Fernando Pellozo: “O morador de Senador Canedo se sente valorizado; a cidade voltou a sorrir”

07 julho 2024 às 00h00

COMPARTILHAR
O prefeito de Senador Canedo, Fernando Pellozo (UB), chega à reta final de seu primeiro mandato comemorando a finalização de obras e a recuperação das dívidas da Prefeitura deixadas pela antiga gestão. O conjunto de ações, ele diz, provocou melhora na autoestima do cidadão canedense. “A cidade voltou a sorrir e brilhar”.
Ainda há muito o que ser feito, afirma Pellozo. A entrega de um hospital municipal é o principal projeto para um eventual segundo mandato — deixar transferir pacientes para tratamento em cidades vizinhas seria a peça chave para arrematar o sentimento de orgulho e pertencimento do morador da cidade.
Confiante de que poderá cumprir com esse e outros projetos em seu possível segundo mandato, o prefeito se aproxima das eleições de 2024 com otimismo. Sua gestão atravessou turbulências políticas quando Pellozo deixou o grupo político do senador Vanderlan Cardoso (PSD) e migrou para o grupo do governador Ronaldo Caiado (UB), bem como experimentou atritos com vereadores no início do primeiro mandato. As situações estão resolvidas, diz ele, nesta entrevista ao Jornal Opção.
Gustavo Soares – Como o senhor avalia o momento para a Prefeitura de Senador Canedo neste final de mandato?
Atualmente, estou aproveitando uma fase muito boa na administração do município. Hoje a equipe da Prefeitura de Senador Canedo vive um momento muito feliz do ponto de vista do amadurecimento da gestão. Estamos em um período com muitas entregas de obras, serviços, renovação da infraestrutura. O cidadão de Senador Canedo, em geral, vive um momento de melhora da autoestima e de valorização do sentimento de ser canadense.
Sou morador de Senador Canedo há 30 anos. É o município que escolhi para viver. Posso fazer essa avaliação, comparando a evolução que a cidade experimentou desde seu período de atrasos até a valorização de agora, quando a volta a sorrir e a brilhar. Para chegar ao final do primeiro mandato fazendo essas entregas, tivemos primeiro de superar a pandemia e obstáculos financeiros, pagando dívidas e arcando com compromissos feitos pela gestão anterior. Assim, como prefeito e como cidadão de Senador Canedo, sinto que a cidade está muito boa e tem um potencial enorme para melhorar; isso é muito bom.
Italo Wolff — Senador Canedo está passando por um momento ímpar. Em 2023, o IBGE publicou que esta foi a cidade que mais cresceu no Brasil desde o censo anterior, de 2010. Como os cidadãos estão vivendo esse crescimento?
Entre 2010 e 2022, o aumento populacional foi de 84%. Nós passamos de 80 mil habitantes para 155.635 pessoas. Podemos atribuir isso a diversos fatores, como a localização — estamos a 15 minutos do aeroporto de Goiânia. O trânsito é bem melhor e o custo de vida é menor do que o da Capital. Sempre tivemos oportunidades de emprego sobrando. Hoje existem mil vagas disponíveis de emprego em várias empresas.

Costumo dizer que, como fisioterapeuta, atuei muito para reabilitar a cidade, que tinha diversos problemas. Até alguns anos atrás, Senador Canedo realmente não era segura, tinha iluminação e infraestrutura precárias. Sei disso, porque vivo lá: antes de me tornar prefeito, o posto de saúde onde trabalhava ficou quase mais de um ano com o vidro da recepção quebrado. Hoje, já entregamos mais de 20 unidades de saúde reformadas — reformas de qualidade, não de “maquiagem”, apenas para disfarçar os problemas.
Italo Wolff — O senhor listou demandas da cidade nas áreas de segurança, infraestrutura, saúde. Qual era a raiz desses problemas? O que faltava para que eles fossem solucionados?
