“Bolsonaro presidente vai trazer um pouco do que a intervenção militar pede”

28 julho 2018 às 23h50

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Presidente estadual do PSL, o deputado federal por Goiás defende que a candidata a vice na chapa do presidenciável Jair Bolsonaro seja a advogada Janaina Paschoal

Desde que migrou para o PSL e assumiu a presidência estadual do partido do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) em Goiás, o colega de Câmara dos Deputados do presidenciável, Delegado Waldir Soares, não se esconde quando o assunto é defender a candidatura do parlamentar pelo Rio de Janeiro ao Palácio do Planalto. Sobre os possíveis atritos entre existentes entre o capitão reformado do Exército e a tratada como vice ideal na chapa de Bolsonaro, a advogada e professora da Universidade de São Paulo (USP), Janaina Paschoal, Waldir afirma que tudo não passa de conversa furada. “Janaina foi a mais aplaudida na convenção do PSL no domingo, 22.”
Crente na vitória de seu companheiro de sigla nas eleições de outubro, o delegado licenciado da Polícia Civil diz acreditar que a votação de Bolsonaro será muito maior do que as pesquisas de intenção de voto têm mostrado. Na entrevista, Delegado Waldir defende o colega de partido e aposta que o único presidenciável capaz de realizar uma mudança no País seja o que concorrerá ao cargo pelo PSL.
Augusto Diniz – Como que o sr. avalia as declarações dadas pela advogada Janaina Paschoal durante a convenção nacional do PSL, que oficializou a candidatura a presidente do deputado Jair Bolsonaro?
O PSL é uma democracia. Todos têm direito de expressar a sua opinião. Não sou eu que falo toda a verdade, não é o Bolsonaro, não é o Major Olímpio, não é o Gustavo Bibiano. Somos pessoas comuns que temos acertos e erros. Janaina, com a sensibilidade, a capacidade que tem, conhecimento jurídico, pelo diferencial de ser mulher e ter tido grande destaque nacional, tem voz ativa igual a todos nós. Para nós foi espetacular a manifestação da Janaina. Isso mostra que no PSL não censuramos, não tiramos microfone daqueles que, mesmo no partido, têm pontos de vista diferentes.
Augusto Diniz – Não gerou estranheza, nem ao menos para o eleitor do Bolsonaro que estava na convenção, ver Janaina citar temas delicados e polêmicos?
Ela foi a mais aplaudida de todos que estiveram lá, a exceção do Bolsonaro, o que mostra uma capacidade e o diferencial da Janaina. Se foi a mais aplaudida é porque tem méritos. Para nós, não existe qualquer constrangimento. Não convivemos com essa palavra. Temos liberdade para todos falar. Tanto que quando fui para o PSL sentamos e conversamos. Cada deputado pode votar conforme a sua consciência. O parlamentar não segue uma doutrina, uma seita, uma religião. Tínhamos nove parlamentares, agora somos oito, porque o Luciano Bivar, que pe suplente, não está em exercício porque o titular da cadeira assumiu. Somos todos muito independentes com falas sempre muito duras. Não sofremos censura por qualquer motivo.
Augusto Diniz – A escolha do nome para a vice de Bolsonaro no partido foi praticamente o que sobrou. Houve a negociação com Valdemar Costa Neto, do PR, que optou por apoiar o tucano Geraldo Alckmin.
Não havia uma negociação com Valdemar. Havia uma escolha de um pré-candidato que há muito tempo declarou apoio ao Bolsonaro, que é amigo particular do nosso candidato, que é o senador Magno Malta (PR). Em nenhum momento houve negociação com Valdemar.
Augusto Diniz – A negociação então era com Magno Malta?
Não era uma negociação, era um convite para Magno Malta ser o vice. Quando, há poucos dias, o senador disse que quer a reeleição ao Senado pela questão estadual, onde ele tem mais de 50% das intenções de voto nas pesquisas, buscamos outros nomes em outros partidos. Mas, em razão de uma ou outra circunstância, isso não foi possível. Quando o PR colocou condições de negociação, o PR disse não precisamos dos seus 42 segundos, pode dar para quem quiser.
Quando colocou em jogo a eleição de nove deputados federais do PSL no Rio e em São Paulo, eles queriam a cereja do bolo. O PSL disse não, nós não negociamos, não entramos nesse jogo. Preferimos os nossos. Temos puxadores de votos tanto no Rio como em São Paulo. Não aceitamos essa condição.
Euler de França Belém – Embora o PR não lance o vice, parte do partido apoia Bolsonaro. Um exemplo é a deputada federal Magda Mofatto.
Metade da bancada dos deputados federais do PR apoia Bolsonaro. Metade da bancada do DEM é Bolsonaro. Metade da bancada do MDB é Bolsonaro. Metade da bancada do PP é Bolsonaro. O candidato a governador do Rio Grande do Sul é do PP com apoio do Bolsonaro. Onyx Lorenzoni, do DEM, é o coordenador político da campanha do Bolsonaro.
Augusto Diniz – O PSL fez outras duas tentativas fora do partido ao procurar os generais da reserva do Exército, Augusto Heleno Ribeiro (PRP) e Antonio Hamilton Mourão (PRTB).
O segundo não chegou a ter convite, só para o primeiro. Mourão foi apenas uma especulação. Janaina veio para o PSL com a pretensão de ser candidata a vice-presidente. Nossa grande cautela era fazer uma chapa muito dura, e se houvesse qualquer tentativa de golpe em razão da nossa pretensão de um choque de gestão, o que pode prejudicar muito o centrão e os parlamentares que vivem de cabide de empregos, ministérios e grandes estruturas, teríamos o presidente e o vice de uma mesma linha. Era assim com o senador Magno Malta e com o general Augusto Heleno. Há o Mourão, que está em outro partido.
Mas nossa reserva técnica era, sem dúvida nenhuma, Janaina. Janaina sempre foi a preferida de todos parlamentares do PSL e da militância do partido. Se fizermos uma pesquisa veremos que Janaina está disparada na frente dos outros nomes para ser a vice do Bolsonaro. Mesmo na comparação com Augusto Heleno ou Magno Malta, entendíamos que a advogada agregava mais.
Em razão das pautas que defende, Bolsonaro já tem uma proximidade muito grande com os cristãos. Por isso, Malta não acrescentaria tanto. Mourão e Heleno seriam militares do mesmo perfil do Bolsonaro. Já Janaina é professora universitária, mulher, muito inteligente, muito dura, muito posicionada, vem de uma recente visibilidade muito grande com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), é uma adversária do PT. Isso para nós é essencial.
Augusto Diniz – Um dos motivos da escolha da Janaina para vice seria a tentativa de romper a barreira com o eleitorado feminino. Se Janaina for confirmada como vice na chapa, como isso será trabalhado?
Na verdade nós temos eleitorado feminino. Tem-se criado muitos fantasmas em relação ao Bolsonaro. Pessoas que tiveram contato com ele, e a imprensa de Goiás teve amplo acesso no evento, viram que Bolsonaro é extremamente tranquilo e brincalhão. Fizemos um evento com mais de cem mulheres. Bolsonaro ficava vermelho quando as mulheres falavam, com as colocações, tamanha a timidez dele. Nosso candidato é brincalhão, desinibido, brincalhão demais e isso tem chocado um pouco.
Criam-se alguns fantasmas, como o de que Bolsonaro é homofóbico. Não. Ele não é homofóbico. Cada um faz o que quiser da sua vida, da sua pretensão sexual. O que todos os parlamentares do PSL são contra a doutrinação, a doutrina de gênero nas escolas para crianças. Essa é uma posição do PSL. Agora, se cada um quiser fazer o que quiser com seu corpo, cada um tem seu corpo para fazer o que quiser com ele, é problema de cada um. Temos vários homossexuais que hoje declaram apoio a Bolsonaro. Quando estivemos em Rio Verde, Bolsonaro tirou foto com dez homossexuais. Homossexuais que vieram abraçá-lo e tirar foto com ele.
Marília Noleto – O que o sr. pensa sobre a repercussão da foto do Bolsonaro com a criança no colo fazendo gesto da arma com os dedos?
Isso é mais um mimimi que está se criando. Com 5 anos, eu não fazia assim com o dedo [repete o gesto da arma], tinha um revólver de brinquedo. Crianças de 4 a 6 anos acessam o celular e tem joguinhos em que se mata, muito pior do que a situação que gerou polêmica. Quer situação pior do que a mãe que levou a filha para pegar em um homem nu em um museu?
Se você jogar no Google “crianças armadas nos Estados Unidos” ou “no mundo”… Nos Estados Unidos, criança com 4 ou 5 anos não faz arma com o dedinho não, aprende a atirar. Nos 30 países que têm a maior quantidade de armas nas mãos de civis, nenhum deles está entre os 50 mais violentos do mundo. Em países como Estados Unidos, Inglaterra e Suécia, o cidadão tem liberdade de ter armas. Manuseio de armas torna-se uma questão de disciplina da criança. No Google, o que você vai encontrar não são imagens de crianças com dedinho, mas atirando com fuzil e pistola. Cri-an-ças a-ti-ran-do [soletra as sílabas].
De repente, Bolsonaro aparece com a criança e gera polêmica. O pai da criança pediu para fazer isso, e o pai é meu amigo. A criança estava acompanhada do pai, do avô e da mãe. Quando falamos em desenvolvimento, você precisa fazer uma comparação com outros países. De repente vejo muita gente falar “o Uruguai liberou a maconha, nós temos que liberar”. Mas quando pegamos o modelo americano, no qual as pessoas atiram, tem pena de morte, adolescente é preso é porque trata-se de um país de primeiro mundo. Quer dizer que podemos copiar país de primeiro mundo para as coisas ruins, mas as coisas boas não porque não somos de primeiro mundo.
Temos de quebrar esses paradigmas. Se nós queremos crescer precisamos acabar com essa hipocrisia que nós temos. A questão do dedinho da criança é hipocrisia. Aquela princesinha tem 4 anos. Você pergunta para ela “o que você quer ser quando crescer?” ela responde “PRF” [Polícia Rodoviária Federal].
Marília Noleto – Assim como o pai autorizou, pediu e queria que a filha tirasse a foto com o dedo em forma de arma, o sr. mencionou o episódio do museu em que a mãe estava com a filha. Como o sr. compara as duas situações?
Estava a mãe, mas não estava o pai. Nesse caso em que Bolsonaro estava, tinha a família e a autorização da mãe e do pai. Você perguntou para o pai daquele menina se ele concordava com aquela situação? Ninguém perguntou para o pai daquela menina se ele concordava de a filha dele estar naquele momento naquele museu. Lá tinha um placa em que estava escrito “proibido o acesso de crianças”. Criança é menor de 12 anos. Tinha a proibição do acesso a criança naquele ambiente. Onde nós estávamos não tinha essa proibição. Vejo que são alguns paradigmas que temos de quebrar.
Euler de França Belém – Em Goiás, se Caiado fechar com Geraldo Alckmin (PSDB) nacionalmente o PSL caminha com o DEM na eleição estadual?
O DEM deve caminhar com Alckmin, mas deve liberar os Estados para tomar suas decisões. Se Caiado não declarar apoio para Alckmin, Álvaro Dias (Podemos) ou Bolsonaro, para nós está de excelente tamanho. Se Caiado declarar apoio e disser “meu palanque é do Alckmin” ou do Álvaro Dias, o PSL está fora [Caiado declarou que deve apoiar Álvaro Dias]. Tenho minha posição pessoal em razão dos atropelos que sofri na política no Estado de Goiás, por isso há mais de 1 ano e meio caminho com Caiado.
Sou o único deputado federal que declarou apoio ao democrata. Nesse período assumi o PSL e trouxe o partido para o lado do Caiado. Se o pré-candidato a governador do DEM tomar decisão de apoiar um dos pré-candidatos a presidente, o PSL não teria condições de apoiar Caiado.
Euler de França Belém – Nesse cenário, o PSL lançaria candidato a governador?
Não temos essa pretensão de lançar nomes a governador e senador. Não temos nomes competitivos. Assumi o PSL há pouco mais de um mês, 20 dias antes de exaurir o prazo para montagem das chapas. Não fizemos o partido crescer o suficiente. Tivemos pouco tempo para montar uma estrutura para ter candidaturas majoritárias. Temos pretensos candidatos ao Senado, mas o PSL entende que é melhor não lançar nesse momento. Bolsonaro queria que eu fosse candidato ao Senado em Goiás, mas o principal é montar um partido coeso, firme e disputar a reeleição a deputado federal.
Euler de França Belém – Só terão chapas para deputados estaduais e federais se não apoiarem um candidato a governador?
Só. Iremos com chapa pura. Nesse caso, não coligaríamos nem nas proporcionais.
Augusto Diniz – Bolsonaro disse em Goiânia que Caiado não precisa do apoio do presidenciável do PSL porque já estaria eleito governador. O sr. concorda com Bolsonaro?
O eleitor está cansado dos 20 anos do governo do PSDB. Saúde, educação e segurança foram questões muito mal resolvidas. Estamos às vésperas da campanha e todo dia tem fuga em presídio. No final de 2017 houve uma grande confusão causa pela fuga no complexo prisional de Aparecida de Goiânia. Hoje seria necessário que tivéssemos 30 mil homens na Polícia Militar, mas tempos apenas 10 mil. Na Civil 6 mil homens, temos 3 mil.
As pessoas estão morrendo por falta de vagas em UTIs. Foram montadas grandes estruturas na Região Noroeste. Tem a UPA, mas não tem médico. Rodei o Estado de Goiás e existem dois ou três Centros de Especialidades inaugurados, mas não tem um médico ou funcionário. Muitas obras inacabadas. Ficou um passivo muito grande. Acho muito difícil o governador [Marconi Perillo] eleger o sucessor [José Eliton] como fez com Alcides Rodrigues em 2006.
Senador Caiado tem um projeto extremamente consolidado, conseguiu agregar partidos, tem um exército de pré-candidatos a deputados estaduais e federais, montou uma chapa espetacular. Só há cincos Estados em que se fala na vitória de um candidato a governador no primeiro turno. Um deles é Caiado em Goiás. É uma campanha muito consolidada. Não podemos subir no salto. Vamos trabalhar. Temos andado o Estado todo. O trabalho vai mostrar que Caiado é a melhor opção hoje para o Estado de Goiás.
Augusto Diniz – Apareceu na corrida para governador um novo pré-candidato que é o jornalista Paulo Beringhs, que vem para a disputa em um partido que deixou de chamar PEN e passou a ser Patriota para receber Bolsonaro, o que não se concretizou. Há possibilidade de PSL e Patriota se aproximarem em Goiás?
Não, porque sou posicionado. Não vou ficar pulando de muro. É inexplicável. Quando saí do PSDB é porque Marconi me disse que eu seria candidato a prefeito e lançou Vanderlan Cardoso (ainda pelo PSB, hoje no PP) e Iris Rezende (MDB). Não me deixou ser candidato a prefeito pelo PSDB. Tomei um chute do PSDB. Saí do PR porque venderam a minha vaga na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), me tiraram da comissão das dez medidas contra a corrupção. Saí do PSDB e PR porque fui traído.
Sou uma pessoa extremamente posicionada na política. Tomei uma decisão. Posso não caminhar na majoritária com o senador Ronaldo Caiado, mas meu voto ele vai ter, porque o democrata é hoje quem tem o perfil de direita que o PSL defende. Caiado defende o porte de arma para o cidadão, defende a redução da maioridade penal, é contra o aborto, contra a legalização das drogas. São algumas das pautas do PSL.
Comungamos da proteção da propriedade privada, a criminalização das invasões de terra. Uma situação mais dura e mais concreta. São pautas do Caiado e são pautas do Bolsonaro. Mesmo que não caminhemos juntos, meu voto ele terá. Mas não posso manter o partido ao lado do Caiado em razão da nossa presidência nacional.
“Sou um príncipe no qual não se coloca cabresto”
Augusto Diniz – Nas campanhas que o sr. concorreu ao cargo de deputado federal, o bordão era “45 do Marconi e 00 da algema” e algumas vezes “45 do calibre e 00 da algema”. Parecia haver uma proximidade muito grande entre o sr. e o ex-governador. A escolha por apoiar Vanderlan nas eleições de 2016 foi o que levou o sr. a sair do PSDB ou havia problemas anteriores a isso?
Todo o PSDB me atacava. Se você pegar matérias da época, Maurício Beraldo me atacava, o presidente do PSDB me atacava, Jayme Rincón me atacava. Não sou poleiro para ficar levando de pessoas que têm uma ficha corrida questionável. Eu sou uma pessoa correta, justa. Não preciso ficar no meio de pessoas que não me querem. O PSDB não me queria. Minha saída do PSDB foi por traição. Marconi lançou Vanderlan, mas eu estava em primeiro lugar nas pesquisas. Se você leu “A Arte da Guerra” [Sun Tzu] sabe que todo rei vai cortar a cabeça dos príncipes que podem no futuro tomar-lhe o reinado. Se eu fosse eleito prefeito de Goiânia com certeza seria adversário de Marconi em 2022 para o governo do Estado.
Marília Noleto – O sr. sentia que causava um sentimento de ameaça?
Sim. Sou o deputado federal mais votado da história de Goiás sem dinheiro, sem estrutura, sem dobrar com nenhum candidato a deputado estadual, sem liderança. Sem o modelo da velha política. Renovei com redes sociais e proximidade com o público. Hoje todos políticos copiam o que nós criamos. Nós criamos em Goiás o projeto político pelas redes sociais. Sou da época do Orkut e depois do Facebook. Depois que criamos isso, todos pré-candidatos a deputado federal, estadual e vereador vieram na nossa linha de barateamento e de inovação na política. Sempre fui uma grande preocupação do governador. Sou um príncipe no qual não se coloca cabresto.
Augusto Diniz – Em 2016, quando a pré-campanha de prefeito começou o sr. aparecia empatado em primeiro lugar com Iris Rezende.
Nas primeiras sem Iris eu estava na liderança. Nas duas primeiras. Quando Iris entrou na disputa, a primeira foi junto e depois fui abaixando.
Augusto Diniz – O sr. foi candidato a prefeito pelo PR e imaginava-se que o sr. usaria a estrutura do partido. O PR diz que o sr. abandonou as lideranças do partido e fez uma campanha sozinho. Por que dessa decisão?
O que aconteceu foi que o PR ocupava e ainda ocupa espaço no governo do Estado. Magda Mofatto e o PR têm grande estrutura no governo. A Secretaria de Turismo é comandada pelo PR. O governador conversou com o presidente do PR e esvaziou os partidos que nos procuravam, não permitiu que eles se aliassem a nós, e tirou nosso candidato a vice, que era o dr. Zacharias Calil. Vários partidos nos procuraram para fazer aliança, mas o presidente do PR não permitia. Eu não tinha total autonomia para fazer minha campanha. O marqueteiro foi colocado pelo PR. Eu estava engessado.
Mesmo assim conseguimos fazer uma chapa com cinco vereadores, dos quais dois foram eleitos. Realmente fomos sufocados politicamente. Com esse sufocamento político e o recall que tinham Vanderlan e Iris, os dois candidatos a governador nas duas últimas eleições contra Marconi, foi impossível viabilizar meu nome na disputa.
Euler de França Belém – Depois de 1 ano e 7 meses, a cidade parece decepcionada com o prefeito Iris Rezende. Que avaliação da gestão Iris o sr. faz?
A cidade está um lixo. O cidadão vai ter de pagar o preço da sua escolha. Como candidato derrotado, qualquer manifestação minha parece dor de cotovelo. Mas o cidadão está pagando o preço com o caos que temos. O eleitor tinha um excelente nome, era o momento de renovação, aliado à Operação Lava Jato, com João Doria (PSDB) eleito em São Paulo. Só que o povo quis a continuidade.
E quando o povo quer a continuidade é preciso aceitar a decisão do povo, que paga o preço da sua escolha, seja com o governador que eu ajudei a eleger, seja com o prefeito que fui adversário. Espero que nas eleições de 7 de outubro o cidadão, mais ligado, faça as mudanças necessárias renovando a Câmara, a Assembleia Legislativa, o Senado, o governo do Estado e a presidência. Temos de dar oportunidade de renovação.
Euler de França Belém – Mas o sr. não vê a situação da saúde em Goiânia como grave?
Gravíssima. A saúde, a estrutura viária de Goiânia, a sinalização da cidade, a mobilidade, as galerias de águas pluviais, que nunca foram feitas, a Marginal Botafogo arrebentada. A cidade está um caos. São várias obras inacabadas. Esse é um sinal de que passou. Iris foi uma pessoa maravilhosa para a cidade, mas passou o tempo dele. O eleitor não percebeu essa necessidade de mudança.
As pessoas mantiveram no poder uma pessoa comprometida com o sistema. O cidadão tinha a oportunidade de mudar a chave do sistema e quis manter o mesmo sistema político que vem governando Goiânia e o Estado há muitos anos. Havia a possibilidade de um choque de mudança, mas o cidadão não escolheu. Vamos conviver mais dois anos com o caos. E no Estado será a mesma coisa se vier uma reeleição do José Eliton. Mais quatro anos de caos.
Felipe Cardoso – Como o PSL tem tratado o percentual alto de intenção de votos brancos e nulos e o que tem sido feito para tentar reverter essa situação?
O PSL não tem essa preocupação. O eleitor do PSL e do nosso candidato a presidente é aquela pessoa que está revoltada com o sistema. E vai às urnas de qualquer forma para mudar o presidente, para mudar o Congresso. É o eleitor pós-Lava Jato. Acredito que haverá uma abstenção alta novamente, em torno de 40%, mas penso que o eleitor vai fazer a mudança necessária elegendo nosso candidato a presidente da República. Sem qualquer ajuda da grande mídia, Bolsonaro é líder nas intenções de votos em quase todos os Estados. Acre, onde não chega na TV, Rondônia, Roraima. Ele não tem espaço nas TVs e é líder nesses Estados. Como fez isso? [responde apontando para o celular]
25% da população brasileira não tem acesso a celular. E as outras 75 milhões de pessoas? Entre as pessoas que você tem contato, você tem celular, mas às vezes tem uma secretária que não tem. Você conversa com a secretária todo dia. Você é um formador de opinião. As pessoas que não têm celular conversam com você. Vocês se cumprimentam quando você chega, falam sobre futebol, política e outros assuntos. Hoje está todo mundo direta ou indiretamente plugado.
Augusto Diniz – De que forma se dará a renovação que o sr. acredita para esta eleição?
A renovação vai acontecer porque a Lava Jato mostrou que é possível mudar o País. Como? Temos um presidente da República e um presidente da Câmara Federal presos. Até a eleição acredito que eles não saiam da cadeia. Temos outros deputados, vários presidentes partidos presos ou respondendo a processos. O eleitor viu que o juiz Sergio Moro e a Lava Jato fizeram uma parte da mudança e querem dar a continuidade ao passar o rodo em políticos tradicionais.
Hoje nosso ex-governador corre o risco de não ser eleito senador. Não está pensando em ser candidato a deputado federal para ajudar a chapa. Está pensando, como Aécio [Neves (PSDB-MG)], que se não vier como candidato a deputado federal pode ficar sem mandato como senador. Tanto ele como Aécio e Beto Richa (PSDB-PR), que já está em terceiro lugar nas pesquisas no Paraná. Fernando Francischini (PSL-PR) está em segundo, atrás do Roberto Requião (MDB). Em Minas, Aécio já está fora da disputa ao Senado. Marconi pode vir a federal porque não pode ficar sem mandato.
Euler de França Belém – O procurador da República Rodrigo Janot concedeu entrevista à Época, na qual ele diz que a Lava Jato está mais lenta e sugere que a operação corre risco. O que o procurador quis dizer exatamente? O sr. percebe isso também? O Supremo tem tentado esvaziar os casos ligado à Lava Jato?
Isso ocorre pela formação das turmas do STF. Uma das turmas tem uma posição muito firme contra a Lava Jato. E a outra já é favorável à Lava Jato. Isso tem preocupado os procuradores que cuidam dos casos da operação. O próximo presidente da República terá condições de substituir três ministros do STF [Celso de Mello e Marco Aurélio Mello têm 72 anos e se aposentam ao completar 75 anos, além de Cármen Lúcia, que tem intenção de deixar a Corte antes da idade limite]. Bolsonaro mesmo propôs aumentar em dez as vagas no STF. É necessária uma mudança constitucional para que isso seja feito. A Lava Jato é irreversível.
Euler de França Belém – Como assim aumentar em dez o número de ministros do STF? Não é muito?
É proposta do Bolsonaro criar mais dez vagas de ministro do STF. Não é muito. Bolsonaro teria a possibilidade de levar para o STF dez ministros que poderiam fazer a maioria com pensamento mais duro. Bolsonaro não quer um pensamento favorável a ele ou ao PSL na Corte, Bolsonaro quer um entendimento favorável à legalidade, ao cumprimento da Constituição, não um Judiciário legislando. Legislar é papel da Câmara Federal e do Senado.
Só que o STF tem atuado por exemplo na liberação do uso da droga. Outro ministro está decidindo pela liberação do aborto. Queremos um Supremo que realmente cumpra a constitucionalidade e decida.
Euler de França Belém – O sr. não acredita que o ex-presidente Lula da Silva, como preso, tem recebido extremas regalias?
Lula é um mártir para as esquerdas. Quanto mais se criar dificuldade para ele, impedindo visitas, Lula atinge seu objetivo: a vitimização.
Euler de França Belém – Mas se o Lula quer dar entrevista daqui a pouco pessoas ligadas ao PPC também vão querer.
Temos parte da imprensa que durante muito tempo foi abastecida pelos cofres do governo federal, e que deve muitos favores à esquerda, que aparelhou boa parte da imprensa. O que vira notícia são informações como “juíza indefere visita de fulano de tal”, “juíza proíbe entrega de chocolate para Lula”. O povo começa a dizer “coitadinho do Lula, não pode comer um chocolate no presídio”. E é essa vitimização que as esquerdas pretendem.
Euler de França Belém – Alckmin diz que o adversário do PSDB no segundo turno deve ser o PT. O sr. não acredita que o adversário do tucano, se ele for para o segundo turno, será Bolsonaro?
Alckmin faz parte da farinha do mesmo saco que é o PT. O PSDB é centro-esquerda, favorável a liberação de drogas, contra a redução da maioridade penal, contra o armamento da sociedade, esse é o PSDB. Alckmin está tentando cativar com essa fala os eleitores do Lula. Ele sabe que Lula não estará na eleição. O tucano está tentando dar visibilidade ao PT. A pretensão do Alckmin é diminuir Bolsonaro. Saiu uma pesquisa na segunda-feira, 23, e Alckmin tem 4%. Ele vai ter de explicar por que está com os principais bandidos ao lado dele.
Euler de França Belém – Por que Ciro Gomes (PDT) está batendo no Bolsonaro?
Quando eu estava na frente nas pesquisas aqui todo mundo batia em mim. Alguém bate em árvore que não dá fruto?
Euler de França Belém – O sr. acredita que Ciro tenta ficar igual ao Bolsonaro na pré-campanha?
Todos querem polemizar e enfrentar Bolsonaro. Querem tentar virar fato político, e o fato político hoje é o Bolsonaro.
Augusto Diniz – O sr. citou o fato de Lula estar preso e que provavelmente não poderá disputar a eleição. Cientistas políticos avaliam que a forma do discurso do Bolsonaro está na polarização com Lula. Sem Lula na disputa Bolsonaro tende a enfraquecer?
Não vai ser Lula, mas serão as ideias de esquerda. Estarão na disputa Manuela D’Ávila (PCdoB), Ciro Gomes, Jaques Wagner (PT), Fernando Haddad (PT), Marina Silva (Rede). Não vamos deixar de ter as esquerdas. Existe o que não existia no País, e existe conosco hoje: di-rei-ta [soletra]. A direita não existia. Nós somos direita.
Augusto Diniz – Bolsonaro hoje é o único pré-candidato que assume ser de direita?
Sim. Nós somos direita. Eu sou direita, sou conservador. Sou defensor da família, conta o aborto, contra as drogas, defensor do Estado mínimo. Vamos passar o rodo nas estatais.
Euler de França Belém – Petrobras também?
Até parte da Petrobras. Vamos passar o rodo em tudo. Temos de fazer um Estado mínimo e nos preocupar com saúde, educação, segurança e infraestrutura. São 14 ministérios. Antes da eleição, Bolsonaro vai divulgar o nome dos 14 ministros. Não tem PR, PSL, ninguém indicando. É capacidade. “Mas vai ser mulher?” Podem ser 14 mulheres. “Podem ser homossexuais?” Podem ser 14 homossexuais. Não queremos saber de nada disso. Quem for competente vai ser ministro.
