Filho de Maguito Vilela, um dos políticos mais lembrados de Goiás por seu legado, o vice-governador do Estado e presidente do MDB estadual, Daniel Vilela, mostra no cotidiano que tem nas veias a mesma paixão pela política que corria nas veias do pai. Aos 41 anos, Vilela já foi vereador por Goiânia, deputado estadual e federal e candidato ao Palácio das Esmeraldas.

No entanto, se o emedebista já tinha uma admirável bagagem política em 2018, quando concorreu ao cargo de governador contra o atual chefe do Executivo estadual, Ronaldo Caiado (UB), hoje, como vice dele, revela um amadurecimento e um conhecimento da máquina pública que só quem convive nela pode adquirir.

O filho de Maguito é preparado pelo próprio Caiado para assumir o posto de governador em 2026, e participa diretamente das mais simples às mais complexas decisões tomadas no Palácio. É ele, também, a aposta de Caiado para disputar as próximas eleições para o governo, contando com o apoio consolidado do governador e da base.

Nesta entrevista ao Jornal Opção, Daniel Vilela avalia o papel de seu partido, hoje, nas articulações políticas do Estado e revela os preparativos da transição para o cargo mais importante do Executivo em Goiás. O vice-governador revela uma postura de busca pelo diálogo na política e modernização na administração pública, e sinaliza que será esse o tom de seu governo em um futuro bastante próximo.

Ton Paulo – No final de novembro, entrevistamos o governador Ronaldo Caiado. Na ocasião, ele afirmou que a transição do governo com o senhor, que é o vice-governador, já havia começado. Como está o processo de preparação para ocupar a cadeira no Palácio das Esmeraldas quando ele se licenciar para disputar o Palácio do Planalto?

O governador e eu temos uma relação muito boa, de total confiança. Ele sempre me ouve em relação a determinadas situações e decisões que pretende tomar. É a relação de um vice próximo do governador, uma relação de confiança. O ano de 2025 é um ano pré-eleitoral, então é normal ter uma nacionalização precoce do debate. Portanto, o governador naturalmente terá que se inserir nesse debate presidencial.

Talvez tenhamos, em alguns momentos, a ausência dele. Portanto, precisarei ter uma dedicação administrativa um pouco maior, para fazer o papel de mediador do governo, filtrar as tomadas de decisões que naturalmente são do governador e fazer com que elas sejam levadas a ele com as informações adequadas. Na recente confraternização em que ele participou com a imprensa, o governador disse que quer o “café quente até o último dia” do mandato, se referindo ao fato de que ele cumprirá seu papel como governador até o último dia. E eu faço questão de que ele tenha esse “café quente”.

Ton Paulo – O senhor cumpriu e cumpre uma missão, delegada pelo próprio governador, de tocar as articulações políticas nos municípios do interior do Estado. Inclusive, o MDB chegou como chegou às eleições, coeso, em grande parte por uma atuação do senhor. Como o senhor avalia esse cenário, e como o senhor o MDB hoje?

 Nós fizemos um planejamento para que tivéssemos sucesso nessa eleição municipal, aproveitando a força política que o governador tem hoje, o sucesso da boa avaliação do governo, dos programas que hoje são referência. Isso precisava ser traduzido em força política, e a melhor forma era, sem dúvida nenhuma, ter um bom resultado nas eleições municipais.

 O MDB é o principal partido aliado do partido governador. É claro que temos uma base política, mas até por eu ser membro do MDB, é natural que o partido tenha uma relação mais próxima com a União Brasil, que é o partido governador. Nós construímos as candidaturas de forma muito tranquila, observando as particularidades locais. Como por exemplo: onde um partido tinha mais força, onde havia candidatos dentro de uma sigla diferente da sigla do governador, quem era mais competitivo, quem tinha uma história com aquele partido.

Nos dedicamos em cidade por cidade com o time político do governador, assessores que também são muito dedicados e conhecem em detalhes a política local de cada município. Juntamente com Alex Godinho [chefe de gabinete particular do governador], Marcos Roberto [presidente do União Brasil em Goiânia], fui definindo essa unidade do MDB com a União Brasil e os demais partidos, e acho que fomos bem sucedidos.

 Tivemos uma vitória robusta no pleito municipal, tanto nas grandes cidades quanto nos municípios menores. Soubemos avaliar bem o cenário político. E eu penso que isso é um resultado que reflete a boa avaliação dos goianos em relação ao governador Ronaldo Caiado, ao seu governo, ao nosso time. Há também as parcerias que foram feitas entre o governo e os municípios para atendimento de necessidades. Cito como exemplo o programa Goiás em Movimento, que tem como objetivo celebrar convênios e aditivos com as gestões das cidades goianas para a realização de serviços de conservação asfáltica, drenagem e sinalização horizontal de malha viária urbana.

 Essa, inclusive, é uma das grandes demandas dos pequenos municípios e que às vezes as prefeituras não têm receita para resolver. É quando vem o governo e estende a mão. Há, também, o programa de construção de casas, o Pra Ter Onde Morar, além do programa Aluguel Social. São programas caros e que o município não tem recursos suficientes para fazer. E o projeto de regionalização que o governo promoveu e vem promovendo também foi algo que melhorou a condição para os municípios, para os prefeitos, para as gestões municipais, em relação à cobrança muito forte por uma saúde de qualidade.

 As alianças políticas, então, acabam sendo naturais, até com o aumento da procura por filiações ao União Brasil, partido do governador, e ao MDB, meu partido, em razão dessas parcerias feitas entre os governos e os municípios.

 Patrícia Moraes Machado – Como o senhor avalia a crítica do ex-governador Marconi Perillo de que os hospitais que compõem a propaganda do governo, como as policlínicas, são obras dele, e que o governo atual não teria realizado, mas só concluiu o que ele já havia feito?