Todas as entregas que estamos realizando agora têm em comum a ideia de gestão com foco no cidadão. Não adianta existirem 23 secretarias trabalhando para fazer uma gestão voltada para a própria política. Só é possível resolver questões com o esforço de entender o que o cidadão quer e precisa. Vamos pegar como exemplo a água, que em Senador Canedo é municipalizada e de responsabilidade da Sanesc. É um problema histórico, muito difícil de resolver, mas tivemos de encarar.
Em 2020, no início da pandemia, quando eu havia acabado de assumir a Prefeitura, o Ministério Público fez uma recomendação para que nós resolvêssemos o problema da água. Havia mais de 14 bairros sem água há mais de 40 dias. Além disso, solicitaram uma revisão de todas as áreas que haviam sido doadas pela gestão anterior (o ex-prefeito doou áreas públicas até o dia 31 de dezembro, mesmo sendo proibido em ano eleitoral).
Tivemos de encarar tudo de uma vez — trocar a turbina com o avião voando. Convidamos o Ministério Público para acompanhar. Chamamos os empreendedores que tinham interesse em investir, eles adiantaram mais de R$ 20 milhões e, com esse dinheiro, fizemos um plano emergencial de água. Ampliamos reservatórios, trocamos sistema de bombas e tubulação. Tivemos de fazer uma renovação no sistema em apenas três anos, um processo que em geral leva mais tempo. Eram 33 quilômetros de adutora — em três anos, fizemos mais 31 quilômetros. Eram problemas que vinham se arrastando há muitos anos.
O mesmo serve para as escolas, que estavam caindo na cabeça dos alunos. Reformamos mais de 80% das escolas. Na saúde, pagamos R$ 30 milhões de dívidas com fornecedores. Isso tem um impacto enorme no investimento. Criamos uma Secretaria de Inovação Tecnológica e estamos trabalhando para modernizar toda a administração pública. No Paço Municipal, que abriga quase 600 setores, não existem mais impressoras, tudo é digital. Já economizamos mais de R$ 1 milhão só com papel. Não existem mais processos amarrados com barbante. Em ajustamento de conduta, conseguimos R$ 15 milhões junto ao Ministério Público que serão usados para a construção de nosso hospital.
Italo Wolff — Como conseguiram todos esses investimentos ao mesmo tempo em que sanaram dívidas de mais de R$ 100 milhões?
Com exceção da segunda metade de 2023, quando todas as cidades tiveram queda significativa na arrecadação, Senador Caneda tem arrecadação alta quando comparada com outros municípios. Essa diferença está diminuindo ao longo dos anos, mas ainda temos a vantagem de arrecadar bem. O municípios tem meios, basta que os gestores tenham responsabilidade com o dinheiro público.
Uma forma simples de gastar o dinheiro público mais eficientemente é comprar coisas de qualidade. Em comparação com a telha tradicional, a telha isotérmica que instalamos nas escolas é mais cara, mas exige menos manutenção e dá conforto térmico para os alunos. Custa um pouco a mais, mas você só gasta uma vez.

Outra forma de usar o recurso de forma racional é dar transparência para os processos. Nas licitações, tivemos de fazer distratos várias vezes com empresas que já estavam acostumadas a gastar mais do que o contrato previa. As empresas fecham o acordo na licitação, mas já esperavam ganhar mais do que estava previsto em aditivos. Nossa gestão sempre responde: “Não, você vai entregar a obra pelo valor que foi acordado no contrato.” Muitas respondem “então não vamos fazer”, e temos de refazer a licitação e penalizar a empresa. Tivemos muita dificuldade com isso no início do mandato. Mas é a forma correta.
Italo Wolff — Senador Canedo tinha problemas de dívidas com empréstimos que haviam sido feitos por gestões anteriores. Isso foi resolvido?
Sim. Politicamente, fui muito criticado. Diziam “Você vai pagar a dívida do fulano, seu antecessor?” A dívida não é do antecessor; ela é da Prefeitura. Se a administração pública tiver a obrigação de arcar com a dívida, temos de pagar. Honrar com esses compromissos é a forma de recuperar o crédito, a credibilidade da Prefeitura. No início da gestão, tínhamos dificuldades de alugar máquinas, porque fornecedores esperavam calote da Prefeitura. Reconstruir a relação de confiança com o fornecedor que já foi lesado é muito complicado, mas, aos poucos, conseguimos.