Augusto Diniz – O sr. diz acreditar na renovação política e que Bolsonaro representa a renovação. Mas será necessário explicar como um deputado há 27 anos na Câmara seria a renovação. Como isso será tratado durante a campanha?
Na verdade é renovação de ideias, não renovação política. Quando se falou tão claramente da necessidade de acabar de extinguir as estatais? Algum candidato a presidente disse ser favorável a redução da maioridade penal? Algum candidato falou que quer tipificar invasão de terra como terrorismo? Alguém falou que quer trazer a possibilidade de o cidadão se defender, que o Estado nunca vai dar um policial para cuidar de cada um de vocês?
Na hora que um bandido ou o marido vier estuprar uma mulher, alguém falou para ela andar com a lei do feminicídio e mostrar para o agressor? “Não me ataca não porque senão você vai ser enquadrado na minha lei e ser preso.” Ou você quer uma arma para se defender quando um cara vier te estuprar e você matá-lo ou ferí-lo? Algum presidente teve coragem? O que nós queremos mostrar para as pessoas é que somos um novo modelo de ideias no País.
Isso está acontecendo no mundo. Aconteceu nos Estados Unidos, França, Chile, Argentina, a exceção é o México, onde houve uma guinada à esquerda. Todos os países mais ricos estão virando para a direita.
Augusto Diniz – Todo pré-candidato tem direito a defender suas bandeiras. Caso Bolsonaro seja eleito presidente, o candidato do PSL governará para toda população ou só para quem votou nele?
Tanto está preparado que Janaina Paschoal fez o discurso na convenção mostrando o outro lado do PSL. Ela é nossa candidata a vice-presidente.
Euler de França Belém – Foi criado o Ministério da Segurança Pública no governo Michel Temer (MDB), mas o combate ao crime organizado continua muito devagar. O que Bolsonaro fará para combater o crime organizado?
Temos de acabar com a sensação de impunidade. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) tem um projeto de lei castração química de estupradores. Há uma proposta da minha autoria para acabar com a progressão de regime no cumprimento da pena. Queremos tornar efetivo o cumprimento da lei. Vamos investir em escolas militares e escolas técnicas nas periferias, que é onde tem acontecido o maior número de homicídios. Uma das nossas prioridades é reduzir o número de mortes. Faremos isso com o fortalecimento das forças de segurança pública.
Hoje o bandido não tem mais medo de enfrentar polícia. O bandido mata policias, anda com fuzis. Há 20 anos, bandido morria de medo da polícia. Hoje aqui em Goiânia a cavalaria vai escoltar as torcidas organizadas e, no trajeto até o estádio, vão xingando os policiais o tempo todo. Temos de trazer de novo a polícia as garantias para que ela possa voltar a ser respeitada. Vamos fazer esse fortalecimento das forças de segurança.
Pretendemos avançar com presídios militares. A prioridade é o investimento em escolas técnicas e militares, principalmente nas periferias. Fortalecimento das polícias municipais. Vou levar uma outra proposta para o nosso candidato a presidente, mas ainda não posso falar.
Euler de França Belém – Mas o crime organizado tem decidido as ações a partir dos presídios. O que fazer?
Temos de separar os presos por natureza de crime. A Lei de Execução Penal já faz isso. Tenho um projeto de lei na Câmara que o dos presídios militarizados. Se o preso trabalhar hoje na cadeia é trabalho escravo. Que nós tornemos obrigatório o trabalho do preso. Caiu no sistema prisional entra em um regime no qual ele tenha de acordar as 6 horas, com disciplina e hierarquia. Das 6 horas às 8 horas atividade física. Das 8 às 18 horas trabalho. Das 19 às 22 horas escola técnica, faculdade ou aprendizado no presídio. De segunda a sábado. No domingo aprender a cantar o hino nacional, religião, teatro, cultura, sem ócio. Fazer com que ele gere renda para indenizar a vítima. Propostas nós temos.
Marília Noleto – Dinheiro tem e inclusive não é usado. Falta vontade política?
O que falta é cunhão, coragem. Governadores querem que o cidadão esteja o tempo todo preocupado com insegurança, com falta de saúde, com falta de educação, morrendo. Porque enquanto a pessoa estiver preocupada com isso esquece a política. Manter o povo sem instrução, preocupado somente com problemas corriqueiros, com a violência, se o cara do seu lado vai te matar, o tempo todo, não faz com que a pessoa pense politicamente. Por que o americano escolhe muito bem? Porque não tem problema de segurança, de infraestrutura… Precisamos enxugar o sistema partidário brasileiro, acabar com as mordomias.
Euler de França Belém – Nos Estados Unidos há integração entre as polícias, sobretudo na informação. O policial tem informações precisas na viatura. Isso é possível de ser implantado no Brasil?
Foi feito recentemente um projeto do integração, mas isso não funciona. Temos de acabar com o corporativismo nas polícias. O que temos hoje é um grupo que defende a Polícia Rodoviária Federal, outro a Polícia Federal, outro a Polícia Civil, outro a Polícia Militar, outro a Polícia Ferroviária. O que você quer como cidadão? Uma polícia. Você sabe qual a atribuição de cada polícia? Quando você é assaltado, você quer que a polícia resolva. Não interessa qual polícia.
A minha linha de defesa, que ainda não é ponto pacífico no partido, é a da unificação das polícias. Temos de ter uma polícia municipal forte e uma polícia federal. Só. Isso faria que a responsabilidade com segurança pública dos Estados fosse tirada e passada para o ente federal, como é na maior parte do mundo. Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Ferroviária em uma só polícia. Pode ter um segmento uniformizado, fardado, e outro investigativo. E uma polícia municipal. E que resolva.
Você tem um problema, um som no vizinho que está incomodando, basta ligar para a polícia e ela vem resolver. Seria o mais fácil. Não conseguimos porque temos coronel e delegado que ficam defendendo as suas corporações e esquecem do cidadão. A Polícia Civil briga com a Militar. A PRF briga com a Federal. A Guarda Municipal briga com a PM. A insegurança continua. É muito simples, mas algumas pessoas brigam para manter seus privilégios.
“A intervenção federal no Rio de Janeiro é na verdade um grande engodo”

Augusto Diniz – Como integrante licenciado das forças policiais, como o sr. avalia a criação do Ministério Extraordinário da Segurança Pública e a intervenção federal na Secretaria Estadual de Segurança Pública do Rio de Janeiro?
Um lixo a intervenção federal no Rio de Janeiro. Na verdade um grande engodo. O que tem de se fazer é dar estrutura para que as polícias tenham seu quadro efetivo. Outro dia uma viatura no Rio de Janeiro precisou subir de ré porque de frente não subia o morro. A maior parte das viaturas está um lixo, não tem armamento, coletes a prova de bala vencidos. Hoje são necessários 50 mil policiais militares no Rio de Janeiro. Goiás precisa de 23 mil e não tem. Os Estados não contratam, querem precarizar a polícia. Quem tem de resolver o problema da segurança pública no Rio é a polícia local. Não Exército.
Exército, Marinha e Aeronáutica têm de cuidar das nossas fronteiras. Impedir que entre droga, que nossos carros saiam. Exército, Marinha e Aeronáutica tem de cuidar das atribuições deles e se preparar para uma eventual guerra. Ajudar na infraestrutura do País, porque eles têm grande capacidade. Mas não fazer policiamento.
Augusto Diniz – Como o sr. tem visto a manifestação de movimentos da sociedade que pedem intervenção militar no Brasil?
Isso não vai existir. A intervenção vai ser nas urnas.
Augusto Diniz – Quando o sr. fala em mudança nas urnas é uma mudança de paradigma ou de governo?
Bolsonaro presidente vai trazer um pouco do que a intervenção militar pede. Vai ter um capitão do Exército na Presidência da República. Mas tem de ser legítimo. Nós temos uma Carta Magna, temos uma Constituição. Essas pessoas que pedem intervenção militar precisam entender que ela não vai acontecer. Na verdade são pessoas com grande insatisfação com o modelo atual, com a corrupção. É uma insatisfação. Estamos em um país democrático e temos de permitir que essas pessoas se manifestem, como nós temos permitido que terroristas se tornem governadores, presidentes da República. Dilma era terrorista.
É uma democracia. Temos de dar essa liberdade. “Esses grupos de intervenção militar horríveis.” Não. Vivemos em uma democracia. Permitimos que uma presidente terrorista assumisse a Presidência da República. Governador de Minas Gerais [Fernando Pimentel] era terrorista, assaltou banco no Rio Grande do Sul.
Felipe Cardoso – O sr. não acha que ter um capitão do Exército na Presidência da República gerar certo temor na sociedade?
A população gosta. Vá atrás de uma vaga em um colégio militar. Quem não quer? Converse com dez pessoas de cabelo branco que viveram o período em que os militares governaram o País e veja quem acha ruim.
Augusto Diniz – Como membro da Câmara há 3 anos e meio, como o sr. vê um governo do Bolsonaro sem construção de aliança com outros partidos? O Congresso vai deixá-lo governar?
Na verdade temos hoje 110 deputados de vários partidos que declararam apoio a Bolsonaro, que terá sim governabilidade. Eu fui delegado em várias delegacias. Existem várias formas de se administrar a sua casa. Se você é o administrador da sua casa, chega e joga todas as roupas no chão, deixa o sapato na entrada da sala, não lava seu prato, amanhã sua esposa e seu filho vão fazer igual a você. Mas se você chega em casa e disciplina seu filho: “Guarde sua roupa. A toalha molhada você pendura no varal. Se você tem um papel de bala não jogue aqui no chão”. Se há respeito no tratamento, quando você vai passar pede licença, diz “muito obrigado”, “desculpa”, na casa de cada um depende de quem comanda, seja o homem ou a mulher, do comportamento das pessoas que vivem nessa casa.
Na delegacia é da mesma forma. Posso ter um grupo de policias corruptos ou servidores trabalhadores que vivem dos seus salários. Hoje temos tanta corrupção no País porque os últimos presidentes – Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor, Dilma, Lula – permitiram essa corrupção, leiloaram os ministérios. Amanhã Bolsonaro presidente – você disse que ele tem 28 anos na política, mas nunca esteve envolvido em nenhum caso de corrupção -, os parlamentares já o conhecem. Sabem que com ele não tem jeitinho. A Câmara e o Congresso são muito o reflexo do que a Presidência da República quer e espelha.
Como são seus ministros? Seus ministros são pessoas que receberam propina em outro governo, fizeram negociata, fizeram malandragem? Bolsonaro terá uma tranquilidade muito grande para governar porque as pessoas já o conhecem. Passou os últimos anos da vida dele na Câmara. Bolsonaro tem a habilidade de relacionamento, conhece cada parlamentar que está hoje na Casa e sabe o que cada um gosta, se é de trabalhar, fazer malandragem, ganhar dinheiro. Bolsonaro conhece cada parlamentar como ninguém na Câmara.
Augusto Diniz – Como o sr. e a campanha do Bolsonaro combaterão a imagem de que o candidato a presidente do PSL seria um porra louca, de que seria alguém que só tem frases de efeito para dizer, que teria mídia, mas não conteúdo?
Ao longo do tempo, Bolsonaro teve de criar um personagem. Hoje nós temos propostas claras para a mudança do País. Na economia queremos um Banco Central independente. Temos ideias. O cidadão vai ter de escolher entre um porra louca honesto ou os certinhos bandidos. Alckmin está sendo investigado pela Lava Jato, assim como Ciro, Marina e Álvaro Dias. Você quer um porra louca honesto que quer mudar o País e tem propostas ou você quer os certinhos bandidos, que não são porras loucas e que já governaram.
Paulo Preto [ex-diretor da empresa paulista de Desenvolvimento Rodoviário (Dersa)] vai fazer delação premiada. Vai arrebentar com Alckmin. Ou você acha que Paulo Preto vai ficar na cadeia? Já saiu, mas vai voltar. Os outros têm muita coisa a explicar. Bolsonaro não.
Euler de França Belém – Bolsonaro tem na sua assessoria um dos principais economistas do País, Paulo Guedes. O sr. conversou com o economista?
Não. Nunca estive com Paulo Guedes. Estaria com ele na convenção, mas acabei não indo.
Augusto Diniz – Diz-se que Bolsonaro e Paulo Guedes não falam a mesma língua quando o assunto é a economia do País. Isso é verdade?
Mais uma lenda. Mais um fake news. Bolsonaro não entende de economia. Quem está dando noções é o Paulo Guedes. Não tem que aprender de economia para ser presidente da República. Dilma conhecia muito de economia, você viu o que ela fez com o País?
Euler de França Belém – Lula também não entendia e foi melhor do que Dilma.
Foi melhor do que Dilma.
Augusto Diniz – A que o sr. atribui a boa receptividade de membros da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o pré-candidato mais aplaudido em evento recente da entidade?
As ideias pautadas no liberalismo econômico. Bolsonaro disse no evento da CNI: “Se você não ajudar o empresariado não atrapalhe”. E não é só com as indústrias. 90% do agronegócio é Bolsonaro. Fomos a Rio Verde e 20 mil pessoas ficaram de pé para aplaudí-lo. Parou todo o comércio de Rio Verde. Você viu a quantidade de pessoas que estão o recebendo nos aeroportos? Grandes banqueiros já receberam Bolsonaro e sentem no nosso candidato a tranquilidade de ser presidente da República. Traz a bagagem da Câmara Federal.
Augusto Diniz – Analistas políticos entendem que neste momento Bolsonaro é o plano B no caso de Alckmin não decolar nas pesquisas. É de fato o que o PSL tem percebido em relação à elite econômica brasileira?
Alckmin não vai decolar. Nossas ideias são aquilo que a maior parte das pessoas deste País que querem mudança pensam. Bolsonaro não vai criar problemas econômicos, nenhum choque de planos financeiros, como foi feito em outros momentos no País. Bolsonaro já disse que o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, vai ser mantido. Quem é bom vai ficar. Os incompetentes serão tirados do governo. Bolsonaro inspira essa estabilidade no grande PIB nacional. Bolsonaro tem viajado para outros países e conversado com pessoas que têm trazido essa bagagem para que ele possa amanhã administrar nosso País.
Euler de França Belém – Há quem compare Bolsonaro a Fernando Collor. Eles são diferentes? Se sim, quais são as diferenças?
Collor é corrupto, Bolsonaro não. Bolsonaro não pega o País em um momento em que o Brasil está quebrado. Ele pega em um momento de instabilidade. PSL hoje ocupa um vácuo, que é o da direita. O mundo todo tinha, mas o Brasil não um grupo que se intitulasse de direita. Falar que era de direita era um palavrão há dez anos porque nosso País era governado por pessoas de esquerda e centro-esquerda. As pessoas não diziam ser de direita, mas de centro. Estamos pegando um nicho de pessoas amadurecidas e preparadas para governar o País.
Bolsonaro tem esse linguajar. É incomparável com Collor ou qualquer outro. Bolsonaro tem um perfil todo próprio. É um cara inteligente, brincalhão, de família. Quem o conhece e convive com ele, como eu, sabe do perfil diferenciado que ele tem. No braço dele tem um relógio de R$ 20, daqueles que você compra na feira, de plástico.
Augusto Diniz – Bolsonaro ganhou mais visibilidade durante o processo de impeachment. Parte do eleitorado passou a acreditar que ele pode ser a renovação que o sr. defende. Mas o PSC não acreditou e não bancou a pré-candidatura a presidente de Bolsonaro. O PSL é um partido com direito a parte muito menor do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) do que o PSC. Como será bancada a campanha do Bolsonaro?
Todos os deputados que estão no PSL votaram contra o fundão. Não vamos usar o dinheiro do fundão, abrimos mão desse recurso. O dinheiro que tem lá não vamos usar. Na semana passada Bolsonaro iniciou a vaquinha online, que será usada para construir a campanha do partido. Bolsonaro faz a campanha dele com R$ 3 milhões enquanto os outros pré-candidatos a presidente farão com valores acima de R$ 70 milhões. Em 2014, eu fiz uma das campanhas mais baratas do País. Sabemos fazer campanhas baratas.
Não temos essa preocupação de arrecadar recursos, contratar marqueteiros. Nós não temos tempo de TV. Temos 7 segundos. Não estamos preocupados com isso. Temos as redes sociais. Bolsonaro é hoje o líder das pesquisas por causa disso aqui [aponta para o celular].
Augusto Diniz – O sr. acredita que a atuação nas redes sociais vai ser importante para reverter esse tempo de TV tão pequeno?
Me deixe discordar de todos os especialistas. Estamos há dois meses da campanha e Bolsonaro é o líder nas pesquisas por causa do que? De onde ele surgiu? Qual espaço na TV Bolsonaro teve? Depois que me tornei deputado, qual espaço na TV eu tive? Bolsonaro nunca teve espaço na TV. De onde ele é famoso? Você acha que ele vai perder isso até a eleição? Vai deixar de ser importante?
Augusto Diniz – O sr. acredita que as redes sociais terão o mesmo peso do rádio e da TV na campanha?
São 35 dias de TV. Um dia é dos candidatos a presidente. No outro dos candidatos a governador. No outro senadores e deputados federais. Então você divide os 35 dias e serão 17 dedicados aos candidatos a presidente. Qual audiência a propaganda eleitoral na TV teve nas últimas quatro eleições? Vamos ter 7 segundos: “Olá, brasileiros. Bora pra minha live?” [e mostra o celular].
Augusto Diniz – O sr. teve uma experiência que não deu certo em 2016.
Não podemos confundir. 2016 deu certo.
Augusto Diniz – O sr. começou liderando as pesquisas e por pouco não acabou o primeiro turno em quarto lugar, atrás do deputado estadual Francisco Jr. (PSD).
Foi espetacular para mim. Fiquei em terceiro lugar com um tempo de TV muito curto, tiraram meu vice, tiraram todas minhas alianças. Toda mídia municipal e estadual me atacando. O foco foi contra mim. E disputei contra os dois candidatos que tinham recall, que foram candidatos a governador nas duas últimas eleições estaduais. Iris foi ministro da Justiça, ministro da Agricultura, prefeito, governador, senador, candidato derrotado nas duas últimas eleições.
E quem eu era? Delegado Waldir. Uma eleição como o deputado federal mais votado. Vanderlan prefeito duas vezes de Senador Canedo, cidade da Região Metropolitana e ligada à Região Leste de Goiânia, candidato derrotado a governador duas vezes. Quem ficou em terceiro lugar? Diante dessas figuras conhecidas na política, me tiraram a estrutura, não me deram dinheiro, tiraram meu tempo, me tiraram candidatos a vereador, tiraram meu vice. Tiraram tudo que eu tinha. No partido que estava, eu era boicotado, disseram que só seria candidato se o marqueteiro fosse deles. E ainda fiquei em terceiro lugar. Foi espetacular o resultado pelo o que eu tinha.
Eu fui eleito deputado pelas redes sociais. Tinha 250 mil seguidores quando fui eleito. Hoje tenho 800 mil seguidores no Facebook e vou chegar a 90 mil no Instagram.
Augusto Diniz – Antes de chegar ao local em que seria realizada a convenção nacional do PSL, foi informado que a equipe de segurança do Bolsonaro teria feito uma revista para que ele não sofresse um atentado. O discurso que o sr. defende de ter sofrido perseguição nas eleições de 2016 não pode ameaçar o sucesso da campanha do Bolsonaro até o dia 7 de outubro ao se colocar como vítima de uma perseguição?
Não tem a menor chance. Ele é vítima. Bolsonaro é o patinho feio, é o Davi contra Golias. Nós não estamos nos passando por vítimas. Nós somos vítimas. Se você me provar que não fui vítima na campanha para prefeito, se você tiver argumentos que me contradizem, eu posso aceitar. Mas até o momento, a campanha do Bolsonaro não tem dinheiro e nem queremos, não temos tempo do horário eleitoral, temos 8 deputados contra 170 a 300 parlamentares na Câmara pegando dinheiro. Não temos nada. Somos o patinho feio ou não somos?
Marília Noleto – Bolsonaro vai manter o mesmo tom de sempre adotado nas redes sociais?
100%.
Marília Noleto – O sr. disse que ele precisou criar um personagem para aparecer e mobilizar uma direita que até então não tinha voz. O foco agora precisa ser mais voltado para as propostas. Como Bolsonaro se portará nos debates? Adotando o mesmo tom?
Para criar a direita. Ele vai a todos os debates. O mesmo tom. Não vai mudar em nada. Vai agregar, trazendo fatos novos. O discurso é o mesmo.
Augusto Diniz – Há alguma fala anterior ao período eleitoral do Bolsonaro que o sr. considera como infeliz e que ele deveria voltar atrás?
Nada.
Augusto Diniz – Nem quando Bolsonaro disse que fraquejou quando teve uma filha mulher?
Você se lembra que durante a conversa falei três ou quatro vezes que Bolsonaro é extremamente brincalhão? Ele faz piada o tempo todo.
Augusto Diniz – Mas o sr. acha que dizer que ter uma filha mulher é fraquejar trata-se de uma piada aceitável?
Se ele falar assim “ô, barbudo?”, você acha ruim? “Ô, brincão.” Você está achando ruim? “Você tem cara, com essa mãozinha aqui, de…” Eu não posso brincar? As pessoas me chamarem de louco porque eu subi no alto de uma caminhonete e fui pedir votos. Quando abriram as urnas eu disse “sou louco sim, sou a frente do meu tempo”. Os maiores gênios do mundo eram loucos também. Mas eu sou um louco com 274.625 votos. E o povo gosta de louco.