 Marconi cumpre o papel dele de criticar. Ele não tem a humildade suficiente para elogiar as coisas boas. Quanto aos hospitais, cito como exemplo o Hospital Estadual de Uruaçu, que nunca funcionou. Estava inacabado, e o ex-governador o inaugurou assim mesmo, até com show artístico e tudo. Já quanto ao Hospital de Águas Lindas, foram 20 anos de obras paradas, também inaugurado com shows artísticos e dentro da unidade nem rebocadas as paredes estavam.

Vice-governador Daniel Vilela | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

O MDB é integrante de um time político liderado pelo governador Caiado

Isso é uma coisa que o governador sempre fala: uma coisa é você levantar a parede, outra coisa é você custear um hospital. Em média, o que você gasta para construir um hospital, você gasta em seis meses de custeio dele. O custeio do hospital é que é a grande despesa na área da saúde. Na última quinta-feira, estive em Catalão com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, que foi ao município para receber as chaves do hospital municipal, que passará a ser gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, a EBSERH, voltada para cuidar de serviços hospitalares, hospitais universitários, hospitais das clínicas que são vinculados às universidades federais, e que é o caso de Catalão.

Na ocasião, a ministra e eu discutimos exatamente isso: 210 leitos terão um custo de mais de R$ 20 milhões por mês. A Prefeitura, sozinha, não daria conta. O Estado de Goiás, por sua vez, assumiu uma série de hospitais e estadualizou alguns. Por exemplo, os de Jataí, Itumbiara e Luziânia. O Estado pegou a maior despesa, que é a do custeio. Mas isso é o que precisava ser feito para poder entregar um serviço de qualidade na saúde.

 O ex-governador está atrasado, com um discurso completamente desconectado da realidade, mas hoje a população goiana sabe que é só conversa fiada. Ele levantava a parede do hospital, inaugurava, mas não entregava, a unidade não funcionava. Hoje as pessoas têm um serviço de saúde sendo oferecido e de excelência. O governador Ronaldo Caiado também criou um novo regramento para a participação das organizações sociais, as OSs. Tiramos várias organizações sociais que viviam de falcatruas, praticando desvio de recursos. Inclusive, há algumas cuja direção foi até presa, ligadas ao ex-governador.

 A gestão do ex-governador, em relação à saúde, era isso: atender aos seus aliados com construções inacabadas e sem entregar o serviço, que era o que a população precisava. Hoje não. Hoje o foco do governador Caiado, do nosso governo, é o de oferecer um serviço de qualidade. O Hospital Estadual de Uruaçu, depois de ser colocado em funcionamento na nossa gestão, já tem o primeiro serviço oncológico público de Goiás, o que não tinha. Agora teremos o Cora, que é o Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás, que será referência nacional e até internacional.

 São especialidades hoje muito demandadas. A população fazia leilões em cidades do interior para arrecadar recursos e custear casa de apoio em Barretos, em São Paulo, para tratamento oncológico. O que o governador Caiado determinou foi que o goiano fosse atendido aqui no Estado e com excelência, com qualidade, com o que há de melhor da medicina. E temos avançado a cada ano no sentido de dar qualidade ao serviço de saúde oferecido para os goianos.

O Estado em nenhum momento se furtou, nem se furta de ajudar naquilo que é necessário para Goiânia. Faltam poucos dias para a nova gestão, e considero importante estancarmos as possíveis condutas irresponsáveis na saúde e em outras áreas

Ton Paulo – O senhor mencionou o Hospital Estadual de Jataí. É verdadeira a ideia que se discute nos bastidores de voltar o hospital para a gestão municipal?

O prefeito de Jataí, Humberto Machado, junto comigo e Leandro Vilela, quando éramos deputados federais, conseguiu construir um hospital extraordinário, com muitos leitos. A Prefeitura tocou o hospital durante quatro mandatos. Após isso, no processo de regionalização da saúde promovido pelo governador, o governo estadualizou o Hospital de Jataí.

Penso que a gestão melhorou bastante, mas o prefeito Humberto, ainda como prefeito neste quinto mandato, entendeu que a gestão por parte da Prefeitura era melhor do que a gestão do Estado. O prefeito eleito, Geneilton Assis, foi muito crítico ao longo da campanha em relação à nossa gestão. Inclusive, chegou a dizer que resolveria o problema da fila de espera por cirurgias eletivas em uma semana. Foram palavras dele.

O governo estadual está em processo de finalizar o contrato. Já foi aberto um novo processo de contratação entre aqueles que têm interesse em fazer a gestão da unidade hospitalar. Discutimos a possibilidade de municipalização do Hospital de Jataí.

O prefeito eleito agora manifesta publicamente e para nossa secretaria de Saúde que o Estado precisa continuar administrando o hospital. Se Geneilton, que dizia que era fácil, agora não está achando tão fácil assim, tudo bem. Se ele mantém o discurso da eleição, de que ele tem mais capacidade de administrar o hospital, solucionar cirurgias eletivas, o governo não vai se opor. Mas, se ele mudou o discurso em relação e acha que não possui a competência que o Estado tem, que ele admita isso publicamente.

Italo Wolff – Ainda dentro do tema saúde, como o senhor enxerga a intervenção estadual na Saúde de Goiânia?

 O governador foi muito feliz em uma fala recente, na qual disse que muita gente lavou as mãos quanto à crise da saúde em Goiânia. E isso não é novidade para ninguém. Aliás, uma coisa que preciso também acrescentar: o então secretário, Wilson Pollara, que foi preso, sofreu medidas duras por sua atuação neste ano, mas e os outros três anos da gestão? É uma gestão de quatro anos em que todo mundo sabia o que estava acontecendo, ouvindo falar. Acho que faltou um pouco mais de atenção, presença dos órgãos de controle.

