seja isso que ela é: a grande locomotiva do Estado.

Frederico Jotabê – Prefeito, falando de locomotiva e associando a essa característica logística que Anápolis tem, mas tem outra questão que quem mora na cidade observa, é que o setor de serviços avançou muito na cidade.  É um setor muito importante que é afetado pela pandemia, mas que gera emprego e renda no mundo. A Prefeitura tem feito para incentivar esse setor que é bem diversificado, inclusive o senhor é empresário do setor… o que tem sido feito para alavancar?
Anápolis foi a cidade que ficou menor tempo fechada no que diz respeito à lockdown. Quando a gente pensa no que diz respeito ao setor de serviço, o secretário da Economia, o Valdivino Oliveira, tem elaborado alguns projetos e planos para aquecer o setor de serviço. 

Foi promulgado em julho um projeto de lei em que abrimos um Refis que foi o mais amplo da história de Anápolis. Foi feito justamente pensando nessas pessoas que querem manter as empresas abertas, mas que tiveram dificuldades em pagar os impostos, que não tem condições de pagar as multas. O setor de serviços é como se diz, é o setor que aquece mais rápido e gera emprego com maior agilidade. Estamos tendo um cuidado especial com eles. 

“O noivo já está escolhido, que é o governador Ronaldo Caiado. Muitos artistas estão sendo convidados para a festa, mas a noiva é o Progressista”

Tivemos um período muito curto que ficou fechado e agora a deve estar vindo com alguns pacotes pensando em incentivos e outras coisas realmente para manter o setor de serviço mais aquecido.

Marcos Aurélio Silva – Prefeito, não se o senhor considera cedo ainda para falar disso, mas a pandemia de alguma forma deixa algum legado para cidade de Anápolis?
A pandemia deixa uma marca doída. Muitas pessoas perderam suas vidas. Mas a pandemia deixa um legado positivo no que diz respeito à área de saúde. Anápolis é a única cidade de Goiás que tem mais de 90 leitos de UTIs, bancados com recursos próprios, diferentes dos outros municípios. As outras cidades têm UTIs bancadas com recursos do governo federal e estadual. Aqui não. Os leitos são exclusivos para as pessoas que moram na cidade de Anápolis.

Então o legado que vai ficar é que vamos ter, com certeza, uma saúde mais estruturada, vamos ter depois da pandemia mais leitos de UTI, vamos ter hospitais novos que vamos entregar durante o mês de agosto. Vamos entregar já um hospital Municipal Alfredo Abraão. Então vamos ter um legado dentro da área da saúde que é importante para que a gente continue cada vez mais atendendo a população. Fica sim esse legado, de tal forma que a gente vai ter uma saúde muito melhor do que tínhamos antes da pandemia. 

Marcos Aurélio Silva – O senhor tem confiança que pode colocar para funcionar ainda na sua gestão o Aeroporto de Cargas e também utilizar de fato o Centro Convenções, que é uma estrutura muito importante e bem feita, mas que até agora tem sido subutilizada?
Nós tínhamos cinco gargalos com o governo do Estado. O primeiro era a questão do fornecimento da água. Fizemos um contrato de programa, a Saneago já vai inaugurar a ETA (Estação de Tratamento de Água), aumentando de 30 a 40% a capacidade de tratar água em nosso município. Os estudos ambientais para construção da barragem já foram feitos e vai começar o processo de desapropriação para construção. Então já foi solucionado o problema? Ainda não, mas está em solução. Antes nem solução tinha. Esse era o primeiro problema que é a demanda de água.

Outro problema que tínhamos era o término do Anel Viário. Conversamos com o secretário Pedro Sales (Goinfra) e o governador Ronaldo Caiado. Tudo está em processo licitatório e as obras começam agora neste segundo semestre para que a gente possa concluir essa obra importante.

O terceiro gargalo que tínhamos junto ao governo estadual era a escassez de área para receber novas indústrias. A sanção da lei que o Ronaldo Caiado criou, nós temos mais 1,1 milhão de metros quadrados junto a Codego. Dentro dos próximos 90 ou 120 dias já poderão destinar as áreas as indústrias e isso vai gerar cerca de 70 novas empresas para Anápolis. 

Outro gargalo  que tínhamos era do Centro de Convenções. Com a parceria que foi feita com o governo federal e com o ministro Tarcísio e com o fundo de investimentos que existe tendo como base as empresas que operam o transporte férreo do nosso país, já ficou definido que será instalado o primeiro Centro de Desenvolvimento tecnológico de linhas férreas do País. Para se ter uma noção, a previsão é de que nos próximos dez anos este fundo tenha aí cerca de R$ 60 bi para ser investido em pesquisas e elas aconteceram na nossa cidade, dando vida realmente ao Centro de Convenções.

“Precisamos comemorar as vitórias da cidade de Anápolis”

O último gargalo é o Aeroporto de Cargas. Tive uma reunião com o ministro Tarcísio e com o governador Ronaldo Caiado, e houve um entendimento de que seria feito uma prospecção para ver se o mercado privado tem interesse em terminar a obra e operacionalizar. Já foi sinalizado positivamente. Já tem empresas interessadas em concluir a obra e gerir o Aeroporto de Cargas. Foi uma solução proposta pelo ministro e o governador viu essa proposta com bons olhos. Uma das empresas que demonstrou interesse e vai participar do processo licitatório será o próprio Porto Seco de Anápolis.

Ficamos felizes em saber que os cinco maiores gargalos que tínhamos em nossa cidade, o que não foi concluído, está encaminhado. Isso acontece ao que falo, é graças a parceria, diálogo e respeito que temos. Tanto com o governo do Estado, quanto também com o governo federal. 

Qual mensagem o senhor deixa para os anapolinos que comemoram os 114 anos da cidade?
O que quero dizer é que nós enfrentamos, todos juntos – Prefeitura, governo do estado, governo federal e população de modo geral – a pandemia. Ela está passando e vai passar. O que posso dizer é que a Prefeitura continua trabalhando, mesmo em tempo de pandemia, para que a gente possa atender os anseios da população e possa continuar cuidando dos anapolinos. O que quero deixar de recado é isso. Por parte da prefeitura a população pode ter certeza que vamos trabalhar cada vez mais para cuidar do nosso povo. 

Assista a entrevista completa: