Evandro Tokarski: “Nosso corpo tem receptores para cada substância. Vejo futuro dentro da medicina para os medicamentos individualizados”
06 dezembro 2025 às 21h00

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Evandro Tokarski se vê como alguém apaixonado por levar bem-estar às pessoas. Por isso decidiu se formar em Farmácia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), instituição onde chegou a dar aula. Seu sonho, no entanto, sempre foi ter a própria farmácia.
Em 1981, o farmacêutico iniciou o que se tornaria um dos maiores legados de sua vida: a criação da Farmácia Artesanal, hoje uma das maiores do Brasil no segmento de manipulação. Atualmente, é presidente do Conselho da empresa. Natural de Barbosa Ferraz, cidade que fica a 439 quilômetros de Curitiba, Evandro teve de superar muitos desafios desde cedo. Aos dois anos, contraiu poliomielite, que comprometeu o funcionamento das pernas. Apesar disso, afirma que não se apoiou nas limitações da deficiência, mas aprendeu com elas.
Entre os desafios iniciais, conseguiu desenvolver um trabalho cada vez mais reconhecido pela Farmácia Artesanal. Tokarski afirma que sempre prezou pelo trabalho artesanal, no sentido literal da palavra. O cuidado e a delicadeza presentes em cada manipulação, aliados a um padrão de excelência, fizeram com que o grupo se tornasse um dos maiores do país: mais de 130 franquias distribuídas por 11 estados, 1.500 colaboradores diretos e quatro anos consecutivos entre as melhores empresas para se trabalhar no Brasil (GPTW).
Qualquer medicamento nasce em uma bancada de manipulação, de forma individual, seja ele feito por cientistas ou profissionais farmacêuticos
Agora, Tokarski se prepara para passar o bastão aos herdeiros e se dedicar à literatura. Para inspirar outras pessoas, escreveu o livro “Liderar é Cuidar”. Nele, conta toda a trajetória de vida que aqui foi resumida, com uma participação muito especial: a mãe, Almerinda, descrita como uma mulher forte, que não se abalava e não deixava o filho se abalar com os olhares de pena lançados sobre ele. A ela, inclusive, dedica um capítulo especial.
Hebert Moraes — Você é um alquimista de alma e tem uma presença familiar muito forte. Isso te ajudou na montagem do Grupo Artesanal?
Eu tenho irmãos que são farmacêuticos, assim como outros parentes mais jovens e até a minha filha, de 42 anos, que hoje é CEO do grupo. Tudo isso se entrelaça. A nossa empresa é familiar e conta com um projeto de governança corporativa há cinco anos, com todo um planejamento sucessório desenhado para a passagem de bastão. Está dentro do meio familiar, mas profissionalizada. Sem as pessoas, você não consegue fazer nada.
Hebert Moraes — Essa passagem de bastão tem te deixado ansioso para viver a vida com mais tranquilidade?
Eu fui me preparando para isso. Antes da pandemia, eu já pensava em governança, mas tirei isso do papel durante a quarentena. Decidi contratar uma empresa, por meio de um canal de comunicação, e fizemos cerca de 14 reuniões online por quase dois anos, com consultores que ajudaram no desenho do projeto, no apoio, para construir essa governança. Em paralelo, um dos requisitos era começar a construir o planejamento sucessório.
A fase do desapego começou há cinco anos, e tive apoio de vários profissionais que me apoiaram e continuam me apoiando nessa decisão. A gente prepara o psicológico para não ter confusão. Minha filha tem 40 anos, é de outra geração, tem uma capacidade incrível, e eu a preparei para tanto. Caminhamos lado a lado para ter pontos de vista distintos. Há controvérsias, às vezes, mas há muitos entendimentos também.

Esse processo de sucessão com ela, por exemplo, começou quando ela tinha dois anos. Eu a levava para a farmácia aos sábados e ela ficava na minha mesa, brincava com o papel. Mas eu deixava claro que era de lá que eu tirava tudo para ela: comida, casa, escola, entre outras coisas. Ela despertou o interesse. Eu tenho uma filha que é bióloga na Austrália e a caçula está fazendo Administração, mas já falou que quer trabalhar comigo. Ela atua na P&G e sinalizou que, daqui a seis meses, quer estar ao meu lado, e vamos fazer todo um projeto de aproximação para que ela possa conhecer a empresa por dentro.