 Mas justiça seja feita: o Tribunal de Conta dos Municípios foi o órgão de controle mais ativo em Goiânia ao longo desses últimos anos. Sempre pontuando, sempre barrando algumas ações questionáveis, sempre levantando a necessidade de maiores estudos sobre licitações, projetos dentro da Prefeitura de Goiânia e também alertando outros órgãos. Mas não sei o que aconteceu, que houve uma espécie de anestesia generalizada por parte de muitos órgãos que deveriam ter tomado essas iniciativas de forma antecipada. Mas não adianta mais chorarmos o leite derramado. O que precisa ser feito é a tomada das devidas medidas com urgência para normalizar o serviço de saúde em Goiânia.

Patrícia Moraes Machado, Italo Wolff e Ton Paulo entrevistam Daniel Vilela | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

O funcionamento da saúde de Goiânia afeta o Estado inteiro. Tem muitas demandas de especialidades médicas, que hoje ainda não são oferecidas no interior, que são mandadas para a capital. Mas acredito que o nosso prefeito Sandro Mabel se dedicará de uma forma intensa para recuperar a saúde, e espero que possamos ter a normalização o mais rápido possível.

Ton Paulo – Em uma entrevista dada pelo Procurador-Geral do Ministério Público, Cyro Terra, autor do pedido que deu origem à intervenção do Estado em Goiânia, ele mencionou a possibilidade de pedir intervenção em outras áreas de Goiânia, caso julgue necessário. O governo está acompanhando essa situação?

O governador Ronaldo Caiado está acompanhando e não se furtará de ajudar. Inclusive, a tônica da campanha municipal deste ano foi exatamente a de que Goiânia vive uma situação calamitosa e precisava de um bom gestor, e de um gestor com boa relação com o governador. Acho que isso foi o grande fator decisivo para a vitória de Sandro Mabel.

 O Estado em nenhum momento se furtou, nem se furta de ajudar naquilo que é necessário para Goiânia. Faltam poucos dias para a nova gestão, e considero importante, agora, estancarmos as possíveis condutas irresponsáveis na saúde e em outras áreas para já iniciar a nova gestão sob uma liderança e uma diretriz do prefeito eleito, sob aquilo que ele pensa e aquilo que ele tem de capacidade de trabalho e gestão.

Vejo crescente aversão da população ao debate ideológico. As pessoas estão preocupadas com a vida real, com a comida na mesa, boa qualidade de vida, poder de compra adequada.

Patrícia Moraes Machado – Houve, como resultado das eleições municipais, uma mudança do quadro político, com o fortalecimento de alguns partidos, como PSD e MDB, tidos como moderados, e que conseguiram eleger um grande número de membros. Como o senhor avalia isso? Acha que o extremismo tem perdido força?

 O brasileiro sempre optou pelo equilíbrio, sempre optou por gestores que seguem a linha da eficiência. Mesmo com os momentos de polarização política acentuada, bons gestores nunca perderam a eleição. Aqueles que eram eficientes, que faziam gestões de resultado eram também bem-sucedidos eleitoralmente. Penso que foi isso que aconteceu agora.

Segundo dados do próprio Tribunal Superior Eleitoral cerca de 80% dos prefeitos que tentaram a reeleição neste ano conseguiram um novo mandato. Isso é um reconhecimento da boa gestão, da eficiência.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, venceu a eleição por representar esse equilíbrio, em um momento de crescente aversão da população ao debate ideológico. As pessoas estão preocupadas com a vida real, de terem comida na mesa, uma boa qualidade de vida, com poder de compra adequado.

A eleição, na verdade, virou um plebiscito. Mas não entre esquerda e direita. Um plebiscito, na minha visão, entre mudança e continuidade. Se as pessoas estão satisfeitas, elas votam pela continuidade. Se elas estão insatisfeitas, votam pela mudança. Quando Jair Bolsonaro ganhou a eleição, as pessoas de centro do país, de classe média não o escolheram pela ideologia dele. Elas o escolheram pois ele representava um fator de mudança, de rompimento de um modelo político e de um momento em que a população estava insatisfeita.

 Penso que o Brasil sempre foi de centro, em sua maioria, ou pelo menos uma parcela muito significativa da sociedade e que é decisiva eleitoralmente. Nessa eleição municipal isso ficou muito evidente. Quem ganhou foi a eficiência, na minha visão; foram boas gestões, bons políticos. O resultado em Goiás, do nosso time político liderado pelo governador, na minha opinião, é fruto das ações do governo, da liderança política bem avaliada do governador Ronaldo Caiado.

 Italo Wolff – Ainda no cenário nacional, como o senhor avalia o clima político? O Brasil está mais para uma mudança ou para continuidade em 2026, quando teremos a eleição presidencial?

 Acho que ainda é um pouco precipitado falar sobre isso, pois daqui até 2026 há muito tempo. Há ações governamentais que foram tomadas nos primeiros anos, então temos que esperar a repercussão disso, a eficiência ou não desses programas, para em 2026 podermos aferir melhor qual o sentimento da população.

As pessoas estão vendo um governo federal letárgico, inoperante, ineficiente, indisposto e sem o dinamismo que os brasileiros estão querendo e cobrando.

A economia é um fator muito relevante nesse debate nacional, então acho que ainda é um pouco precoce. Contudo, hoje eu sinto que há um descontentamento. As pessoas não estão enxergando no governo federal aquilo que eles gostariam. Talvez nem por culpa do governo federal, pois ainda não houve tempo suficiente para os efeitos das ações tomadas, mas o que me parece é que as pessoas estão vendo um governo letárgico, inoperante, ineficiente, indisposto e sem o dinamismo que os brasileiros estão querendo e cobrando.