Na verdade, esse sentimento de descrédito começou logo no meu primeiro dia de mandato. Assumi em 2021 e a folha de dezembro de 2020 não havia sido paga. Não sabia do impacto disso no meu orçamento, que estava programado para 13 folhas de pagamento — os 12 meses mais o décimo terceiro. Tive de pagar 14, remanejando recursos.
Para mim, conseguir entregar resultados depois de pagar as dívidas é o mais importante, porque mostra que a seriedade pode dar resultados e isso contagia toda a equipe.
Italo Wolff — Qual área o senhor considera ser hoje o calcanhar de Aquiles de Senador Canedo?
Senador Canedo sofre ainda com a saúde. Nós temos hospitais próximos, em Goiânia e Aparecida de Goiânia, mas não temos o nosso hospital municipal. É um desafio, porque hoje se estima que a manutenção de um hospital com UTI seja de pelo menos R$ 10 milhões. Ainda temos de trabalhar, construir esse recurso. É a nossa meta.
Nossa proposta é pegar um incômodo da sociedade e entregar uma solução além do esperado. Queremos um hospital moderno, com regulação que esteja um passo à frente das necessidades. Tenho um mestrado em saúde coletiva, que eu sou MBA em administração hospitalar e serviços de saúde, tenho especialização em gestão das clínicas em regiões de saúde pelo Hospital Sírio Libanês. Por tudo isso, entendo que esse hospital municipal é um projeto possível e necessário.
O lançamento da pedra fundamental do Hospital Municipal de Senador Canedo acontece nesta sexta-feira, 05. É um momento importante até para a questão da autoestima do canedense. O morador que tem um problema de saúde não gosta de ser encaminhado para Goiânia. A cidade que valoriza o cidadão é aquela que consegue fornecer a ele tudo que é necessário.
Gustavo Soares — Tendo em vista as eleições que se aproximam, todas essas entregas têm sido traduzidas em intenções de votos?
Sim. Nas pesquisas, percebemos que a segurança não é mais um problema que preocupa o eleitor. O tempo médio para o atendimento da Guarda Metropolitana é de três minutos. A iluminação, a infraestrutura, todas essas melhorias estão sendo identificadas pela cidade. Por esse conjunto de ações, hoje tenho vivido uma relação muito boa com a população.
Gustavo Soares — O senhor já tem um vice para sua chapa?
Ainda não. Me encaminho para este possível novo mandato com outro grupo político. Estamos em conversas para a composição com bons nomes, mas não há nada concreto ainda. O que posso dizer é que existem muitas pessoas querendo participar da chapa; considero isso positivo. Se o trabalho tivesse sido ruim, ninguém se interessaria [risos].
Italo Wolff — Hoje, o senhor está no União Brasil. Em 2020, foi eleito no PSD do senador Vanderlan Cardoso. O PSD ainda representa um apoio importante? Ainda integra a gestão de alguma forma?
Não. Desde que migrei para o UB, o apoio e participação do PSD foi diminuindo, até acabar. Minha filiação no União Brasil foi muito coerente e natural. Desde o começo da gestão, tive boa relação com o governador Ronaldo Caiado (UB). Desde o início, quando o governador fez a entrega do quartel do Corpo de Bombeiros, em abril de 2021, quando eu passava por dificuldades políticas e Ronaldo Caiado me estendeu a mão, houve uma grande identificação. Depois, veio a eleição dele, quando eu me posicionei coerentemente em seu favor. Falei que ia ajudá-lo e mantive a minha palavra. Em reconhecimento, ele me convidou para ir para o União Brasil, e nossa relação se fortaleceu.

Assim, segui minha carreira política com muita coerência. Eu aconselharia que todos os prefeitos mantivessem uma relação construtiva com o governo estadual, porque o benefício é todo da população. Os programas de segurança pública, os programas sociais do governo estadual, tudo isso é de interesse público, acima de interesses políticos. Em Senador Canedo, colhemos muito bons frutos.