Hebert Moraes – O que significa a palavra artesanal para você?
No primeiro momento, é fazer com as mãos. Artesanal é a intenção de se fazer com as mãos. Eu que dei o nome à farmácia, mas, antes disso, a gente mencionou uma série de nomes. Eu parei para pensar que medicamento é feito com as mãos. Eu tinha feito estágio em farmácias de Brasília e São Paulo. Tudo é com as mãos. É a arte de manipular, de personalizar e individualizar o medicamento.
Na indústria, há o medicamento infantil e o adulto, com as suas respectivas faixas etárias. É um comprimido para adulto e outro para criança. Existem artigos publicados, inclusive pela FDA (Food and Drug Administration – Administração de Alimentos e Medicamentos, na tradução), sobre medicamentos individualizados e personalização, pois cada um de nós tem um mapa genético. O nosso corpo tem receptores para cada substância. Eu vejo esse futuro dentro da medicina. Não significa que tudo será individualizado, mas nós temos uma grande gama de situações em que a indústria não consegue fazer a individualização.
Qualquer medicamento nasce em uma bancada de manipulação, de forma individual, seja ele feito por cientistas ou profissionais farmacêuticos. Em um primeiro momento, ele é desenhado em todo o seu processo para saber se ele vai ser em solução, em gotas ou comprimidos. Quando todos os resultados estão dentro do que era aguardado, é o momento de fazer em larga escala. É onde entra a industrialização.
Hebert Moraes – A questão artesanal e a preocupação com a individualização são os pontos cruciais que diferenciam o grupo das demais farmácias de manipulação?
Sim, mas ninguém pode achar que está no topo, pois o tombo é mais alto. A gente tem que estar sempre investindo na individualização do cliente. Neste momento, estamos com duas startups, uma é a Artesanal Genômica, que tem como objetivo fazer uma análise completa para que o médico consiga avaliar em um aspecto preventivo e saber quais os melhores medicamentos que o paciente vai tomar para alcançar o seu objetivo. Até a Covid, pouco se falava em saúde preventiva.
A outra envolve a nanotecnologia, que é sintetizada em você pegar uma molécula e fracioná-la em várias partes. Com isso, a absorção do produto é muito maior, assim como você acaba diminuindo a dose e o efeito colateral. Isso já é uma realidade para a gente. Em nossa produção já é possível ter produtos com a nanoestrutura na sua concepção.
Hebert Moraes – Existem artigos que destacam que a medicina está tão avançada que morrer de doença após 2030 vai ser muito difícil. Estamos caminhando para que essa afirmação se torne verdadeira?
Estamos caminhando e nosso grupo já tem essa visão de que a farmácia do futuro é hoje. Não podemos esperar para daqui cinco anos. Deve-se ter todas as expertises e iniciativas agora. Se deixar para pensar nisso lá na frente, já vai ser engolido pelo mercado.
Vivemos uma velocidade de novidades, como o tirzepatida: ele combate a obesidade, com a redução de até 22% da gordura do corpo; ele também reduz problemas respiratórios, glicose e pressão arterial. A minha sogra passava dias com a diabetes chegando a 230. Uma hora mais alta, outra mais baixa. Hoje, ela tem uma glicose que oscila entre 80 a 110. Ela diminuiu a metade da insulina e a médica dela chegou para mim e disse que, daqui no máximo um ano, ela deixa de tomar insulina.
Ninguém pode achar que está no topo, pois o tombo é mais alto. A gente tem que estar sempre investindo na individualização do cliente
Hebert Moraes – Já existe vacina contra o câncer?
Eu vejo falar que sim, mas o câncer tem tantas camadas, tantas formas de manifestação: um câncer de pele é diferente de um no fígado, no pâncreas, nos ossos. Mas tem um detalhe importante: eu conheci uma empresa na Índia que tinha, na época, 586 pesquisadores. Um prédio com seis, sete andares, só com andamento de pesquisa, assim como você vai a Boston e outros centros que sempre têm um centro de pesquisa. Eu vejo que as coisas vão mudar muito e de maneira rápida.