 Goiás dá exemplos de que é possível fazer gestão pública com mais eficiência, com mais dinamismo, mais competência. O governador Ronaldo Caiado, ao meu ver, é o grande destaque da próxima eleição. Se há vários estados que não conseguem dar solução para os problemas de segurança pública, o Estado de Goiás consegue. Se os estados não conseguem avançar em educação pública de qualidade, Goiás consegue. Se eles não conseguem avançar em uma regionalização efetiva da saúde, nós conseguimos. Se os entes não têm programas sociais efetivos ou não conseguem ser efetivos, os programas que existem em Goiás conseguem.

Fomos o Estado que mais retirou famílias da extrema pobreza. Por isso nosso slogan é ‘Goiás, o Estado que dá certo’. Portanto, o meu sentimento hoje é o de que as pessoas querem encontrar uma política que dê certo. O governador Caiado, na minha opinião, simboliza esse desejo dos brasileiros.

Patrícia Moraes Machado – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem recebido críticas na área da segurança. Ele se posicionava contra o uso de câmera nas fardas policiais, mas voltou atrás após virem à tona casos de violência policial, como o caso do PM que atirou um homem da ponte. Já o governador Ronaldo Caiado mantém sua posição de não colocar câmeras nas fardas. Qual a opinião do senhor em relação a isso?

 O governador Tarcísio é um bom gestor e isso é amplamente reconhecido. Porém, ele ainda está terminando seu segundo ano como governador. Obviamente, ele ainda não domina todos os temas e não passou por experiências suficientes para tomar as decisões adequadas, especialmente no caso da segurança. Ele está aprendendo. O governador Ronaldo Caiado não; já está no sexto ano de seu mandato, o segundo de seu segundo mandato em Goiás. Ele já adquiriu bagagem, passou por uma série de experiências ao longo desses anos e que deram certo, que foram bem-sucedidas e alcançaram um nível de eficiência que é demonstrado em números.

Quando o presidente Lula veio a Goiás para a entrega do Eixo Norte-Sul, o governador estava em viagem, e eu estava no exercício do governo. O presidente disse, em entrevistas antes do evento, que faria uma reunião com os governadores para tratar da criação de um sistema único de segurança pública. E eu disse para ele, no meu pronunciamento, que o primeiro governador que deveria ser ouvido era exatamente o governador Ronaldo Caiado, justamente pelos índices de redução da criminalidade mostrados em Goiás.

Na questão das câmeras corporais, na minha opinião, o governador Tarcísio vai na contramão de um estado que deu certo, como Goiás, que combate a criminalidade e não sofre com o controle de facções em seu território


 Se o governador está afirmando que a política de não ter câmeras nos policiais deu certo em nosso estado, as pessoas precisam, pelo menos, entender e estudar isso. É preciso olhar, entender o que está sendo feito e ouvir aquele que tem experiência e tem conseguido oferecer soluções para esses problemas, que os outros não têm dado.

Em minha opinião, o governador Tarcísio vai na contramão de um estado que deu certo, como Goiás, que combate a criminalidade e não sofre com o controle de facções em seu território. Claro, o governador Tarcísio tem humildade. Ele sempre liga para o governador Caiado, faz suas consultas, principalmente na área de segurança. Espero que ele possa fazer isso também com a questão das câmeras.

 Não podemos querer inventar a roda, querer imputar a um ou outro detalhe os problemas da segurança. Até porque segurança não se faz só colocando câmeras em policial. Se assim fosse, já teríamos resolvido todos os problemas da segurança. Seria só comprar as câmeras e implementá-las.

Vice-governador Daniel Vilela | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

O combate aos problemas da segurança pública passa por uma série de questões, e uma delas é o controle dos presídios. Isso é fundamental. E esse controle passa por decisões internas muito importantes, vigorosas, fortes, que exigem pessoas muito sérias, honestas. Hoje, temos aqui uma agência de policiais penais muito bem conduzida, com todo o rigor adequado. Isso é um fator determinante para a segurança pública.

 Naturalmente, também são fundamentais investimentos em equipamentos e tecnologia, para garantir que nossos policiais possam combater a criminalidade e atuar de forma ostensiva, equiparada às ações dos criminosos. Antigamente, os bandidos chegavam em Goiás, cometiam seus crimes com equipamentos que a polícia não dava conta de competir. Hoje não. Hoje nós temos os melhores armamentos, damos aos nossos integrantes das forças de segurança as melhores condições possíveis para combater criminosos.

Antigamente, os bandidos chegavam em Goiás, cometiam seus crimes com equipamentos que a polícia não dava conta de competir. Hoje não; hoje nós temos os melhores armamentos

 Ton Paulo – O partido do senhor, o MDB, enfrentou algumas críticas neste ano que diziam que o partido perdeu um pouco de seu protagonismo tradicional, tanto que a legenda não teve um candidato próprio para a Prefeitura de Goiânia. Como o senhor avalia tais críticas?

 O MDB é integrante de um time político liderado pelo governador Caiado. O governador foi reeleito e conseguiu vencer na capital, algo inédito. Pelo menos nos últimos 30 ou 40 anos, o governador de Goiás ganhava a eleição no Estado, mas perdia em Goiânia. Foi assim quando Marconi Perillo e Alcides Rodrigues se elegeram ao longo dos últimos 20 anos anteriores ao governador Caiado.

 Esse cenário demonstrou de forma muito clara a boa avaliação dos goianienses em relação ao governador Ronaldo Caiado. Precisamos ser inteligentes politicamente, compreender esse sentimento e esse momento. Era natural que o nome para a Prefeitura de Goiânia fosse um candidato do partido do governador para mostrar essa tese de que era preciso que Goiânia elegesse, pela primeira vez, um prefeito alinhado com o governo e com o governo que está sendo bem sucedido, que tem sido bem avaliado pela população.

 Foi uma estratégia política do MDB não ter candidato, mas não para aumentar o protagonismo do União Brasil e diminuir o do MDB. Nós, emedebistas, nos sentimos contemplados com o Sandro Mabel que, inclusive, já foi integrante do MDB. Temos uma relação próxima. Na comissão de transição de Mabel, por exemplo, temos vários emedebistas que fizeram parte da equipe do prefeito Iris Rezende, ou que fizeram parte da equipe de transição do meu pai, Maguito Vilela.

 Então, não vejo que o MDB perdeu protagonismo. Pelo contrário. Acho que o MDB saiu grande das eleições, recuperou protagonismo, conquistou prefeituras importantes. Inclusive na Câmara Municipal de Goiânia, elegemos uma bancada expressiva, a maior bancada.

Ton Paulo – O MDB perdeu seus dois grandes líderes, Iris Rezende e seu pai, Maguito Vilela. E o partido governista, de forma natural, é o partido protagonista. O senhor acha que o MDB tem conseguido renovar seus quadros para ter uma nova leva de líderes como Iris e Maguito?

 Esse é um desafio da política, mas acho que o MDB é, talvez, o partido que mais se reoxigena. É um partido orgânico, que mesmo com a perda dos seus líderes mais proeminentes se mantém muito forte nas cidades, que é lembrado pelas pessoas, reconhecido pela população por seu histórico no Estado. O MDB é uma escola política.

Modéstia à parte, acho que consegui, como presidente estadual do partido, neste momento desafiador com a perda desses líderes, manter o MDB forte, vigoroso, e penso que o resultado da eleição de 2024 mostra que o partido está em ascensão. Posso afirmar que foi uma estratégia minha, um trabalho focado nisso.

Precisamos criar uma parte do governo mais robusta para que possamos nos relacionar de forma mais eficiente com outros governos, com a iniciativa privada de outros países

Me lembro quando venci a eleição para presidente do MDB. Tivemos uma disputa com o Iris. No dia seguinte à minha vitória, fui ao gabinete dele na Prefeitura de Goiânia, e ele me contou a história de quando foi cassado durante a ditadura militar, abriu seu escritório de advocacia e assumiu a presidência do MDB. Ele, então, saiu andando por Goiás e descobrindo novos líderes para o partido. E ele me disse: “Seu papel, agora, é fazer isso. Você precisa descobrir novos líderes pelo Estado afora para que o partido se revigore, para que o partido esteja preparado para seguir em frente”. E assim eu procurei fazer.

 Havia cidades em que nós já tínhamos líderes mais experientes e que ficava delegado a eles a construção de seus sucessores. E aqueles que eram, de fato, bons líderes e bons, conseguiam construir outros novos líderes. Mas também tive que me dedicar um pouco mais naquela cidade onde o partido estava fragilizado, onde já não havia essas lideranças tão ativas ou que tinham perdido as eleições e estavam um pouco mais reclusos na política local. E conseguimos trazer muitos jovens líderes, pessoas bem-intencionadas, até um pouco inexperientes em política, mas com uma visão mais moderna, de mudança, preocupadas com a cidade.

Podemos citar vários exemplos nessas eleições, como o Rodrigo Tavares, eleito prefeito de Nova Crixás, e o doutor Allan Xavier, eleito prefeito em Crixás. O próprio Márcio Corrêa, em Anápolis [que hoje está no PL]. Nesse município, tínhamos um MDB muito fragilizado, antigo, com uma série de questionamentos, até alguns injustos, pairando contra o partido. Mas fomos atrás do Márcio para ele assumir o partido, e ele nem era da política. O Márcio montou uma chapa, lançou candidatos a deputado em 2018, depois elegeu a bancada de vereadores na eleição de 2020. Foram vários os líderes que nós formamos no Estado, o que permitiu com que hoje o partido tenha uma nova safra de lideranças. Me sinto realizado com esse trabalho.

 Ton Paulo – Ana Paula Rezende, filha de Iris Rezende, é uma dessas novas lideranças, em Goiânia?

A Ana Paula já é, naturalmente, por ser herdeira do maior líder desse partido em toda a nossa história. Se a Ana Paula tiver o desejo, a partir do momento em que ela entrar para valer na política, ela não só vai ser uma integrante desse processo de renovação do partido, como também será alguém que terá muita responsabilidade nesse processo de formação de novos líderes.

Patrícia Moraes Machado – O senhor, talvez, seja o único da chamada nova geração de políticos que teve contato direto, em sua formação política, com as principais lideranças de Goiás, como Iris Rezende, seu pai, Maguito Vilela, e agora com Ronaldo Caiado. O que esses três grandes líderes da nossa história ajudaram, e continuam ajudando, na sua formação política e como gestor que o senhor será a partir de 2026?

 Eu falei justamente sobre isso em um evento da Federação Goiana dos Municípios, a FGM, no qual fui agraciado com o prêmio Iris Rezende, sobre ter tido o privilégio dessa convivência próxima com tais líderes, de ser administrador público, de ser político, de fazer política partidária. Me pego pensando nessa questão, em como fui privilegiado de poder conviver um tempo significativo ao lado de Iris Rezende. Desde quando eu ainda não tinha mandato, mas já o acompanhava, estava presente, tinha uma relação próxima.

 Todos os dias me lembro de alguma ação ou fala desses líderes, e isso me baliza hoje em relação aos meus comportamentos como gestor e como líder político. Essa formação facilitou muito minha vida, porque você pode até estudar política, pode fazer cursos para ter uma maior proximidade com a gestão pública, mas a prática e o ambiente que acabam te moldando. E sinto que fui tão privilegiado que tive dentro de casa um pai que foi político e foi um administrador público muito bem reconhecido e avaliado, e tive essa convivência próxima, longa, com o Iris, quando eu podia aprender todos os dias.

Tenho, ainda, o privilégio de hoje ser vice de um governador muito bem avaliado, que proporcionou programas e decisões corajosas em Goiás e que conseguiu recuperar a credibilidade e a autoestima do Estado. Isso, sem dúvida nenhuma, está me formando e me preparando para assumir os desafios de ser governador e, quem sabe, poder ocupar funções importantes ao longo da minha vida. Me sinto privilegiado em ter o governador Ronaldo Caiado hoje como guia, como líder.

Vice-governador Daniel Vilela | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Lembro-me que Iris Rezende dizia o seguinte: “Seu pai, Maguito, e eu, quando estamos no Executivo, seja na prefeitura ou no governo, não dormimos direito! Temos pesadelo!”. Ele era prefeito de Goiânia nessa época e disse que, quando começava a chover demais, já ficava preocupado e perdia o sono pensando em alagamentos na cidade. Ele disse “Já ligo para o presidente da Comurg, para o secretário de Infraestrutura. Todo mundo precisa estar atento”, quando chovia muito. Fico me lembrando dessas frases, orientações, porque a gestão pública exige rapidez e monitoramento constante. Prefeito ou governador que não vive o governo intensamente, que não tem os números todos na cabeça, não consegue ser bem-sucedido.

 Patrícia Moraes Machado – E qual é a identidade, diante de toda essa formação obtida, que o senhor pretende imprimir a partir de 2026, na sua imagem como político?

 É preciso entender o momento, as necessidades do Estado. Mas digo que eu tenho convicção que é fundamental para ser bem-sucedido numa missão como essa, é necessário estar 24 horas dedicado. Há alguns dias ouvi um prefeito eleito dizendo que vai manter as atividades profissionais dele ao mesmo tempo em que é prefeito. Pensei “Coitado, esse não está sabendo de nada”. Principalmente o prefeito, que é quem mais precisa estar dedicado 24 horas. Não há a possibilidade de ter uma atividade secundária. É preciso acordar cedo e já analisar os problemas do dia, não pode ser alguém só reativo, porque o governo tem que ser proativo também, tem que ser inteligente. O político tem que saber liderar o time também, precisa mostrar e cobrar o envolvimento de toda a equipe.

Patrícia Moraes Machado – Em 2026 o senhor deve assumir o governo, cumprindo uma demanda que já está engatilhada. Mas o que o senhor vai oferecer, propor na corrida à reeleição?

Eu não posso apresentar todas as minhas ideias agora. O governador Ronaldo Caiado fala, desde o início deste ano, que nós vamos entregar os projetos que estão em andamento. “Não vamos mais criar novos programas, novos projetos. Isso já é por conta do Daniel”, ele diz. Agora, o foco é a entrega daquilo que já está em andamento, que há tempo de entregar até 2026.

 Eu pedi ao governador para que montemos um grupo de trabalho e já estamos estudando o formato disso. A nossa ideia é a de que em 2025 possamos fazer esse trabalho de discutir o futuro de Goiás. Teremos, em 2032, o fim dos incentivos fiscais, que foram uma ferramenta de desenvolvimento econômico muito forte do Estado, de desenvolvimento econômico e social, naturalmente. Teremos a reforma tributária, que vai mudar completamente o orçamento do Estado, porque ninguém sabe, na verdade, o que vai sair dessa reforma. O governador tem alertado quanto a essas incertezas da reforma. As pessoas estão completamente perdidas, mas há uma reforma aprovada e há uma transição que será feita até 2032.

 Nós precisamos pensar o seguinte: quais são as alternativas e o que o Estado pode inovar para garantir a sustentabilidade fiscal para o futuro e, naturalmente, garantir os serviços públicos de qualidade para a população? Estou muito entusiasmado com esse projeto, pois vamos buscar ouvir pessoas de fora do Estado, de fora do País, trazer técnicos para podermos compreender o que é esse novo Goiás que vai existir após as mudanças mencionadas e estarmos preparados para promover ações que garantam uma sustentabilidade.

 E por mais que eu veja um futuro ainda muito promissor para o agronegócio brasileiro, especialmente o Goiano, que é hoje o mais produtivo do país, o mais eficiente, que mais usa tecnologia no campo, não poderemos ficar dependentes, exclusivamente, dele. E nos anos em que tivermos problemas climáticos, que estão se mostrando extremos a cada ano, como será para a economia do Estado? Teremos que investir muito em ciência, tecnologia, inovação, digitalização. Há uma série de coisas que precisam ser feitas para o futuro do Estado.

Me sinto privilegiado em ter o governador Ronaldo Caiado hoje como guia, como líder

Podemos pensar, também, “onde nós estamos gastando que poderia ser transferido para a iniciativa privada, que não é função primordial e que vai fará com que tenhamos recurso suficiente para investir e melhorar a qualidade dos serviços essenciais, da saúde, da educação, da segurança pública, dos programas sociais?”. É um novo modelo de governo, de Estado, que vai surgir à frente e que temos de estar preparados.

Pretendo, através desses estudos, elaborar uma série de propostas, de ideias, que sejam características de um futuro governo nosso”. Com as condições que temos hoje, após o governador resgatar as condições fiscais do Estado e agora com a aprovação do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados, o Propag, teremos uma capacidade de investimento ainda maior, um teto de gastos muito maior. Teremos uma condição fiscal muito boa. Com essas condições, precisamos também pensar em um Estado mais globalizado.