Bolsonaro brinca, faz palhaçada. É uma pessoa comum. Igual ao mimimi da arma. Nossa! O mundo todo brincou de arma. Eu brinquei. Certeza que o Euler Belém teve revolver de brinquedo quando era criança. Eu tinha aqueles índios pequenos que eu brincada de lutar com os outros, índios com armas. Você nunca assistiu filme de faroeste? Todo filme que eu e minha geração assistimos era de faroeste, de índio, de arma, de morte.
As crianças hoje pegam o celular e estão matando nos joguinhos. Aí todo mundo faz mimimi por causa da arma? “Eu dei uma fraquejada porque tive uma mulher.” Bolsonaro brinca o tempo todo. É um brincalhão, um palhaço, chega aqui e te provoca. Ele disse que vai casar comigo, você sabia? Em um debate, se perguntarem para ele “você é contra os homossexuais?” ou disserem “você é homofóbico”, Bolsonaro vai responder “sou. Vou casar com Waldir, olha que coisa mais linda eu grandão desse jeito e ele baixinho”. Ele tira onda.
Augusto Diniz – A equipe do Bolsonaro deve ter se preparado para enfrentar um fato que não foi bem recebido por parte da sociedade, que foi a discussão com a deputada Maria do Rosário (PT), em que ele disse que a parlamentar não merecia ser estuprada por ser muito feia. Como Bolsonaro vai reagir a esse fato durante a campanha?
Extremamente tranquilo. Eu saio no meu carro no trânsito e outro motorista me dá uma cortada, quase bate em mim e eu grito “viado”. Ele responde “seu corno”. Você não acha que é no calor do debate?
Augusto Diniz – Mas não se compara a dizer para uma mulher que ela não merece se estuprada por ser muito feia.
Espera. Me deixa terminar e dialogar. Como você se sentiria sendo chamado de estuprador? Você diz “eu sou Cristo, está aqui o outro lado, me bate aqui” na tranquilidade? Você faria isso? Eu sou descendente de italiano. Não entro em briga, mas quando entro eu não perco. No caso, ele foi provocado. E no debate na Câmara ninguém quer perder para ninguém. Bolsonaro foi provocado. Do outro lado não interessa se está uma mulher, um índio… todo mundo é igual. No plenário são deputados. Somos parlamentares. Todos nós com imunidade parlamentar. Isso é disputa política. É na hora em que se está nervoso, no meio de uma briga.
No trânsito, o motorista de outro carro já me xingou e eu respondo “seu vagabundo”. Não me provoquem. Eu não levo desaforo para casa. Por que vocês não colocam que Maria do Rosário me chamou de louco? [Em 2015, durante sessão da CPI da Petrobras, Delegado Waldir acusou João Vaccari Neto de ser o “maior corrupto e ladrão da história do país” e o PT de “patrocinar a corrupção” no Brasil. Maria do Rosário respondeu: “O senhor passou no psicotécnico? Como passou no concurso para delegado?”]
Mas ela me chamou de louco. Por que isso não deu repercussão? Ela é a coitadinha, a vítima, porque era Secretária Nacional de Direitos Humanos? Ela pode atacar os outros e não pode receber resposta? Maria do Rosário é uma deputada eleita e lá tem de aguentar rojão. Bolsonaro a tratou no princípio da igualdade de direito, em que homens e mulheres são iguais. Não existe diferença. Ele a tratou como deputada. Bateu nela? Só respondeu. A agrediu? Respondeu na igualdade. Ela é parlamentar.
Quando Maria do Rosário me atacou, ela pode atacar o Waldir, eu sou louco? Ela me atacou. Eu tenho filhos, esposa, amigos. Como que fica ela me xingando de louco? Por que não teve toda essa repercussão na mídia? Mas porque quando se trata do Bolsonaro, que é pré-candidato a presidente – e eu responderia da mesma forma -, ela é mulher? Não. Ela é uma deputada igual ao Bolsonaro. No debate, ela poderia ter chamado o deputado e dito “deputado, o sr. se exaltou”. Se Maria do Rosário não o tivesse chamado de estuprador não teria recebido aquela resposta. Ela provocou.
Euler de França Belém – Como está a Joice Hasselmann (PSL) está em São Paulo?
É pré-candidata ao Senado, mas não está bem nas pesquisas, em 6º ou 7º lugar.
Euler de França Belém – Deputado federal Daniel Vilela (MDB) tem se apresentado como o novo na disputa para governador. Como o sr. avalia o discurso adotado?
Daniel é um excelente parlamentar, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), amigo meu, mas novo do que? Quais as ideias novas dele? Eu gosto de ideias novas. Quais as ideias novas do Iris? Você não tem como aparentar novo. Quando faço um botox estico tudo sou novo. Mas não é isso. “Sou bonitinho, cabelinho arrumadinho, gatinho.” Isso não é ser novo. É preciso ter ideias novas que modifiquem o sofrimento que a sociedade está passando neste momento. Quais as propostas novas para mudar Goiás? Temos de esquecer essa questão de dizer ser o novo. Ninguém e novo. Quais as ideias novas para mudar a insegurança, saúde, educação, infraestrutura? Aí sim.
Ousar é o que faz de Bolsonaro novos nas ideias. “Mas não vão dar certo.” Nos Estados Unidos deram certo. Se aqui não vai dar certo precisamos primeiro experimentar para saber. Sou defensor da apresentação de ideias novas. Bolsonaro é direita, o que ainda não experimentamos no nosso País.
Euler de França Belém – Em 2020 o sr. pretende disputar a Prefeitura de Goiânia?
Sou candidato a reeleição para deputado federal. 2020 ainda está muito longe. Vamos tratar de 2018.
Felipe Cardoso – Como ficará o PSL na disputa por cadeiras na Assembleia e Câmara dos Deputados?
Vamos fazer chapa pura para deputado estadual. Queremos eleger de dois a quatro deputados estaduais. Serão 62 candidatos, dos quais 19 mulheres. Não sou adivinho, não tenho bola de cristal, mas temos esse sonho. Vamos trabalhar para isso. Esperamos ter um voto de legenda muito forte.
Felipe Cardoso – E para deputado federal?
Vamos aguardar as conversas que estão acontecendo. Temos uma pré-conversa de um chapão e uma chapinha com Caiado. Estamos conversando com os dois grupos. Podemos também vir com chapa pura. Se Caiado não declarar apoio a nenhum candidato a presidente, por mim tudo bem. Mas se declarar apoio ao Alckmin o PSL não caminha com ele.
Augusto Diniz – Quem são os nomes que o sr. coloca como fortes do PSL para deputado estadual e federal?
Os 62 pré-candidatos a deputados estaduais e os 14 pré-candidatos a federais que nós temos. São todos fortes. Não faço separação. Se fizer estarei discriminando os demais pré-candidatos. Todos estão trabalhando.
Augusto Diniz – O PSL trabalha com expectativa de votação?
Eu só tenho um voto. Vou trabalhar atrás dos outros.
Augusto Diniz – Tem alguma pergunta que não fizemos e o sr. acredita que seja importante destacar?
É importante dizer que o Delegado Waldir é o único deputado federal que abriu mão de auxílio-moradia de R$ 5 mil, que abriu mão do apartamento funcional de 180 metros quadrados, o telefone que eu uso é particular, não é da Câmara, não uso verba para alimentação, não uso jatinho particular, não uso helicóptero. Sou o único deputado que não tem gabinete político em Goiânia. Sou o parlamentar entre deputados e senadores que menos gasta verba de gabinete.