Hebert Moraes – Qual é a estrutura da Farmácia Artesanal?
É uma média empresa, com mais de 130 franquias distribuídas em 11 estados e 1.500 colaboradores.
Hebert Moraes – Você foi diagnosticado com poliomielite quando tinha 2 anos e nove meses. Como foi esse diagnóstico e como era a sua vida no Paraná neste período?
Não se tinha vacina na época. Eu lembro que ia em cima de uma égua para a escola. Ela se chamava Mica, tinha a pelagem preta e era muito mansinha. Lembro de um fato que eu ia para o colégio junto com meu irmão ou, às vezes, ia sozinho. Neste caso, eu estava sozinho e, quando eu chegava na escola, minha primeira professora, Edith Nardi, me tirava de cima da égua e me colocava no chão. Ela ajudava a subir a escada também.
Hebert Moraes – Enquanto criança, como você encarava a sua deficiência?
Eu vim de uma família de 11 filhos, sendo sete homens e quatro mulheres. Eu não me sentia diferente. Eu sabia que tinha limitações de correr, de jogar bola, mas meus irmãos me colocavam no gol enquanto eu estava de muletas, que eram de madeira e muito pesadas. Mas o importante é que eu não me sentia nem melhor nem pior que ninguém.
Quando eu tive a paralisia, eu apresentei muita febre, diarreia, vômito, e minha mãe acreditava que poderia ser alguma coisa que eu tivesse comido. Mas, quando ela me colocou de pé, as minhas pernas não me sustentavam. Nesta época, eu não era mais de colo, mas acabei virando novamente. E tinha o meu irmão Fábio, que era cerca de um ano mais novo que eu, e também estava no colo. Mas a minha mãe nunca me escondeu. Fazia questão de me levar pros lugares. E ela tinha apenas o segundo ano primário incompleto.
E minha mãe não me ensinou apenas a educação. Lembro que algumas pessoas chegavam para ela e comentavam: “Nossa, que menino bonitinho que você está no colo, mas assim, coitadinho, ele não anda, né?” Minha mãe respondia: “Não, senhora! Ele é bonitinho, sim, mas ele não é um coitado.”

Meu pai era mais calado, muito compenetrado, trabalhador. Mas os dois tinham um sonho: que os filhos tivessem estudo. Não era nem faculdade, como minha mãe fala, era estudo. Em vida, eles ainda viram nove dos 11 filhos formados e, posteriormente, outros dois mais jovens também se formaram.
Hebert Moraes – O que sua mãe acharia deste momento que você vive de passar o bastão para a neta dela?
Dentro do livro tem uma carta que é como se ela estivesse escrevendo: “Meu filho, Evandro Tokarski. Quando saímos de Santa Catarina para a iluminada Barbosa Ferraz (PR), eu, bisneta de alemães, e seu pai, bisneto polonês, deixamos todo o amor em onze filhos. Onze criaturas que puderam honrar. Ame os estudos, porque eles te salvarão. Porém, apesar de todo o cuidado que eu lhe dei, jamais imaginei que a nossa história pudesse ser lida por tanta gente. Eu, uma íntegra devota de São José, Maria e Jesus, porque sempre pedi ao Espírito Santo que me desse a força necessária para que meus filhos honrassem o que eu pedi. Vão em busca de espaços. Façam do mundo um lugar melhor. Do fundo do meu coração, que esse capítulo possa inspirar pais, filhos e jovens diante da sua caminhada. Você, meu filho, perdeu os movimentos físicos para dar asas aos sonhos.”
Hebert – Em um dos capítulos do livro, você escreve que liderar é cuidar e quem ama, cuida. O amor está por trás da liderança também?
Claro! Porque, nos diversos capítulos que a gente menciona, não partimos do método de ensinar uma lição de dez linhas para liderar ou como sair melhor em dezenas de situações. Eu não acredito nisso. Tem muita coisa nesse sentido, tem muito conteúdo, mas liderar é cuidar, principalmente de si próprio. Se você não cuida da tua saúde, da tua mente, da sua espiritualidade, seja lá qual for a sua religião, você não se sustenta. Eu defendo isso.