 Ton Paulo – O que seria esse Estado mais globalizado?

 Uma das missões que o governador delegou a mim foi a de receber missões internacionais. Toda semana eu tenho recebido em meu gabinete embaixadores, missões de outros países. A Ásia, naturalmente, é o grande parceiro comercial de Goiás. A China tem nos visitado muito.

 Portanto, penso que precisamos criar uma parte do governo mais robusta para que possamos nos relacionar de forma mais eficiente com outros governos, com a iniciativa privada de outros países. Pensar em como podemos ser mais atrativos, para que possamos facilitar a presença deles aqui, a chegada e os investimentos deles no Estado. Vejo a necessidade de se criar uma agência, por exemplo.

Adiantando uma informação, uma de minhas ideias é criação de uma agência forte de relações de comércio exterior, aproveitando algumas boas cabeças que temos, contratar outras de fora. Uma agência com pessoas que talvez até fiquem baseadas em outros países. Acho que Goiás precisa avançar nisso.

 Talvez se perguntem: por que não avançou até agora? Porque Goiás tinha problemas básicos para serem resolvidos, problemas que o governador foi muito competente e conseguiu solucionar. Hoje nós estamos na condição de expandir, buscar uma relação com o comércio exterior. Essa é uma das coisas que eu acho que a gente precisa fazer: tornar Goiás o Estado mais fácil para o investimento estrangeiro que entra no Brasil.

Italo Wolff – A Lei de Diretrizes Orçamentárias projeta que o Regime de Recuperação Fiscal, no qual Goiás se encontra, vai até 2027. Após, as parcelas da dívida pública precisarão ser pagas integralmente. Já há uma projeção disso? Como ficará a capacidade de investimento do Estado?

 Com a aprovação do Propag, os juros da nossa dívida terão uma redução de quase um terço do que temos hoje. Hoje, a taxa Selic está em 12% ao ano. Já o Propag é baseado no IPCA. A taxa atual é reduzida para IPCA mais 2% ao ano, com redução adicional dos juros reais se cumpridos requisitos de investimento, como nas áreas de infraestrutura e ensino profissionalizante. Logo, nossa parcela da dívida ficará bem menor do que é. Proporcionalmente, em uma condição muito melhor. Uma redução, ao longo do tempo, de quase R$ 26 bilhões. Com o Propag, quando voltarmos a pagar a parcela integral, será algo que, proporcionalmente, não terá impacto muito significativo na receita do Estado.

Ton Paulo – O senhor está na liderança da reforma do Estádio Serra Dourada, que vem com a promessa de ser um dos maiores complexos esportivos do Brasil. O leilão da concessão da obra foi adiado para fevereiro. Por quê?

Foi feito um estudo, diante da necessidade de apresentar um projeto que seja sustentável e economicamente viável. Como será uma concessão para a iniciativa privada, é natural e legítimo que a empresa tenha lucro nesse negócio, senão não fará sentido ela participar do processo. É necessário um projeto que englobe investimentos, que requalifique o equipamento, modernize e que não inviabilize o ganho por parte da iniciativa privada ao longo dos 35 anos da concessão.

O estudo foi muito bem feito, dentro do modelo de chamamento público de Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), no qual você traz a iniciativa privada para que ela desenvolva o estudo. Pois é ela quem tem a expertise para tal. Depois, fomos para o processo de licitação e o processo foi encaminhado para a validação do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, onde ficou por quase 80 dias. Houve o aval do tribunal, que apontou a qualidade da estrutura do projeto, e conseguimos avançar, com a publicação da licitação.

 A partir daí, precisamos fazer um outro trabalho, que é o de vender o projeto para os possíveis interessados. Contratamos a Bolsa de São Paulo, pois os grandes investidores têm relação com ela, participam constantemente de leilões. Logo, eles, da Bolsa, têm um portfólio de clientes muito grande e nos ajudam a apresentar o projeto para os investidores.

 Quando fomos fazer a última apresentação do projeto de concessão do Estádio com a nossa equipe, que é quando os investidores comparecem virtual e presencialmente, surgiram mais dois ou três novos grupos que ainda não tinham vindo a Goiás, que não tinham conhecimento do leilão e gostariam de ter mais informações, fazer visitas técnicas para conhecer o estádio. E são grupos fortes. Um deles, o Metha, administra três arenas: a do Grêmio, no Rio Grande do Sul; Arena das Dunas, no Rio Grande do Norte, e a Arena Fonte Nova, na Bahia.

Vice-governador Daniel Vilela | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

A eleição virou um plebiscito, mas não entre esquerda e direita. Um plebiscito entre mudança e continuidade

Apareceu também a Construcap, líder do consórcio que construiu o Estádio Mineirão e que faz sua gestão. Na apresentação, a Construcap reforçou, também, que não tinha possibilidade de participar do leilão de concessão no dia 4 de dezembro, porque eles não haviam concluído o levantamento das informações que precisavam.

 Entendemos que essa situação era positiva, que isso aumentava a competitividade e a possibilidade de sucesso do leilão. Então, reunimos o grupo de trabalho e decidimos atender a esse pedido de adiamento do leilão em 60 dias, para que outros grupos pudessem participar do processo.

Patrícia Moraes Machado – O governador Ronaldo Caiado e o cantor Gusttavo Lima têm estado próximos. Chegou a circular a informação de que o cantor poderia ser cotado para concorrer a uma das vagas ao Senado, em 2026. Qual a origem dessa aproximação?

 Não vejo essa aproximação como de viés político. Sempre foi assim, os grandes artistas goianos sempre tiveram boa relação com o governo do Estado, que precisa utilizar essa boa imagem para divulgar os nossos talentos, as belezas do nosso Estado. E que bom que o Gusttavo Lima está sempre fazendo grandes eventos em Goiás, sempre enaltecendo o governador Caiado, enaltecendo o nosso governo, nossas políticas públicas. Por isso queremos sempre receber os artistas.