Além do que a prefeitura pode fazer pelo esporte, temos hoje mais de 1.000 atletas mantidos pelo projeto Construindo Campeões — é algo que a cidade nunca teve. Na última semana, tivemos a entrega de 99 casas pela Agência Goiana de Habitação (Ageab). Temos a entrega de cartões sociais. O viaduto da GO-020 foi iniciado pelo governo estadual. Por tudo isso, mantive a minha coerência e amadureci administrativamente essa relação política muito proveitosa com o governo de Ronaldo Caiado.
Gustavo Soares — Além do apoio estadual, quais outras parcerias a Prefeitura busca para Senador Canedo?
Existe a parceria com o governo federal, que em breve lançará o cadastro para 384 casas pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Também temos deputados federais como Zacharias Calil (UB) que defendem os interesses dos canedenses. O único senador que tem nos ajudado com emendas parlamentares é Jorge Kajuru (PSB).
O Ministério Público avaliza e dá transparência a nossas ações — não é uma parceria política, mas os termos de cooperação são uma forma de colaborar com a população. Para solucionar a questão da água, o MP apontou um caminho para que pudéssemos receber em adiantamento R$ 20 milhões em taxas que empreendedores fariam para liberar seus loteamentos.
Gustavo Soares — Caso o senhor tenha um segundo mandato, quais serão suas novas metas?
Estamos fazendo esse levantamento. A primeira questão é terminar de modernizar toda a prefeitura. Já temos um Paço Municipal totalmente moderno, e esse avanço deve chegar à saúde, educação e outras pastas. Já começamos a resolver a questão da moradia, e devemos aprofundar isso em um possível segundo mandato. Criamos a Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária e mais de 2.000 pessoas já receberam suas escrituras.
O déficit habitacional de Senador Canedo é de 7 mil moradias. Em parceria com a Ageab e o programa Minha Casa, Minha Vida do governo federal, conseguiremos entregar mais de 1.200 até o final deste ano, mas esse é só o começo.Em uma segunda gestão, se Deus nos abençoar com essa oportunidade, também precisamos dar um grande salto na área de cultura e turismo. Pretendo construir um centro de convenções.
Italo Wolff — O senhor mencionou que sobram postos de trabalho. Quais programas a cidade possui para qualificação da mão-de-obra?
Existem várias ações. A Secretaria de Trabalho e Empreendimento oferece gratuitamente mais de 20 cursos. A Secretaria de Assistência Social tem parceria com o Colégio Tecnológico de Goiás (Cotec) para oferecer qualificação profissional. Fizemos a doação de uma área do município para a construção de um centro do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), para preparar a população para o mercado de trabalho.
Temos a Estação do Conhecimento, a Secretaria de Inovação Tecnológica, Gestão de Pessoas e Apoio Institucional oferece cursos. Lançamos também na unidade do Ganha Tempo (equivalente ao Vapt Vupt) laboratório de informática, onde a pessoa pode aprender cursos básicos de informática, manutenção de computadores e celulares.
Italo Wolff — Goiânia enfrentou interrupções na coleta de lixo por vários meses. Como Senador Canedo lida com a questão sanitária?
Temos um aterro sanitário de referência, muito bem cuidado, devidamente regularizado e licenciado. Nessa gestão, fizemos uma segunda vala, dobrando a capacidade máxima. Estamos acompanhando com muita atenção o novo marco do saneamento. Precisamos manter o aterro sanitário sempre em condições ideais porque nosso município está na rota da Infraero, próximo ao aeroporto de Goiânia. Os aviões passam por cima do morro de Senador Canedo, então, não pode haver lixão, urubu, nada disso.
Recentemente, assinamos parceria com a Eco Entulho para iniciar a coleta seletiva. Agora, trabalhamos para implementar um aplicativo que notifique os cidadãos sobre o dia e horário em que o caminhão da coleta seletiva vai recolher seu material reciclável. Zelamos muito pela parte ambiental.