Hebert Moraes – O que está por trás do seu sucesso?
Eu sempre cumpri o que eu prometi. Sempre fui esse tipo de pessoa. Tem a questão da disciplina. Pode-se falar muito sobre o método do trabalho, mas, se não tiver entrega, não adianta nada. Eu lembro que conheci uma empresa na Austrália e cada um dos trabalhadores tinha um cachorro de tamanho diferente ao seu lado durante o expediente. E eles entregavam. Eu vejo que o respeito com as pessoas é um passo fundamental. O grande diferencial da nossa empresa para a outra é a nossa equipe, a qualificação dela. Nós apresentamos as nossas dificuldades, como qualquer outra, mas eu tenho colaboradores com 43 anos de casa.
Hebert Moraes — Isso explica o fato de a empresa aparecer, pelo quarto ano consecutivo, entre as organizações em que as pessoas mais gostam de trabalhar segundo o GPTW?
Sim. Esse reconhecimento vem através de um questionário que foi feito pelo GPTW, que é uma empresa mundialmente conhecida em 140 países. Então, não há uma classificação. O colaborador entra, faz um acesso com o CPF e preenche as informações. Eu não tenho acesso às respostas. E vai criando um ranking de acordo com o que for respondido. Se não atingir 80% do preenchimento, a empresa está fora.
Eu sempre cumpri o que eu prometi. Sempre fui esse tipo de pessoa. Tem a questão da disciplina. Pode-se falar muito sobre o método do trabalho, mas, se não tiver entrega, não adianta nada
Hebert Moraes – E como isso influencia na questão empresarial?
Nos deu um mapeamento sistemático de todos os ângulos da empresa. Eu não fiz essa empresa sozinho. Eu tive vários colaboradores e hoje são mais de 1.500 no grupo. Quem faz acontecer? São gerências, a equipe que abarca a frente de loja, do atendimento online. E o sucesso se baseia exatamente no cuidado com as pessoas porque não adianta ter uma tecnologia de primeiro mundo e não ter uma pessoa capacitada para operar um computador.

Eu atribuo que o grande diferencial, e isso é algo comprovado em pesquisa, entre pessoas de sucesso e não sucesso é que, quem tem sucesso, tem atitude. Quem tem atitude, tem conhecimento e busca melhorar as suas habilidades. Então, conhecimento, habilidade e atitude fazem a diferença.
Hebert Moraes – Você montou a primeira farmácia em 1981. Ou seja, há 44 anos. Você imaginava que ia chegar onde está hoje?
Não. Foi acontecendo. Quando eu montei a primeira farmácia, eu tive os primeiros reveses e muita dificuldade de montar toda a estrutura de laboratório. Eu sabia apenas manipular. Eu cheguei a dar aula na Universidade Federal de Goiás (UFG), na Faculdade de Farmácia, mas eu tinha o desejo de ter uma farmácia bacana e que pudesse ser uma referência.
Eu percebi que essa farmácia poderia caminhar mais rápido, mas eu tive as dificuldades da gestão, que na época era chamada de administração, sobre o que comprar, como vender, cuidar das pessoas, dar treinamento. Em 1984, eu fiz o primeiro plano estratégico, que nada mais era do que um papel onde eu coloquei: “O que vamos fazer para esse ano de 1985”. Isso tudo em plena época do Sarney.
Hebert Moraes – E você encontrou dificuldades na questão de mão de obra e de investimentos? Como foi esse momento para você?
Claro, sem dúvida. Naquele momento foi uma trava muito grande, porque eu trabalhava de 14 até 15 horas por dia. Eu manipulava tudo até que eu pudesse ensinar alguém em quem eu tivesse confiança e sentisse que aquela pessoa estava fazendo de forma adequada e correta. Então, o time foi se formando, pegando na mão, ensinando sobre a questão de atendimento, leitura de uma receita, que, naquela época, era toda manuscrita. Quando a gente aperfeiçoou essa equipe, a gente investiu em um projeto e vi que dava para abrir uma segunda loja, uma terceira, quarta, até chegar hoje em mais de 130 franquias distribuídas por 11 estados.
Hebert Moraes — Assim como você procurou consultorias para a passagem de bastão, você também buscou na área de administração nesta época?