Sobre ele ser cotado como candidato, tive a informação sobre isso através da imprensa. Não sei até que ponto isso é verdade ou não. Mas penso que não faria sentido o Gusttavo, um dos grandes artistas brasileiros hoje, no auge da carreira, ingressar na vida política. Porém, se ele tiver disposição, com certeza é bem-vindo ao nosso time e nosso grupo.

 Patrícia Moraes Machado – Hoje, uma das vagas da política mais desejadas para 2026 é a sua vice, na chapa para o governo do Estado. Inclusive, líderes do Entorno de Brasília, da região Sudoeste e da ala evangélica podem estar no páreo pela vaga. Como o senhor pretende conduzir essas negociações?

 Bem, isso é um excelente sinal. Se isso está acontecendo, é porque há uma grande viabilidade do projeto em 2026. Mas isso será discutido com o time político, com o grupo, com o governador Caiado. É uma composição que acaba acontecendo na reta final, levando em consideração a representatividade seja de região, de segmento. O ideal é conseguirmos montar uma chapa majoritária que possa representar o máximo possível as regiões e os setores do Estado.

Patrícia Moraes Machado – Há uma tendência de negociação, como na última eleição, em que a chapa foi fechada, mas contou com o apoio de lideranças e parlamentares, como senadores, candidatos, mesmo não estando na chapa?

 Foi uma eleição atípica. Eu vejo que em 2026 não vai acontecer isso. Primeiro, acho que o número de pretendentes será um pouco menor, até pela dificuldade registrada na eleição de 2022. Alguns já foram candidatos, falam em ser candidato a deputado federal. Eu acho que tendo dois candidatos na chapa apenas, teremos uma força política maior para fazer com que eles ganhem a eleição.

 A princípio, minha tese e a minha construção é no sentido de termos dois candidatos ao Senado e, naturalmente, que a nossa base apoie esses dois e os eleja. O que já aconteceu em Goiás e é normal.

Patrícia Moraes Machado – O retorno do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, para o MDB foi uma comprovação de que o lugar dele é, realmente, com os emedebistas. Houve essa vitória do Leandro Vilela em Aparecida, da qual ele fez parte, que mostra isso. Como ele volta para esse grupo? Qual será o papel dele?

 Gustavo Mendanha tem uma excelente aprovação dos aparecidenses, tem força política e foi importantíssimo para a eleição de Aparecida. A vitória do Leandro Vilela foi uma vitória histórica. Muitos não acreditavam na eleição do Leandro, mas a força do Gustavo, a alta avaliação do governador Ronaldo Caiado e o legado da gestão de Maguito Vilela foram os fatores que nos levaram a ter sucesso.

 O ex-prefeito Gustavo Mendanha foi um candidato que contou com votação expressiva para o governo de Goiás na eleição de 2022. Tem liderança, tem pessoas por todo o Estado que o apoiam, tem boas relações que o credenciam para estar sempre pleiteando os voos mais altos na política goiana. Porém, tudo vai depender de uma conjuntura, que deve atender à representação de segmentos, de regiões. Eu acho que o Gustavo tem plena consciência disso e tem um futuro muito promissor. Ele vai agora, sem dúvidas, seguir no nosso time, o MDB, e ocupar as posições naturais que surgirão ao longo das próximas campanhas.

Patrícia Moraes Machado – Qual a expectativa do senhor em relação ao apoio do prefeito eleito de Anápolis, Márcio Corrêa, ao seu projeto de candidatura ao governo em 2026?

 Nunca neguei ter uma relação de amizade pessoal com o Márcio Corrêa. Nos falamos quase todos os dias, desde antes da eleição. Durante a eleição falávamos também, sempre trocando dicas, sugerindo, tentando ajudar de uma forma ou de outra. É uma relação de confiança.

 Houve uma estratégia eleitoral por parte do Márcio, na qual ele se filiou ao PL, o que veio muito também de uma outra boa relação que ele tem, com o Major Vitor Hugo. E que é a pessoa com quem ele tem compromisso, a quem ele deve o ingresso no PL. Penso que o foco do Márcio deve ser, agora, em fazer uma boa gestão. Boa gestão essa que vai se traduzir em força política dele e de Anápolis.

 As conversas que tenho tido com o Márcio são mais voltadas para isso: compartilhar com ele bons projetos, boas ideias para que ele possa começar sua gestão recuperando as condições de Anápolis, atendendo as expectativas da população em relação a ele. E não tenho dúvida de que ele terá, também, um papel importante e estará ao nosso lado na eleição de 2026.

Patrícia Moraes Machado – O senhor contará com o deputado Bruno Peixoto na presidência da Assembleia Legislativa de Goiás ao longo de 2026, quando o senhor deve assumir o governo de Goiás. Como está sua relação com ele?

Excelente. Bruno Peixoto e eu fomos vereadores juntos. Somos da mesma escola política, o Bruno sempre foi do MDB, sempre teve uma relação próxima com o Iris Rezende, foi um privilegiado por isso também. Ele tem experiência política, amadurece ao longo do tempo nas funções que ele já exerceu e que ele exerce como presidente da Assembleia.

Não tenho dificuldade alguma na relação com o Bruno Peixoto. Pelo contrário. Até por termos sido vereadores e deputados estaduais juntos, nos conhecemos muito bem um ao outro e sabemos nos relacionar bem. Não tenho dúvida de que, ele sendo presidente da Assembleia, e eu, caso venha a assumir o governo, não teremos dificuldade nenhuma e vamos construir juntos bons projetos para o Estado de Goiás.