Não só procurei, como sempre cito o Sebrae, que foi uma escola de administração na época. Me mostrou o que poderia ser feito, o que não deveria. Eu frequentei muito o Sebrae porque ele foi uma referência. Depois fiz pequenos cursos de leitura, de revistas, que acrescentaram muito sobre como fazer uma administração diferente. Eu fui aprendendo também sobre o marketing e percebi que as coisas começaram a fluir. As pessoas dentro da empresa diziam que eu tinha mania de contratar consultoria, mas foi ela que me deu direcionamento.
Em 1984, eu fiz o primeiro plano estratégico, que nada mais era do que um papel onde eu coloquei: “O que vamos fazer para esse ano de 1985”. Isso tudo em plena época do Sarney
Isso possibilitou dar saltos. Aquilo em que era mais falho, eu decidi investir. E tínhamos negócios, novas possibilidades. Hoje estamos com oito empresas dentro do nosso ecossistema. Tem nessa área de pesquisa e desenvolvimento, na área de inovação em relação à área médica, uma distribuidora, uma empresa fazendo produção de implantes, de injetáveis. De forma individualizada, mas dentro do contexto do ecossistema.
Hebert Moraes – Você decidiu fazer da Farmácia Artesanal uma rede de franchising. Qual foi o método utilizado?
O método é padrão. Não tinha como eu abrir uma loja para um e para outro e, na produção de um creme, cada um fazer da sua forma. É padrão a forma de fazer esses produtos, temos manuais de padrão de atendimento, dos uniformes. Quando implantamos o método, fixamos que o atendente deveria levar o cliente até a porta, porque é ele quem define o nosso sucesso. Empresa sem cliente, é uma empresa quebrada.

Herbert Moraes — Você quem fazia as fiscalizações pessoalmente nesse período? Auditorias também eram feitas por você?
Não. No caso das franquias, há um gestor de campo que roda o Brasil inteiro. São vários consultores e eles observam o atendimento, a forma de vender, a forma de postar. Ele fica nas cidades entre três a quatro dias, a depender da quantidade de problemas que forem identificados. É ele que prepara um relatório que detalha o que o responsável pela franquia deve fazer; ele assina, e o gestor volta em 15 dias e dá o feedback.
Hebert Moraes – Já teve funcionário que saiu da empresa e se tornou franqueado?
Vários. Estou tendo até que segurar (risos). Entre 2022 e 2023, foram dez farmacêuticos que resolveram empreender. E é muito bom porque já conhecem a nossa cultura. Porque eu tenho isso como fator determinante: criar uma cultura empresarial, de ter um propósito, de ter valores definidos, não só para compor um quadro fixado na parede. Se eu estou aqui, é com o objetivo de levar saúde e bem-estar às pessoas. Agregando valor à vida.
Hebert Moraes — Tratando a sua trajetória como uma obra literária, ela já está nos seus últimos capítulos ou vai ser renovada para um novo volume?
Acho que não está no final, mas não se renova através de apenas uma pessoa. A minha filha tem o cabedal de competências necessário para estar onde está. E ela sabe, que está em acordo de família, de sócios, que, se não entregar o resultado em dois, três anos, é tchau. É duro, mas nós temos mais de mil famílias que dependem desse processo. É uma responsabilidade muito grande.
Eu acordo por volta das 5h30 da manhã. Faço musculação três vezes por semana, natação duas vezes, faço ioga há mais de 12 anos. Por volta das 10 horas, eu começo a participar de algumas reuniões online. Só a partir desse horário. Não adianta começar antes. Eu vou à empresa às 14h30. Óbvio, sempre tem o papel de CEO, tem o meu papel como presidente do conselho, de gestão da empresa, de governança da empresa; eu tenho que me preocupar olhando para frente, o todo. Quando eu vejo algo fora do contexto, vou até o lugar e falo o que estou achando errado.
Já houve situações de uma pessoa vir atrás de mim e falar que estava com um problema. E eu respondi que agora estava com dois. Questiono qual a função da pessoa e dou um prazo para voltar com soluções. A pessoa retorna, eu faço alguns questionamentos para ajudar ela a escolher qual a decisão correta.
